sábado, 30 de novembro de 2013

Uma notícia triste... Faleceu o David Carvalho... Paz para ele..., por Leonel Pereira da Silva

Leonel Pereira Silva

David Carvalho

No seguimento da má notícia que vos dei ontem (falecimento do camarada David Carvalho) e no enquadramento do que o Horácio Cunha bem descreve das muitas qualidades do DAVID, vem a propósito nesta altura partilhar convosco o seguinte.
 
No mês de Julho dia 14 era o aniversário dele, eu estava de férias no algarve e telefonei-lhe a dar os parabéns, foi quando fiquei a saber que ele tinha ido a uma consulta porque a Graça a esposa tinha insistido c/ ele pois notava que ele estava a perder força (ele ia a pé diariamente almoçar a casa e chegava muito cansado, o que nele que parecia vender saúde, era estranho), entretanto regressei e ele estava a aguardar resultados de alguns exames, mas a esposa estava muito pessimista, ele, se estava disfarçava bem.
 
Fomos, eu e a minha esposa, acompanhando a situação sobretudo com visitas a casa deles e ele muito confiante que tudo se ia ultrapassar quando os exames "disseram" que já não suportava a quimioterapia ou radioterapia foi-se muito abaixo, continuou medicado na esperança de poder fazê-lo mas infelizmente não foi possível.
 
Nas nossas conversas, quase sempre falávamos da guerra, até porque às vezes era uma maneira de eu o distrair, e esse tema e o futebol eram-lhe muito aliciantes.
 
Perguntei-lhe um dia se ele tinha ido à página do Batalhão, ele disse-me que não, e percebi que isso era uma coisa que o fazia sofrer, perguntei-lhe se ele queria que eu divulgasse ou informasse alguém da doença dele e ele disse-me que não.
 
A mim cabia-me respeitar e assim fiz.
 
Sempre que eu visitava ou comentava aqui na página, o tinha presente.
 
Este relato serve para vos informar mais acerca da doença dele (que teve origem nos intestinos), mas também serve para eu desabafar convosco destes meses que o acompanhei mais à Graça, os filhos Pedro e Ana e a neta Camila, que deu os primeiros passos durante a doença dele.
 
Ele esteve sempre muito consciente e lúcido até ao último momento, com nos deu conta a Graça hoje pela manhã.
 
Que Deus o tenha em descanso.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Uma história do Fernando Lourenço, por Duarte Pereira

Diz o Duarte Pereira:
 
O FERNANDO LOURENÇO COMENTOU
SEI QUE TEM ANDADO MUITO OCUPADO, MAS DE VEZ EM QUANDO COLABORA MAIS. (SÃO OUTRAS HISTÓRAS )

Fernando Lourenço, comentou:
 
Muitos dos que passaram estes tempos menos bons das nossas vidas só agora passado muito tempo começam a falar do que passaram.
Outros começaram a falar bem cedo contando historias que a imaginação lhes ditavam.
Não creio que nós, apesar de maus, não foram dos piores.
Houve quem passasse muito pior.
O que o Horácio Cunha aqui relata posso corroborar.
 
Tem algumas lacunas menores que a memória o atraiçoou: Aates de Nambine é correto que montamos não um mas dois acampamentos e não era em nenhum aldeamento.
Foram de poucas semanas, dormíamos no chão e os alojamentos eram em tendas militares.
Em Nambine ficámos alguns meses e só depois é que nos fixamos no Alto da Pedreira.
 
Em relação á bebedeira comatosa tenho bem presente como foi e em que dia.
Passo a contar a história apresentando desde já as desc...ulpas por este texto ficar longo mas vale a pena.
 
Era dia de aniversário do Américo Coelho.
O sargento Silva fez uma belíssima caldeirada de cabrito.
No final da refeição, já bem comidos e otimamente bem bebidos, entra na nossa cubata (sala de refeições) um elemento, não milícia, mas sim um dos trabalhadores da estrada, já com os copos, a pedir vinho.
Agora reparem... numa daquelas latas de ananás, já vazia, tinha sido a sobremesa, houve quem abrisse uma garrafa de whisky (Bells, era assim o nome?) e outro elemento (não vou dizer os nomes ) abriu uma garrafa de cerveja Laurentina e despejámos na dita lata.
Ele bebeu tudo de uma assentada. Arrotou...
 
Queres mais? HUUMM HUMM...
Voltámos a despejar e a cena repetiu-se.
Deu três latas e meia se não estou em erro.
Agora não há mais, podes ir embora.
Passado algum tempo eu saí para satisfazer necessidades que o muito liquido tinha causado, noite muito escura e quando regresso reparo que o dito elemento estava encostado á parede mesmo ao lado da entrada.
 
Mal lhe toco ele caiu redondo.
Apesar dos esforços do Cunha ele não deu mais cor de si.
 
