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domingo, 16 de agosto de 2015

O VAGOMESTRE MACHADO, por Gilberto Pereira


ESTE MILITAR QUE JÁ TODOS CONHECEM.
FOI O ÚNICO QUE EU CONHEÇA QUE TEVE A CORAGEM DE AFRONTAR E DISCURDAR DAS ORDENS DO COMANDANTE SIMÕES.
 
EPISÓDIO...
COLUNA DE REABASTECIMENTO PARA PORTO AMÉLIA.
O VAGOMESTRE MACHADO NÃO QUER IR E MANDA OS CABOS.
O COMANDANTE SIMOES DÁ ORDEM PARA ELE IR PORQUE A COLUNA NÃO PODIA ESPERAR MAIS.
O VAGOMESTRE MANDA DIZER AO COMANDANTE PELO CABO QUE NÃO VAI.
O VAGOMESTRE ESTÁ NO QUARTO A BEBER UMAS CERVEJOLAS.
O COMANDANTE MANDA O CABO DIZER SE ELE NÃO VEM JÁ MANDA-O AMARRADO Á VIATURA.
PERANTE ESTE INSÓLITO FOI ACONSELHADO POR MIM E OUTROS QUE ERA MELHOR IR.
ESTAVA DE FARDA 3 E DE ALPERCATAS, COLOCOU A BOINA NA CABEÇA, CALÇOU UNS SAPATOS PRETOS DE VERNIZ COM ATACADORES AMARELOS E APRESENTOU-SE NA PARADA E A COLUNA FINALMENTE SAÍU.

CHEGOU A PORTO AMÉLIA DEIXOU OS CABOS A TOMAR CONTA DO REABASTECIMENTO E PEGOU AVIÃO PARA NAMPULA.
SEGUNDO SUA VERSÃO FOI AO SECTOR FALAR COM UM SUPERIOR AMIGO ALTA PATENTE E VOLTOU A PORTO AMÉLIA A TEMPO DE REGRESSAR COM A COLUNA.

QUANDO CHEGOU O COMANDANTE SIMÕES JÁ TINHA ORDEM DO SECTOR PARA NÃO PODER DAR PORRADA NELE.

ESTE CARA PERTENCIA Á "ANP" E O COMANDANTE APENAS O PODE CASTIGAR PELAS DESOBEDIÊNCIAS MANDANDO-O PARA SALVO ERRO ROVUMA.

TODOS OS DIAS NO ROVUMA CHOVIA MORTEIRADA E ESTE CAMARADA PASSAVA OS DIAS EM CIMA DO ABRIGO COM UMA CAIXA DE CERVEJA POR COMPANHIA.

MAIS TARDE VEIO PARA A ZONA DE PORTO AMÉLIA E ONDE SE DIZ QUE VEIO A ENCHER-SE DE MASSA.

PROMETEU QUE NUNCA VIRIA PARA A METRÓPOLE NO AVIÃO QUE VIESSE O COMANDANTE, NEM QUE PARA ISSO TIVESSE QUE ALUGAR UM AVIÃO SÓ PARA ELE.

NÃO ME LEMBRO DE ELE TER VINDO CONNOSCO.

QUEM O CONHECCEU SABE QUE ERA UM BACANO.

quarta-feira, 30 de julho de 2014

HÁ COINCIDÊNCIAS DO "CARAGO", por Duarte Pereira


E AINDA DIZEM QUE AS COMADRES SÃO PARVAS.
RESPOSTA AO GILBERTO PEREIRA ONTEM:
 
Velhas DE Estremoz Alentejanas:
COMO "GOSTA" TANTO DE NÓS, PODEREMOS COMENTAR.
CADA UM DE VÓS "TEVE A VOSSA GUERRA".
PARA UNS CORREU MAL, MUITO MAL, PARA OUTROS CONTINUA A CORRER MAL E HÁ MUITOS ANOS.
 
OUTROS CASOS COMO O DO NOSSO AUTOR, TIVERAM A FELICIDADE DE PASSAR "PELOS PINGOS DA CHUVA".
 
 
A SAUDADE NÃO O "MATOU".
ELE RECORDA COM, DIGAMOS "AMOR", A CAMARADAGEM E ENTREAJUDA DE TODOS OS QUE O ACOMPANHARAM.
 
NÃO TEVE PRESSÃO POLÍTICA, CIRCUNDOU A PRESSÃO DOS "AMARELOS" COMO DIRIA PAULO LOPES.
 
