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domingo, 19 de julho de 2020

Só escrevo sobre a 3509 ???..., por Duarte Pereira

Lá vou eu para o feed de notícias.
Faltava a última parte da odisseia que escrevi sobre a 3509. 
Só escrevo sobre a 3509 ???
SIM, SIM- Na altura não havia a 3510 . 
==========
Abaixo a tenda do comando. 1ª foto
As tendas de terceira geração :) 
Do lado esqº da foto podem ver uma com avançado frontal e lateral e tecto G.T.


Vivendas para graduados. 
Não pagavam I.M.I. :) 
Com canas na lateral para fazer de ar condicionado . :)
Um abrigo para protecção de ? 
Do sol ? 
Só agora é que descobri que estão três cães na foto.
Eu chamava-lhe "Dick". 
Não era só meu, mas eu devo tê-lo ensinado a nadar no Mucojo.



Uma pequena provocação para os " homens do cajado ". 
Como é que as obras poderiam seguir a sua marcha se andavam lá "pastores" do 2º pelotão a tomar conta "daquilo". 
Alguém os consegue identificar ? 
"BIBA VIANA DO CASTELO" :)

Estávamos nós "muito quentinhos" no Alto da Pedreira, ora com as botas engraxadas, com lama ou sujas com poeira.
O posto de transmissões "aqueles chatos" é que nos diziam se teríamos de fazer alguma coisa.
Se dependesse de mim teria fechado o " posto" e ficaríamos lá de "férias". 
Quando nos instalaram lá, a estrada ainda deveria estar um bom bocado para trás. 
Nas chuvas fortes as manilhas em metal saltavam debaixo da estrada e cortavam-na e lá tínhamos de recuar. 
Estávamos num local mais alto que a estrada, logo mais arejado.
Sofríamos muito com o apetite. . 
Acho que a maior parte das refeições eram à base de guisados. 
Começava a dar o cheiro e a malta a ficar inquieta. 
Quase que era precisa a polícia de intervenção.
Quando da nossa passagem no aldeamento de Nambine já se preparavam novas estratégias para vigiar a estrada. 
Reparem na G-3 no braço direito. 
Constavam que as bicicletas não accionariam as minas anti carro. 
Quem será o ex militar ? 
"BIBA VIANA DO CASTELO" :)
Confesso que sempre tivemos a máxima confiança nas transmissões. 
Havia alguém em Macomia que estava 24 H atento.
24 sobre 24 H a beber café a apoiar os seus homens de transmissões. 
Eu disse café ? 
Desculpem.
O que se podia fazer no Alto da Pedreira com este quadro.? 
A única hipótese era rezar.
Inspirei-me na missa da Pedreira onde não estive presente. 
O vinho do padre poderia ter desaparecido :) .
Havia uma rampa com uma inclinação considerável que dava à estrada.
Para a direita era Macomia, para a esquerda Mucojo. 
Podia na altura ter-me lembrado de pôr umas setas, para a malta não se enganar.
Em direcção ao Mucojo o terreno deixava de ser "matoposo" de matope e começava a ficar arenoso e mais compacto.
No caminho havia o aldeamento do Cha-la-laga, ou parecido.
Na altura das mangas maduras era só subir para a Berliet. 
Nunca dei por reclamações dos habitantes. 
Comendo algumas e a barriga começava a agitar-se. 
Como nunca tinha havido minas naquele percurso era sempre a abrir. 
A mata ia-se afastando e havia mais visibilidade, aparentando segurança. 
Lá apareciam os coqueiros, palmeiras e outras árvores que não me recordo o nome. 
Alguém pensava que estávamos em guerra?
Moral da história.
Um convite para haver " desenfianços ".



A praia estava à nossa espera. ( PODERÁ CONTINUAR).....
SERIA A EXPRESSÃO DAS GIRAFAS SE LÁ ANDASSEM :)
Como alguns de vós deverão saber, tive duas "guerras". 
A de 1972 e a de 1973 até Março de 1974.
Seria injusto da minha parte não partilhar estas narrativas com mais ex combatentes da minha companhia. 
1972 - 4º pelotão com o comando do Américo Coelho (amado por todos). 
Com a minha patente, o Fernando Lourenço (amado por uns, odiado por outros) :) 
Eu? 
Os outros que respondam :) 
O Américo Coelho com a sua responsabilidade das bases, quando não andávamos em operações ou colunas. 
O Fernando Lourenço e eu, mais nas " voltinhas". 
Curiosidade: Nunca vi uma foto do Americo Coelho no Mucojo. 
Os soldados? 
Paciência sem limites para com os seus graduados. :) 
Pensava para comigo. 
Isto de ser comandante de uma base tem muita burocracia. 
O Americo Coelho escrevia de dia e de noite até adormecer. 
Mais tarde descobri que eram aerogramas para a sua noiva, e depois mulher, quando ele ainda estava na Pedreira, residente em Coimbra :)
1973? 
Fica para o próximo artigo. ( PODERÁ CONTINUAR).

