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sábado, 28 de março de 2020

"SEREI UM CAMELO ???? ... ", recordar a juventude escolar..., por Duarte Pereira

TEXTO " ABRASIVO "
"SEREI UM CAMELO ???? ... "

Quando fui para a escola primária aos seis anos, pensei que já era um homenzinho.
Comecei a levar na "corneta" dos repetentes e de filhos de pescadores da praia da Ribeira e da malta das outras classes.
Ainda não tinha visto filmes passados em prisões, em que um "gajo" tem de se orientar com um grupo.
Cheguei ao liceu e de novo me senti um homenzinho.
Uma farda da mocidade portuguesa.
A minha era diferente.
Como os mais pais não tinham "graveto", devem ter comprada a farda na Feira da Ladra.
Calções grandes, o cinto, o bivaque que me dava a volta à cabeça, e aquela camisa verde, já queimada pelo sol.
Já parecia um V.C.C.
Num dia a jogar à bola parti uma perna e deixei de usar a farda durante uns tempos.
Tive de arranjar uns amigos.
Eu sou Pereira, mas não queria levar umas "peras" .
Aos 18 ou 19 anos, já seria um homenzinho.
Tinha uns quatro ou cinco amigos, um deles mais velho e com um "carocha" da tia.
Fui para a tropa de levei com duas "cornetas" .
Uma delas era um gajo qualquer que apitava.
Outra delas, foi o que me humilharam e obrigaram a fazer.
Hora de ir para Moçambique.
Deram-me seis ou sete amigos e disseram-me que tinha de tomar conta deles.
Tomara eu que eles tomassem conta de mim.
Agora vamos ao ( CAMELO ABRASIVO) .
Ando por aqui há quase cinco anos, sei quem são os ex-combatentes da minha companhia.
Já conheço aqui do Grupo, alguns de outras companhias.
Vou pedir ao Armando Guterres para contar quantos membros ex-combatentes estão na página, com o seu nome.
Agora temos o CAMELO e o CIRCO.
O que tenho publicado era destinado à malta que esteve em Moçambique.
Não contava era com tantos espectadores de quem não consigo ouvir aplausos ou apupos.

Comentários
Logo ao nascer começamos a levar.
Comecei a escola primária na minha terra já com os meus 7 anos completos.
Talvez porque era baixo,franzino,todos queriam,e alguns faziam-no,"molhar a sopa".
Tanto levei e aturei,que um dia,parti uns quantos dentes a um,ao outro um braço,e a um outro deixei-o estendido no chão com um golpe de judo.
Sim,golpe de judo.
De outra vez que andávamos a "treinar" um desfile da Mocidade Portuguesa no pátio da escola Comercial,estando o Comandante Distrital a assistir,teve um colega que não parava de "resingar"logo por trás de mim.
Mandei-o calar mais que uma vez,como não se calou,levou um soco nos dentes há meia volta.
Remédio santo.


Na escola primária chamavam-me "avô" - aos 12 tinha esta altura e quase o mesmo peso.
Chateavam-me, mas só conversa ... um dia peguei no pescoço de um e forcei-o a meter o nariz no rego da rua em calçada portuguesa.
Sabem o que o rego levava, antes do saneamento básico?
No colégio da Póvoa da Atalaia, depois de ter abandonado o seminário, onde fiz os exame do 2.º e do 5.º ciências e exames em Castelo Branco. 
Um gajo, também deixou de me cheirar, meteu-se (não sabia que o prof estava longe) meti-lhe o nariz na calha da esponja do quadro de ardósia.
A secção de letras foi em Alpedrinha, para onde se deslocou o colégio. 
A prof de francês passou o ano a ameaçar que não levava a exame uns e umas que não ligavam.
Coitada, só no fim soube que os maus alunos iriam como externos a exame.
Era pacífico, nem levei nem dei porrada.

Belo texto, digno de Cervantes...

domingo, 12 de novembro de 2017

Ó Manel! cómer é tan bom e drumir???, por Armando Guterres

Armando Guterres 
para BATALHÃO DE CAVALARIA 3878
Ó Manel! cómer é tan bom e drumir???

Em 25 meses, vivi no aquartelamento da Mataca, no quartel de Macomia.

Dormi antes e depois de uma operação no Quiterajo.

Dormi muita vez na ponte Muagamula e poucas no Alto da Pedreira.

No mato da Mataca foram muitas noites, quase todas, bem sossegado.

