Aos Militares do Batalhão de Cavalaria 3878, que serviram em Moçambique (Macomia, Chai e Mataca), de 1972 a 1974 e/ou passaram por: Serra Mapé, Messalo, Mucojo, Alto da Pedreira, Quiterajo, Ribaué, etc.. Vivências, Recordações boas ou más, encontros e desencontros, fotos, vídeos, recados, visitas, interações, etc..
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quinta-feira, 6 de dezembro de 2018
IDA PARA O DESCONHECIDO..., por Rui Briote
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Beira, Moçambique
segunda-feira, 12 de janeiro de 2015
ESPIONAGEM: Olhem o que eu encontrei, do nosso amigo...
Do 1.º turno 71 de Santarém, seguido de especialidade de Atirador de Cavalaria, também em Santarém.
Andei por Santa Margarida, tendo tirado um pequeno curso de Minas e Armadilhas em Tancos.
Formação do Batalhão de Cavalaria 3878, integrei a CCav 3507....
NO 4608 051 1114
Armando Guterres
Armando Guterres
Do 1.º turno 71 de Santarém, seguido de especialidade de Atirador de Cavalaria, também em Santarém.
Andei por Santa Margarida, tendo tirado um pequeno curso de Minas e Armadilhas em Tancos.
Formação do Batalhão de Cavalaria 3878, integrei a CCav 3507....
Embarcámos no Figo Maduro a 09/02/1972 para a Beira - Moçambique.
A 10/02, em voo fretado à DETA, para Porto Amélia, onde dormimos.
A 14 ao nascer do dia, entrada em Macomia onde nos esperava a CCS do nosso Batalhão e os nossos VCC que nos levaram para a Mataca.
A 15 voltámos a Macomia com os velhinhos e regressámos à nossa casa emprestada por 25 meses.
Primeira coluna, realmente sós, a 17/02 tendo o baptismo com mina e emboscada.
Nas férias de 73 estive em Quelimane, Beira e Lourenço Marques, com fugas a Morrumbala e a Catembe.
Fui rendido na ponte Muacamula no início de Março 74.
Chegada ao Figo Maduro a 21/03/1974.
Em 2012 fomos 7 em viagem de recordação a Maputo, Pemba, Macomia,Mucojo e Chai.
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quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014
A minha partida para Moçambique, por Paulo Lopes
Algures por aqui, o Duarte Pereira, diz que tem algumas perguntas a fazer sobre a partida para e chegada a África!...
RI 3 . Regimento de Infantaria 3 (Beja) |
A minha foi mais ou menos isto e tenham lá a paciência de ler mais um pouco do livro:
Eram 19 horas, quando cheguei ao Aeroporto de Figo Maduro, nas traseiras da Portela e não fosse a farpela a rigor de militar e alguns dos meus companheiros de viagem estarem vestidos da mesma maneira (mais galões, menos galões, com eles ou sem eles), poderia julgar que ali se estava a preparar um embarque para umas férias num qualquer país distante.
Eram 19 horas, quando cheguei ao Aeroporto de Figo Maduro, nas traseiras da Portela e não fosse a farpela a rigor de militar e alguns dos meus companheiros de viagem estarem vestidos da mesma maneira (mais galões, menos galões, com eles ou sem eles), poderia julgar que ali se estava a preparar um embarque para umas férias num qualquer país distante.
Aeroporto de Figo Maduro - FAP (Lisboa)
O ambiente não era, de forma alguma, aterrorizador nem idêntico aquelas partidas de barco que saíam do Cais da Rocha Conde de Óbidos, até porque, os militares eram em muito menor número e na sala de embarque, misturados com as fardas, encontravam-se vestes simpáticas e sofisticadas: familiares de militares que os acompanhavam para as cidades do Ultramar, o que deixava desde logo transparecer que a grande maioria não se deslocava para a guerra mas sim, para a vida normal que tinham abraçado, havia algum tempo, nas terras ultramarinas.
Cais da Rocha Conde de Óbidos - Embarque de Tropas para Ultramar
Sabiam precisamente para onde iam e lá, nesse local, nada tinham a temer em relação à guerra.
Não como eu que ia para uma vida nova.
Nem sabia, tão pouco, para onde ia: — Vais para Moçambique. — Disse-me o meu comandante do quartel de Beja.