OS INSURRECTOS
Tudo se deve ter passado em 1973.
Quem em Macomia, "mijava fora do penico", ou era embrulhado em "papel azul", ou por ordem do Alvega, seguia deportado para o Alto da Pedreira, por um período de 15 dias (pelo menos).
Alguém na base devia incluí-los nos serviços de protecção, patrulhamentos e escalados para a vigilância nocturna. 
Só me lembro do Américo Condeço, que falou noutro ex-militar que não me recordo de o ver por lá. (mas eu também fui de férias).
Mas... houve um "castigado" que marcou a gastronomia dos graduados.
O 1º Sargento Silva, que diziam que tinha alguns "dotes", mas de culinária percebia ele e com condimentos indianos.
Levou um malão de madeira cheio de especiarias.(ÍNDIA). 
O prato que nunca esqueci. 
Ovos escalfados com ervilhas e não me lembro se teria uns pedaços de carne.
O Fernando Lourenço, já tinha falado em cabrito, que estava uma especialidade que não me recordo. Deve ter feito, javali, gazela, galinha de mato, galinha normal e peixe fresco de várias maneiras, mas só os ovos escalfados me ficaram guardados na memória.
Por que deve ter sido em 1973. 
A "vivenda" dos graduados já estaria construída. 
Era no alpendre que o restaurante estava montado.
Foi também nesse ano que a Berliet se ia "afogando" no mar do Mucojo e o Américo Condeço chegou a dar mergulhos de cima da mesma, para dentro de água. 
Lembro-me de recebermos outras "altas entidades de Macomia. 
Só poderiam sair com o capitão. 
Enfermeiro e transmissões. 
Se o capitão estava de baixa, lá devem ter aparecido "desenfiados". 
Refiro-me ao Horácio Cunha , João Novo e (António Encarnação.)
Está quase a acabar esta longa narrativa de parte que me lembro da vida da 3509 e nem sequer vou falar o que andámos a fazer no Mucojo nesses mais de dois anos.
No último texto irei pôr por perto o vídeo do Fernando Lourenço, único documento filmado para aqueles lados.
(VÃO ESTANDO ATENTOS- EU SÓ APAREÇO NA ÚLTIMA IMAGEM A TENTAR AGARRAR NUMA CABRA OU CABRITO). 
Grande "amigo", o Fernando Lourenço :) 
(NÃO ME LEMBRO ONDE ARQUIVEI O VÍDEO OU O FILME).

NOTA FINAL: Alguém da 3509 que eventualmente passe por aqui, agradeço que me informem se o Fernando Anjos da secretaria também terá passado por aqueles lados. Obg.
Em fins de 1972 fui "despedido" do 4º pelotão, devo ter tido parecer positivo do Américo Coelho. :) 




O Fernando Lourenço, uns tempos depois, foi com uma secção dar formação e comandar uma base de milícias no Mucojo. 
Comandante em Chefe do Exército Português naquele paraíso. :) 
Nota- Mas parece que nem tudo foram rosas. 
O 4º pelotão não mais deverá ter sido o mesmo .
A mim "ofereceram-me" o 3º pelotão que estava sob a responsabilidade do saudoso José Augusto Madeira.
Se fiquei feliz? 
"Muito"! 
Já podia mandar os alferes à "merda" sem ter uma participação. :)
Tudo corria nos "conformes" até Setembro, altura em que "caiu" no pelotão o Manuel Cabral, em rendição individual. 
Como em Macomia não dormia no quartel e o Manuel Cabral, ainda não estava integrado, "alinhávamos" os dois nessas folgas. 
O Madeira continuava com o seu núcleo de amigos dentro do quartel.


