Mostrar mensagens com a etiqueta Beira. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Beira. Mostrar todas as mensagens

quinta-feira, 18 de junho de 2020

Um artigo ao arquivo do sr. Duarte "a G3"..., por Duarte Pereira

Como isto hoje anda um bocado fraco, fomos buscar um artigo ao arquivo do sr. Duarte. (É repetido, mas poucos se recordarão). 
==========
NOTA PRÉVIA.

ESTE ARTIGO " A G-3", NÃO É PARA TENTAR DIMINUIR OS OUTROS EX- COMBATENTES, QUE LUTAVAM COM OUTRAS ARMAS PARA O BEM COMUM....

UNS ESTARIAM MAIS EXPOSTOS.
PODERÁ TER SIDO O "DESTINO", OS QUE, ACREDITAM E ACREDITARAM NELE, QUE TERÁ MUDADO AS NOSSAS VIDAS.


 
A MINHA G-3
EM SANTARÉM ANDAVA COM UMA G-3 QUE PASSOU MAL.
CHUVA, ESGOTOS, RIACHOS, POEIRA,CALOR DE VERÃO.

DISSERAM-ME QUE A G-3 TERIA DE SER TRATADA COMO UMA MULHER. 
HAVIA INSPECÇÕES PERMANENTES À SUA MANUTENÇÃO. 
MUITO ÓLEO E ESCOVILHÕES PASSARAM POR ELA.

A QUE ME FOI DISTRIBUÍDA NUNCA RECUSOU UM TIRO.

FUI MOBILIZADO. 
NÃO SEI SE LEVEI A MESMA. 
ERA VELHINHA. 
JÁ DEVERIA TER FEITO UMAS COMISSÕES. 

EM SANTA MARGARIDA OU JÁ EM MOÇAMBIQUE FIZ UM CONCURSO DE TIRO AO ALVO.
CLARO QUE GANHEI. 
FIQUEI EM TERCEIRO. GANHOU O AMÉRICO COELHO QUE JÁ USAVA ÓCULOS. 
EM SEGUNDO O FERNANDO LOURENÇO. 
A CORONHA DA G-3 DO AMÉRICO COELHO ACHO QUE ERA PRETA.

EM MOÇAMBIQUE CONTINUEI A TRATÁ-LA COM CARINHO, ASSIM COMO AS MINHAS BOTAS.
NOS LONGOS DIAS DA OPERAÇÃO DA SERRA DO MAPÉ, CHEGUEI AO FIM COM CANSAÇO MAS OS PÉS ESTAVAM BEM.

SEMPRE INCUTI NOS SOLDADOS A MEU CARGO A MINHA EXPERIÊNCIA. 
MUDEM OU NÃO MUDEM DE CUECAS. 
TENHAM CARINHO COM A VOSSA ARMA.

ANDAVA TRISTE COM O MEU 3º LUGAR NO CONCURSO DE TIRO AO ALVO.

A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA MACOMIA /MUCOJO ABRIA CLAREIRAS DONDE TIRAVAM A TERRA PARA A NOVA ESTRADA.
NÃO ME LEMBRO, MAS DE TRÊS EM TRÊS MESES RENOVÁVAMOS AS MUNIÇÕES DOS CARREGADORES.
AVISÁVAMOS MACOMIA QUE IRÍAMOS FAZER FOGO.

UM DIA SOZINHO "COMO EU ERA CORAJOSO" FUI PARA O ALTO DE UMA TERRAPLANAGEM E COLOQUEI UMAS LATAS DE CERVEJA LÁ NO MEIO.
NÃO POSSO CONFIRMAR SE ERAM 50 M. 100 M OU MAIS.
COLOQUEI A ALÇA DE TIRO NO BURAQUINHO DOIS. 
FIQUEI FELIZ. 
AS LATAS VOAVAM. 
PODIA ATÉ NÃO ACERTAR. COM O IMPACTO NA TERRA, ELAS ABANAVAM E CAIAM. 

O MEU AMOR PRÓPRIO TINHA VOLTADO DEPOIS DAQUELE VEXAME DO CONCURSO DE TIRO. 

