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sábado, 6 de fevereiro de 2021

Dezembro de 1972 - Férias..., por Livre Pensador

 Livre Pensador

23/12/2020

Dezembro de 1972.

Esta foto foi tirada em Porto Amélia ao aguardar embarque para as férias na metrópole.

Nela estou eu, o furriel Fonseca ("dono" dos obuses) e o furriel Carvalho (de costas).

Para trás ficaram 10 meses consecutivos de Chai.

Perdoem-me a sinceridade, mas isto nada tem a ver com racismo: foram 10 meses sem ver a beleza duma mulher branca!!!
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quarta-feira, 20 de maio de 2020

A Ida para a Guerra..., por Livre Pensador

Livre Pensador
20/05/2020

A Ccav. 3508 saiu de Porto Amélia no dia 20 de Fevereiro de 1972 com destino a Macomia, onde se encontrava o comando do nosso Bcav. 3878. 

A chegada a Macomia deixou-nos a suspeita de estarmos finalmente no "mato", porque a civilização (Porto Amélia) tinha ficado para trás, a cerca de 200 km. 
No dia seguinte (21 de Fevereiro) retomámos o nosso percurso com destino ao Chai, escoltados pelo Esquadrão de Cavalaria. 

Para progredir na picada com alguma segurança, o Esquadrão fazendo fogo de reconhecimento nos locais considerados mais suspeitos e/ou perigosos. 
Ficou claro para nós, chequinhas, que estávamos em pleno "mato ou morro"! 
E assim que chegámos ao Chai pelo fim da manhã e conhecemos o seu quartel, de imediato ficámos com saudades de Macomia. 

A ponte e o José Capitão Pardal

Mas as surpresas não se ficaram por aqui. 


O meu pelotão foi de imediato destacado para seguir para a ponte do Messalo, a cerca de 10 km do Chai, onde era feito o reabastecimento de água, e considerado um ponto nevrálgico para a ligação da estrada até Antadora. 
Foi a primeira vez que vi escavações subterrâneas cobertas por troncos e terra, a que chamavam abrigos, onde passámos a viver 24 horas por dia, como autênticas "toupeiras humanas"!!! 
Muitas "emoções" para um só dia. Aqui vos deixo uma foto do nosso "resort" do Messalo com os seus "maravilhosos bungalows". 
Abraço virtual a todos.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

O nascimento de uma criança, Américo Condeço


20/03/2015

MAIS UMA EXPERIÊNCIA DE VIDA

Um belo dia fomos chamados, o Doutor e eu, ao Hospital Civil de MACOMIA para assistirmos a um parto pois a parturiente estava em trabalho de parto já há vários dias e a criança não queria nascer.

O Dr Cardoso esteve a analisar a situação e decidiu-se pela evacuação, pois tanto Mãe como Filho já estavam com poucas forças e a situação estava a tornar-se perigosa para ambos.

Chamados os meios de evacuação, tratámos de transportar a dita senhora de ambulância para a pista pois o avião já vinha a caminho para proceder ao seu transporte para o Hospital Civil de Porto Amélia.

A mulher dentro do avião procedimentos normais e avião no Ar.

E foi ai que aconteceu o bom da situação, quando do contacto com o piloto para o adeus e até ao regresso o mesmo informou que a criança tinha acabado de nascer, ordem imediata para regresso pois tanto a mãe como a criança necessitavam de cuidados imediatos.

Ainda acompanhámos os dois durante alguns dias no hospital civil de Macomia, mas depois perdemos-lhe o rasto.

quarta-feira, 22 de abril de 2020

Apresentação na Mataca, por Paulo Lopes

Devidamente autorizado e para que não constasse o meu nome em qualquer escala de serviço, até porque estava apenas em transito e à espera de guia de marcha para seguir o meu destino, hospedei-me em casa dos meus amigos, tendo que fazer uma visita diária ao quartel para saber da minha viagem até Mataca. 