sexta-feira, 29 de maio de 2020

Ontem não comentei, porque estava com o tableto..., por Armando Guterres

Armando Guterres
27/04/2019

Ontem não comentei, porque estava com o tableto. 
Agora com o computador ... dá para ler num lado a publicação do Paulo Lopes e comentar noutro.
Suponho que foi uma secção que voltou à Mataca, com a berliet.
Se ficámos em Macomia para irmos para a ponte Muagamula, nunca poderia ser do 1.º pelotão.
Só a ponte maior, de duas, é que foi deitada abaixo.
O problema foi resolvido - passando no leito do rio, do lado mais baixo do terreno. 
Ali o terreno era mais arenoso. 
Na outra ponte era mais pedra, portanto mais difícil de escavar.


Se tu foste para para a apanha do caju, eu fui, com a outra metade do pelotão, para a ponte Muagamula.


Confirmo com:
Uma vez, em que se falava que iriam colocar uma balança industrial, no Metoro (cruzamento da Viúva), perguntei ao Subtil: "Quem é que pagas a mina, para eles deitarem aquilo abaixo?"
- Citando o mesmo: Comprava uma viatura de carga (3500 KG). Ia carregada de caju [ele é que pesava e fazia o preço] para Nampula. 
Regressava carregada de produtos para vender no bar e na cantina, sem esquecer o quartel. 
A meio do terceiro regresso a viatura estava paga. 
A partir daí era só lucro.

Naturalmente, poderei estar enganado ... basta uma justificação.

- Foto da pequena, não encontro a foto da grande, dos Sapadores da CCS.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

A Berliet não queria subir a Serra Mapé, por Paulo Lopes

Paulo Lopes 



Sendo assim e para dar uma "achega" à verdade que o amigo Armando Guterres fala no seu comentário em cima, lá vai mais um pouco do livro. 

Só para chatear.
Poderá dizer-se que a coluna decorreu normalmente se nos debruçarmos sobre o aspecto de minas, armadilhas ou emboscadas, mas se olharmos para outros aspectos menos perigosos mas igualmente demolidores, a coluna correu-nos bastante mal.

Logo no inicio da subida da serra a Berliet, que sempre insistíamos em levar pela sua capacidade de carga que poderíamos transportar, mas que nunca ou raramente conseguíamos que subisse a serra, e por mais tentativas que fizéssemos, teimou em não subir.

Teve que se alterar o projecto!. 
Duas secções do 1ºgrupo de combate regressaram ao estacionamento com a Berliet.

Segunda contrariedade: tínhamos sido informados que as pontes já estavam consertadas. 
Tretas!

Quando chegamos as pontes verificamos que só uma estava reconstruída. 
A outra estava no chão, ou melhor, não era ponte!. 
E esse pequeno pormenor não nos dava um acesso muito fácil a passagem das viaturas para o outro lado do riacho. 
O outro lado que estava tão perto e que se tornava demasiadamente longe para as nossa pretensões!  

Tivemos de inventar e colocar em prática a nossa veia do desenrasca que tanto caracterizava o nosso exército. 

Tinha de ser uma intervenção rápida e sem muito alarido. 
Aproveitamos os nossos habituais "turistas" que sempre nos acompanhavam até Macomia, auxiliando-nos na busca e abate de troncos que proporcionassem a nossa tentativa de solução para atravessar o riacho com um pouco mais de segurança. 
Ou não!. 

Depois deste trabalho suplementar, feito duma forma muito rudimentar, prosseguimos a marcha com todos nós de semblante abatido, mental e fisicamente cansados. 
E ainda faltavam tantos quilómetros para percorrer!!. 

Terceiro contratempo: mais a frente, uma viatura avariou! 
Outra paragem. 
Cada vez mais se notava nas nossas faces a saturação. 
Estas paragens prejudicavam bastante o ritmo de andamento e cansava-nos muito mais. 

Cada paragem é sempre um tónico para não recomeçar. 
Para mim, estas paragens, davam-me a coragem de voltar a pensar. 
A bem dizer, não eram pensamentos, mas recordações que me perseguiam na minha fraqueza e dava comigo a perguntar-me: — Que estamos nos aqui a fazer? 
Que vida é esta para jovens de vinte e poucos anos? 
Porque nos estão a tirar este tempo da nossa existência? 