QUANDO ENTREGUEI A G-3 NA BEIRA, TIVE DE A ATIRAR PARA UMA MOLHADA. CONFESSO QUE NA ALTURA NÃO CHOREI E NEM SEQUER FIQUEI COMOVIDO. 
MAS É O QUE ME ACONTECE AGORA QUANDO LEMBRO AQUELA CENA.
NÃO SEI SE ELA ME DEFENDEU? EU DEFENDI-A. 

ALGUÉM QUE A SEGUIR A MIM A APANHASSE PODERIA TER A CERTEZA QUE ESTARIA EM BOAS CONDIÇÕES. 
NÃO FOI UM " DIVÓRCIO", GOSTARIA DE A TER TRAZIDO PARA CASA E FICAR AO LADO DE UM STICK DE HÓQUEI QUE GUARDO RELIGIOSAMENTE.

VOU COM ESSE STICK À PORTA QUANDO ALGUÉM BATE A PARTIR DA 1 H DA MANHÃ.

MORAL DA HISTÓRIA - PROCUREM TRATAR BEM DOS QUE POSSAM VIR A DEPENDER.

segunda-feira, 20 de abril de 2020

Os trabalhos liquidatários e o adeus a África, por Paulo Lopes


Paulo Lopes




Luís Leote, sem te querer massacrar, toma lá a resposta à tua pergunta, extraindo do livro apanhando o final de um capítulo e o início de outro! :-) :-) :





A partir da Beira, eu, o capitão Salgado e o primeiro sargento, separámos-nos da restante Companhia e iniciámos os nossos (?) trabalhos liquidatários. 




Por muito estranho que possa parecer, ao despedir-me da restante família que ia tomar rumo às suas casas — verdadeiras casas — cortou-se, como por encanto, o cordão umbilical de tanto tempo, de companheiros de tantas lutas, de tanto sofrer. 
Parecia que apenas nos tínhamos conhecido numa esplanada de um qualquer café, numa conversa banal e apenas isso! 
Estranho! 
Estranhamente estranho! 
Mas foi isso mesmo que eu vivi nesta despedida! 
Não sei como teria sido se tivesse ido com todos até Lisboa. 
Se a forma de despedida seria diferente. 
Não sei... Também não sei o dia exacto em que eles partiram da Beira para Lisboa pois já estávamos vagueando pelas burocracias da tal liquidatária, passeando com documentos na mão, com total desconhecimento do seu conteúdo e do que fazer com eles. 
Ainda hoje não sei bem o que eram! 




Sei que voávamos entre Porto Amélia, Beira, Nampula e Lourenço Marques. Tanto eu como o capitão, pouco ou nada "liquidatávamos", deixando esse soberbo prazer ao primeiro-sargento que, empenhadamente, tratava de toda a papelada! 
E que papelada! 





Aqui sim... aqui nestes quartéis e repartições sim... aqui já vi aquelas lustrosas fardas, coloridas com divisas de belo parecer. 
Aqui já conseguia detectar verdadeiros heróis (da banda desenhada).
Devidamente fardados e duma apresentação invejável que colocavam o nosso exército numa plataforma de grande representação militar Portuguesa! 
Altos defensores da pátria. 
Mas mesmo assim nunca os vi a fazer grande coisa! 
Azar meu! 

Chegava sempre na altura do merecido descanso destes bravos combatentes e então via-os nas ruas da cidade, ou a saírem das repartições, nas suas (nossas) luxuosas viaturas conduzidas por escravos feijões verdes a caminho dalguma operação de combate no seio dos seus familiares, que os esperavam na difícil batalha de tirarem as espinhas ao belo peixe assado no forno, cozinhado e servido por outros escravos que trabalhavam nas suas (nossas) luxuosas casas.


UM ADEUS A ÁFRICA (que nunca foi, não é, nem será minha) 

Afinal não tinham sido capazes de destruir completamente os sentimentos humanos que tinha trazido comigo quando saí de Lisboa.
Qualquer coisa de bom ainda tinha ficado dentro de mim: sem saber porquê nem porque não, entrou no meu pensamento — enquanto navegava pelas ruas das diferentes cidades de Moçambique, ainda de camuflado já gasto e calejado encostado à minha pele— uma constante e preocupada pergunta: como é que teria corrido a primeira picada de regresso à Mataca aos nossos substitutos?
O meu pensamento voou pelo imenso território e transportei o desejo sincero de que tudo tivesse corrido bem!