— Apresenta-se no Quartel General em Porto Amélia.
— Disseram-me no quartel dos adidos na Ajuda.
Era tudo o que tinha para meu conhecimento!
Sentia-me completamente aturdido, adormecido e inconsciente de que vida me tinham preparado para a minha nova mudança ao serviço do exército.
Ao serviço da Nação.
O avião levantou voo, precisamente às vinte horas e cinquenta e cinco minutos.
Já comodamente instalado no meu lugar do avião da TAP, um Boeing 707 fretado pelo exército para transporte de militares e familiares (dos graúdos), sentou-se a meu lado um 2º sargento.
—Nove horas!
— Alguém me tinha informado.
Estava também prevista uma escala em Luanda e portanto muito tempo teríamos para falar de coisas banais, sem interesse, para passarmos as próximas longas horas.
Fizemos, como parecia ser obrigatório e estava previsto, escala em Angola, mais precisamente em Luanda, não só para deixar alguns militares e seus familiares que ficariam por ali mas também para reabastecimento do avião.
Operação que demorou o tempo suficiente para irmos até ao bar do Aeroporto onde, por desconhecimento dos hábitos e preços do marisco em África, mandei vir um prato de camarão para acompanhar com uma cerveja pois, pelo preço apresentado no placar afixado na parede do bar, pensei ser um pires com meia dúzia mal medida, de carapaus de bigode, aos quais nunca perdia, se isso me fosse monetariamente possível, uma ocasião de poder apreciar o seu sabor.
Mas afinal o prato era mesmo um prato e bem recheado.
Nada mau para a minha primeira refeição em terras Africanas.
Devorei-os sem precisar de ajuda, nem de tempo extra para limpar o fundo ao prato.
Até Moçambique faltava apenas um pulo e assim, às doze horas do dia 7 de Julho de 1972, estava na Beira.
Tinha chegado a Moçambique.
Na Beira, depois daquelas burocracias habituais e extremamente aborrecidas de fazer, soube quando partiria para Porto Amélia, no distrito de Cabo Delgado.
Para mim, completamente desinformado da geografia Africana, tal nome nada me dizia, mas como o mal logo se sabe, fiquei esclarecido e para que constasse, Cabo Delgado era um dos principais distritos do norte de Moçambique onde a guerra estava bem implantada.
Começava a acordar de vez!
Mas que poderia esperar um atirador?
Aeroporto da Beira
Três dias depois, aterrava no Aeroporto de Porto Amélia, capital do distrito de Cabo Delgado.
Porto Amélia (Pemba) - Moçambique
Entre apresentações e avisos do que havia a fazer, depressa fiquei conhecedor do meu pouso definitivo: — MATACA, junto à Serra do Mapé.
Restava-me saber quando e como iria.
Outros diziam que era no meio do nada e simplesmente faziam uma careta expelindo dos seus lábios um enorme chiiiiiiii...
Outros, os mais conformados, diziam que era igual a tantos outros aquartelamentos espalhados pelas matas de Cabo Delgado.
Fiquei a saber o que já sabia...nada!
paulo lopes
in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
paulo lopes
in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
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Macomia, Moçambique
domingo, 23 de fevereiro de 2014
VIDA de um não MILITAR, por Armando Guterres
VIDA de um não MILITAR
Quinta 02/07/1970 - Banho na ribeira - primeiro ato militar com os catorze mancebos da aldeia.
Quinta 02/07/1970 - Banho na ribeira - primeiro ato militar com os catorze mancebos da aldeia.
Sexta 03/07/1970 - Inspecção sanitária, no velho edifício dos Bombeiros Voluntários do Fundão. Resultado previsível "todo o serviço" - não conseguido, segundo os interesses deles.
Santarém - terça feira 12/01/1971 - como recrutado.
Não recortaram grande cousa....
Sábado 03/04/1971 - Recruta pronto.
Domingo 11/07/1971 - 1.º cabo miliciano - Apresentação no RC4.
Missão pastar a vaca, com um intervalo de 3 semanas em Tancos no Curso de Buracos e Alçapões. Continuação de pastar a vaca - um trabalho que levei a sério e cumprimento segundo o RDM.
Sargento de dia num Domingo - Arrear da Bandeira: um puxão para baixo + dois para cima e depois de três tocaduras ...