Mais uma vez me veio à lembrança a flor do cano da minha espingarda, mas o que mais fez estremecer todo o meu ser, foi o pensamento de que, com toda a certeza, todos os verdadeiros culpados da guerra estariam bem confortáveis junto das suas famílias, longe de quaisquer perigos eminentes, saboreando o prazer de viver sem, tão pouco, lhes doer a consciência nem pensar no que estavam a fazer a maioria da juventude portuguesa. 
Mas tudo a bem da nação. 
Mas porque é que estas situações não acontecem como no tempo dos nossos primeiros Reis? (pelo menos como nos foi contada nas aulas de Historia de Portugal! (Será que era mesmo assim?) 
Eram eles, os Reis, que iam para a frente da batalha! 
Pois. 

Foram horas sem conto, de sofrimento e angustia e já o sol se afogava no longínquo horizonte quando finalmente chegamos a Macomia. 

No dia seguinte e como já estava mais ou menos previsto, fomos proteger os trabalhadores na apanha do caju. 
Uma das várias fontes de receita para engordar contas bancárias de uma meia dúzia de abutres e claro, untar as mãos dos energúmenos brigadeiros, coronéis, marechais e outros que tais que estão a mais! (mentira!! Estou a brincar!!!). 

Mas quem ia proteger essa receita? 
Nós, pois então! 
E quem a iria apanhar a troco de quase nada? 
Os nativos, claro e transparente como a brisa que sopra nas tardes limpas do calor de África!

  • paulo lopes
    in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
  • sábado, 28 de março de 2020

    Minas..., um dia a seguir a Nanbine... por João Reis



    Espero que o Lourenço se lembre.

    Um dia a seguir a Nanbine, os homens da picagem, todos picavam debaixo de uma raiz de uma árvore junto a picada.
    Já eu me preparava para avançar com o rebenta minas, quando o Lourenço me disse para parar.

    Desceu da berliet, e com a faca de mato, escavou e ela a dita que tinha escapado aos homens da picagem, não escapou aos olhos do Lourenço. 

    Recuámos e com um petardo lá foi a dita pelos ares.



    E o Reis com os companheiros, escaparam a um voo grátis. 

    Mas nessa hora e um pouco mais a frente, estavam mais duas meninas, reforçadas com pregos, prontas para dançar connosco, mas aqui a equipe de picagem não falhou e detetaram-nas.

    Mais uma vez os petardos resolveram o problema. 
    Ainda recebi na época 3 contos por esse feito. 

    Os furriéis homens que eu muito admirei, pela sua postura perante o perigo, gostavam muito de viajar na berliet.
    Mas desta vez foi bom para mim, porque a atitude e a atenção do Lourenço impediram um voo que, quem sabe, podia ser fatal.
    Obrigado ao Lourenço, nunca esquecerei este episódio. 



    E lá fomos passando pela Pedreira até ao Mucojo saborear um banho no Índico.




    domingo, 28 de janeiro de 2018

    O ex-furriel..., por Duarte Pereira


    O ex-furriel.
    Fui para onde fui com a preparação "condensada".
    Lá cheguei, analisei e pensei que seria uma "guerra" defensiva.


    Só me deram um ano como "defensivo".
    Em 1973 graduaram-me em "ofensivo".
    O "macaco" já tinha um ano de experiência.



    Em 1973 deixei de frequentar a "messe respetiva". (Macomia). 
    Deixei de conviver no quartel (Macomia).
    Quem da minha patente, ex-furriéis, se poderia lembrar de mim?
    A "malta" da C.C.S. se eu estava ausente?




    Tinha um quarto fora do quartel que chegou a ser só meu depois da fatalidade do Alferes Fortes.
    Se soubesse o que sei hoje, estaria mais presente no quartel e acompanhar mais com a "malta" que lá dormia. 

    Pelas fotos que tenho visto, houve farras, confraternizações e não há nenhuma foto minha.



    Neste momento o Paulo Lopes estará mais orgulhoso por me conhecer.
    Não convivia com o Encarnação, que hoje entrou no grupo. 
    Pelo pouco contacto sabia que não era burro, pelo menos muito burro.

    As viaturas não tinham problemas. 
    Um condutor do "Pincha" ensinou-me a andar com aquilo. 
    Depois passei para o unimog e ia-me espetando. 
    Cheguei a andar uns 50 m de Berliet. 

    Em Macomia guiei o Jeep do Capitão que era mais do Encarnação, porque andava sempre em "afinação".
    Aquele Jeep se falasse e ainda se lembrasse, gostaria de ouvir algumas histórias.