Ainda estive vinte e oito dias em Porto Amélia, os quais foram utilizados da melhor maneira possível, fazendo de tudo e de todos um escape para a ideia atormentadora de que se aproximava a derradeira epopeia para a qual servia a minha presença nesta terra tão distante da minha e que nada me dizia.



Estava na esplanada do Hotel Cabo Delgado desfrutando o prazer de beber uma fresca cerveja para acalmar o estalar na pele do quente sol africano, quando um dos amigos do casal que me dava guarida e que já me tinha sido apresentado, e até já confraternizando numa ou noutra conversa, interrompeu esse prazer: — É pá, vai ao Sector para te entregarem a guia de marcha.

O interlocutor nem me deixou pestanejar e prosseguiu com a sua informação em primeira-mão: segues amanhã comigo para a Mataca.

Fiz-lhe sinal com a cabeça para ele se sentar e acompanhar-me numa bebida. 
Aceitou e enquanto puxava pela cadeira continuou a sua prelecção: — Em vez de ires em coluna de Porto Amélia para Macomia, o que já é mau, e depois ficares lá à espera doutra coluna que te leve para Mataca, o que ainda é muito pior, vais comigo de avião directo a Mataca.

Este meu recente amigo era um piloto de aviões ligeiros, mais conhecidos por Táxis Aéreos, os quais eram fretados pelo exército para fazerem varias distribuições pelos diversos postos militares espalhados por todo o Distrito.



Acabámos a nossa desinteressante conversa no ultimo gole de cerveja e fui cumprir o meu dever de militar.

Feitas as respectivas diligencias no quartel de Porto Amélia estava, no dia seguinte, a despedir-me do casal meu conhecido e pronto para descolar asas até ao meu próximo destino, aproveitando a boleia de avião em vez de fazer as tais colunas de tão má reputação mas que eu, desconhecedor das realidades, não fazia a mínima ideia do que eram.

paulo lopes 
in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"




segunda-feira, 20 de abril de 2020

Os trabalhos liquidatários e o adeus a África, por Paulo Lopes


Paulo Lopes




Luís Leote, sem te querer massacrar, toma lá a resposta à tua pergunta, extraindo do livro apanhando o final de um capítulo e o início de outro! :-) :-) :





A partir da Beira, eu, o capitão Salgado e o primeiro sargento, separámos-nos da restante Companhia e iniciámos os nossos (?) trabalhos liquidatários. 




Por muito estranho que possa parecer, ao despedir-me da restante família que ia tomar rumo às suas casas — verdadeiras casas — cortou-se, como por encanto, o cordão umbilical de tanto tempo, de companheiros de tantas lutas, de tanto sofrer. 
Parecia que apenas nos tínhamos conhecido numa esplanada de um qualquer café, numa conversa banal e apenas isso! 
Estranho! 
Estranhamente estranho! 
Mas foi isso mesmo que eu vivi nesta despedida! 
Não sei como teria sido se tivesse ido com todos até Lisboa. 
Se a forma de despedida seria diferente. 
Não sei... Também não sei o dia exacto em que eles partiram da Beira para Lisboa pois já estávamos vagueando pelas burocracias da tal liquidatária, passeando com documentos na mão, com total desconhecimento do seu conteúdo e do que fazer com eles. 
Ainda hoje não sei bem o que eram! 




Sei que voávamos entre Porto Amélia, Beira, Nampula e Lourenço Marques. Tanto eu como o capitão, pouco ou nada "liquidatávamos", deixando esse soberbo prazer ao primeiro-sargento que, empenhadamente, tratava de toda a papelada! 
E que papelada! 





Aqui sim... aqui nestes quartéis e repartições sim... aqui já vi aquelas lustrosas fardas, coloridas com divisas de belo parecer. 
Aqui já conseguia detectar verdadeiros heróis (da banda desenhada).
Devidamente fardados e duma apresentação invejável que colocavam o nosso exército numa plataforma de grande representação militar Portuguesa! 
Altos defensores da pátria. 
Mas mesmo assim nunca os vi a fazer grande coisa! 
Azar meu! 