Apesar do estado de espírito ser bem diferente daquele que me tinha acompanhado durante largo e vasto tempo, começava a ficar com uma enorme ansiedade no corpo por tanta demora para a definitiva partida.

Acabaram em princípios de Julho de mil novecentos e setenta e quatro, todos estes trabalhos liquidatários.

Finalmente, tínhamos viagem marcada para Lisboa: dia vinte e oito de Julho de mil novecentos e setenta e quatro saímos de Nampula com destino à Beira para, no mesmo dia, apanharmos o avião até Lisboa.
E assim foi... Assim foi mas só para o capitão e o primeiro-sargento.
Eu fiquei!
Um engano mecanográfico mantinha-me preso e à espera de nova marcação.
Mais uns dias de separação do abraço aos meus!
Mas, dia um de Agosto de mil novecentos e setenta e quatro (o meu verdadeiro vinte e cinco de Abril) saí da Beira com destino a Lisboa: uma lágrima de alegria escorria pela minha face.



Um adeus a África que nunca foi, não é, nem será, minha!

In "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"

sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

"HOJE EM DESTAQUE" - " A GRANDE EVASÃO", por Duarte Pereira

RECORDANDO ARTIGOS ESCRITOS NO " PASSADO".
NÃO PERCAM.
=========================================
Duarte Pereira
17 de Março de 2015
"HOJE EM DESTAQUE"
" A GRANDE EVASÃO"
ACTOR PRINCIPAL




Gilberto Pereira comentou- António Encarnação, NO COMENTÁRIO ATRÁS DISSESTE QUE O VOSSO ESCRIBA ERA BEM MAIS REFINADO QUE EU. 

FIQUEI A PENSAR E SINCERAMENTE NÃO ENTENDI. 

O MEU PALMARÉS RONDA EXACTAMENTE 1/3 DO TEMPO DE SERVIÇO DESENFIADO NO EXTERIOR. NO RESTANTE NEM SE FALA, QUASE SEMELHANTE A UM TURISTA, NUNCA FIZ PORRA DUM CORNO, ATÉ O 1º SARG CARTEIRO DIZIA: MAL EMPREGADO DINHEIRO NUM SACANA DESTES. 

AGORA SE ERA REFINADO OU EM BRUTO, ISSO EU NÃO SEI. FIZ TANTA MERDA QUE JÁ NEM ME LEMBRO, SÓ QUANDO ME AVIVAM A MEMÓRIA. BEM HAJAM OS QUE DERAM O LITRO POR MIM, UM ABRAÇO PARA ELES.

Gilberto Pereira E POR FALAR ÁS VEZES ME LEMBRO DE ALGUMAS, VOU CONTAR-TE ESTA António Encarnação : NUM DOMINGO BEBEMOS UNS COPOS E COMO O MÉDICO TINHA IDO PARA UMA QUALQUER COMPANHIA, EU PERGUNTEI AO BATANETE SE ERA VERDADE, ELE DISSE QUE SIM QUE TINHA IDO LÁ PARA O CHAI OU COISA QUE O VALHA E ENTÃO COMBINEI COM ELE PARA SIMULAR DOENTE PARA SER EVACUADO. 

ENTÃO FIQUEI NA CAMA AOS AIS E ELE TEVE DE DAR CONHECIMENTO AO MÉDICO VIA RÁDIO QUE EU ESTAVA COM FEBRE E ,MUITO MAL E O MÉDICO DEU AVAL Á EVACUAÇÃO O HORAS. 

O COMANDANTE SIMÕES FOI AO MEU QUARTO MAS ANTES TINHAM AVISADO QUE ELE VINHA LÁ, AINDA FIZ PIOR QUANDO ELE ENTROU E VIU AQUELE ESPECTÁCULO NÃO TEVE DÚVIDA QUE TINHA DE SER EVACUADO. 

TRATARAM DE TUDO E Á NOITE LÁ IA EU NA MACA RUMO Á PISTA. 

TEVE DE SER ILUMINADA E FUI ESTREAR UM TÁXI AÉREO OU LÁ O QUE ERA. 

QUANDO IA ATRAVESSAR A PARADA NA MACA, NÃO SEI BEM SE FOI O BARROS METEU-ME UMA CERVEJA E UMA SANDES DEBAIXO DAS COSTAS E O BATANETE TREMIA E DIZIA-ME BAIXINHO: NÃO TE DESMANCHES SENÃO VAI TUDO PRESO; E LÁ FUI ATÉ MUEDA ........ 

