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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

IDA PARA O DESCONHECIDO..., por Rui Briote


Ruipara 
Comentários
Rui Briote IDA PARA O DESCONHECIDO...
Quarta feira de cinzas, 17 de fevereiro de 1972, ao fim de uma tarde cinzenta, saímos de Santa Margarida, postos em autocarros rumo ao aeroporto de Figo Maduro, afim de partir para a nossa colónia de férias " resort Moçambique"...
Um pássaro gigante, mais conhecido por avião, tripulado por pilotos da FA. ganha balanço e lá vamos nós a subir aos céus e ver Lisboa a fugir-nos rapidamente da vista...lágrimas afloram e correm de mansinho pela face...
As hospedeiras, aliás hospedeiros, também não ajudavam muito.Já no ar, deixámos o nosso querido Portugal para trás, na altura conhecido por Metrópole. As nuvens que sobrevoámos pareciam algodão ... 

Que delícia para os nossos olhos! 

Seis horas depois, passámos o Equador e entramos no hemisfério sul em direção a Luanda, onde iríamos aterrar para relaxar. 
Uma centena e meia de homens foi colocada num espaço exíguo e, com o calor que fazia, começamos a destilar e aí permanecemos uma hora mais minuto menos minuto.

Embarcámos de novo, rumo à cidade da Beira. 
A aproximação à pista foi um tremendo susto, pois o avião começou a dançar, ora para a esquerda ou para a direita, e ao vermos o rio Zambeze, serpenteando com um caudal enorme, mesmo debaixo do nosso nariz ... os nossos corações começaram a bater forte, fortemente. 

Será que iremos tomar um banho forçado? 
Agarrados aos bancos estávamos a preparar-nos para tudo...
Finalmente, os pilotos lá endireitaram o avião, e fizemos uma aterragem nada suave, mas chegamos inteiros...UFA que alívio!!!

Já em terras africanas debaixo dum calor abrasador, entreolhávamo-nos com ar inquisidor, pois os olhares recaiam sobre nós e, de vez em quando lá se ouvia ..."aqui estão mais checas...". 

Só esta recepção já nos atemorizava, mas lá caminhámos para o quartel para tratar de receber a fiel companheira G3 e novas ordens. 

Já ao fim da tarde dirigimo-nos para os nossos "aposentos" para descansarmos.
Aproveitei essa folga, para juntamente com o ex-alferes Ribeiro, ir jantar a casa da prima da minha então namorada, hoje minha mulher, que morava junto à igreja de Nossa Senhora de Fátima. 

Após o mesmo, quando regressávamos para os quartos, mais ou menos a meio caminho, virei-me para o Ribeiro e propus-lhe uma volta pela cidade. 

Interrogámo-nos..." Para onde ?"
...Fizemos marcha atrás e, eis que deparámos com a Boite Diana, que ficava junto ao Moulin Rouge. 

Decidimo-nos pela primeira, para ver uma sessão de striptease ...
Entrámos lentamente com uma curiosidade latente nos nossos olhos bem abertos.

A sala iluminada por luzes psicadélicas anteviam um bom espetáculo para os checas. 

Sentámo-nos logo nas mesas junto ao palco, pois queríamos estar em cima do acontecimento... 
De súbito, ao som duma música quente, surge uma beldade toda ondulante e provocante. 

Ao mesmo tempo que nos recostávamos nas cadeiras, os nossos olhos escancaram-se para não perder pitada do espetáculo. 
A bailarina loira ou morena para aqui não interessa, num mexe, remexe com movimentos lentos e doces, lá se vai " descascando.

"...Eis senão quando, entra em cena uma cobra. 
A beleza, pega nela sem receio e coloca-a ao pescoço, qual cachecol.
Ai que arrepio!!!...
A cobra, lânguidamente percorre o corpo desnudo, passando por áreas proibitivas, apertando a "nossa amiga" cada vez mais...

Só se ouvia a música suave que acompanhava o bailado, pois os espectadores estavam embevecidos com tanto bamboleio...
Infelizmente o fim do show chegou, mas iríamos ser surpreendidos. 
Estávamos na "sobremesa" do espetáculo e, eis que a bailarina se aproxima de nós. 

Gentilmente levantámo-nos, sim os dois ao mesmo tempo e puxámos por uma cadeira. Ela com um sorriso rasgado sentou-se na nossa companhia. 
Lá tivemos que pedir um "chá" para a menina e encetámos uma conversa, não muito longa, mas com boas perspetivas... 
Num bate papo curto, mas " incisivo" convidámo-la a fazer-nos uma visita lá em cima, mais propriamente no Chai e a malandra com sorriso cativante prometeu-nos tal desígnio... 

Chegada a hora da despedida ela foi feita com um beijinho. 
Soube a pouco, claro, mas ficou a promessa...até hoje!!!