Chegava sempre na altura do merecido descanso destes bravos combatentes e então via-os nas ruas da cidade, ou a saírem das repartições, nas suas (nossas) luxuosas viaturas conduzidas por escravos feijões verdes a caminho dalguma operação de combate no seio dos seus familiares, que os esperavam na difícil batalha de tirarem as espinhas ao belo peixe assado no forno, cozinhado e servido por outros escravos que trabalhavam nas suas (nossas) luxuosas casas.


UM ADEUS A ÁFRICA (que nunca foi, não é, nem será minha) 

Afinal não tinham sido capazes de destruir completamente os sentimentos humanos que tinha trazido comigo quando saí de Lisboa.
Qualquer coisa de bom ainda tinha ficado dentro de mim: sem saber porquê nem porque não, entrou no meu pensamento — enquanto navegava pelas ruas das diferentes cidades de Moçambique, ainda de camuflado já gasto e calejado encostado à minha pele— uma constante e preocupada pergunta: como é que teria corrido a primeira picada de regresso à Mataca aos nossos substitutos?
O meu pensamento voou pelo imenso território e transportei o desejo sincero de que tudo tivesse corrido bem!

Apesar do estado de espírito ser bem diferente daquele que me tinha acompanhado durante largo e vasto tempo, começava a ficar com uma enorme ansiedade no corpo por tanta demora para a definitiva partida.

Acabaram em princípios de Julho de mil novecentos e setenta e quatro, todos estes trabalhos liquidatários.

Finalmente, tínhamos viagem marcada para Lisboa: dia vinte e oito de Julho de mil novecentos e setenta e quatro saímos de Nampula com destino à Beira para, no mesmo dia, apanharmos o avião até Lisboa.
E assim foi... Assim foi mas só para o capitão e o primeiro-sargento.
Eu fiquei!
Um engano mecanográfico mantinha-me preso e à espera de nova marcação.
Mais uns dias de separação do abraço aos meus!
Mas, dia um de Agosto de mil novecentos e setenta e quatro (o meu verdadeiro vinte e cinco de Abril) saí da Beira com destino a Lisboa: uma lágrima de alegria escorria pela minha face.



Um adeus a África que nunca foi, não é, nem será, minha!

In "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

"HOJE EM DESTAQUE" - " A GRANDE EVASÃO", por Duarte Pereira

RECORDANDO ARTIGOS ESCRITOS NO " PASSADO".
NÃO PERCAM.
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Duarte Pereira
17 de Março de 2015
"HOJE EM DESTAQUE"
" A GRANDE EVASÃO"
ACTOR PRINCIPAL




Gilberto Pereira comentou- António Encarnação, NO COMENTÁRIO ATRÁS DISSESTE QUE O VOSSO ESCRIBA ERA BEM MAIS REFINADO QUE EU. 

FIQUEI A PENSAR E SINCERAMENTE NÃO ENTENDI. 

O MEU PALMARÉS RONDA EXACTAMENTE 1/3 DO TEMPO DE SERVIÇO DESENFIADO NO EXTERIOR. NO RESTANTE NEM SE FALA, QUASE SEMELHANTE A UM TURISTA, NUNCA FIZ PORRA DUM CORNO, ATÉ O 1º SARG CARTEIRO DIZIA: MAL EMPREGADO DINHEIRO NUM SACANA DESTES. 

AGORA SE ERA REFINADO OU EM BRUTO, ISSO EU NÃO SEI. FIZ TANTA MERDA QUE JÁ NEM ME LEMBRO, SÓ QUANDO ME AVIVAM A MEMÓRIA. BEM HAJAM OS QUE DERAM O LITRO POR MIM, UM ABRAÇO PARA ELES.

Gilberto Pereira E POR FALAR ÁS VEZES ME LEMBRO DE ALGUMAS, VOU CONTAR-TE ESTA António Encarnação : NUM DOMINGO BEBEMOS UNS COPOS E COMO O MÉDICO TINHA IDO PARA UMA QUALQUER COMPANHIA, EU PERGUNTEI AO BATANETE SE ERA VERDADE, ELE DISSE QUE SIM QUE TINHA IDO LÁ PARA O CHAI OU COISA QUE O VALHA E ENTÃO COMBINEI COM ELE PARA SIMULAR DOENTE PARA SER EVACUADO. 