E à cidade da Baía de Pemba fui cinco vezes levantar os dinheiros da companhia.

Abancávamos os quatro (um por companhia) na pensão Rosas.

Nas férias, sempre em casas particulares, de familiares e amigos.

Restou a primeira noite, no fundo de um corredor, em cima de um monte de colchões no quartel de Porto Amélia.


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

Sonhos recorrentes..., por Armando Guterres


Da minha parte, afirmo que o Picadas e o Batalhão Cavalaria 3878 me levaram a retificar algumas das coisas em que eu próprio participei.


Nunca tive pesadelos, mas sonhos recorrentes. 
Um deles sobre os últimos dias na Mataca, antes da rendição.



Principalmente a seguir ao arame farpado do lado do aldeamento era tudo muito alterado ou com grande ribanceira ou um monte e a Frelimo sempre por ali. 

Eu sempre à procura da roupa e dos sapatos, que a arma estava junto à cama ou no ab...rigo, da minha secção, que ia mudando de sítio e formato. 

Os carros formados para arrancar (naturalmente baseado na chegada em Fev 72 e muito longe do regresso em Março de 74). 

Os sonhos uns sem tiros e outros havia, sempre sem consequências. 

{Altura para acordar e fechar o sonho}. 

Isto anos. 

A realidade: os últimos dois meses estive na ponte Muacamula - Macomia. 


Portanto, recebi os checas na ponte. .

quarta-feira, 4 de janeiro de 2017

Mais poemas, por Paulo Lopes

Paulo Lopes 
Amigo Rui Briote
Foi, é e será isto o mundo que me faz pensar
  • POR TI ME FAZ PENSAR

    Desobediente floresce
    na claridade negra
    de uma análise interna.

    A realidade

    E a culpa recaída
    sobre a cabeça de ninguém
    revolta as veias paradas
    no seio da distância
    que por ti me faz pensar.
  • Eis-me aqui a assistir
    à interior evolução
    do poema

    Desde não sei quando aqui cheguei
    a minha luta se trava
    em batalhas de semântica

    Para aqui vim por cá fiquei
    habito a terra
    e fui semente

    Colono a desvendar esta floresta
    de dúvidas - vou habitando
    o sonho que me mente

    quinta-feira, 24 de setembro de 2015

    A população da Mataca, por Armando Guterres

     
    A população foi junta e enfiada num arame farpado.

    Claro que para aquelas "cabecinhas" havia de as pôr perto do aquartelamento ... as condições de vida, não contaram, como é óbvio !!! - Pouca água e salobra.
     
    Fizeram as machambas um pouco afastadas, onde havia água um pouco melhor.
     
     

    No antigamente, na zona a sul da serra do Mapé, a população vivia isolada e nalguns pequenos aldeamentos.

    Estive no mapa do Google e fora Chicomo, não encontro aldeamentos a menos de 40 km para este, a norte até ao rio Messalo e até perto de Muagide.
     
    Neste território, no nosso tempo havia população protegida pela Frelimo.

    quarta-feira, 16 de setembro de 2015

    Apanhei o Armando Guterres, por Duarte Pereira

    Duarte Pereira
     
    FUI VISITAR A PÁGINA DO FERNANDO SILVA E APANHEI O ARMANDO GUTERRES.
     
     
     
    CONTO "QUASE DE NATAL".
     
    NASCEU PARA OS LADOS DA SOALHEIRA, DEVE TER TIDO UMA JUVENTUDE MUITO DIFERENTE DA NOSSA.
     
    FREQUENTOU O SEMINÁRIO ONDE OBTEVE A ARGÚCIA NO SEU COMENTÁRIO. ...

     PASSOU NA TROPA POR LOCAIS ONDE ALGUNS DE NÓS PASSÁMOS, MAS SEM "LEVANTAR ONDAS". 

    NÃO SE ESCONDIA NA "SOMBRA", MAS ANDAVA NA "PENUMBRA". 

    FOI MOBILIZADO E ANDOU NAS "TREVAS", MAS POUCOS DE NÓS O NÃO CONHECEM.

    O "CABEDAL" NÃO É GRANDE, MAS CONSIDERO-O UM GRANDE HOMEM.

    FOI UM PRAZER TER ALMOÇADO E CONVIVIDO CONTIGO NO SÁBADO PASSADO, 30 DE NOVEMBRO E ESPERO QUE OS OUTROS ELEMENTOS QUE COMPARECERAM PARTILHEM DA MINHA OPINIÃO. 

