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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Os Crocodilos do rio Licueledo..., por Livre Pensador

 

28 de Outubro de 2020
Sempre que os militares da Ccav. 3508 realizavam operações entre o Chai e o Mucojo, tinham de atravessar este pequeno rio, o Licueledo, que era afluente do Messalo na margem direita.

Diziam os nossos guias que no Licueledo existiam crocodilos e por isso tinham medo de o atravessar.

Talvez tivesse, mas nunca vi nenhum.

Nós realmente sentíamos medo assim que pisávamos a outra margem do rio, pois ficávamos em território muito controlado pela Frelimo.

Nesta foto cá estou eu a começar a travessia levando ao colo a minha "grande amiga" HK-21, para ela não "molhar os pés", e com a sua fita de 100 balas no meu ombro, a qual me fazia muita companhia sempre que operávamos em zonas mais "festivas"!!!

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, árvore e ar livre

domingo, 6 de dezembro de 2020

Com os "pendentes" bem demolhados..., por Livre Pensador

 

Esta foto foi tirada durante mais uma operação que a Ccav. 3508 efectuou entre o Chai e o Mucojo.

Aconteceu na época das chuvas e, por isso, as margens do rio Messalo e do rio Licueledo estavam totalmente inundadas.

Ainda não eram 9 da manhã do 1º. dia de operação, já tínhamos água pela cintura e ainda havia o Licueledo para atravessar.

Era impossível continuar.

O "Racal" e o nosso companheiro de transmissões foram colocados em cima duma árvore.

Dali, o oficial de operações do batalhão foi informado da situação.

Mandou-nos aguardar.

Iria providenciar o fornecimento de botes para podermos prosseguir!!!

Tentava transformar-nos em "fuzileiros navais"!!!!

Cansei-me de carregar a minha metralhadora HK-21 e pendurei-a na árvore junto do Racal, mas fiquei com a pistola Walter à cintura.

A meio da tarde, após mais de 6 horas dentro de água, tivemos ordem para regressar.

Chegámos ao quartel já anoitecia e com "eles" (os "pendentes") bem demolhados!!!
A imagem pode conter: Livre Pensador, ar livre

domingo, 19 de julho de 2020

Só escrevo sobre a 3509 ???..., por Duarte Pereira

Lá vou eu para o feed de notícias.
Faltava a última parte da odisseia que escrevi sobre a 3509. 
Só escrevo sobre a 3509 ???
SIM, SIM- Na altura não havia a 3510 . 
==========
Abaixo a tenda do comando. 1ª foto
As tendas de terceira geração :) 
Do lado esqº da foto podem ver uma com avançado frontal e lateral e tecto G.T.


Vivendas para graduados. 
Não pagavam I.M.I. :) 
Com canas na lateral para fazer de ar condicionado . :)
Um abrigo para protecção de ? 
Do sol ? 
Só agora é que descobri que estão três cães na foto.
Eu chamava-lhe "Dick". 
Não era só meu, mas eu devo tê-lo ensinado a nadar no Mucojo.



Uma pequena provocação para os " homens do cajado ". 
Como é que as obras poderiam seguir a sua marcha se andavam lá "pastores" do 2º pelotão a tomar conta "daquilo". 
Alguém os consegue identificar ? 
"BIBA VIANA DO CASTELO" :)

Estávamos nós "muito quentinhos" no Alto da Pedreira, ora com as botas engraxadas, com lama ou sujas com poeira.
O posto de transmissões "aqueles chatos" é que nos diziam se teríamos de fazer alguma coisa.
Se dependesse de mim teria fechado o " posto" e ficaríamos lá de "férias". 
Quando nos instalaram lá, a estrada ainda deveria estar um bom bocado para trás. 
Nas chuvas fortes as manilhas em metal saltavam debaixo da estrada e cortavam-na e lá tínhamos de recuar. 
Estávamos num local mais alto que a estrada, logo mais arejado.
Sofríamos muito com o apetite. . 
Acho que a maior parte das refeições eram à base de guisados. 
Começava a dar o cheiro e a malta a ficar inquieta. 
Quase que era precisa a polícia de intervenção.
Quando da nossa passagem no aldeamento de Nambine já se preparavam novas estratégias para vigiar a estrada. 
Reparem na G-3 no braço direito. 
Constavam que as bicicletas não accionariam as minas anti carro. 
Quem será o ex militar ? 
"BIBA VIANA DO CASTELO" :)
Confesso que sempre tivemos a máxima confiança nas transmissões. 
Havia alguém em Macomia que estava 24 H atento.
24 sobre 24 H a beber café a apoiar os seus homens de transmissões. 
Eu disse café ? 
Desculpem.
O que se podia fazer no Alto da Pedreira com este quadro.? 
A única hipótese era rezar.
Inspirei-me na missa da Pedreira onde não estive presente. 
O vinho do padre poderia ter desaparecido :) .
Havia uma rampa com uma inclinação considerável que dava à estrada.
Para a direita era Macomia, para a esquerda Mucojo. 
Podia na altura ter-me lembrado de pôr umas setas, para a malta não se enganar.
Em direcção ao Mucojo o terreno deixava de ser "matoposo" de matope e começava a ficar arenoso e mais compacto.
No caminho havia o aldeamento do Cha-la-laga, ou parecido.
Na altura das mangas maduras era só subir para a Berliet. 
Nunca dei por reclamações dos habitantes. 
Comendo algumas e a barriga começava a agitar-se. 
Como nunca tinha havido minas naquele percurso era sempre a abrir. 
A mata ia-se afastando e havia mais visibilidade, aparentando segurança. 
Lá apareciam os coqueiros, palmeiras e outras árvores que não me recordo o nome. 
Alguém pensava que estávamos em guerra?
Moral da história.
Um convite para haver " desenfianços ".