ENTÃO FIQUEI NA CAMA AOS AIS E ELE TEVE DE DAR CONHECIMENTO AO MÉDICO VIA RÁDIO QUE EU ESTAVA COM FEBRE E ,MUITO MAL E O MÉDICO DEU AVAL Á EVACUAÇÃO O HORAS. 

O COMANDANTE SIMÕES FOI AO MEU QUARTO MAS ANTES TINHAM AVISADO QUE ELE VINHA LÁ, AINDA FIZ PIOR QUANDO ELE ENTROU E VIU AQUELE ESPECTÁCULO NÃO TEVE DÚVIDA QUE TINHA DE SER EVACUADO. 

TRATARAM DE TUDO E Á NOITE LÁ IA EU NA MACA RUMO Á PISTA. 

TEVE DE SER ILUMINADA E FUI ESTREAR UM TÁXI AÉREO OU LÁ O QUE ERA. 

QUANDO IA ATRAVESSAR A PARADA NA MACA, NÃO SEI BEM SE FOI O BARROS METEU-ME UMA CERVEJA E UMA SANDES DEBAIXO DAS COSTAS E O BATANETE TREMIA E DIZIA-ME BAIXINHO: NÃO TE DESMANCHES SENÃO VAI TUDO PRESO; E LÁ FUI ATÉ MUEDA ........ 

O RESTO CONTO-TE QUANDO TIVER PACIÊNCIA .......

-------- ONDE ESTÁ O MILITAR QUE FARIA UMA CENA DESTAS? 

QUERO CONHECÊ-LO PESSOALMENTE PARA LHE DAR UM ABRAÇO.



António Encarnação Ok, de acordo. Apenas acrescento que entre Macomia e Mueda ...
Quase de certeza que todo o pessoal de Mueda gostaria de passar umas temporadas na paz de Macomia.

Gilberto Pereira MUEDA ERA TRAMPOLIN PARA NAMPULA

António Encarnação comentou- Pelo contrário, eu não fui um desenfiado. 
Por razões de serviço, tinha idas frequentes a Porto Amélia e fiz um "raid" da Beira a Macomia, que foi muito especial e cuja recordação, guardo com satisfação.

Mas como disse, não tinha o espírito de me desenfiar e, por isso e ainda bem, nunca entrei num hospital.
Bem, a verdade é que, embora tivesse pensamentos muito contrários a muita coisa que se passava e decidia, assumi que o meu lugar era ali e fiz os possíveis por participar, de forma construtiva, na vida dos que faziam parte daquela minha nova família. 
Por vezes, até tinha a ousadia de pensar que fazia falta.

Não me desenfiei, mas confraternizei e fiz amizades que, ainda agora, se revelam fortes em pequenos pormenores.

Tenho ideia, talvez errada, que o tempo que passou, o muito tempo que passou, nos leva, eventualmente, a sobrevalorizar e a desvalorizar algumas recordações, de forma a ficarem mais próximas daquilo que agora pensamos ou de como gostamos de olhar para nós.

Como já tive oportunidade de escrever antes, desliguei completamente de Macomia e não vejo quaisquer razões para modificar, mesmo que só para mim, o que pensei e o que fiz. 

Tive uma passagem discreta por aquela terra, mas vivi-a com muita intensidade, como atestam as muitas centenas de slides e fotos que fiz, não da guerra, mas da terra e do seu povo.

Hoje, estou apaziguado com tudo o que aconteceu e recordo com saudade e grande amizade, muitos amigos, mesmos alguns que nunca mais encontrei.

Estas e outras razões, levam-me a aceitar calmamente, cada um dos restantes elementos desta página, a tentar perceber o seu posicionamento em relação aos diversos assuntos, sem espaço para zangas ou birras de espécie alguma.