    Resumindo. 
    Passei despercebido naquela "guerra". 
    Haverá poucos graduados nesta página. 
    Para mim, os poucos soldados que procurei comandar ou que me ajudaram a comandar é que contam. Infelizmente há poucos ou nenhuns.

    Retirado das memórias não escritas do nosso "menino" Sr. Duarte Pereira. 
    Desconhecido em Macomia.

    domingo, 6 de setembro de 2015

    Eu e a Berliet, por Fernando Bernardes

    Fernando Bernardes

    Lembro como se fosse hoje na manhã do dia 13 de Junho de 73 saímos de Pemba (Porto Amélia) com destino a Macomia.

    Não sei quantas viaturas, apenas que ia um jipe no qual seguia o capelão (padre), uma Berliet, a qual transportava 4 arcas frigoríficas.

    Eu seguia na Berliet sentado no taipal com as pernas para fora.
    Só lembro o antes, olhei o relógio, acendi um cigarro e não ouvi nem senti nada, acordei uma semana depois no HMN.
    A estrada estava a ser alcatroada.~
    O Sousa me falou que a Berliet... ficou destruída no fundo de uma ravina, que terão morrido 4 colegas, eu e o transmissões que estava regressando de férias na metrópole, penso que era o Amaral ficamos feridos.
    Quando recuperei do coma fui transferido para neurocirurgia.

    Ao tentar levantar da cama percebi que apesar de todo esforço, gemendo com dores atrozes, as dificuldades foram muitas.
    Mas depois de tanto tentar consegui pôr-me de pé e então percebi que não conseguia mexer os braços, nem as pernas e só arrastando os pés fui conseguindo dar alguns passos.
    Na manha do dia seguinte e porque não estava na minha cama, o medico deu-me alta.

    Mas como eu falei dos sintomas que sentia, mandou-me convalescer na ilha.
    Quando regressei da ilha, altas horas da noite, fiquei no hospital tendo falado com o médico na visita aos doentes do dia seguinte, mandou que fosse fazer raios-x.

    As minhas chapas não apareciam, só na terceira vez tendo sido eu próprio a entregar nas mãos dele.
    Assim que viu o resultado me disse para marcar consulta de ortopedia.

    A minha guerra acabou logo nesse dia.
    Ele propôs logo a minha evacuação para Lisboa, onde cheguei no 15 de Agosto de madrugada.

    Fomos todos para o hospital da Estrela, na Infante Santo, para mais tarde, depois do médico ter olhado para cada um de nós mandou-nos para casa.

    uns dias depois dei baixa ao Hospital de Campolide, Serviço de psiquiatria, depois neuropsiquiatria, até a junta medica me considerar incapaz para todo e qualquer serviço militar depois de 3 anos e meio de tropa.
     
    Velhas DE Estremoz Alentejanas
    FOMOS BUSCAR OS ÓCULOS PARA LER ESTE ARTIGO. VAMOS PASSAR AO SR DUARTE O COMENTÁRIO.

    Duarte Pereira
    PELO QUE LI, PARECE-ME UMA MINA SEGUIDO DE DESPISTE DA BERLIET.
    HOUVE EMBOSCADA ???  
    COM QUE ENTÃO NO TAIPAL DA BERLIET COM AS PERNAS DE FORA ?

    José Guedes
    DEPOIS DE LER O TEXTO DO FERNANDO BERNARDES E DEPOIS O QUE ESCREVEU O DUARTE FIQUEI UM POUCO CONFUSO,.. PORQUE NÃO ME LEMBRO DE DATAS MAS UM CONDUTOR DA C.C.S. NO REGRESSO A MACOMIA DE PORTO AMELIA TEVE UM ACIDENTE COM UMA BERLIET, EM QUE FOI POR UMA RAVINA ABAIXO E ERA ESSA BARLIET QUE TRAZIA ESSAS ARCAS E EM QUE NA ALTURA SE SOUBE QUE TINHAM TIDO FERIDOS MAS SÓ FALARAM NUM MORTO E ATE DIZIAM QUE ERA DE COR,.. DEPOIS DE LER VEI-O-ME ISSO Á MEMÓRIA, MAS NÃO SEI SE FOI ESSE MAS DO QUE FALA O DUARTE COM UMA MINA NÃO FAÇO IDEIA,.. DA C.C.S. E QUEM SE LEMBRAR O CONDUTOR FOI O DINIS,..