A praia estava à nossa espera. ( PODERÁ CONTINUAR).....
SERIA A EXPRESSÃO DAS GIRAFAS SE LÁ ANDASSEM :)
Como alguns de vós deverão saber, tive duas "guerras". 
A de 1972 e a de 1973 até Março de 1974.
Seria injusto da minha parte não partilhar estas narrativas com mais ex combatentes da minha companhia. 
1972 - 4º pelotão com o comando do Américo Coelho (amado por todos). 
Com a minha patente, o Fernando Lourenço (amado por uns, odiado por outros) :) 
Eu? 
Os outros que respondam :) 
O Américo Coelho com a sua responsabilidade das bases, quando não andávamos em operações ou colunas. 
O Fernando Lourenço e eu, mais nas " voltinhas". 
Curiosidade: Nunca vi uma foto do Americo Coelho no Mucojo. 
Os soldados? 
Paciência sem limites para com os seus graduados. :) 
Pensava para comigo. 
Isto de ser comandante de uma base tem muita burocracia. 
O Americo Coelho escrevia de dia e de noite até adormecer. 
Mais tarde descobri que eram aerogramas para a sua noiva, e depois mulher, quando ele ainda estava na Pedreira, residente em Coimbra :)
1973? 
Fica para o próximo artigo. ( PODERÁ CONTINUAR).

OS INSURRECTOS
Tudo se deve ter passado em 1973.
Quem em Macomia, "mijava fora do penico", ou era embrulhado em "papel azul", ou por ordem do Alvega, seguia deportado para o Alto da Pedreira, por um período de 15 dias (pelo menos).
Alguém na base devia incluí-los nos serviços de protecção, patrulhamentos e escalados para a vigilância nocturna. 
Só me lembro do Américo Condeço, que falou noutro ex-militar que não me recordo de o ver por lá. (mas eu também fui de férias).
Mas... houve um "castigado" que marcou a gastronomia dos graduados.
O 1º Sargento Silva, que diziam que tinha alguns "dotes", mas de culinária percebia ele e com condimentos indianos.
Levou um malão de madeira cheio de especiarias.(ÍNDIA). 
O prato que nunca esqueci. 
Ovos escalfados com ervilhas e não me lembro se teria uns pedaços de carne.
O Fernando Lourenço, já tinha falado em cabrito, que estava uma especialidade que não me recordo. Deve ter feito, javali, gazela, galinha de mato, galinha normal e peixe fresco de várias maneiras, mas só os ovos escalfados me ficaram guardados na memória.
Por que deve ter sido em 1973. 
A "vivenda" dos graduados já estaria construída. 
Era no alpendre que o restaurante estava montado.
Foi também nesse ano que a Berliet se ia "afogando" no mar do Mucojo e o Américo Condeço chegou a dar mergulhos de cima da mesma, para dentro de água. 
Lembro-me de recebermos outras "altas entidades de Macomia. 
Só poderiam sair com o capitão. 
Enfermeiro e transmissões. 
Se o capitão estava de baixa, lá devem ter aparecido "desenfiados". 
Refiro-me ao Horácio Cunha , João Novo e (António Encarnação.)
Está quase a acabar esta longa narrativa de parte que me lembro da vida da 3509 e nem sequer vou falar o que andámos a fazer no Mucojo nesses mais de dois anos.
No último texto irei pôr por perto o vídeo do Fernando Lourenço, único documento filmado para aqueles lados.
(VÃO ESTANDO ATENTOS- EU SÓ APAREÇO NA ÚLTIMA IMAGEM A TENTAR AGARRAR NUMA CABRA OU CABRITO). 
Grande "amigo", o Fernando Lourenço :) 
(NÃO ME LEMBRO ONDE ARQUIVEI O VÍDEO OU O FILME).

