sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

RESENHA, QUASE DO FIM DO ANO..., por Duarte Pereira

Duarte Pereira
Duarte Pereira BATALHÃO DE CAVALARIA 3878
2013/12/14
RESENHA, QUASE DO FIM DO ANO...

O FERNANDO LOURENÇO FEZ À SUA MANEIRA, UM APANHADO DE CERTOS EPISÓDIOS DA FOLHA E OUTROS CONSIDERANDOS, COM INTERESSE, UM BOM ARTIGO.
CADA UM ESCREVE À SUA MANEIRA E COM A QUEDA QUE TEM.
AO PRINCÍPIO QUANDO A FOLHA NASCEU OU FOI "PARIDA", ERA TUDO UMA NOVIDADE.
HAVIA A FEBRE DE "GATAFUNHAR" BATER RECORDES, VER AS FOTOS NOVAS, RECORDAR E TENTAR UMA MAIOR APROXIMAÇÃO. LEVEI MUITO "NAS ORELHAS", POR APRESENTAR TEMAS "DESVIANTES", "BONECADA", COI...SAS QUE EU PENSEI E AINDA PENSO. "LEVITAR" UM POUCO O PESO DAQUELES MAIS DE DOIS ANOS EM MOÇAMBIQUE.
CADA UM NA ALTURA PROCUROU O MELHOR PARA SI.
MAS OUTROS LEVAVAM COMO MISSÃO.
"TAMBÉM PARA OS OUTROS", FOI GRATIFICANTE PARA MIM E SÓ POSSO FALAR POR MIM E NÃO GOSTO DE FALAR DE MIM, ACHO QUE CONTRIBUÍ UM POUCO, PARA A SEGURANÇA, BEM ESTAR E ALIMENTAÇÃO DOS QUE ESTAVAM COMIGO.
FIZ PORCARIA? 
FIZ !!!...
MAS NUNCA MANDEI NINGUÉM PARA A FRENTE, SEM EU IR UM POUCO MAIS ATRÁS. 
AGORA UM LOUVOR PARA MIM.
"ANDEI SEMPRE NAS OPERAÇÕES COM SACO ÀS COSTAS, COMO OS OUTROS QUE ME ACOMPANHAVAM".

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Boas Festas, por João Marcelino

"BOAS FESTAS"
 
Sendo a Saúde a Pérola mais Preciosa que se pode adquirir na vida de cada um de nós, desejo pois que ela faça parte da vossa Ceia de Natal e com um excelente acompanhamento de Fraternidade, Paz, Alegria e muito Amor e que essencialmente nunca vos falte nada.
 
Estes são os meus votos muito sinceros para todos os amigos, camaradas e seus familiares de dentro ou fora desta "página".
 
Quero Prestar Aqui a Minha homenagem a todos os Militares que fizeram parte deste Grande Grupo de Homens que formaram o Batalhão 3878.
 
Em Que Arriscaram Muitas Vezes as Suas Vidas em Prol Sabes lá de Quê !..
 
Não Esquecendo Tambem Todos os Camaradas Que Já Perecêram e Que Por Isso Já Não Estão Entre Nós, Para Esses Vai o Meu Grande Abraço de Enorme Saudade Onde Quer Que Eles Estejam e que Descansem em Paz...
 
UM SANTO E FELIZ NATAL PARA TODOS e LEMBRAI-VOS QUE O NATAL É QUANDO UM HOMEM QUIZER !..
 
 

Foto de João Marcelino.

 

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

O "Treme, Treme"..., por Fernando Bento

Foto Google

29 de Julho de 2013 22:12
Quando os Sapadores chegaram a Stª Margarida para integrar o I.A.O. (vínhamos de Bragança de dar uma especialidade de sapador), já todas as companhias se encontravam espalhadas pelas matas de Stª Margarida.
Ao chegarmos ao RC 4, fomos informados dessa situação e conduzidos de imediato, para o local onde estaria a C.C.S..
Depois de nos termos apresentado, tentamos arranjar sítio para dormir.
Sitio para dormir arranjamos, mas não havia colchões disponíveis, então fomos falar com o alferes Antunes, que era o Comandante de Companhia (depois tenente), para nos arranjar uma viatura para irmos buscar colchões.
Quando estávamos a falar com ele reparamos que o homem não parava de abanar a cabeça em sinal negativo, então o António com a sua perspicácia toda retorquiu: mas meu alferes, chegamos agora, não temos colchões, onde é que dormimos?...
O alferes, sempre a abanar a cabeça, respondeu: 
Ó homem, quem é que lhe está a dizer que não!
Vão lá buscar os colchões.
O homem ficou então conhecido pelo "treme, treme".