    OBRIGADO ARMANDO GUTERRES.
     
     

    GOSTO DE PESSOAS SIMPLES "SEM PENEIRAS" . !!!!
     

    sexta-feira, 28 de agosto de 2015

    Resposta à Confissão, por Paulo Lopes

     
    Paulo Lopes

    Duarte Pereira
    Continua amigo.
    Estou a gostar que dês ao dedo, espremendo os neurónios adormecidos, ainda com a adição de estares a gostar.
    Por mim, tens leitor e, como é de meu apanágio, resposta em estilo de comentário.

    Começando de baixo para cima:
    Também tenho guardados esses dois trapos verdes com três fachas douradas em bico (ainda de fundo dobrado para que ficassem mais pequenas) e o crachá de plástico "perguntai ao inimigo quem somos" (perguntei-lhes mas eles, como mal educados que eram, não me responderam).

    Curiosamente está tudo guardado numa gaveta juntamente com as medalhas do andebol!

    Quanto ao resto é a história profunda do fundo da nossa história dos primeiros seis meses de "guerrilheiros" de cá e de além mar.
    Depois, talvez tenha sido diferente os contos e o destino de cada um.
    No meu caso, tirando os "crosses" matinais, a ginástica e de vez enquanto uma ou outra instrução nocturna de combate (como se algum de nós percebesse alguma coisa do que aquilo era) ia-me baldando conforme podia a dar instrução valendo-me para tal os treinos de futebol de 5, desporto pelo qual era guarda-redes dos sargentos do quartel de Beja, onde estávamos inseridos no respectivo campeonato militar. (Cheguei até à final mas já não a disputei por ter sido mobilizado mas constou-me que foram campeões).

    Durante miúdo (que sempre fui) tocava (???) viola nos vãos de escadas e em casa de amigos quando os pais não estavam; jogava à bola na rua, fugia à polícia (mais por receio de, à noite, se fosse apanhado pelo bófia, levar no focinho do meu pai), não ia à chinchada em Lisboa mas fazia-o em Castelo Branco, terra onde ia passar as minhas férias escolares (3 meses).

    Fazia tudo isso e mais um par de botas, menos o que deveria fazer: estudar!
    Mas, aos 14 anos, acabou-se a brincadeira e começou o trabalho diário e a escola noturna!

    Tropa!!! No ultramar??? Fugi ao que pude e comandei o menos possível (só não consegui bater aos pontos o nosso querido Guterres).

    Mas todo esse tempo do antes e depois, já tu leste em algumas passagens do que escrevi.
    E agora diz lá tu que o que escreveste já ia longo!

    Escreve amigo. Escreve muito e muito, porque o muito será sempre pouco.
    Um abraço e espero mais.


    quarta-feira, 19 de novembro de 2014

    Na apanha do Caju II, por Paulo Lopes

     
    Se eu tivesse colocado isto ou todo o capítulo verias que isso foi na sequência de mais uma coluna Mataca / Macomia e sei que nessa altura Armando Guterres, eras tu que comandavas o grupo que depois foi substituir o meu na apanha do Caju!
     
     
    Provavelmente o gajo fez-te ir dar uma voltinha quando estavas no quartel e eu na apanha do caju!
     
    Mas eu passo essa parte do livro:
    ...................................................................................................
    Estava a refrescar-me um pouco com um banho de água, que não lavava nada, quando me vieram chamar para que fosse ao gabinete do Comando.
    Quando cheguei já la estavam os furrieis Guterres, Almas e o alferes Louçã.
    Este ultimo disse:
    — Amanhã temos coluna.
    As pontes já estão consertadas.
    Não sei como nem porquê, mas essa tarefa coube a Macomia!
     

    — A saída, como de costume era às quatro e meia da manhã, portanto providenciem para que o vosso pessoal se encontre preparado a horas.
    Mas atenção! prosseguiu: — Preparem-se para outra missão.
    Esta coluna é só de ida.
    A volta fica para mais tarde!
    De Macomia, vamos de imediato seguir para outras paragens, julgo eu para fazer proteção à apanha do caju.