    Rui Briote
    Desconhecia tal episódio, pois nessa data estava em Alcoitão...vi que também sofreste muito.
    Ficaste com sequelas?...

    terça-feira, 29 de julho de 2014

    " LÁ " FUI FELIZ, por Duarte Pereira


    SAÍ DE CÁ COM UMA SECÇÃO (POUCOS HOMENS) E ALGUMA RESPONSABILIDADE.
    EM JANEIRO DE 1973, DERAM-ME UM PELOTÃO (USADO), BERLIET, UNIMOGS, CONDUTORES, RÁDIO TELEGRAFISTA, ENFERMEIRO, FURRIEIS, CABOS E SOLDADOS.
    PARECIA UM "CAPITALISTA."



    PODIA DECIDIR NO ALTO DA PEDREIRA SE VIRÁVAMOS À ESQUERDA PARA O MUCOJO OU À DIREITA PARA MACOMIA.


    O "PODER" PODE "DEGRADAR" OS HOMENS.
    ALGUMAS "COISAS" MUITAS, FORAM MAL DECIDIDAS, INCLUINDO O RISCO DOS HOMENS QUE ERAM "OBRIGADOS" A IR ATRÁS.


    INFELIZMENTE, NÃO ESCREVI NADA PARA AGORA PODER RECORDAR ESSE TEMPO. SE VOU AO ALMOÇO E ANDAM POR LÁ ELEMENTOS DO TERCEIRO PELOTÃO, AINDA NÃO ME APERTARAM O PAPO E NÃO ME DERAM NENHUMA FACADA, É PORQUE A COISA NÃO CORREU MUITO MAL.


    APRECIO OS TEXTOS DO RUI BRANDÃO PELOS PORMENORES QUE INCLUI NAS SUAS NARRATIVAS.


    SE EU CONSEGUISSE ESCREVER AS HISTÓRIAS DO TERCEIRO PELOTÃO, SERIA UM EXEMPLO A NÃO SER EXEMPLO.


    CONFESSO QUE EM 1972 NO QUARTO PELOTÃO, COMANDADO PELO AMÉRICO COELHO, SEMPRE FUI UM "ANJO".

    TERIA DE SER, AO MEU LADO TINHA O "ANJINHO" FERNANDO LOURENÇO.
     

    segunda-feira, 30 de junho de 2014

    As comadres querem boleia para Arganil, por Duarte Pereira


    QUASE NOS VIERAM AS LÁGRIMAS AO "OLHO"!!

    O SATÉLITE VOLTOU E O FERNANDO COSTA PUBLICOU A BERLIET DE QUATRO RODADOS.




    ACHAMOS QUE ESTRATEGICAMENTE, MAL ESCOLHIDO, TODOS VÓS ENGORDARAM E DEVERIA SER UMA DE SEIS RODADOS.

    JÁ HOUVE VÁRIAS OFERTAS DE BOLEIA AO NOSSO "CRIADOR".
    SÓ FALTA O PAULO LOPES QUE IRÁ DECIDIR DE VÉSPERA.
     
    RECORDO PELA 90ª VEZ.
    UM CONDUTOR, DETESTAMOS CONDUTORES.
    NÓS E O NOSSO "GURU", SERIA EM 1973.
    O CABO SILVA CONDUTOR DA BERLIET COM UMA DE SEIS RODADOS DISSE: "ESTA" PODE ATRAVESSAR O DESERTO.
    LEVOU A BERLIET PARA A PRAIA DO MUCOJO E APROXIMOU-SE DA ÁGUA.
     
    COMO ACABOU A HISTÓRIA???
    JÁ NÃO NOS LEMBRAMOS.
     
    PERGUNTEM AO NOSSO "AUTOR".
    BEIJINHOS
     
    HOJE DE TÁXI AÉREO FOMOS EM DIREÇÃO AO NORTE DE MOÇAMBIQUE.
     
     
    SE QUISEREM VER AS IMAGENS VÃO AO YOUTUBE.

    quinta-feira, 27 de março de 2014

    IDA PARA O CHAI..., por Rui Briote


    Imagem de Rui

    Rui Briote
     
    No dia 17 de Fevereiro, já com o cheiro da terra africana entranhado nos nossos narizes,  tomámos o avião que nos havia de levar até Porto Amélia, para de seguida irmos para o Chai, fazendo " escala" em Macomia.
     