NOTA FINAL: Alguém da 3509 que eventualmente passe por aqui, agradeço que me informem se o Fernando Anjos da secretaria também terá passado por aqueles lados. Obg.
Em fins de 1972 fui "despedido" do 4º pelotão, devo ter tido parecer positivo do Américo Coelho. :) 




O Fernando Lourenço, uns tempos depois, foi com uma secção dar formação e comandar uma base de milícias no Mucojo. 
Comandante em Chefe do Exército Português naquele paraíso. :) 
Nota- Mas parece que nem tudo foram rosas. 
O 4º pelotão não mais deverá ter sido o mesmo .
A mim "ofereceram-me" o 3º pelotão que estava sob a responsabilidade do saudoso José Augusto Madeira.
Se fiquei feliz? 
"Muito"! 
Já podia mandar os alferes à "merda" sem ter uma participação. :)
Tudo corria nos "conformes" até Setembro, altura em que "caiu" no pelotão o Manuel Cabral, em rendição individual. 
Como em Macomia não dormia no quartel e o Manuel Cabral, ainda não estava integrado, "alinhávamos" os dois nessas folgas. 
O Madeira continuava com o seu núcleo de amigos dentro do quartel.


quarta-feira, 1 de julho de 2020

Fui o único futebolista júnior..., por Livre Pensador

Livre Pensador
01/07/2020


Aqui está a fotografia do guarda-redes da "selecção nacional" da Ccav.3508. 
Fui o único futebolista júnior que teve a honra de defender as cores e a baliza (quando não era golo) da tão valiosa selecção sénior do Chai. 
Quando jogávamos contra a equipa de nativos do Chai, eles apresentavam sempre jovens jogadores que nunca tínhamos visto a cara deles por aqueles lados. 
Decerto que eram reforços de última hora oriundos das bases da Frelimo.




quinta-feira, 25 de junho de 2020

Percursos de guerra diferenciados!..., por Paulo Lopes


Bom dia pessoal da pesada!


Abri esta coisa ainda antes de tomar banho (abri uma excepção hoje, não por abrir esta coisa mas sim, tomar banho) apenas porque tenho que ir a Lisboa! Abri e dei logo com o Duarte Pereira a provocar e a respectiva resposta!
Agora falo eu: pois é bem verdade: felizmente (para eles) ainda houve pessoal que pouco teve com a vida comum de uns quantos "pategos"! 

Tiveram boas vidas (apesar de eu sempre considerar que, bastava ter sido arrancado das nossa...s terras, para que a coisa já não fosse fácil mas...). 

E lindas terras de Moçambique! 

Azar o meu que só estive na Mataca, mas felizmente, longe dos abutres sanguessugas! 
O resto onde estive, foi de fugaz passagem, pouco deu para apreciar essa beleza que, diga-se e defendendo a minha terra, tenho por aqui lindas coisas!

Viva a minha terra Portugal! 
O país, não os governantes nem uma boa mão cheia de "pescadinhas de cauda nos lábios". 

O resto, bem, o resto é paisagem. 
É bom saber que estamos vivos e como vamos vivendo fora das lutas que, em comum, alguns estiveram. 

Abraço e até mais logo que espera-me a habitual confusão de atravessar a ponte! 
Abreijos.


Bom dia Paulo Lopes . 
Três anos e três meses, com algumas férias pelo meio. Janeiro de 1971, o pior da minha vida. 
Em Santarém tentaram-me dar a volta à cabeça, (ofensas pessoais, à família, namoradas e mais ). Deram cabo do meu corpo e ofereceram-me M....., para comer. 
Nos primeiros 15 dias não saímos das paredes do destacamento e só consegui ver a rua, porque passei pela secretaria e consegui olhar por uma janela. 
A partir daí só podia melhorar. 
Ao fim da recruta, começaram a dar comida de gente, mas ainda éramos tratados abaixo de cão. 
Até ser mobilizado a minha vida melhorou um pouco, mas o corpo não tinha descanso. 
Em Moçambique tudo mudou. 
Tirando o mês da operação da Serra do Mapé, levei uma vida estável com poucos sustos. 
Fui colocado relativamente perto do mar e lá passei uns tempos felizes.
Criei poucas, mas verdadeiras amizades.

