quarta-feira, 13 de maio de 2015

12 DE MAIO DE 1972 - "OMO 1", por João Novo


Boa noite a todos.
 
 
Eram cerca das 22,30H, do dia em cima indicado, estávamos deitados a passar mais uma noite no mato, quando de repente se ouviu uma rajada sobre as nossas cabeças, e uma delas (balas) raspou no caldeirão onde se fazia a sopa com os elementos liofilizados, quando havia água....
 

Estávamos em plena selva, o reabastecimento dos hélios tinha-se atrasado, devido á queda de um deles, perto de Macomia.
 
 
Encontravam-se naquela local a pernoitar cerca de 600 pessoas, julgo que não estou a exagerar, a tropa fez um circulo, e os cerca de 300 civis que nos acompanhavam, ficaram no interior do mesmo.
 
  
Eu estava junto do Teixeira Alves, do Horácio Cunha, dois homens de transmissões, e dois enfermeiros, era o "pooosssttto ddeeee cccommmannnddddo", como dizia o Teixeira Alves, estava deitado num daqueles colchões de ar, ao lado do Teixeira Alves, e cerca de 1 minuto depois da rajada, começou a morteirada, foi só ouvir e calar, rebentavam muito perto de nós, eram visíveis, tivemos muita sorte nessa noite, durante a morteirada algo de estranho se passava ao meu lado, entretanto tinha despejado o colchão, para não ficar muito alto, em relação ao chão, algo se mexia entre mim e o Teixeira Alves, ainda pensei ser alguma cobra, mas felizmente não era, era o Horácio Cunha a colocar-se entre mim e o T. Alves.
 
 
Passados uns minutos as morteiradas terminaram, e não houve mais nada nessa noite.
 
Faz hoje 43 anos, e está quase na hora.

Um abraço para todos

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