O RESTO CONTO-TE QUANDO TIVER PACIÊNCIA .......

-------- ONDE ESTÁ O MILITAR QUE FARIA UMA CENA DESTAS? 

QUERO CONHECÊ-LO PESSOALMENTE PARA LHE DAR UM ABRAÇO.



António Encarnação Ok, de acordo. Apenas acrescento que entre Macomia e Mueda ...
Quase de certeza que todo o pessoal de Mueda gostaria de passar umas temporadas na paz de Macomia.

Gilberto Pereira MUEDA ERA TRAMPOLIN PARA NAMPULA

António Encarnação comentou- Pelo contrário, eu não fui um desenfiado. 
Por razões de serviço, tinha idas frequentes a Porto Amélia e fiz um "raid" da Beira a Macomia, que foi muito especial e cuja recordação, guardo com satisfação.

Mas como disse, não tinha o espírito de me desenfiar e, por isso e ainda bem, nunca entrei num hospital.
Bem, a verdade é que, embora tivesse pensamentos muito contrários a muita coisa que se passava e decidia, assumi que o meu lugar era ali e fiz os possíveis por participar, de forma construtiva, na vida dos que faziam parte daquela minha nova família. 
Por vezes, até tinha a ousadia de pensar que fazia falta.

Não me desenfiei, mas confraternizei e fiz amizades que, ainda agora, se revelam fortes em pequenos pormenores.

Tenho ideia, talvez errada, que o tempo que passou, o muito tempo que passou, nos leva, eventualmente, a sobrevalorizar e a desvalorizar algumas recordações, de forma a ficarem mais próximas daquilo que agora pensamos ou de como gostamos de olhar para nós.

Como já tive oportunidade de escrever antes, desliguei completamente de Macomia e não vejo quaisquer razões para modificar, mesmo que só para mim, o que pensei e o que fiz. 

Tive uma passagem discreta por aquela terra, mas vivi-a com muita intensidade, como atestam as muitas centenas de slides e fotos que fiz, não da guerra, mas da terra e do seu povo.

Hoje, estou apaziguado com tudo o que aconteceu e recordo com saudade e grande amizade, muitos amigos, mesmos alguns que nunca mais encontrei.

Estas e outras razões, levam-me a aceitar calmamente, cada um dos restantes elementos desta página, a tentar perceber o seu posicionamento em relação aos diversos assuntos, sem espaço para zangas ou birras de espécie alguma.

Estamos juntos.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

IDA PARA O DESCONHECIDO..., por Rui Briote


Ruipara 
Comentários
Rui Briote IDA PARA O DESCONHECIDO...
Quarta feira de cinzas, 17 de fevereiro de 1972, ao fim de uma tarde cinzenta, saímos de Santa Margarida, postos em autocarros rumo ao aeroporto de Figo Maduro, afim de partir para a nossa colónia de férias " resort Moçambique"...
Um pássaro gigante, mais conhecido por avião, tripulado por pilotos da FA. ganha balanço e lá vamos nós a subir aos céus e ver Lisboa a fugir-nos rapidamente da vista...lágrimas afloram e correm de mansinho pela face...
As hospedeiras, aliás hospedeiros, também não ajudavam muito.Já no ar, deixámos o nosso querido Portugal para trás, na altura conhecido por Metrópole. As nuvens que sobrevoámos pareciam algodão ... 

Que delícia para os nossos olhos! 

Seis horas depois, passámos o Equador e entramos no hemisfério sul em direção a Luanda, onde iríamos aterrar para relaxar. 
Uma centena e meia de homens foi colocada num espaço exíguo e, com o calor que fazia, começamos a destilar e aí permanecemos uma hora mais minuto menos minuto.

Embarcámos de novo, rumo à cidade da Beira. 
A aproximação à pista foi um tremendo susto, pois o avião começou a dançar, ora para a esquerda ou para a direita, e ao vermos o rio Zambeze, serpenteando com um caudal enorme, mesmo debaixo do nosso nariz ... os nossos corações começaram a bater forte, fortemente. 