Sargento de dia num Domingo - Arrear da Bandeira: um puxão para baixo + dois para cima e depois de três tocaduras ...
Não faço ideia de quem a pôs cá em baixo.
Segunda feira 20/09/1971 - no gabinete de um capitão.
Tínhamos chegado atrasados dez "pastores".
Conforme iam dando justificações, iam levando dez dias.
Chegou a minha vez e dei a razão de ter perdido o comboio, que de propósito não tentei encontrar (festa civil na aldeia).
Chegou a minha vez e dei a razão de ter perdido o comboio, que de propósito não tentei encontrar (festa civil na aldeia).
Mostrei o pulso e disse "MEU CAPITÃO O PONTEIRO DOS MINUTOS CAIU E POR ISSO CHEGUEI ATRASADO AO APEADEIRO".
Fiquei muito admirado da sua cara simpática a mandar-me retirar.
Os restantes continuaram a colecionar dez dias.
Terça feira 08/02/1972 - Teatro Vitória uma secção da Revista e corrida para Santa Apolónia. Abrantes - Santa Margarida de táxi.
Quarta feira 09/02/1972 - Furriel Miliciano Graduado - embarque no Figo Maduro - Luanda.
Quarta feira 09/02/1972 - Furriel Miliciano Graduado - embarque no Figo Maduro - Luanda.
Quinta feira 10/02/1972 - Chegada à Beira de manhã.
Saída do quartel para cidade num autocarro de 2 pisos que tencionava ir vazio (abanou o suficiente até abrir as portas).
Saída do quartel para cidade num autocarro de 2 pisos que tencionava ir vazio (abanou o suficiente até abrir as portas).
Andei sozinho à procura de uns primos que não encontrei.
Disse a um VCC que tinha uma nota de mil e ele foi comigo a uma cervejaria e fez questão de pagar as Laurentinas.
Jantar numa cervejaria com muita da nossa malta.
Jantar numa cervejaria com muita da nossa malta.
Um Alfero comando, chegado de Tete, pede ao n/capitão-proveta autorização para uivar.
Endireitou as facas de peixe que o empregado lhe ia dando.
Sexta feira 11/ 02/1972- Entrega das G3.
Voo fretado à DETA.
Último voo em que serviram bebidas alcoólicas nesses fretes.
Bebeu-se toda e qualquer que ia embarcada. Coitadas das hospedeiras!!!!
Porto Amélia debandada de armas e bagagens para pensões e hotéis.
Porto Amélia debandada de armas e bagagens para pensões e hotéis.
Fui um dos que dormiram no quartel (num canto num monte de colchões).
Sábado 13/02/1972 - Queixa às autoridades militares, porque o pessoal invadiu a praia da messe dos oficiais e de fato de banho, uns de cuecas e outros nem isso.
Ao anoitecer recebemos as munições.
Trepámos para as viaturas atribuídas, transporte de gado com os respectivos taipais.
Paragem em Ancuabe para formar a coluna com a devida protecção.
Domingo 13/02/1972 - Recepção pelos velhinhos.
Saída para a Mataca.
Muito bom acolhimento no resort.
Terça feira 15/02/1972 - Os velhinhos leváramos para Macomia.
Quinta feira 17/02/1972 - Regresso à Mataca ...
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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014
Aí vai mais um relato: A ida para Moçambique... Ida para o Desconhecido, por Rui Briote
Quarta feira de cinzas, 16 de fevereiro de 1972, ao fim de uma tarde cinzenta, saímos de Santa Margarida, postos em autocarros rumo ao aeroporto de Figo Maduro, afim de partir para a nossa colónia de férias " resort Moçambique"...
Um pássaro gigante, mais conhecido por avião, tripulado por pilotos da FA. ganha balanço e lá vamos nós a subir aos céus e ver Lisboa a fugir-nos rapidamente da vista...lágrimas afloram e correm de mansinho pela face...
As hospedeiras, aliás hospedeiros, também não ajudavam muito.
Já no ar, deixámos o nosso querido Portugal para trás, na altura conhecido por Metrópole.
As nuvens que sobrevoámos pareciam algodão ...
Que delícia para os nossos olhos!
Seis horas depois, passámos o Equador e entramos no hemisfério sul em direção a Luanda, onde iríamos aterrar para relaxar.