Amigo Paulo Lopes, a nossa guerra nunca fui igual para todos,. nem tinha que ser porque todos eram necessários, cada um com sua função,. mas depois destes anos todos muitos ainda não se aperceberam disso,...

Vamos lá alimentar esta guerrilha
Lá em Cabo Delgado, tivemos vidas diferentes e com exigências diferentes. 
Mas o mais importante, na minha opinião, terá sido a forma como cada um de nós encarou aquele período.
Nunca me queixei, por respeito a quem passou verdadeiramente mal e, portanto fui apagando o menos bom até sobrar, apenas, o que me agradou. 
Tenho boas recordações e talvez tenha aprendido a relativizar o que é mau.
Apesar disto, aceito quem ficou fixado ao que foi mau e quem se sente, ainda hoje, muito afectado por aquele período. 
Aceito quem gosta de descrever os seus maus momentos, como se a vida tivesse parado lá. 
Aceito que haja escolhas de más recordações em detrimento das boas.
A guerra colonial já é história e nós somos os últimos sobreviventes. 
As novas gerações, quer em Portugal, quer nos países emergentes, já nada sabem do que se passou. Nem querem saber. 
E eu respeito.
O facto de haver um elemento que não se envolve nesta página não é, para mim, motivo de qualquer crítica. 
Isso é um exercício de legítima liberdade.
O Jorge Costa era uma pessoa afável e cordata. 
Era sociável, mantendo uma maior proximidade, apenas com alguns. 
E isto não era nenhum defeito. 
Era uma maneira de ser.
Se este quase meio século que passou, lhe permitiu refinar as suas características, estará mais afável, mais cordato e mais selectivo. 
Com todo o direito.
E se está mais selectivo, talvez não queira perder tempo de forma inútil ou com pessoas que nunca conheceu verdadeiramente. 
Convivíamos com pessoas com muito poucas afinidades e, mesmo agora, para muitos, só há em comum um "3878". Que não é muito.
Ele referiu que está a trabalhar e eu traduzi, mentalmente, para "está a viver" e compreendi muito bem esta mensagem.
Tamojuntos.

Descobri "outra verdade".
SABEM O QUE É A MEIA IDADE?
QUANDO O TRABALHO JÁ NÃO DÁ PRAZER...
E O PRAZER JÁ DÁ TRABALHO !!!

Fiquei confuso porque o trabalho ainda me dá prazer mas há prazeres que já me dão trabalho.

Encarnação - Algum de nós já se sente na meia idade ?

Eu acho que já passei, há muito, a meia idade. 
67 anos é mesmo muito e tenho consciência que é a minha recta final, mas tenho conseguido ser teimoso, continuando a fazer o que quer que seja que me apeteça. 
Vou lutando contra a tradição de parar e de ficar em modo reformado. 
Faço 800 km num dia e fico derreado, levanto-me às 4 para voar de balão e fico de rastos, trabalho num processo até de madrugada, mas dou muitas cabeçadas no teclado, saio de barco com os cães e por lá ando durante um dia inteiro e às vezes, pela noite dentro. 
Mas como e bebo e divirto-me para compensar. 
Quando, há dias, comprei umas botas de caminhada, percebi que estou mesmo louco, porque ignorei as pantufas, que até eram giras. 
E mais baratas.

Amigos lamento toda esta celeuma por um comentário infeliz. 
Não conheço a maior parte dos camaradas, mas sempre tive o máximo respeito por todos quer fosse operacional, aramista ou "protegido". 
As lindas paisagens de Moçambique estão e estarão até que vá gravadas no meu corpo. 
Espero que a sã camaradagem não esmoreça...

Rui Briote - Os comentários infelizes, trazem por vezes , textos felizes.

Mas ofendem quem sentiu na pele a guerra, pois além de me acontecer o que aconteceu vi mortes e feridos à frente dos meus olhos. 
Nunca andei em Macomia a saborear as delícias das cantinas que por lá existiam

Amigo Briote, como eu te compreendo. Abraço.

Andei mais tempo pelas cantinas de Macomia e pelas cervejarias de Pemba (soma meses, esses intervalos).
Quanto a maus períodos no mato da Mataca - quase que rondou o zero.
Resta os meus dois primeiros regressos de Macomia e todo o trabalho que a picada dava, principalmente na altura das chuvas.
Fiz colunas, sem problemas na picada e sem transparecer para quem me acompanhava que eu esperava da parte da Frelimo um intervalo.