domingo, 22 de dezembro de 2013

1º DIA DE LIBERDADE LABORAL (ou talvez não), por Paulo Lopes


1º DIA DE LIBERDADE LABORAL
(ou talvez não)

O mar estava calmo como sempre, ou quase sempre, porque o sempre nem sempre é sempre, e entrava suavemente pela areia normalmente fina da belíssima praia da Vila de Sesimbra e que, estranhamente, ou não, tem o nome de Califórnia.
Da esplanada ouve-se o inconfundível ruído das suaves ondas a deslizar areia dentro areia fora, numa lentidão apaziguadora de males espirituais.
Não consigo ver fisicamente todo este encontro e desencontro entre o mar e o areal seco porque estou num nível um pouco mais elevado e recolhido desse espetáculo, mas nem necessito de fechar as pálpebras para sentir o mar a entrar, deslizar e novamente ser empurrado pelo leve ondear para dentro da praia num vai e vem constante e melancólico, dando-me uma sensação de paz e bem-estar.


E ainda houve alguém que me tenha dito, dias atrás: vais-te arrepender! Vais ter saudades!
Outros avisavam em tom acusatório: no início tudo bem, mas depois aborreces-te!


A todos eles eu respondi com relativa calma: aborrecido ando eu de estar aqui oprimido e pressionado por engenheiros que não o são e por “putos” que têm a mania que sabem tudo e mais que todos, desejosos que o mundo gire à sua volta convencidos que tudo pararia se eles não existissem.
Aborrecido ando eu aqui no meio desta gente que coloca os cifrões acima das pessoas e se pisam uns aos outros para obterem um pouco mais de poder.
Aborrecido ando eu de ver, constantemente, pavões a abrir as suas coloridas asas e rebolarem as suas penas pelo focinho dos camelos que os sustentam.
Aborrecido ando eu de andar aborrecido! Disto é que eu ando aborrecido e farto!...


E aqui estou eu, relaxadamente a beber uma bica, a deixar entrar no meu interior toda esta calma que o mar me proporciona, pensando no que me diziam e também numa auto pergunta: será que eu também fui como estes “putos” de que agora “fugi” e não teria afugentado também alguém que, nesse tempo, pensaria de mim o que eu agora penso dos que falo?
Será que quando me colocaram à frente de pessoas mais velhas e a chefiá-las, eu também lhes dei a sensação de querer o poder à custa do rebaixamento, do acalcar repressivo, em detrimento e exclusão do principal e do que eu sempre segui e coloquei à frente: as pessoas?...
Até me arrepio…

Mas deixemos para trás as constantes e repetidas palestras, os mesmos avisos de quem, muito provavelmente, estaria com vontade também de ir embora, mas que lhes ia faltando coragem para isso.
Amanhã, ou depois, nem desses avisos me vou recordar e se por qualquer razão ocasional me vierem à memória tais palestras, apenas dará para me colocar sorrisos no meu semblante.


Estamos em Outubro, ou melhor, ainda bem que estamos em Outubro porque, com um pouco de egoísmo, tenho a praia quase exclusiva para mim o que, deixemos nos de falsos pensamentos, é ótimo: o areal é meu, as ondas são minhas, a praia é minha e até a esplanada, não tem quem tente olhar para os meus movimentos!
E então pensei: que estou eu a fazer aqui sentado no café se posso estar ali, um pouco mais a baixo, dentro daquela maravilhosa água?
E ainda não estava a pergunta totalmente completa e já me levantava a caminho de um mergulho.

Afinal, apesar de estarmos em Outubro, o sol ainda aquece suavemente o nosso corpo e por isso, a praia não estava deserta, o mar não era só meu e as ondas tinham que ser repartidas: aqui e ali, como salpicos na areia, encontravam-se pessoas isoladas e uns dois ou três casais.
Mais ao longe, um pescador tentava a sua sorte ou talvez apenas matava o tempo, enterrando na areia as suas canas de pesca que, reparei depois, serem umas quantas e espalhadas pelo areal da praia.