Será que iremos tomar um banho forçado? 
Agarrados aos bancos estávamos a preparar-nos para tudo...
Finalmente, os pilotos lá endireitaram o avião, e fizemos uma aterragem nada suave, mas chegamos inteiros...UFA que alívio!!!

Já em terras africanas debaixo dum calor abrasador, entreolhávamo-nos com ar inquisidor, pois os olhares recaiam sobre nós e, de vez em quando lá se ouvia ..."aqui estão mais checas...". 

Só esta recepção já nos atemorizava, mas lá caminhámos para o quartel para tratar de receber a fiel companheira G3 e novas ordens. 

Já ao fim da tarde dirigimo-nos para os nossos "aposentos" para descansarmos.
Aproveitei essa folga, para juntamente com o ex-alferes Ribeiro, ir jantar a casa da prima da minha então namorada, hoje minha mulher, que morava junto à igreja de Nossa Senhora de Fátima. 

Após o mesmo, quando regressávamos para os quartos, mais ou menos a meio caminho, virei-me para o Ribeiro e propus-lhe uma volta pela cidade. 

Interrogámo-nos..." Para onde ?"
...Fizemos marcha atrás e, eis que deparámos com a Boite Diana, que ficava junto ao Moulin Rouge. 

Decidimo-nos pela primeira, para ver uma sessão de striptease ...
Entrámos lentamente com uma curiosidade latente nos nossos olhos bem abertos.

A sala iluminada por luzes psicadélicas anteviam um bom espetáculo para os checas. 

Sentámo-nos logo nas mesas junto ao palco, pois queríamos estar em cima do acontecimento... 
De súbito, ao som duma música quente, surge uma beldade toda ondulante e provocante. 

Ao mesmo tempo que nos recostávamos nas cadeiras, os nossos olhos escancaram-se para não perder pitada do espetáculo. 
A bailarina loira ou morena para aqui não interessa, num mexe, remexe com movimentos lentos e doces, lá se vai " descascando.

"...Eis senão quando, entra em cena uma cobra. 
A beleza, pega nela sem receio e coloca-a ao pescoço, qual cachecol.
Ai que arrepio!!!...
A cobra, lânguidamente percorre o corpo desnudo, passando por áreas proibitivas, apertando a "nossa amiga" cada vez mais...

Só se ouvia a música suave que acompanhava o bailado, pois os espectadores estavam embevecidos com tanto bamboleio...
Infelizmente o fim do show chegou, mas iríamos ser surpreendidos. 
Estávamos na "sobremesa" do espetáculo e, eis que a bailarina se aproxima de nós. 

Gentilmente levantámo-nos, sim os dois ao mesmo tempo e puxámos por uma cadeira. Ela com um sorriso rasgado sentou-se na nossa companhia. 
Lá tivemos que pedir um "chá" para a menina e encetámos uma conversa, não muito longa, mas com boas perspetivas... 
Num bate papo curto, mas " incisivo" convidámo-la a fazer-nos uma visita lá em cima, mais propriamente no Chai e a malandra com sorriso cativante prometeu-nos tal desígnio... 

Chegada a hora da despedida ela foi feita com um beijinho. 
Soube a pouco, claro, mas ficou a promessa...até hoje!!!

Já a madrugada ia avançada, regressámos ao quartel e só uma forte chuvada nos acalmou após tão excitante noite em vésperas duma nova viagem, desta vez rumo a Porto Amélia...





Rui Briote Eis um relato meu feito já há uns anos Rui Fernandes
Gerir
Leonel Pereira Silva Boa noite amigo Briote, mas que relato...tinhas isso apontado ou foi de memória? Abraço
Gerir




Jose Capitao Pardal Rui Briote só uma pequena imprecisão nós saímos de Figo

Maduro ainda no dia 16/2/72 e chegámos à Beira a 17/02/1972...

sábado, 26 de novembro de 2016

A minha G3..., por Duarte Pereira


NOTA PRÉVIA.
ESTE ARTIGO "A G-3", NÃO É PARA TENTAR DIMINUIR OS OUTROS EX-COMBATENTES, QUE LUTAVAM COM OUTRAS ARMAS PARA O BEM COMUM.

UNS ESTARIAM MAIS EXPOSTOS.
PODERÁ TER SIDO O "DESTINO", OS QUE, ACREDITAM E ACREDITARAM NELE, QUE TERÁ MUDADO AS NOSSAS VIDAS.

