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quinta-feira, 18 de junho de 2020

O Abrigo e as Pulgas..., por Livre Pensador

Livre Pensador
17/06/2020

O aquartelamento do Chai, onde a Ccav. 3508 esteve sediada desde Fevereiro de 1972 até Março de 1974, tinha vários abrigos distribuídos pelas suas instalações.


Mas os abrigos sempre tiveram uma dupla finalidade. 

Serviam para defesa dos ataques de morteirada e também serviam de "hotel" aos vários cães que permaneciam no aquartelamento. 


Este que se vê na foto estava localizado em frente da messe de sargentos.

Protegeu-nos de vários ataques (pelo menos 4, nas datas de 11/7/1972 - 8/8/1972 - 9/6/1973 - 14/10/1973), mas também fez com que sempre fossemos atacados por uma enorme praga de pulgas que eram companheiras dos cães que lá dormiam. 


No final de cada ataque era obrigatório tomar um bom banho para ficarmos livres de tantas pulgas.


O Livre Pensador


quarta-feira, 22 de abril de 2020

Apresentação na Mataca, por Paulo Lopes

Devidamente autorizado e para que não constasse o meu nome em qualquer escala de serviço, até porque estava apenas em transito e à espera de guia de marcha para seguir o meu destino, hospedei-me em casa dos meus amigos, tendo que fazer uma visita diária ao quartel para saber da minha viagem até Mataca. 



Ainda estive vinte e oito dias em Porto Amélia, os quais foram utilizados da melhor maneira possível, fazendo de tudo e de todos um escape para a ideia atormentadora de que se aproximava a derradeira epopeia para a qual servia a minha presença nesta terra tão distante da minha e que nada me dizia.



Estava na esplanada do Hotel Cabo Delgado desfrutando o prazer de beber uma fresca cerveja para acalmar o estalar na pele do quente sol africano, quando um dos amigos do casal que me dava guarida e que já me tinha sido apresentado, e até já confraternizando numa ou noutra conversa, interrompeu esse prazer: — É pá, vai ao Sector para te entregarem a guia de marcha.

O interlocutor nem me deixou pestanejar e prosseguiu com a sua informação em primeira-mão: segues amanhã comigo para a Mataca.

Fiz-lhe sinal com a cabeça para ele se sentar e acompanhar-me numa bebida. 
Aceitou e enquanto puxava pela cadeira continuou a sua prelecção: — Em vez de ires em coluna de Porto Amélia para Macomia, o que já é mau, e depois ficares lá à espera doutra coluna que te leve para Mataca, o que ainda é muito pior, vais comigo de avião directo a Mataca.

Este meu recente amigo era um piloto de aviões ligeiros, mais conhecidos por Táxis Aéreos, os quais eram fretados pelo exército para fazerem varias distribuições pelos diversos postos militares espalhados por todo o Distrito.



Acabámos a nossa desinteressante conversa no ultimo gole de cerveja e fui cumprir o meu dever de militar.

Feitas as respectivas diligencias no quartel de Porto Amélia estava, no dia seguinte, a despedir-me do casal meu conhecido e pronto para descolar asas até ao meu próximo destino, aproveitando a boleia de avião em vez de fazer as tais colunas de tão má reputação mas que eu, desconhecedor das realidades, não fazia a mínima ideia do que eram.

paulo lopes 
in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"




quarta-feira, 23 de abril de 2014

As comadres no SPA, em Dar-es-Salaam!..., por Duarte Pereira


Duarte Pereira
AS DUAS NO SPA!!!
ANDÁVAMOS AS DUAS NA ENTRADA DO HOTEL.
 
 
GERTRUDES, NÃO É ENTRADA É "ÓLE".
TÁ BEM, VAI LÁ COMER MAIS QUALQUER COISA, ENQUANTO EU ACABO A HISTÓRIA.
(ESTA COISA DOS HOTÉIS TEREM SEMPRE COMIDA À DISPOSIÇÃO É OBRA)
 
 
"BUFETE"!!!
 
COMO EU IA DIZENDO, JÁ APRENDI QUE A TANZÂNIA FICA A NORTE DE MOÇAMBIQUE, ONDE OS NOSSOS MEMBROS PASSARAM AQUELES MAIS DE DOIS ANOS, UNS USANDO AS ARMAS E OUTROS OS "MEMBROS".
 
GERTRUDES!!!, GERTRUDES!!!!
NÃO ENCONTRO VINHOS ALENTEJANOS, SÓ DO DOURO E VINHO VERDE ALVARINHO.
 