 
 
SÓ AINDA NÃO PERCEBE PORQUE EM MILHARES DE EX-COMBATENTES TEVE A "SORTE" DE APANHAR AQUELE QUARTO PELOTÃO COM AQUELA MALTA, O EX-FURRIEL FERNANDO LOURENÇO E O EX ALFERES AMÉRICO COELHO.
 
HÁ COINCIDÊNCIAS DO "CARAGO" .

terça-feira, 27 de maio de 2014

As Comadres e o Major, por Duarte Pereira

MEUS SENHORES
 
TEMOS INFORMAÇÕES "CONFIDENCIAIS" DO VOSSO EX-MAJOR DE OPERAÇÕES.
 
ESTUDOU NO COLÉGIO MILITAR, PODERIA TER TIDO UMA CARREIRA MILITAR DE SUCESSO.
 
TINHA MAIS QUINZE ANOS QUE VÓS.
 
NÃO SABEMOS QUANTAS COMISSÕES TERIA FEITO ANTES DA VOSSA....
 
NÃO SERIA BURRO DE TODO.
 
QUANTOS TERÁ CASTIGADO E PREJUDICADO NO BATALHÃO??
TEMOS INFORMAÇÃO DO DIAS NUNES, QUE PARA NÃO DAR "PORRADAS" ENVIAVA OS MILITARES DE CASTIGO PARA A 3509.
E QUE CASTIGO!...

POR QUE TERÁ COMEÇADO A BEBER??
CASAMENTO?
MAL COMPREENDIDO?
CONTRA QUALQUER COISA??
UM MILITAR DE CARREIRA, APAIXONADO PELA MESMA NÃO BEBERIA.

DA PARTE DO NOSSO AUTOR, SABE QUE OFERECEU UM FRIGORÍFICO PARA O ALTO DA PEDREIRA.
MANDOU O QUARTO PELOTÃO FAZER UMA OPERAÇÃO COM O FERRAZ PARA OS LADOS DO QUITERAJO MUITO COMPLICADA.

"CONVIDOU" O TERCEIRO PELOTÃO A FAZER UMA OPERAÇÃO DE TRÊS, QUATRO DIAS EM TRIÂNGULO E ELES SEGUIRAM PELA HIPOTENUSA.
 
O NOSSO AUTOR VIU UM ACAMPAMENTO DE TURRAS ASSALTADO PELOS GE´S E BOSTA DE ELEFANTE.
 
AVANÇAR COM CATANA FORA DOS TRILHOS, NOITES "PAVOROSAS", EXPERIÊNCIA ÚNICA"). 

O NOSSO AUTOR ESTAVA LONGE (DAS DECISÕES).

QUEM ESTEVE PERTO DELE PODERÁ TER OUTRA OPINIÃO.

ACABOU A SUA CARREIRA COMO CORONEL.
MORREU PORQUE ABUSOU DO TABACO E DA BEBIDA, DE DOENÇA QUE APOQUENTA TANTOS SERES HUMANOS (CANCRO).
MORREU AOS 65 ANOS.

PELO QUE TEMOS LIDO DO SR. RUI BRANDÃO, ELE (RUI BRANDÃO), MERECERIA UM "VALENTE CASTIGO" E COM A FAMÍLIA.
 
IR UM MÊS PARA O ALTO DA PEDREIRA.
HAVIA INSTALAÇÕES CONDIGNAS.
 
  • O Major Fernandes, creio que ainda foi 2º Comandante do RC3, em Estremoz.
  • E o então Ten. Cor. Carvalho Simões, Comandante do BatCav 3878, quando regressou veio para Comandante do RC3, já como Coronel (tem a sua foto na galaria dos Comandantes do RC3).
  • O Tem. Cor. Carvalho Simões foi, posteriormente, Comandante da Região Militar Centro, em Coimbra, já como Brigadeiro, tendo-se reformado nesse posto.
     

sábado, 24 de maio de 2014

ACONTECEU ANGÚSTIA EM MACOMIA - Capítulo III, por Rui Brandão


ACONTECEU ANGÚSTIA EM MACOMIA
CAPÍTULO III
O quê?
Outra vez aquela chachada toda?
Nem penses...

As mulheres por vezes têm o tal feeling:
- Não te esqueças da nossa situação.
A casa, o meu emprego e é melhor não haver chatices no quartel.