Já a madrugada ia avançada, regressámos ao quartel e só uma forte chuvada nos acalmou após tão excitante noite em vésperas duma nova viagem, desta vez rumo a Porto Amélia...





Rui Briote Eis um relato meu feito já há uns anos Rui Fernandes
Gerir
Leonel Pereira Silva Boa noite amigo Briote, mas que relato...tinhas isso apontado ou foi de memória? Abraço
Gerir




Jose Capitao Pardal Rui Briote só uma pequena imprecisão nós saímos de Figo

Maduro ainda no dia 16/2/72 e chegámos à Beira a 17/02/1972...

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Aí vai mais um relato: A ida para Moçambique... Ida para o Desconhecido, por Rui Briote



Quarta feira de cinzas, 16 de fevereiro de 1972, ao fim de uma tarde cinzenta, saímos de Santa Margarida, postos em autocarros rumo ao aeroporto de Figo Maduro, afim de partir para a nossa colónia de férias " resort Moçambique"...
 
Boing 707 da FAP
 
Um pássaro gigante, mais conhecido por avião, tripulado por pilotos da FA. ganha balanço e lá vamos nós a subir aos céus e ver Lisboa a fugir-nos rapidamente da vista...lágrimas afloram e correm de mansinho pela face...
As hospedeiras, aliás hospedeiros, também não ajudavam muito.
Já no ar, deixámos o nosso querido Portugal para trás, na altura conhecido por Metrópole.
As nuvens que sobrevoámos pareciam algodão ...
Que delícia para os nossos olhos!
     
Boing 707 da FAP, em Terra e em Voo

Seis horas depois, passámos o Equador e entramos no hemisfério sul em direção a Luanda, onde iríamos aterrar para relaxar.
Uma centena e meia de homens foi colocada num espaço exíguo e, com o calor que fazia, começamos a destilar e aí permanecemos uma hora mais minuto menos minuto.
 
Embarcámos de novo, rumo à cidade da Beira.
 
A aproximação à pista foi um tremendo susto, pois o avião começou a dançar, ora para a esquerda ou para a direita, e ao vermos o rio Zambeze (segundo o Hélder Losna (ECAV1), seria o rio Pungué e não o Zambeze, já que este último fica ainda longe da cidade da Beira), serpenteando com um caudal enorme, mesmo debaixo do nosso nariz ... os nossos corações começaram a bater forte, fortemente...será que iremos tomar um banho forçado?
Agarrados aos bancos estávamos a preparar-nos para tudo...
Finalmente, os pilotos lá endireitaram o avião e fizemos uma aterragem nada suave, mas chegamos inteiros...
UFA que alívio!!!
 
Aeroporto de Beira (Moçambique)
 

Já em terras africanas debaixo dum calor abrasador, entreolhávamo-nos com ar inquisidor, pois os olhares recaiam sobre nós e, de vez em quando lá se ouvia ..."aqui estão mais checas...".
Só esta receção já nos atemorizava, mas lá caminhámos para o quartel para tratar de receber a fiel companheira G3 e novas ordens.
 
Já ao fim da tarde fomos para os nossos aposentos para descansarmos.
Aproveitei essa folga para juntamente com o ex-alferes Ribeiro ir jantar a casa da prima da minha então namorada, hoje minha mulher, que morava junto à igreja de Nossa Senhora de Fátima.
 
Após o mesmo, quando regressávamos para os quartos, mais ou menos a meio caminho, virei-me para o Ribeiro e propus-lhe uma volta pela cidade.
Interrogámo-nos:
"Para onde?"...
Fizemos marcha atrás e eis que deparámos com a Boite Diana, que ficava junto ao Moulin Rouge.
Decidimo-nos pela primeira, para ver uma sessão de striptease ...
 
Moulin Rouge - Beira (Moçambique)
 
Entrámos lentamente com uma curiosidade latente nos nossos olhos bem abertos.
A sala iluminada por luzes psicadélicas anteviam um bom espetáculo para os checas.
Sentámo-nos logo nas mesas junto ao palco, pois queríamos estar em cima do acontecimento...
 
De súbito, ao som duma música quente, surge uma beldade toda ondulante e provocante.
Ao mesmo tempo que nos recostávamos nas cadeiras, os nossos olhos escancaram-se para não perder pitada do espetáculo.
A bailarina loira ou morena para aqui não interessa, num mexe, remexe com movimentos lentos e doces, lá se vai " descascando "...Eis senão quando, entra em cena uma cobra.
A beleza, pega nela sem receio e coloca-a ao pescoço, qual cachecol...
Ai que arrepio!!!...
A cobra, languidamente percorre o corpo desnudo, passando por áreas proibitivas, apertando a "nossa amiga" cada vez mais...
Só se ouvia a música suave que acompanhava o bailado, pois os espetadores estavam embevecidos com tanto bamboleio...
 