Estamos juntos.

domingo, 12 de novembro de 2017

Ó Manel! cómer é tan bom e drumir???, por Armando Guterres

Armando Guterres 
para BATALHÃO DE CAVALARIA 3878
Ó Manel! cómer é tan bom e drumir???

Em 25 meses, vivi no aquartelamento da Mataca, no quartel de Macomia.

Dormi antes e depois de uma operação no Quiterajo.

Dormi muita vez na ponte Muagamula e poucas no Alto da Pedreira.

No mato da Mataca foram muitas noites, quase todas, bem sossegado.

E à cidade da Baía de Pemba fui cinco vezes levantar os dinheiros da companhia.

Abancávamos os quatro (um por companhia) na pensão Rosas.

Nas férias, sempre em casas particulares, de familiares e amigos.

Restou a primeira noite, no fundo de um corredor, em cima de um monte de colchões no quartel de Porto Amélia.


domingo, 23 de abril de 2017

A arte do desenfianço, por Gilberto Pereira


" JORNAL DA CASERNA "

NA SUA EDIÇÃO DE HOJE PODEMOS LER UM PEQUENO TRECHO INTITULADO:
" O MILITAR DESENFIADO "



DECERTO TODOS O CONHECIAM, ODIADO POR UNS AMADO POR OUTROS.
(Gilberto Pereira?...)

NÃO TENDO RESISTIDO AO EXCESSO DE ALCÓOL A FIM DE ESQUECER A MATILHA MILITAR, FOI VITIMA DE FEBRES ALTAS, TENDO SIDO EVACUADO PARA HM MUEDA E POSTERIORMENTE TRANSFERIDO PARA O HM NAMPULA.

AÍ FOI INSTALADO NUMA SUITE MILITAR E TEVE OS CUIDADOS MÉDICOS DE ACORDO COM A SUA PATENTE.

FORAM SEIS MESES DE LUTA CONTRA A DOENÇA, MAS AO MESMO TEMPO SEIS DE DESCANSO E LAZER.


ESTES DIAS ERAM PASSADOS DO SEGUINTE MODO:

ÁS NOVE HORAS DA MANHÃ A FEBRE APARECIA E IA ATÉ AOS
41,5º FAZIA EXAMES E ANÁLISES ORA NO HM ORA NO HC.

Á TARDE POR VOLTA DAS 4/5 HORAS A FEBRE DESCIA ATÉ AO
NORMAL. 

DEPOIS UM DUCHE UM "LANCHITO" E A FUGA PELO ARAME FARPADO EM DIREÇÃO Á CIDADE NA COMPANHIA DE OUTROS CAMARADAS TAMBÉM MUITO DOENTES.

UMA VEZ CHEGADO À CIDADE UMA PEQUENA GULOSEIMA NO PORTUGAL, UNS MORANGOS COM CHANTILY VITAMINAS CONTRA OS ANTIBIÓTICOS QUE A SANITA ENGOLIA.

DEPOIS UMA VOLTINHA LÁ PARA BAIXO QUE VOCÊS CONHECEM BEM AFIM DE MANTER A FORMA FISICA. 

DEPOIS TÁXI PARA CIMA EM DIREÇÃO À "FLORESTA" UM JANTAR PARA RETEMPERAR FORÇAS. 

JÁ É NOITE UM CINEMA DE VEZ EM QUANDO E PARA FINDAR A NOITE NADA MELHOR QUE UNS CAMARÕES E UMAS BAZUCAS NA "MARISQUEIRA A TAL PONTO QUE O REGRESSO AO HM TERIA DE SER FEITO EM TÁXI E QUANTAS VEZES NELE ENTREI DE GATAS COMO SE FOSSE AINDA MENINO.

AGORA O PIOR ESTAVA PARA VIR: E COMO ENTRAR NAQUELE
ESTADO SE AO CIMO DA RAMPA NO PORTÃO ESTAVA UM CHECA? 

NÃO HAVIA DISPENSA NEM PAPEL NENHUM COMO FAZER? 