Um dia destes tenho de ir pescar!
Pensei eu enquanto seguia os movimentos do pescador avarento, que queria a praia totalmente para seu uso exclusivo de serviço piscatório.
Provavelmente também pensou que em Outubro, ninguém teria no seu horizonte perder o seu tempo na praia!

por Paulo Lopes
Paulo Lopes

No dia em que o inimigo fugiu de mim... e eu dele..., por Manuel Cabral


Foto de Duarte Pereira.
Manuel Cabral
Duarte Pereira
Duarte e Lourenço,

Pois é, meus amigos, já passaram 40 anos desde a minha chegada a Macomia, para me juntar à CCAV 3509 e à vossa companhia!

Vocês regressaram nos princípios de 1974 e só nessa altura - com a chegada do Batalhão de checas, é que eu entendi o que era essa raça medonha de recém chegados da Metrópole!
Uma cambada de ignorantes, que diariamente punham a si e aos seus em eminente perigo!...

Lembro-me de uma das primeiras colunas que fiz com eles, subi na Berliet em frente ao quartel e o gajo arranca por ali abaixo, passa o cruzamento (da estrada para o Chai) e lá vai ele em direcção ao Alto da Pedreira, a todo o gás!
Como imaginam fui a viagem toda com o credo na boca!
 
Louvei por diversas vezes a sorte que tinha tido em apanhar uns gajos já tarimbados, o que facilitou a minha integração na realidade do local e do momento!
 
Lembro-me de ser assediado - já não me lembro por quem! - para trocar as minhas divisas novinhas de furriel por umas já usadas!
 
Enfim, os tempos que passei na vossa companhia nem foram assim tão maus!
 
Como o Duarte dizia no outro dia, havia ainda as escapadas ao Mucojo para uns banhos de praia, umas lagostas e ainda umas pequenas pérolas de que trouxe oito exemplares com que fiz um anel que ofereci à minha mãe!
 
E havia o Benfica e o Sporting, dois bairros do Mucojo, onde havia umas nativas sempre disponíveis para acalmar os ânimos...
 
Nas "protecções" que fazíamos às obras da estrada, ainda me lembro de levar uma daquelas camas de lona de praia, azul petróleo, e dormir até à hora do regresso...
 
Só uma vez tive contacto com o "inimigo", mas já não me lembro se foi ainda no vosso tempo, ou se terá sido depois.
Tinha ido numa patrulha rotineira - éramos largados num dia e recolhidos no outro, na nossa estrada - e ao final do dia caiu uma chuvada do "caraças".
Abrigámo-nos debaixo de uma árvore a aguardámos o amanhecer.
Durante a noite ouvimos umas explosões ao longe, mas com o temporal nem tivemos a certeza do que seria.
De manhã. com o clarear do dia e sem chuva, qual o nosso espanto ao vermos que aí a uns 150 metros estavam uns gajos a levantar-se também! Era o "inimigo"!
Não sei quem apanhou o maior susto - se nós (uns 10 heróicos defensores da Pátria!) se eles, um pequeno grupo de guerrilheiros!
 
Nós pensámos que eles tinham ido atrás de nós, a partir duma daquelas bases que tinham na região, e eles - soubemos depois que tinha havido um ataque a um aquartelamento, talvez o Chai, já não me recordo - devem ter pensado que nós éramos ou páras ou comando, lançados em sua perseguição!
 
Lembro-me que nós nos espalhámos numa linha e começámos a andar na direcção da "nossa" estrada, e eles, espalharam-se em linha e foram andando para o outro lado!
 
Dois grupos sensatos de inimigos!
 
Mas isto foi quatro décadas atrás!

Abraço

Manuel Cabral (2013-2-10)

domingo, 15 de dezembro de 2013

Tocam os sinos, por Luís Leote


Tocam os sinos
 
 
Quando andava na instrução primária, a professora pediu aos meninos que fizessem um verso alusivo ao Natal.
 