Infelizmente o fim do show chegou, mas iríamos ser surpreendidos.
Estávamos na "sobremesa" do espetáculo e, eis que a bailarina se aproxima de nós.
Gentilmente levantámo-nos, sim os dois ao mesmo tempo e puxámos por uma cadeira.
Ela com um sorriso rasgado sentou-se na nossa companhia. Lá tivemos que pedir um " chá" para a menina e encetámos uma conversa, não muito longa, mas com boas perspetivas... Num bate papo curto, mas " incisivo" convidámo-la a fazer-nos uma visita lá em cima, mais propriamente no Chai...e a malandra com sorriso cativante prometeu-nos tal desígnio...
 
Chegada a hora da despedida ela foi feita com um beijinho...soube a pouco, claro, mas ficou a promessa...até hoje!!!

Já a madrugada ia avançada, regressámos ao quartel e só uma forte chuvada nos acalmou após tão excitante noite em vésperas duma nova viagem, desta vez rumo a Porto Amélia...

 
Aeroporto de Pemba - Moçambique
  •  
    Rui Briote Este relato refere-se à ida para Moçambique...
     
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    Fernando Bento Engraçado a nossa viagem (C.C.S.) foi identica à vossa, só que eu fui para a boite Primavera, o relato está porreiro. Ao fim de 40 anos estas memórias continuam bem vivas, parece que foi ontem, não é?
  • Um abraço Briote.
     
  •  
    Rui Briote Abraço Amigo...
     
  • Rui Briote porque é que ao fim de 40 anos esquecemos o nome da maioria daqueles que conviveram junto de nós tantos meses e não esquecemos estas história das quais conseguimos fazer um relato tão completo?
  • Um Abraço
     
  •  
    Rui Briote Tem que se puxar um pouco pela memória e recorrendo a cábulas....
  • Abraço
     
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    Paulo Lopes Afinal ainda há muita história por contar que, timidamente, vai-se soltando das gavetas!
    Tudo cá para fora amigo Rui Briote! Se não para mais, que seja para me convencer que eu não percebo nada de escrita!
     
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    Rui Briote Amigo não tenho pretensões a ser " escritor"...limito-me a fazer um relato e tenho outro na forja e será já a caminho do Chai...com calma e puxando pelos miolos...abraço
     
  • Rui Briote uma dúvida? A saída não terá sido a 16 de Fevereiro?
  • Confirma na caderneta militar...
     
  • Rui Briote não contas que na 3ª feira de carnaval fomos a um baile numa das localidades próximas de Santa Margarida, onde fizemos furor a dançar sozinhos, sem par e com a sala cheia... eramos para aí uns 20 ou 30?
     
  •  
    Rui Briote Lembro-me disso...o baile foi em Abrantes...nós saímos na quarta feira de cinzas
     
  • Rui Briote! Nem eu e já escrevo (para mim, principalmente) há muito tempo e, neste meu livro que uma plateia restrita leu e que agora, a conta gotas, os meus companheiros de "guerra" vão tendo a paciência de ler, começo por dizer:
    Como é evidente, tod
    os os nomes constantes neste romance (se for esse o titulo que se lhe possa ser atribuído) são inventados assim como também tudo o resto, e o resto nem sempre é tudo o que sobra, porque sobra ainda a veracidade das cidades, vilas, lugarejos e pontos esquecidos nos mapas convencionais.
    Tudo o que poderá parecer não o é e será, isso sim, uma pura e simples coincidência. Coincidências aplicadas a nomes de tantos jovens feitos homens prematuros que já não podem; não querem; ou não conseguem, ler estas palavras que descrevo.
  • Digo eu que tenho, quando em vez, dizer coisas.

    Não sou escritor porque a capacidade para tal está tão longe como África.
    Apenas e ao longo de anos, juntei folhas rascunhadas, rasguei e voltei a rascunhar dando origem a este amontoar de frases que, unidas, têm a intenção (pensamento secreto e reservado) ser uma simples crónica transformada em livro!
  • Apenas e somente isso:
    intenção (pouca).

    E assim começa o livro.
     
  •  
    Rui Briote Uma justa e merecida homenagem a quem lá ficou...apareçam mais testemunhos...
     

  •  
    Jose Capitao Pardal O que sucedeu com a aterragem, diga-se de passagem com excelente visibilidade, foi que o "checa" do piloto, que tinha ido tirar um curso intensivo de 707, à Boeing (certamente só de simulador), primeiro, por confusão certamente, fez-se à aterragem ao Rio Zambeze (que levava um elevado caudal, ou não fosse tempo das chuvas), e não ao aeroporto da Beira e depois viu-se "grego" para levantar novamente o aparelho, para se fazer à pista...