A CABEÇA QUADRADA, AS PERNAS NÃO AJUDAVAM MUITO E O DESEQUILÍBRIO ERA CONSTANTE A PONTOS DE A MEIA RAMPA VIRAR PARA BAIXO.

APÓS ALGUMAS TENTATIVAS E PERANTE O OLHAR ATERRORIZADOR DO CHECA LÁ CONSEGUIA CHEGAR AO PAU DO PORTÃO QUE ME SERVIA DE BENGALA, E AGORA?

O CHECA DE ARMA APONTADA DIZIA: A SUA DISPENSA? E EU RESPONDIA: QUAL DISPENSA QUAL ???..........., MOSTRAVA O CARTÃO MILITAR E PUXAVA DUM MAÇO DE NOTAS E ENTREGAVA UMA DIZENDO TENS AÍ A DISPENSA E AMANHÃ HÁ MAIS--------.
E ASSIM ENTRAVA ENQUANTO ELE SORRIA PARA A NOTINHA E DIZIA BOA NOITE.

TODOS OS DIAS A HISTÓRIA SE REPETIA ATÉ QUE AO FIM DE SEIS MESES ESTAVA TESO E FINALMENTE A DOENÇA ESTAVA DESCOBERTA. 

IAM-ME DAR ALTA E EU IA PARA OS ADIDOS. 
ENTRETANTO JÁ TINHA PEDIDO MAIS DINHEIRO QUE CHEGOU NA HORA CERTA. 

AO CHEGAR AOS ADIDOS Á ESPERA DE TRANSPORTE PARA MACOMIA, FUI INFORMADO PELO OFICIAL DE DIA QUE SÓ TINHA COLUNA PARA MUEDA NA PRÓXIMA SEMANA E QUE ESTARIA DE SERVIÇO NO OUTRO DIA, AO QUE RESPONDI: NÃO NÃO FAÇO SERVIÇO NENHUM, TIRE ESSA IDÉIA DA SUA CABEÇA E ELE RESPONDEU: ENTÃO NÃO VENHAS VER A ESCALA NÃO!

COM DINHEIRO NO BOLSO FUI COMPRAR PASSAGEM DE AVIÃO NO MESMO DIA VOEI PARA PORTO AMÉLIA E Á TARDE DE TÁXI AÉREO PARA MACOMIA. 

APRESENTEI-ME COM O PAPEL DA BAIXA E TUDO FICOU BEM. 
ESTAVA ENTÃO DE VOLTA Á CASA MATERNA. 

ESTÁVAMOS POR VOLTA DOS ANOS 73 CREIO NÃO SOU MUITO BOM EM DATAS, MAS PELO PAPEL QUE TINHA DEVIA SER ISSO.
TEMPOS QUE JAMAIS ESQUECEREI.....

AS SAUDADES FORAM TANTAS QUE MAIS TARDE VOLTEI LÁ (HMN).
DESTA VEZ POR MENOS TEMPO, A METRÓPOLE ESTAVA PERTO.

MUITA COISA FICOU POR DIZER, JÁ VAI LONGA A CONVERSA E O VOSSO TEMPO É PRECIOSO.

UM ABRAÇO A TODOS.

sábado, 26 de novembro de 2016

A minha G3..., por Duarte Pereira


NOTA PRÉVIA.
ESTE ARTIGO "A G-3", NÃO É PARA TENTAR DIMINUIR OS OUTROS EX-COMBATENTES, QUE LUTAVAM COM OUTRAS ARMAS PARA O BEM COMUM.

UNS ESTARIAM MAIS EXPOSTOS.
PODERÁ TER SIDO O "DESTINO", OS QUE, ACREDITAM E ACREDITARAM NELE, QUE TERÁ MUDADO AS NOSSAS VIDAS.

A MINHA G-3



EM SANTARÉM ANDAVA COM UMA G-3 QUE PASSOU MAL...
CHUVA, ESGOTOS, RIACHOS, POEIRA, CALOR DE VERÃO.

DISSERAM-ME QUE A G-3 TERIA DE SER TRATADA COMO UMA MULHER.