Eu era (como todos nós) maçarico ou checa se preferirem, naquele ambiente de África dita portuguesa.
O medo ou receio - já não sei - lixa-nos o raciocínio e as ideias...
Para abreviar, lá levei mais uma xaropada, que sem tirar nem por, foi a mesma lengalenga da anterior.

Vim a saber mais tarde que o(s) convite(s) que me eram endereçados, tinham apenas o suporte de o Sr. Administrador gostar de acrescentar mulheres brancas aos seu jantares institucionais.
Porra!!! 

Para além do fascismo e o colonialismo (que é uma vertente do primeiro) descobri também o racismo. 
Tudo completo...
A memória já não me deixa ter a certeza se "mamei" mais um jantar daqueles.
Mas sei que um dia (tinha que se dar...) disse NÃO de vez.
Acabou!!!
Perante as insistências da minha mulher, pedi-lhe que inventasse uma desculpa qualquer (que eu estaria de Sargento de dia ou coisa assim), já que seria tipo radical dizer-lhe que não era "simpatizante" do regime político em vigor.
De fato não se passou nada de registo a seguir, sei que os convites acabaram.
Até que um dia...
Houve a festa de despedida do Sr. Adjunto.
Coisa fresca...Foram convidados todos os Oficiais e eu como único Furriel (lá estava novamente a mulher branca...) para o jantar de despedida.

Foi qualquer coisa de hilariante.
Recordo-me que estava uma das noites mais quentes que encontrei em Moçambique. 
A malta desatou a beber em roda livre. 
Começaram a ouvir-se vivas ao proletariado! 
Canções revolucionárias de Coimbra (...e o chapéu aos quadradinhos e o chapéu aos quadradinhos), estrofes dispersas de Zeca Afonso. 

Na despedida já altas horas da noite, os Oficiais deram a entender que se iam embora e o Sr. Administrador (sempre com aquele seu ar apaneleirado) vinha para a porta despedir-se.
A malta despedia-se e voltava a entrar. 
Isto foi repetido por diversas vezes. 
O escape coletivo estava a funcionar...
Recordo-me que nesse mesmo dia, o Alf. Branco (do Esquadrão) tinha mandado a mulher embora (senão também lá estaria...); apanhou um "buba" daquelas das antigas. 
Dançava com movimentos ondulantes do corpo com os braços à volta do pescoço dando a entender que estaria a dançar com uma parceira. 
O pessoal anfitrião estava escandalizado!!!
O Alf. Marques Pinto do Esquadrão (grande malha) gritava-me: Brandão, morreu um homónimo teu na Guiné, recebi hoje uma carta da namorada dele. 
Filhos da Puta!!! Eu sou um comunista extraviado!!!
Nota talvez interessante... 
O PIDE estava mesmo atrás dele e ouviu tudo. 
Tudo o que o Marques Pinto falava comigo e aquilo que eu respondia em sintonia com ele.
Não vale a pena adiantar muito mais. 
O jantar foi num Sábado. 
No Domingo de manhã, todos os Alferes foram chamados ao gabinete do Comandante. 

O PIDE foi-lhe dizer que comandava um Batalhão subversivo e que tivesse muito cuidado.
O Comandante (os Alferes poderão contar melhor por que eu não estive nessa reunião) pediu mais contenção e cuidado com os comportamentos (mais ou menos isto).
Quanto a mim, bem quanto mim a rampa tinha acabado de subir o que poderia subir. 
A partir daquela noite foi sempre a descer...
Passados mais ou menos 2 meses (eles sabiam como fazer as coisas...) recebi uma carta dizendo que teria que passar a pagar renda (já publiquei nesta página uma imagem de um desse Recibos).

Comecei a ser seguido por um PIDE, que naquela altura estava em comissão (presumo que sabem, que os PIDES rodavam mais ou menos de 3 em 3 ou de 4 em 4 meses). 
Apanhava-me quase sempre quando eu ia sozinho ao Bar de Sargentos durante a tarde ou de manhã. 
A puta da conversa era sempre a mesma:
- Olá Sr. Furriel. Tudo bem? a família tem mandado notícias? como é que tem andado? Animado? etc, etc, etc,.
Torneava sempre as questões e demonstrava que estava com pressa. 
Pirava-me logo do Bar de Sargentos.
Passado um mês a minha mulher foi despedida da Administração. 
Boa!!! 
Aquilo estava mesmo a aquecer.