 O verso teria de começar assim:
Meia noite, tocam os sinos.
Ainda hoje me lembro do verso que fiz e sem ajuda

"Meia noite, tocam os sinos
e as mães guardam segredos
de manhã, os pequeninos
correm, a ver os brinquedos"


 

sábado, 14 de dezembro de 2013

O dia vinte e cinco de Dezembro chegou..., por Paulo Lopes

Da direita para a esquerda: Paulo Lopes, José Capitão Pardal e João Novo
Paulo Lopes

O dia vinte e cinco de Dezembro chegou trazendo consigo o Natal que foi passado sem árvore (das de Natal porque das outras, havia muitas!!!...), sem prendas, sem o calor da família, sem o prazer de dar e receber, sem a presença dum sorriso de criança, sem o bacalhau com couves ou as filhós amassadas e fritas, na véspera até altas horas da madrugada, para que estivessem "fresquinhas" e postas nas mesas para uma noite de consoada passada em família.

Nada.

Enfim, sem Natal.

Nem tão pouco o habitual frio existia neste dia de Natal, que caracteriza de forma inconfundível esta época do ano para os lados do Continente!...

Mas como diz o povo: Natal é quando o homem quiser.
Bonitas palavras!!!...

Foi uma noite e um dia, que se passou e era esse o meu (continuo a pensar que nosso) grande objetivo: passar os dias e as noites, um de cada vez, sem que os minutos parassem, nem a luz do radiante sol do próximo dia, nos deixasse de iluminar os olhos, o corpo e a alma.

A única novidade desse dia, pelo raro que era, resumia-se ao facto de nenhum grupo de combate estar fora do estacionamento.



 paulo lopes
in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

Natal, por Paulo Lopes

Paulo Lopes


PRESENTES DE NATAL

Não sabem os homens
que o sonho da criança
ultrapassa a barreira da ilusão
voam mais alto que as nuvens
criam fortalezas de esperança
onde nasce a sua confusão.

paulo lopes


NATAL

E eis que os focinhos
se elevam para o humano
arrebitam orelhas
para ouvirem os sinos

Levantam os olhos
para enxergarem luzes
vestem-se de bondade
constroem o presépio

Inventam os minutos
e olham curiosos
o rodar dos ponteiros

Mascaram-se...

paulo lopes (Moçambique / Mataca (1973)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Armando Guterres, por Duarte Pereira

Armando Guterres - Foto Duarte Pereira
 
CONTO "QUASE DE NATAL"
 
NASCEU PARA OS LADOS DA SOALHEIRA, DEVE TER TIDO UMA JUVENTUDE MUITO DIFERENTE DA NOSSA.
 
FREQUENTOU O SEMINÁRIO ONDE OBTEVE A ARGÚCIA NO SEU COMENTÁRIO.
 
PASSOU NA TROPA POR LOCAIS ONDE ALGUNS DE NÓS PASSÁMOS, MAS SEM "LEVANTAR ONDAS".
 
NÃO SE ESCONDIA NA "SOMBRA", MAS ANDAVA NA "PENUMBRA".
 
FOI MOBILIZADO E ANDOU NAS "TREVAS", MAS POUCOS DE NÓS O NÃO CONHECEM.
 
O "CABEDAL" NÃO É GRANDE, MAS CONSIDERO-O UM GRANDE HOMEM.
 
FOI UM PRAZER TER ALMOÇADO E CONVIVIDO CONTIGO NO SÁBADO PASSADO, 30 DE NOVEMBRO E ESPERO QUE OS OUTROS ELEMENTOS QUE COMPARECERAM PARTILHEM DA MINHA OPINIÃO.
 
OBRIGADO ARMANDO GUTERRES.
 
GOSTO DE PESSOAS SIMPLES "SEM PENEIRAS" . !!!!
 

Confissão... por Duarte Pereira...

O Comandante (Ten. Cor. Carvalho Simões), de que fala o Duarte Pereira

21 de Julho de 2013 17:06
 
HOJE ESTOU NA DISPOSIÇÃO DE QUEBRAR "TABUS", ATÉ MESMO COMIGO.
 
AQUELA MINHA FOTO AO LADO DO COMANDANTE (DEZEMBRO DE 1972 ), FOI QUANDO FUI GRADUADO EM ALFERES.
 