HAVIA INSPEÇÕES PERMANENTES À SUA MANUTENÇÃO.
MUITO ÓLEO E ESCOVILHÕES PASSARAM POR ELA.

A QUE ME FOI DISTRIBUÍDA NUNCA RECUSOU UM TIRO.

FUI MOBILIZADO. 
NÃO SEI SE LEVEI A MESMA.
ERA VELHINHA. 
JÁ DEVERIA TER FEITO UMAS COMISSÕES.

EM SANTA MARGARIDA OU JÁ EM MOÇAMBIQUE FIZ UM CONCURSO DE TIRO AO ALVO.
CLARO QUE GANHEI. 
FIQUEI EM TERCEIRO. 
GANHOU O AMÉRICO COELHO QUE JÁ USAVA ÓCULOS. 
EM SEGUNDO O FERNANDO LOURENÇO. 

A CORONHA DA G-3 DO AMÉRICO COELHO ACHO QUE ERA PRETA.

EM MOÇAMBIQUE CONTINUEI A TRATÁ-LA COM CARINHO, ASSIM COMO AS MINHAS BOTAS.

NOS LONGOS DIAS DA OPERAÇÃO OMO1 NA SERRA DO MAPÉ, CHEGUEI AO FIM COM CANSAÇO MAS OS PÉS ESTAVAM BEM.



SEMPRE INCUTI NOS SOLDADOS A MEU CARGO A MINHA EXPERIÊNCIA.
MUDEM OU NÃO MUDEM DE CUECAS. 
TENHAM CARINHO COM A VOSSA ARMA.
ANDAVA TRISTE COM O MEU 3º LUGAR NO CONCURSO DE TIRO AO ALVO.

A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA MACOMIA/MUCOJO ABRIA CLAREIRAS DONDE TIRAVAM A TERRA PARA A NOVA ESTRADA.

NÃO ME LEMBRO, MAS PENSO QUE DE TRÊS EM TRÊS MESES RENOVÁVAMOS AS MUNIÇÕES DOS CARREGADORES.

AVISÁVAMOS MACOMIA QUE IRÍAMOS FAZER FOGO.



UM DIA SOZINHO "COMO EU ERA CORAJOSO" FUI PARA O ALTO DE UMA TERRAPLANAGEM E COLOQUEI UMAS LATAS DE CERVEJA LÁ NO MEIO.
NÃO POSSO CONFIRMAR SE ERAM 50 M. OU 100 M OU MAIS...
COLOQUEI A ALÇA DE TIRO NO BURAQUINHO DOIS. 
FIQUEI FELIZ. 
AS LATAS VOAVAM. 
PODIA ATÉ NÃO ACERTAR. 
COM O IMPACTO NA TERRA, ELAS ABANAVAM E CAIAM. 
O MEU AMOR PRÓPRIO TINHA VOLTADO DEPOIS DAQUELE VEXAME DO CONCURSO DE TIRO.

QUANDO ENTREGUEI A G-3 NA BEIRA, TIVE DE A ATIRAR PARA UMA MOLHADA. 
CONFESSO QUE NA ALTURA NÃO CHOREI E NEM SEQUER FIQUEI COMOVIDO.
MAS É O QUE ME ACONTECE AGORA QUANDO LEMBRO AQUELA CENA.
NÃO SEI SE ELA ME DEFENDEU? EU DEFENDI-A.

ALGUÉM QUE A SEGUIR A MIM A APANHASSE PODERIA TER A CERTEZA QUE ESTARIA EM BOAS CONDIÇÕES.

NÃO FOI UM "DIVÓRCIO", GOSTARIA DE A TER TRAZIDO PARA CASA E FICAR AO LADO DE UM STICK DE HÓQUEI EM PATINS QUE GUARDO RELIGIOSAMENTE.
VOU COM ESSE STICK À PORTA QUANDO ALGUÉM BATE À PORTA A PARTIR DA 1 HORA DA MANHÃ.

MORAL DA HISTÓRIA: PROCUREM TRATAR BEM OS DE QUE POSSAM VIR A DEPENDER ( OU NÃO ).