Quanto ao Natal e Ano Novo (73/74) tivemos a companhia do Cunha.
Como já aqui disse tenho um filme em que mostra o Cunha em tronco nu no Alto da Pedreira, a farda habitual de quem lá estava estacionado.
 
Também já aqui coloquei fotos dos vários locais dos estacionamentos com os panos verdes a fazer de tendas e que coloco outra vez.
Mais acrescento que a minha memória é muito ajudada pelos documentos fotográficos e fílmicos que aqui foram colocados tanto por mim como por outros camaradas.

domingo, 17 de novembro de 2013

Amor, segundo Paulo Lopes...

Amor, não
são beijos abraçados
não
são palavras esvoaçando
com musica de sons
de eternidade,
ditas na ilusão de nuvens
de verão.
Amor, não
é dizer mentiras escondidas
na cortina do inesquecível
de suaves carícias
dos momentos incontroláveis
de destino sem caminho.

Amor é
tão só
a frescura da manhã,
limpa de sonhos irreais
agarrando a plenitude
da presença, na ausência,
na dor e no sentir,
enxugar uma lágrima
recheada de sorrisos
com o silêncio da ternura
de ações despercebidas.

paulo lopes (2012)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Reencontro II, por João Novo e Paulo Lopes

Por João Novo
 
Uma viagem a Borba.


Primeira visita, a este santuário, com a promessa de passar-mos, só a beber tinto, nada de água.
 
Trouxe uma garrafa de aguardente velhíssima, que deve ser um espetáculo, se quiserem é só dizerem...

 


Paulo Lopes

Parece-me que o dia 14 de Novembro foi dia de reencontro.

Um dia para além do dia, um almoço muito para além do petisco.

Um dia de hoje acompanhado da presença do calor humano da amizade, regado por conversas e histórias do passado que se tornaram presente, pensando já no futuro.

O meu agradecimento ao Jose Capitao Pardal e ao João Novo pela mais que agradável companhia e pelas horas que, num ápice se passaram em tão amável e saudável companhia.

Como diria a minha avozinha albicastrense:

Bem hajam!...



 
 
 




Reencontro I, por Américo Condeço

Hoje dia 14 de Novembro de 2013 encontrei pela primeira vez após mais de 40 anos, um COMPANHEIRO das lides militares em terras de Moçambique nos anos de 1972 a 1974, de seu nome João Marcelino e foi assim:
De manhã bem cedo estava eu a planear o meu dia tocou o telemóvel e eis senão quando do outro lado ouvi o convite, queres ir almoçar comigo hoje?...

A agenda estava limpa livre de marcações e disse logo que sim, bem havia umas quantas coisas a tratar da parte dele e por mim, e então combinamos encontrar-nos numa grande superfície aqui da zona.
Á hora, mais minuto menos minuto, lá nos encontrámos, ainda no parque de estacionamento subterrâneo (chegamos ao mesmo tempo).
Uma buzinadela e um leve acenar e ai estávamos nós a tagarelar um com o outro depois dos abraços (fortes e sinceros) lá seguimos para a função a que nos propusemos para selar este nosso reencontro.
 
O local não era muito do agrado do meu amigo Marcelino, ainda me disse é pá e se fossemos para outro sitio, onde possamos estar mais à vontade para conversar, ao que respondi, está bom aqui, pedimos e sentamos à mesa diante de uma grelhada mista, que muito me agradou pois soube-me muito bem, mas não foi isso que nos levou ali mas sim o vermos-nos um ao outro e conversar um pouco sobre nós.

Só vos digo que ao fim de 3 horas, ainda estávamos com assunto para continuar a conversar, mas os afazeres de um e de outro ditaram a despedida com mais uns quantos abraços e a promessa de voltarmos a encontrar para mais um repasto como motivo para a tagarelice.
 
FOI BOM, MUITO BOM mesmo, mas ficou no ar e porque não com mais alguns amigos companheiros daquelas andanças por terras de África .
OK porque não um dia destes temos que pensar nisso, danadinhos para isso andam uns quantos, fica a promessa temos que ir e vamos por certo beber umas MANICAS e umas LAURENTINAS ao restaurante do chinês de Moçambique.

Desde já quero dizer que se aceitam sugestões para uma possível data, acho que estão encerrados á segunda feira (vou ver depois digo).


sábado, 2 de novembro de 2013

QUANTO MAIS TÊM..., por Paulo Lopes

Mais um poema do Paulo Lopes...

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Sentei-me na mesa
de um soldado...
logo tive tudo pago.
Sentei-me na mesa
de um brigadeiro...
tive de deixar meu dinheiro.

paulo lopes (1974)

"INDISTRIBUIÇÃO", por Paulo Lopes

E a este poema do Paulo Lopes, o que dizem?!...

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 Há a insuficiência suficiente...
para morrer enfartado
e a suficiente insuficiência
para viver remediado.

paulo lopes (1970)