ACHO QUE FUI GANHAR 8 "MOCAS" MENSAIS.
 
NÃO CONSEGUIA GASTAR O DINHEIRO TODO.
 
NÃO TROQUEI POR ESCUDOS DO CONTINENTE A NÃO SEI QUANTOS POR CENTO.
 
SAÍ DE MOÇAMBIQUE SEM DINHEIRO DE LÁ.
 
TRANSFERIA PARA OS MEUS PAIS O QUE ESTAVA DETERMINADO.
 
QUE FIZ AO DE LÁ ???
 
O SOUSA DISSE QUE EU TINHA OFERECIDO AO PELOTÃO UMA GARRAFA DE UISQUE "SEBEL".
 
MANDEI CONSTRUIR DUAS "VIVENDAS" EM 1973, NO ALTO DA PEDREIRA E PAGUEI.
 
TINHA UMA CAÇADOR (A QUEM PAGAVA) PARA A MALTA TER MAIS "CARNINHA".
PEIXE NUNCA PAGUEI.
OU O FERNANDO LOURENÇO MANDAVA DO MUCOJO OU QUANDO ÍAMOS À "PESCA", METADE DO PESCADO ERA PARA O PESCADOR, QUE NOS FACULTAVA O BARCO E SOBRAVA, MUITO, MUITO....
 
NÃO SEI QUANTAS VZES ME DESENFIEI EM 1973, PARA IR À PESCA AO MUCOJO.
 
O FERNANDO LOURENÇO JÁ NÃO ESTAVA NO MEU PELOTÃO.
 
QUEM DEVIA FICAR NA BASE ERA O AMÉRICO COELHO.
 
O JOSÉ AUGUSTO MADEIRA DEVIA TER ACOMPANHADO.
 
É PENA NÃO ESTAR ENTRE NÓS PARA LER ESTES COMENTÁRIOS.
 
NUNCA CONVIVI MUITO COM O MADEIRA, ELE IA PARA AS PATUSCADAS DENTRO DO QUARTEL.
 
EU LEMBRO QUE ME ISOLAVA.
TINHA O QUARTO FORA DE QUARTEL, COM O ALFERES FORTES QUE VEIO A FALECER E APÓS O TRAGICO ACIDENTE FIQUEI COM O QUARTO SÓ PARA MIM.
 
MAS O MAIS ENGRAÇADO E É MESMO PARA ME "GABAR" O CAPITÃO ESTAVA DE BAIXA E EU ERA O SEGUNDO COMANDANTE DE COMPANHIA "UTERINO" QUANDO O AMÉRICO COELHO NÃO ESTAVA.
 
VER OS "VELHOS" SARGENTOS A BATEREM A "PALA" CÁ AO "JE" ATÉ ME "MIJAVA DE CONTENTAMENTO".
 
PODER CONDUZIR O JEEP DA COMPANHIA, INFELIZMENTE NÃO DEVE TER CHEGADO A UMA HORA ATÉ SER APANHADO PELO COMANDANTE, PAGAR ALMOÇOS OU JANTARES E DEPOIS VARIEDADES AOS CONDUTORES QUE IAM COMIGO, FOI DO MELHOR QUE PASSEI NAQUELA ANO DE JANEIRO DE 1973, ATÉ AO FIM DA COMISSÃO.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

E esta hem... para desanuviar..., por Duarte Pereira

Foto de ????????


19 de Julho de 2013 15:19
HOJE VOU PUBLICAR UM ARTIGO QUE NÃO TEM NADA A VER COM A PÁGINA.
CONFORME ESTAVA PROMETIDO AOS MEUS NETOS, HOJE ERA DIA DE PRAIA.
COMO TINHA DE IR A CASCAIS VER OS MEUS PAIS, OPTEI PELA PRAIA DA RIBEIRA TAMBÉM CONHECIDA PELA PRAIA DOS PESCADORES.
PESSOAL FOI DIFÍCIL, !!!!BALDES, PÁS, CARRINHOS, ANCINHOS etc..
LÁ CHEGÁMOS POR VOLTA DAS 10.15 Horas.
EU FUI O ÚNICO A NÃO LEVAR FATO DE BANHO.
MEIA HORA DDEPOIS JÁ HAVIA AREIA EM TUDO O QUE ERA SÍTIO. CARTEIRAS, TELEMÓVEIS , ROUPAS, etc..
COMECEI A FICAR NERVOSO.
QUANDO FICO NERVOSO TENHO DE FAZER CHI-CHI !!!
TIREI A CAMISA E OS SAPATOS E FUI AO BANHO.
AS PESSOAS, NACIONAIS E ESTRANGEIRAS OLHARAM PARA MIM COM ADMIRAÇÃO E DISSERAM:
ESTE TIPO ERA DO BATALHÃO 3878 MOÇAMBIQUE 72/74.
FIQUEI CHEIO DE ORGULHO :)