O SR CAPITÃO PARDAL IRÁ FICAR CHATEADO. 
MARIA SE ESTÁS A COMER CAMARÕES, PEDE UM ALVARINHO BEM FRESCO.
 
ANDAM POR AQUI UNS ESTRANGEIROS, OUVIMOS MUITO "IÁ".
 
SPA?
VIMOS UMA "ETIQUETA" NUMA PORTA "SPA".
FUI INFORMADA, MAIS OU MENOS, COMO AQUILO FUNCIONAVA.
COM O FATO DE BANHO, ROUPÃO DO HOTEL E CHINELOS LÁ FOMOS.
 
 
AQUI ERA MUITO GRANDE, UMAS PORTAS ABRIAM E FECHAVAM E DUMA DELAS PARECEU SAIR FUMO.
VIMOS DUAS BANHEIRAS A DEITAR BOLINHAS .
NUMA GRANDE ESTAVA LÁ GENTE E PARECIAM SATISFEITOS.
COMO JÁ TINHA OUVIDO FALAR DAS HISTÓRIAS EM ÁFRICA QUE COZINHAVAM OS VISITANTES, FUI LÁ PÔR A MÃO E A AGUA NÃO ESTAVA A FERVER.
ENTRAMOS PARA A BANHEIRA PEQUENA E FOMOS LOGO AVISADAS QUE TERIA DE SER EM "PELO", PARA AS BOLINHAS DAREM COM MAIS FORÇA NA PELE.
 
OS SUJEITOS DA BANHEIRA GRANDE SAÍRAM.
FICAMOS SÓ AS DUAS NA PEQUENA, UMA DE CADA LADO. ESTAVAM UMAS REVISTAS AO PÉ E COMEÇAMOS A FAZER BARQUINHOS.
 
 
DEPOIS A MARIA LEMBROU-SE.
GERTRUDES E SE JOGÁSSEMOS À BATALHA NAVAL???
RESPONDI: MARIA, BOA IDEIA.
A "BANHEIRITA" COMEÇOU A FAZER MAIS "BOLINHAS" E OS BARCOS FORAM TODOS AO FUNDO.
PALAVRA QUE GOSTÁMOS.

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O Carocha, por Gilberto Pereira...


 
RECORDAR É VIVER

AS MINHAS FÉRIAS MILITARES EM JUN73

Depois de 6 meses de férias extras, em Nampula no HM (Hospital Militar), decidi gozar as minhas férias militares em Portugal.
Mais um mês para descansar e restabelecer.
 

Tomei o táxi aéreo em Macomia, com destino a Porto Amélia....
Em Porto Amélia tinha que esperar 3 dias pelo próximo voo e fiquei então hospedado numa Pensão na parte baixa da cidade, onde era habitual os militares aterrarem.
 
Aí fiz logo amigos, aliás vocês sabem como é a conversa entre a malta donde vens, vais de férias, como é que vai aquilo lá para cima, etc. etc..
 
 

Formámos logo ali um grupo e fomos lá para cima, para o bar do Hotel Cabo Delgado, mas ainda é um bocado longe e a subir, pensei logo, isto não são férias.
Conversa puxa conversa e o criado de mesa disse: ali em frente tá a ver aquele táxi o senhor aluga carros.
---- Ok ---- , com dinheiro à farta no bolso e que não me tinha custado a ganhar aí vou eu falar com o tal taxista para alugar o carro.
O homem olhou para mim e disse-me:
Sabe conduzir?
- Claro que sei e tenho carta fresquinha aqui de Moçambique, respondi eu;
- Nesse caso 3 dias custa, já não me lembro quanto.
Paguei logo tudo e ele disse: pronto o carro é aquele tome as chaves e depois entrega aqui o carro.
Tudo bem.
Mas quando olhei para o carro e vi essa porcaria que vocês vêem na foto pensei, este vai pagar as favas.
 

Peguei no carocha e passei no Cabo Delgado (Hotel) e disse aos meus amigos: já temos carro vou atestar já volto.