Poucos dias depois fui chamado ao gabinete do Comandante. 
Tinha recebido uma queixa da mulher do Sr. Adjunto (o tal que se tinha ido embora) que a minha mulher tinha uma dívida de 3 mil e tal escudos para com ela e nunca a tinha pago. 
O Comandante apontou-me o dedo e disse-me que não queria vergonhas com nenhum homem dele. 
Fiquei parvo e sem capacidade de resposta. 
Não sabia o que dizer. 
Disse apenas que não sabia e ia tentar resolver o problema. 

Descobri que era tudo mentira e que a tal "queixa" foi forjada na Administração.
Passados dois dias entreguei a quantia exata ao Comandante (inicialmente ele não queria) para que ele ficasse com a certeza que sempre tinha as minhas contas em dia.
Poucos dias depois fui chamado ao gabinete do Sr. Administrador. 
Bonito!!! pensei eu; o que é que este me quer agora?
Apresentei-me às 3 horas (hora combinada).
 Foi um espetáculo de fúria Fascista/Colonialista.
Chamava-me (dizia ele) para me dizer que não aceitava comportamentos indignos dos Oficiais do Batalhão!!! (queres ver que o gajo agora droga-se...). 

Estava furioso porque o Alf. Andrade tinha ido embora de férias e tinha levado a mulher com ele (ela também regressou de vez) e nem sequer tinha ido despedir-se dele!!! (dele, Administrador, entenda-se). 
Tinha-lhe arranjado uma casa (ficava um pouco abaixo da porta de armas ao lado da casa do Sarg. Ventura - mecânico).
E continuava com uma lição de moral à moda dele, sem eu perceber quando é que eu ia "entrar em campo". 
Começou a tornar-se repetitivo e até mesmo cansativo. 

Decidi provocar...
Recostei-me na cadeira, cruzei as pernas e entrelacei os dedos.
Foi o caraças!!! 
=O Finório levantou-se (mas ficou atrás da secretária) espumava/babava-se (verdadeiramente) e apontava-me o dedo. 
Não admitia a militar nenhum faltas de respeito e comportamentos como o do (Ah, aí apanhei-o!!! não foi capaz de se referir a mim) Sr. Alferes Andrade.
Como bom fascista/colonialista, não teve tomates de enfrentar um Furriel miliciano (eu era o Furriel miliciano mais graduado do Batalhão) em comissão em zona de 100%).

Claro que tudo aquilo era exatamente para mim.
Passados uns dias recebo uma carta a dar-me 30 dias para abandonar a casa, uma vez que a Administração ia precisar de alojar um novo funcionário que estaria a chegar. 
Claro que nunca chegou nenhum funcionário. 
Dali a 30 dias estava na rua (leia-se no meio do mato) com a minha mulher e uma bebé de um ano e mais alguns meses.
*** Continua no próximo Capítulo
Gosto · 

quarta-feira, 21 de maio de 2014

ACONTECEU ANGÚSTIA EM MACOMIA - Capítulo II, por Rui Brandão


ACONTECEU ANGÚSTIA EM MACOMIA
CAPÍTULO II
Quando a minha mulher me diz que tínhamos que ir jantar a casa do Administrador, fiquei sem saber o que dizer. 
Aquilo não estava previsto. 
Eu não estava preparado para uma coisa daquelas. 
Mas a propósito de quê, é que eu mais a minha mulher era convidado para ir jantar a casa do senhor mais poderoso lá do sítio? 
A minha mulher percebeu e atalhou de imediato; não tens alternativa...

Ok, farda nº 2, sapatos engraxados e ela só não foi ao cabeleireiro por que não havia esse tipo de loja lá naquela terra do norte de Moçambique.

Na sala enorme e com decoração mais do que colonialista, fomos recebidos em casa do Sr. Administrador por um criado mais ou menos bem vestido (presumo que era um dos milícias que costumava montar segurança à casa do Senhor...).

Comeu-se do bom e do melhor (marisco à brava e carne no forno e mais não sei o quê...). 
A mesa estava composta por 10 a 12 pessoas. 
O Administrador e o seu Adjunto e as respetivas esposas. 
Um senhor ainda jovem (se a memória não me falha, era um dos PIDES que estava lá em comissão nessa altura), penso que o funcionário dos correios também, e mais 4 ou 5 pessoas que já não me recordo quem eram.
A conversa à mesa abordava temas correntes da Administração dos quais eu estava completamente a leste. 
Aliás nessa noite estive sempre com aquele ar de parvo sem saber o que dizer ou puxar qualquer tipo de conversa.