Paulo Lopes Até acredito que tenhas tratado bem da tua "G3" mas, de forma alguma posso acreditar que tenhas tratado da mesma forma o teu "stick" de hóquei já que apenas te serviste dele para andar à "marretada" numa bola!!
Pois eu também, em ocasiões espaçadas, gostaria de ter a G3 em meu poder (apesar de ser só garganta e provavelmente só mesmo em casos de extremo instinto de defesa é que a utilizaria! 
Mas que existem alguns que bem precisavam de experimentar, lá isso há!). 
Mas, foi um enorme prazer abandonar essa amante do ultramar!
Quanto à pontaria com a G3 e em semi-automático, estariam os alvos à vontade comigo até porque, salvo erro, o cano era de estrias o que originava uma saída de bala aos círculos! 
E não posso colocar de parte que eu era da secção de dilagramas! 
A arma que segundo afirmavam os "canhanhos lá de Tavira" que eu fiquei muito bem classificado, foi a HK21.
Moral da "minha" história: não sirvo para militar!

Américo Condeço A minha história com a G3 já foi contada há muito tempo atrás, mais propriamente com a coronha da dita cuja, mas a minha guerra era outra e a menina só servia para fazer aquele fogo na carreira de tiro para desenferrujar o cano e queimar munições que não estariam em condições, como disse a minha Guerra era outra a SAÚDE de todo o pessoal, VACINAÇÃO trimestral de toda a gente contra a cólera , distribuição semanal de antipalúdicos e a assistência médica e medicamentosa aos enfermos que aparecessem, lembro-me que por força da minha especialidade assisti a alguns partos efectuados no hospital civil que existia em Macomia, e de um em especial pois implicou uma evacuação quase ao anoitecer de uma parturiente negra que estava há já dois dias para ter a criança e já não tinha forças para ajudar a mesma a nascer, avião na pista parturiente lá dentro e avião no ar, imediatamente o piloto informou que a criança tinha nascido ainda o avião não tinha acabado de subir, ordens dadas pelo Dr. voltem para trás nós tratamos do resto, o rapaz era bem grandão creio que com 3K e 900 Gramas e tudo acabou em bem.

Luís Leote Tive uma má experiência com a minha G3 a disparar um dilagrama.
Coloquei a minha mão esquerda no guarda mato mas de forma imprópria. A membrana que liga o polegar ao indicador, ficou entalada entre o guarda mato e a estrutura da arma, e no momento do disparo, rasgou a m.... da membrana.
Ao princípio ñ senti nada, mas depois senti a mão molhada e pegajosa.

Luís Leote A minha Companhia teve alguns percalços na campanha, mas tivemos muita sorte em não escrever nenhum nome na nossa pedra

Gilberto Pereira NÃO POSSO COMENTAR PORQUE NÃO SEI O QUE É "G3".

Livre Pensador Infelizmente a minha companhia deixou 6 nomes escritos numa qualquer pedra!

Luís Leote Livre Pensador, Ribeiro infelizmente, não posso gostar do que disseste mais acima.

Gilberto Pereira OBG QUEM É QUE IRIA GOSTAR, SÓ UM LOUCO

Livre Pensador Eu também não amigo Leote, até porque alguns deles gravaram o seu nome nessa pedra quando estavam ao meu lado e, portanto, podia até ter sido o meu nome a ser gravado. Ribeiro.

Luís Leote Podia ter sido o teu nome a ser gravado, mas, ficou-te gravado na memória até hoje!!!

Gilberto Pereira É PÁ DEIXEM-SE DESSAS MERDAS QUE ATÉ PODE DAR AZAR !


Fernando Bernardes eu lembro que recebemos a G 3 completamente nova dentro de um saco plástico na Beira.

Armando Guterres mas sem balas ... essas chegaram em Porto Amélia antes de subirmos para os carros de (gado) no meu caso.

Fernando Bernardes É verdade Armando Guterres recebemos as munições em Porto Amélia e fomos sempre a fazer fogo até Macomia e depois até ao Chai.