A MINHA G-3



EM SANTARÉM ANDAVA COM UMA G-3 QUE PASSOU MAL...
CHUVA, ESGOTOS, RIACHOS, POEIRA, CALOR DE VERÃO.

DISSERAM-ME QUE A G-3 TERIA DE SER TRATADA COMO UMA MULHER.

HAVIA INSPEÇÕES PERMANENTES À SUA MANUTENÇÃO.
MUITO ÓLEO E ESCOVILHÕES PASSARAM POR ELA.

A QUE ME FOI DISTRIBUÍDA NUNCA RECUSOU UM TIRO.

FUI MOBILIZADO. 
NÃO SEI SE LEVEI A MESMA.
ERA VELHINHA. 
JÁ DEVERIA TER FEITO UMAS COMISSÕES.

EM SANTA MARGARIDA OU JÁ EM MOÇAMBIQUE FIZ UM CONCURSO DE TIRO AO ALVO.
CLARO QUE GANHEI. 
FIQUEI EM TERCEIRO. 
GANHOU O AMÉRICO COELHO QUE JÁ USAVA ÓCULOS. 
EM SEGUNDO O FERNANDO LOURENÇO. 

A CORONHA DA G-3 DO AMÉRICO COELHO ACHO QUE ERA PRETA.

EM MOÇAMBIQUE CONTINUEI A TRATÁ-LA COM CARINHO, ASSIM COMO AS MINHAS BOTAS.

NOS LONGOS DIAS DA OPERAÇÃO OMO1 NA SERRA DO MAPÉ, CHEGUEI AO FIM COM CANSAÇO MAS OS PÉS ESTAVAM BEM.



SEMPRE INCUTI NOS SOLDADOS A MEU CARGO A MINHA EXPERIÊNCIA.
MUDEM OU NÃO MUDEM DE CUECAS. 
TENHAM CARINHO COM A VOSSA ARMA.
ANDAVA TRISTE COM O MEU 3º LUGAR NO CONCURSO DE TIRO AO ALVO.

A CONSTRUÇÃO DA ESTRADA MACOMIA/MUCOJO ABRIA CLAREIRAS DONDE TIRAVAM A TERRA PARA A NOVA ESTRADA.

NÃO ME LEMBRO, MAS PENSO QUE DE TRÊS EM TRÊS MESES RENOVÁVAMOS AS MUNIÇÕES DOS CARREGADORES.

AVISÁVAMOS MACOMIA QUE IRÍAMOS FAZER FOGO.



UM DIA SOZINHO "COMO EU ERA CORAJOSO" FUI PARA O ALTO DE UMA TERRAPLANAGEM E COLOQUEI UMAS LATAS DE CERVEJA LÁ NO MEIO.
NÃO POSSO CONFIRMAR SE ERAM 50 M. OU 100 M OU MAIS...
COLOQUEI A ALÇA DE TIRO NO BURAQUINHO DOIS. 
FIQUEI FELIZ. 
AS LATAS VOAVAM. 
PODIA ATÉ NÃO ACERTAR. 
COM O IMPACTO NA TERRA, ELAS ABANAVAM E CAIAM. 
O MEU AMOR PRÓPRIO TINHA VOLTADO DEPOIS DAQUELE VEXAME DO CONCURSO DE TIRO.

QUANDO ENTREGUEI A G-3 NA BEIRA, TIVE DE A ATIRAR PARA UMA MOLHADA. 
CONFESSO QUE NA ALTURA NÃO CHOREI E NEM SEQUER FIQUEI COMOVIDO.
MAS É O QUE ME ACONTECE AGORA QUANDO LEMBRO AQUELA CENA.
NÃO SEI SE ELA ME DEFENDEU? EU DEFENDI-A.

ALGUÉM QUE A SEGUIR A MIM A APANHASSE PODERIA TER A CERTEZA QUE ESTARIA EM BOAS CONDIÇÕES.

NÃO FOI UM "DIVÓRCIO", GOSTARIA DE A TER TRAZIDO PARA CASA E FICAR AO LADO DE UM STICK DE HÓQUEI EM PATINS QUE GUARDO RELIGIOSAMENTE.
VOU COM ESSE STICK À PORTA QUANDO ALGUÉM BATE À PORTA A PARTIR DA 1 HORA DA MANHÃ.