    Porto Amélia (atual Pemba)
     
    A viagem ainda demorou umas horas, mas deu para arregalar os nossos olhos perante tanta beleza que tivemos oportunidade de observar.
    O avião, a pouca altitude, proporcionou-nos uma vista deslumbrante e de rara beleza... grandes manadas de zebras  e outros animais selvagens, aliada à bem ordenada verdura dos coqueiros, contribuiu para que tivéssemos uma ligeira acalmia  deixando de pensar para onde íamos. 
     
    Aeroporto de Pemba (ex-Porto Amélia)
     
    Chegados a Porto Amélia, cidade pequena, mas bela, aí pernoitamos...
     
    Vista Aérea de Porto Amélia (atual Pemba)
     
    No dia seguinte deslocámos-nos para a praia, não para tomar uma "banhoca" muito desejada, mas sim armados de G3 e granadas de mão, para fazer treino individual "de costas viradas para a praia!".
    Que mau gosto!...
     
    Praia em Pemba (ex-Porto Amélia)
     
    No dia seguinte, 20 de Fevereiro, já devidamente " equipados" formámos uma coluna rumo ao Chai.
     
    Cada pelotão foi "encaixotado" numa viatura, indo eu na cabine juntamente com o  Miguel.
     
    Os primeiros quilómetros foram calmos e não deu para ter tremuras, mas a partir dum determinado lugar elas chegaram e as calças começaram a  "colar-se ao...".
     
    Cantina de Ancuabe
     
    Parámos em Ancuabe e a partir daí, escoltados pelo Esquadrão de Cavalaria, com as suas  Panhards, comandado se não me engano, pelo malogrado Valinhas, para nos fazerem segurança no resto do percurso.
     
    AML Panhard - Esq. Cav. 1
     
    Já com a bala na câmara lá fomos...de quando em vez ouvíamos umas rajadas, sinal que estávamos já na zona quente.
     
    Os nossos corações começaram a ter mais batidas.
    Estávamos já na zona de guerra...como seria daí para a frente?...
    O tempo o diria.
     
    Já à entrada de Macomia dei ordem para tirar a bala da câmara e aí surgiria o meu primeiro grande susto.
     
    Macomia
     
    Ia, juntamente com o ex-furriel Miguel  e eu junto à porta da viatura, na cabine duma Berliet e, à ordem de tirar a bala da câmara o Miguel "esqueceu-se" de tirar o carregador e ao dar ao gatilho só ouvi um silvo agudo ...a bala passou mesmo a rasar a minha cara..." borrei-me" todo.
     
    Andei com o zumbido no ouvido não sei quanto tempo...
    Miguel, Miguel não foi isso que te ensinei...:)
     
    Depois duma noite dormida em Macomia partimos em coluna em direção ao Chai.
     
    De novo, os corações aceleraram e quando as Panhards, nos pontos críticos, davam umas rajadas, encolhíamos-nos todos...
    O primeiro sinal de guerra, foi-nos dado por uma ponte arrasada pelos "turras".
    Mais tarde soubemos  o nome da vítima...
    a ponte de Muacamula"...
     
    Ponte de Muacamula
     
    Atravessámos por um desvio e retomámos o caminho para o inferno.
    A estrada, pintada de alcatrão, lá nos permitiu andar em marcha mais ou menos lenta, ao mesmo tempo que os nossos olhos arregalados iam mirando as ????,  ora com uma vegetação densa ora despida.
     
    Estrada Macomia - Chai
     
    Atravessámos o famoso, no mau sentido, Monte dos Oliveiras, local onde minas e emboscadas eram " mato"...
     
    Estrada Macomia - Chai (ao fundo o Monte dos Oliveiras)
     
    Havia locais em que a pintura de alcatrão deu lugar a buracos, que eram as testemunhas de minas aí plantadas.
     
    Estrada Macomia - Chai (próximo do Chai)
     
    Finalmente, divisámos o arame farpado, que dava acesso à " cidade" do Chai.
     
    Aquartelamento do Chai
     
    Fomos recebidos em festa por uma companhia que via na nossa presença o passaporte para fugir dali...pudera!!!
     
    Iriam embora e ficaríamos nós nas nossas novas " vivendas"...
     
    Por do Sol - Chai