Chegou o momento da sobremesa...
E eis que o Sr. Administrador se levanta!!! 
Ele, com aqueles calções brancos e uma camisa igualmente branca com umas "merdelices" douradas nos ombros que lhe conferia um ar de "paneleiro mal comido". 
Eu estava atónito!!! 
Ele começou a discursar!!!
Iniciou com um "apelativo" - Neste difícil Concelho de Macomia!!! - Rebebéu, Rebebéu, Rebebéu, onde no meio daquele destilar de conceitos fascistas e colonialistas, tais como "a presença de Portugal em África" e ainda "Portugal do Minho a Timor" terminou com um viva a Portugal Uno e Indivisível!!! 
Claro que as palmas se soltaram. 
Eu estava estarrecido. 
Já não me lembro o que se terá passado a seguir, mas a noite terminou com o Sr. Administrador a cumprimentar a minha mulher com um "beija mão" já à saída, junto à porta.
Cheguei a casa e disse à minha mulher:
- Nunca mais!!! Ouviste? Nunca mais!!!

Passadas mais ou menos 4 a 5 semanas, a minha mulher chega a casa vinda do emprego e diz-me:
- Fomos novamente convidados para ir jantar a casa do Sr. Administrador...

***Continuação no próximo capítulo

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

O arrear da Bandeira, pelo Gilberto Pereira

 
VOU CONTAR UMA HISTÓRIA AO PARDAL E AO DUARTE:
 
Um dia à hora de arrear a bandeira, eu estava de Sargento Dia e acho que o Cabo Dia era Silva e o pelotão sapadores e o "pelrec" estavam fora, logo os dois, que tinham essa missão.
 
Como não chegavam, eu disse ao cabo para arranjar aí uma malta para irmos arrear a bandeira.
 
Então apareceram escriturários, impedidos, cozinheiros, eu sei lá--- fiquei a olhar para aquilo, uns de farda nº 2 outros com a nº 3, uns de botas, outros de alpercatas enfim...
A corneta tocou e lá foi aquela "cowboiada" toda; esquerda, direita, esquerda. direita.
 
Quando á voz de alto, iam caindo em cima uns dos outros.
À voz de direita volver, uns ficaram virados para a bandeira, outros ao contrário.
Imaginem o que eu não lhes disse.
 
Nessa altura, já tinha visto o Comandante a espreitar da janela, logo vi que ia sobrar para mim...
Acenei ao clarim para dar o toque para arrear e depois na voz de direita volver, um que não me lembro quem era, até ficou virado pro Subtil e até lhe disse: estás com fome?
 
Começaram a marchar passos trocados...
 
Nisto o comandante abriu a janela, e á voz de ombro arma, um ficou com a arma que parecia que ia aos pardais...
Nisto só ouvi a voz do comandante: nosso furriel, depois venha ao meu gabinete.
E aquela escumalha, lá chegou ao portão todos contentes a pensar que tinham feito um figurão.
 
Destroçar.
Aí é que eu lhes disse, o que nem o diabo gostava de ouvir!!!! 
 
2ª parte
 
E agora falta o mais difícil, disso eu tinha consciência: que fazer? o que me vai acontecer?
 
Pensei rápido, puxei a culatra atrás e lá fui: Entrei no gabinete do Comandante com a performance dum militar de carreira.
Ele estava atrás da secretária, levantou-se e disse-me tanta barbaridade e cada uma eu respondia: sim meu Comandante.
Estava a ficar irritado com a minha resposta que era sempre a mesma, de repente saiu detrás da secretária e veio posicionar-se á minha frente, encostou o nariz dele, quase ao meu e nessa altura eu pensei em milésimos de segundo, se me tocas, um passo atrás e adeus meu Comandante.
 
Mantive-me firme e ele disse-me em voz alterada: Voçê é uma porcaria, vou mandá-lo para a chefina e despromovê-lo.
E eu respondi: sim meu Comandante.
E ele disse: desapareça.
E eu respondi: sim meu Comandante.
E saí porta fora.
 
Passados dias outra evacuação para Nampula:
Estadia de 6 meses.
FURRIEL SOFRE..............
 

Foto de Gilberto Pereira.