MORAL DA HISTÓRIA: PROCUREM TRATAR BEM OS DE QUE POSSAM VIR A DEPENDER ( OU NÃO ).

Paulo Lopes Até acredito que tenhas tratado bem da tua "G3" mas, de forma alguma posso acreditar que tenhas tratado da mesma forma o teu "stick" de hóquei já que apenas te serviste dele para andar à "marretada" numa bola!!
Pois eu também, em ocasiões espaçadas, gostaria de ter a G3 em meu poder (apesar de ser só garganta e provavelmente só mesmo em casos de extremo instinto de defesa é que a utilizaria! 
Mas que existem alguns que bem precisavam de experimentar, lá isso há!). 
Mas, foi um enorme prazer abandonar essa amante do ultramar!
Quanto à pontaria com a G3 e em semi-automático, estariam os alvos à vontade comigo até porque, salvo erro, o cano era de estrias o que originava uma saída de bala aos círculos! 
E não posso colocar de parte que eu era da secção de dilagramas! 
A arma que segundo afirmavam os "canhanhos lá de Tavira" que eu fiquei muito bem classificado, foi a HK21.
Moral da "minha" história: não sirvo para militar!

Américo Condeço A minha história com a G3 já foi contada há muito tempo atrás, mais propriamente com a coronha da dita cuja, mas a minha guerra era outra e a menina só servia para fazer aquele fogo na carreira de tiro para desenferrujar o cano e queimar munições que não estariam em condições, como disse a minha Guerra era outra a SAÚDE de todo o pessoal, VACINAÇÃO trimestral de toda a gente contra a cólera , distribuição semanal de antipalúdicos e a assistência médica e medicamentosa aos enfermos que aparecessem, lembro-me que por força da minha especialidade assisti a alguns partos efectuados no hospital civil que existia em Macomia, e de um em especial pois implicou uma evacuação quase ao anoitecer de uma parturiente negra que estava há já dois dias para ter a criança e já não tinha forças para ajudar a mesma a nascer, avião na pista parturiente lá dentro e avião no ar, imediatamente o piloto informou que a criança tinha nascido ainda o avião não tinha acabado de subir, ordens dadas pelo Dr. voltem para trás nós tratamos do resto, o rapaz era bem grandão creio que com 3K e 900 Gramas e tudo acabou em bem.

Luís Leote Tive uma má experiência com a minha G3 a disparar um dilagrama.
Coloquei a minha mão esquerda no guarda mato mas de forma imprópria. A membrana que liga o polegar ao indicador, ficou entalada entre o guarda mato e a estrutura da arma, e no momento do disparo, rasgou a m.... da membrana.
Ao princípio ñ senti nada, mas depois senti a mão molhada e pegajosa.

Luís Leote A minha Companhia teve alguns percalços na campanha, mas tivemos muita sorte em não escrever nenhum nome na nossa pedra

Gilberto Pereira NÃO POSSO COMENTAR PORQUE NÃO SEI O QUE É "G3".

Livre Pensador Infelizmente a minha companhia deixou 6 nomes escritos numa qualquer pedra!

Luís Leote Livre Pensador, Ribeiro infelizmente, não posso gostar do que disseste mais acima.

Gilberto Pereira OBG QUEM É QUE IRIA GOSTAR, SÓ UM LOUCO

Livre Pensador Eu também não amigo Leote, até porque alguns deles gravaram o seu nome nessa pedra quando estavam ao meu lado e, portanto, podia até ter sido o meu nome a ser gravado. Ribeiro.

Luís Leote Podia ter sido o teu nome a ser gravado, mas, ficou-te gravado na memória até hoje!!!

Gilberto Pereira É PÁ DEIXEM-SE DESSAS MERDAS QUE ATÉ PODE DAR AZAR !


Fernando Bernardes eu lembro que recebemos a G 3 completamente nova dentro de um saco plástico na Beira.

Armando Guterres mas sem balas ... essas chegaram em Porto Amélia antes de subirmos para os carros de (gado) no meu caso.

Fernando Bernardes É verdade Armando Guterres recebemos as munições em Porto Amélia e fomos sempre a fazer fogo até Macomia e depois até ao Chai.