domingo, 8 de dezembro de 2013

Armando Guterres, por Paulo Lopes

Armando Guterres - foto de Duarte Pereira

por Paulo Lopes
 
Acompanhei este nosso amigo em aventuras e desventuras pelas matas dilacerantes de uma guerra que nunca, em nós (posso falar por ele neste aspeto) conseguiu alterar a forma de estar nela mantendo sempre em primeiro lugar o nosso real pensamento fazendo sempre por esquecer as ordens dos mandantes.
 
Perdi-lhe o rasto depois disso.
 
Soube mais tarde onde estava.
 
Fui visitá-lo.
 
Encontrei o mesmo rosto sorridente, a mesma forma de estar na vida, a mesma leitura do mundo, a mesma ausência de presunção.
 
Não poderei dizer que somos amigos do peito, assim como não o seremos a maior parte de nós mas, disso tenho a certeza, foi um elemento que sempre ficou guardado comigo por tudo o que ele representa na forma de sentir as pessoas e o mundo, nunca renegando as suas origens.
 
Muito mais gostaria de exprimir a minha amizade e admiração por este homem mas penso que seria desnecessário nem ele, muito provavelmente, gostaria.
 
Um abraço para ele.
 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A emboscada na picada Mueda - Mocimboa da Praia vista do ar..., por Fernando Bento



16 de Julho de 2013 23:29
Mais um episódio para a historia do nosso Batalhão, que vem na sequência da ajuda dos pilotos civis.
Não se alguém conheceu a ilha do IBO, ela faz parte do arquipélago das Quirimbas.
Em Maio de 1973, fiz parte de uma equipa que foi fazer inspeções militares a ex-elementos da "Frelimo" que aí se encontravam presos.
Dessa equipa fazia parte o capitão da 3509, o médico que na altura estava em Macomia, não recordo o nome, talvez os enfermeiros saibam, o alferes Mota e eu claro, que como escriturário (eu sapador), ia para ajudar os mancebos da Frelimo a preencher a papelada.
Uns tempos antes eu e o Mota tínhamos-nos deslocado a Nampula, no sentido de recebermos instruções para essa "missão".
Acabadas as inspeções que demoraram dia e meio, seguimos para a pista para o regresso a Macomia.
O avião só tinha três lugares vagos e azar, eu como menos graduado fiquei em terra o que foi uma "chatice", tive de esperar para o dia seguinte.
Fui para casa do administrador, almocei com ele e nessa tarde foi só praia.
No dia seguinte lá apanhei o avião, que era um avião que fazia a volta pelo Norte, depois do Ibo, aterrou no Quiterajo, a seguir Mocimboa da Praia.
Quando sobrevoávamos a picada de Mocímboa da Praia para Mueda, descortinamos um coluna militar que para aí se dirigia, a ser emboscada, perto de Diaca, o piloto ouvia os pedidos de ajuda da coluna, parece que a coisa estava feia, tinha rebentado uma mina e segundo parece havia feridos com alguma gravidade, então o nosso amigo piloto reforçou os pedidos de ajuda para Mueda.
Quando aterramos em Mueda já varias viaturas com pessoal seguiam para reforçar a coluna emboscada.
Depois de largar os passageiros seguimos então para Macomia, já só vinha eu e o piloto, durante esse trajeto não falamos de outra coisa que não fosse o que tínhamos acabado de assistir.
Ele que fazia aquela volta, assistia quase sempre a emboscadas naquela estrada.
Quanto a mim vê-la lá do alto era bem melhor.
Não sei se alguma vez comentei isto com alguém, estou agora a partilhar convosco.
Um abraço.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Feijão Macaco..., por Duarte Pereira

Feijão Macaco - fotos Google

Publicado por Duarte Pereira
30 de Julho de 2013 21:08
Feijão macaco

Em todas as guerras, uma grande percentagem das baixas não são devidas ao combate. Devem-se a carências de toda a ordem, das quais se podem salientar as dificuldades de alojamento e alimentação, o afastamento da família, doenças, acidentes de viação e por aí fora.