    — Por quanto tempo? —Perguntou um de nós como se a quantidade daqueles próximos dias tivessem algo de extrema importância.
    — Penso que será até ao fim do mês, mas é melhor contar com vinte ou vinte e cinco dias. Respondeu o alferes continuando: —Isto são ordens do major e como sabem, nunca se sabe o que vai sair daquela cabecinha!!

    in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
    paulo lopes

    sábado, 5 de julho de 2014

    As comadres são Acutilantes, por Duarte Pereira

    Duarte Pereira


    BOM DIA. 
    JÁ REGÁMOS E VIEMOS PARA AQUI "REGAR" MAIS UM POUCO. 
    VIMOS OS COMENTÁRIOS DO SR GUTERRES DE ONTEM À NOITE E FARTOU-SE DE METRALHAR EM TUDO QUE ERA SÍTIO, COM AS SUAS FRASES CURTAS E MUITO CONSISTENTES. 
     
    É UMA DOR DE ALMA ANALISAR AQUELES COMENTÁRIOS TÃO ACUTILANTES. 
     
    GERTRUDES - O QUE É ISSO DE ACUTILANTES?? 
     
    MARIA, ACUTILANTES É O QUE PENSA COM A SEGUNDA E TERCEIRA LETRA E ATIRA PARA DIANTE. 
     
    FOMOS AO GOOGLE E ESCREVEMOS BATALHÃO DE CAVALARIA 3878, LOGO EM PRIMEIRO LUGAR O BLOG DO COMPADRE PARDAL. 
     
    DEVE PAGAR UM DINHEIRÃO PARA ESTAR EM DESTAQUE. 
     
    CLICÁMOS E O PRIMEIRO ARTIGO ERA NOSSO.

    ANDAMOS A FICAR FAMOSAS, MAS POUCA GENTE CONHECE O BATALHÃO. 

    O SR MARCELINO ANDA EUFÓRICO COM A APROXIMAÇÃO DA DATA DO ALMOÇO. 

    ENQUANTO SE ESCREVE VAMOS OUVINDO NO "CUME DA SERRA".

    AGORA "CUME" TEMOS MAIS QUE FAZER VAMOS SAIR. 

    BEIJINHOS PARA TODOS..

    quarta-feira, 25 de junho de 2014

    As comadres no Face, por Duarte Pereira


    segunda-feira, 14 de Abril de 2014

    QUARTO DIA

    Este será o quarto dia que escrevemos no nosso "blog".

    A inspiração anda fraca.
    Acompanhamos o Face do Batalhão de Cavalaria 3878
    Moçambique 1972/74....
     
    Algo se passa naquela página, anda a perder o fulgor.
    Agora com as férias da Páscoa ainda deve ir mais abaixo.
     
    Nós, as Comadres, lá vamos tentando puxar por aquela malta.
    Comentando, provocando, maldizendo.
     
    Mas, andam lá uns cordeirinhos que às vezes e com grande esforço, lá vão clicando no "gosto" ou "like" ou lá o que é aquilo.

    Já falámos de vários assuntos, que quase ninguém comenta.
    Só nos querem sanear.
    Somos a voz do povo, não a voz de Deus, mas aqueles "ateus" não nos ligam nenhuma e não seguem os nossos conselhos de "jovens" que já curtiram a vida e podem ensinar muita coisa. 

    Vamos acabar por hoje,
    Beijinhos para todos.
     
    (AS COMADRES)

    sábado, 22 de fevereiro de 2014

    E assim começa o livro, por Paulo Lopes


     
     
    Rui Briote! Nem eu e já escrevo (para mim, principalmente) há muito tempo e, neste meu livro que uma plateia restrita leu e que agora, a conta gotas, os meus companheiros de "guerra" vão tendo a paciência de ler, começo por dizer:
    Como é evidente, tod
    os os nomes constantes neste romance (se for esse o titulo que se lhe possa ser atribuído) são inventados, assim como também tudo o resto, e o resto nem sempre é tudo o que sobra, porque sobra ainda a veracidade das cidades, vilas, lugarejos e pontos esquecidos nos mapas convencionais.

    Tudo o que poderá parecer ,não o é, e será isso sim, uma pura e simples coincidência.

    Coincidências aplicadas a nomes de tantos jovens feitos homens prematuros que já não podem; não querem; ou não conseguem, ler estas palavras que descrevo.
     
    Digo eu que tenho, quando em vez, de dizer coisas.

    Não sou escritor, porque a capacidade para tal está tão longe como África.

    Apenas e ao longo de anos, juntei folhas rascunhadas, rasguei e voltei a rascunhar, dando origem a este amontoar de frases que, unidas, têm a intenção (pensamento secreto e reservado) de ser uma simples crónica transformada em livro!

     
    Apenas e somente isso:
    intenção (pouca).

    E assim começa o livro.