E lá fui eu em direção ao aeroporto onde havia uma bomba de gasolina.
Parei, veio o senhor e eu: é cheio.
Nisto pára do outro lado um gipão meio velho e quando eu reparo era um conterrâneo meu, fiquei tão contente, imaginem tão longe e encontrar alguém da nossa aldeia.
- Ó Rui tás bom?
Então não é que o cabrão não me passou cartucho.
Fiquei pior que estragado e nisto acelero o vw avenida abaixo e quando vou a passar no Cabo Delgado, os meus amigos levantaram-se tudo a gritar com os braços no ar e eu todo contente a acelerar.
Depois de passar olhei pelo retrovisor e vi o carro a arder, fiquei maluco, já tava a conduzir pela direita e tudo, um gajo teve de se desviar e virei na rua á esquerda, subi o passeio direito às àrvores e parei.
Iam dois gajos no passeio que tiveram que se desviar, abri a mala do motor, para pôr terra em cima das lavaredas para apagar e imaginem que os dois que me ajudaram, foram os examinadores que me deram a carta em Macomia ----IRONIA.
 

Daí a bocado apareceu o dono do carro a barafustar, que a gente dava cabo da vida dele, etc., e eu disse-lhe, que culpa tinha eu, daquela merda arder e que tivera muita sorte, de a gente apagar aquela porcaria, então acalmou e lá arranjou outro carocha.

Este portou-se bem, eu e os meus amigos de manhã para a praia e de tarde umas voltas.
 

Esta foi a 1ª parte das férias, a 2ª parte é já em terras de Portugal.
A narraçao da 2ª parte ficará para outro dia.
Para o pessoal do Bcav. 3878, um abraço.

 
RECORDAR É VIVER
AS MINHAS FÉRIAS MILITARES EM JUN73
Depois de 6 mêses de férias extras em Nampula no HM decidi gozar as minhas
férias militares em Portugal, mais um  mês para descansar e restabelecer.
Tomei o táxi aéreo em macomia com destino a Porto Amélia.
Em Porto Amélia tinha que esperar 3 dias pelo próximo vôo e fiquei então 
hospedado numa Pensão na parte baixa da cidade, onde era habitual os militares
aterrarem. Aí fiz logo amigos, aliás vocês sabem como é a connversa entre a malta
donde vens, vais de férias, como é que vai aquilo lá para cima etc etc.
Formámos logo ali um grupo e viémos cá para cima para o bar do Hotel Cabo 
Delgado, mas ainda é um bocado longe e a subir, pensei logo isto não são férias.
Conversa puxa conversa e o criado de mesa disse: ali em frente tá a ver aquele táxi
o senhor aluga carros---- ok ---- , com dinheiro à farta no bolso e que não me tinha
custado a ganhar aí vou eu falar com o tal taxista para alugar o carro. O homem
olhou para mim e disse-me: Sabe conduzir?--- claro que sei e tenho carta fresquinha
aqui de Moçambique, respondi eu; nesse caso 3dias custa já não me lembro quanto. mas paguei logo tudo e ele disse: pronto o carro é aquele tome as chaves e depois entrega aqui o carro. Tudo bem mas quando olhei para o carro e vi essa porcaria que vocês vêem na foto, e pensei este vai pagar as favas.
peguei o carocha e passei no Cabo Delgado e disse aos meus amigos: já temos carro
vou atestar já volto. E lá fui eu em direção ao aeroporto onde havia uma bomba de gasolina. parei, veio o senhor e eu é cheio, nisto pára do outro lado um gipão meio
velho e quando eu reparo era um conterrâneo meu, fiquei tão contente imaginem tão
longe e encontrar alguém da nossa aldeia---- ó Rui tás bom---- então não é que o cabrão não passou cartucho----- fiquei pior que estragado e nisto acelero o vw avenida abaixo e quando vou a passar no Cabo Delgado, os meus amigos levantaram-se tudo a gritar com os braços no ar e eu todo contente a acelerar, depois de passar olhei 
pelo retrovisor e vi o carro a arder, fiquei maluco, já tava a conduzir pela direita e tudo
um gajo teve de se desviar e virei na rua á esq. subi o passeio direito às àrvores e parei; iam dois gajos no passeio que tiveram que se desviar----- abri a mala do motor
para pôr terra em cima das lavaredas para apagar----- imaginem que aqueles dois que me ajudaram foram os examinadores que me deram a carta em Macomia ----IRONIA.
Daí a bocado apareceu o dono do carro a barafustar que a gente dava cabo da vida dele etc, e eu disse -- que culpa tenho de esta merda arder-- teve muita sorte de a gente apagar esta porcaria, então acalmou e lá arranjou outro carocha. Este portou-se bem, eu e os meus amigos de manhã para a praia e de tarde umas voltas.
Esta foi a 1ª parte das férias, a 2ª parte é já em terras de Portugal. 
A narraçao da 2ª parte ficará para outro dia.
Para o pessoal do Bcav., um abraço