Boing 707 da FAP, em Terra e em Voo
Seis horas depois, passámos o Equador e entramos no hemisfério sul em direção a Luanda, onde iríamos aterrar para relaxar.
Uma centena e meia de homens foi colocada num espaço exíguo e, com o calor que fazia, começamos a destilar e aí permanecemos uma hora mais minuto menos minuto.
Embarcámos de novo, rumo à cidade da Beira.
A aproximação à pista foi um tremendo susto, pois o avião começou a dançar, ora para a esquerda ou para a direita, e ao vermos o rio Zambeze (segundo o Hélder Losna (ECAV1), seria o rio Pungué e não o Zambeze, já que este último fica ainda longe da cidade da Beira), serpenteando com um caudal enorme, mesmo debaixo do nosso nariz ... os nossos corações começaram a bater forte, fortemente...será que iremos tomar um banho forçado?
Agarrados aos bancos estávamos a preparar-nos para tudo...
Finalmente, os pilotos lá endireitaram o avião e fizemos uma aterragem nada suave, mas chegamos inteiros...
UFA que alívio!!!
Aeroporto de Beira (Moçambique)
Já em terras africanas debaixo dum calor abrasador, entreolhávamo-nos com ar inquisidor, pois os olhares recaiam sobre nós e, de vez em quando lá se ouvia ..."aqui estão mais checas...".
Só esta receção já nos atemorizava, mas lá caminhámos para o quartel para tratar de receber a fiel companheira G3 e novas ordens.
Já ao fim da tarde fomos para os nossos aposentos para descansarmos.
Aproveitei essa folga para juntamente com o ex-alferes Ribeiro ir jantar a casa da prima da minha então namorada, hoje minha mulher, que morava junto à igreja de Nossa Senhora de Fátima.
Após o mesmo, quando regressávamos para os quartos, mais ou menos a meio caminho, virei-me para o Ribeiro e propus-lhe uma volta pela cidade.
Interrogámo-nos:
"Para onde?"...
Fizemos marcha atrás e eis que deparámos com a Boite Diana, que ficava junto ao Moulin Rouge.
Decidimo-nos pela primeira, para ver uma sessão de striptease ...
Moulin Rouge - Beira (Moçambique)
Entrámos lentamente com uma curiosidade latente nos nossos olhos bem abertos.
A sala iluminada por luzes psicadélicas anteviam um bom espetáculo para os checas.
Sentámo-nos logo nas mesas junto ao palco, pois queríamos estar em cima do acontecimento...
De súbito, ao som duma música quente, surge uma beldade toda ondulante e provocante.
Ao mesmo tempo que nos recostávamos nas cadeiras, os nossos olhos escancaram-se para não perder pitada do espetáculo.
A bailarina loira ou morena para aqui não interessa, num mexe, remexe com movimentos lentos e doces, lá se vai " descascando "...Eis senão quando, entra em cena uma cobra.
A beleza, pega nela sem receio e coloca-a ao pescoço, qual cachecol...
Ai que arrepio!!!...
A cobra, languidamente percorre o corpo desnudo, passando por áreas proibitivas, apertando a "nossa amiga" cada vez mais...
Só se ouvia a música suave que acompanhava o bailado, pois os espetadores estavam embevecidos com tanto bamboleio...
Infelizmente o fim do show chegou, mas iríamos ser surpreendidos.
Estávamos na "sobremesa" do espetáculo e, eis que a bailarina se aproxima de nós.
Gentilmente levantámo-nos, sim os dois ao mesmo tempo e puxámos por uma cadeira.
Ela com um sorriso rasgado sentou-se na nossa companhia. Lá tivemos que pedir um " chá" para a menina e encetámos uma conversa, não muito longa, mas com boas perspetivas... Num bate papo curto, mas " incisivo" convidámo-la a fazer-nos uma visita lá em cima, mais propriamente no Chai...e a malandra com sorriso cativante prometeu-nos tal desígnio...
Chegada a hora da despedida ela foi feita com um beijinho...soube a pouco, claro, mas ficou a promessa...até hoje!!!
Já a madrugada ia avançada, regressámos ao quartel e só uma forte chuvada nos acalmou após tão excitante noite em vésperas duma nova viagem, desta vez rumo a Porto Amélia...
Aeroporto de Pemba - Moçambique
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