portal UTW
5ªfeira: 15Jul1971 - itinerário Macomia > Chai
"Recordando": depoimento de Valter Duarte Pereira dos Santos, Moçambique 1970-1974; agora em Lamego
- «Estávamos em meados do ano de 1971.
Era 4ª feira, a noite foi atribulada. O 'gringo', alcunha do apontador de morteiro 60, tinha retirado - da mochila do maqueiro -, álcool. Entrou na caserna e disse: "Hoje é para matar... ".
Estava eu na minha cama, levantei a cabeça e reparei que ele tinha uma arma G3. Desci da cama e, assim que ele me virou as costas, deitei-lhe as mãos à arma, retirei o carregador e disse-lhe: "Gringo, somos camaradas e andamos aqui pela mesma causa."
E o assunto ficou por aí.
De manhã, 8 horas, tudo pronto rumo ao Chai, Antadora e Largo do Oasse: viaturas civis e militares, mais de 30.
Tudo corria normalmente, já tínhamos passado a ponte do rio Muacamula rumo ao Chai. De repente, uma nuvem de fumo: todos ficámos em alerta total: o que acontecera?
O pior estava para vir: uma mina anticarro, reforçada com bomba de avião, dois mortos. Um primeiro-cabo e um soldado, um Unimog desfeito. Dois corpos completamente aos bocados, uma cratera com mais de 10m². (nota)
Era assim a guerra: onde se lutava, vencia-se e morria-se.»
Elementos cedidos por um colaborador do portal UTW:
(nota): Naquela época, encontrava-se o Esquadrão de Cavalaria 1 da Região Militar de Moçambique (ECav1/RMM) desde Setembro de 1970 aquartelado em Macomia integrado no dispositivo do Batalhão de Cavalaria 2923 (BCav2923).