Mas África, continente fascinante, misterioso e por vezes cruel, apresentava, durante a guerra colonial, alguns perigos específicos a considerar. E, ao contrário do que muitos poderão esperar, não eram os leões, os leopardos, os rinocerontes, as cobras e os crocodilos, o que mais afetavam os nossos soldados.
Raramente eram avistados.
Eram de outra natureza, menos impressionante, mas muito mais insidiosa e traiçoeira.
Refiro-me aos mosquitos, abelhas e formigas.

Os mosquitos, porque para lá das incómodas comichões que provocam, eram portadores da malária.
Os casos dessa doença, por vezes fatal, ocorriam com uma certa frequência, apesar de todos os militares serem obrigados a tomar os medicamentos preventivos.

As abelhas, quando “incomodadas” nos seus ninhos ,com a passagem dos soldados, atacavam sem piedade tudo o que se mexia nas proximidades.
Nas operações, um desses ataques provocava a maior das confusões e a consequente quebra do silêncio e disciplina, tão necessários em situações de perigo.
De tal forma, que os guerrilheiros costumavam colocar minas anticarro junto aos enxames.
Quando a mina era acionada por uma viatura, os resultados eram avassaladores.
Os soldados ficavam com toda a pele exposta literalmente alcatifada por uma camada desses perigosos insetos.
E no caso dos feridos, o espetáculo tornava-se verdadeiramente dantesco.

As formigas, enormes e agressivas, mordiam sem piedade todos os incautos que tivessem o azar de se meter no seu caminho.
Quantas vezes, à noite, quando no mato se procurava um local para descansar ou para montar uma emboscada, toda a operação ficava comprometida porque os soldados desatavam aos pulos com as mordidelas das inúmeras formigas, que entravam para dentro dos camuflados.
Quase sempre, a única solução era sair do local, despir a roupa toda e sacudi-la (o que, por sua vez, abria uma possibilidade de ouro para os mosquitos nos picarem nas zonas mais despropositadas…).


Porém, havia ainda outro fator, raramente mencionado, que, não sendo grave nem provocador de doenças, causava imensos incómodos durante as operações. Estou a falar de um feijão selvagem de cor preta que, especialmente no norte de Moçambique, crescia a bom crescer nas terras abandonadas pelas populações locais por causa da guerra.

Na época seca, as vagens retorcidas desse feijão, libertavam umas palhetas microscópicas que se espalhavam no ar que, ao atingirem a pele, provocavam uma comichão incontrolável.

Se lhes tocávamos com as mãos, as ditas palhetas ficavam espetadas com tal densidade que formavam uma espécie de veludo, dificílimo de tirar.

As próprias populações nativas, quando no final da época seca, limpavam o mato dos terrenos destinados à agricultura, trabalhavam quase despidos, e com a pele pintada com uma espécie de pomada feita à base de cinza embebida em água.

E o pior é que nem a lavagem dos camuflados eliminava de todo a praga. E assim, mal se vestia, começava logo a comichão.
E não será por acaso que esse feijão era conhecido em Angola por “feijão maluco” e em Moçambique por “feijão macaco".

Autor: FERNANDO VOUGA (2006)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Poema "Os Mais...", por Paulo Lopes

Paulo Lopes


OS MAIS

Generais brigadeiros coronéis
secretárias e papéis
mapas coordenadas
guerras e guerrilhas
discussão promessas conclusão:
soldados no mato
com caras de enfarto
cabeça exposta
à guerra lamentada
com lágrimas e suor
daqueles que dela
pouco sabem ou nada.

Mas quando vem o dia
de saudarem os mortos
vivem os expostos
(às secretárias)
guardam os mapas
e vão receber medalhas.

paulo lopes (1973)