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quarta-feira, 25 de dezembro de 2019

OPERAÇÃO “CAJU”..., por Rui Briote



Rui Briote
 para 
2019/02/05

Boa tarde Amigos!
Dedico este relato, em muito simples em especial aos que me acompanharam nesta operação.

Um abraço a todos
OPERAÇÃO “CAJU”

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Na época da apanha do caju, fruto muito saboroso e muito apetecido, lá estávamos nós prontos a colaborar “voluntariamente” para alguns interesses económicos.

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O dia, para o meu pelotão de alinhar para esse fim, chegou para ir fazer proteção a um grupo de homens e mulheres indígenas.
Logo de manhã cedo , começámos a caminhar pela mata, em busca do tal fruto. 
Tropa à frente e à retaguarda para proteger o pessoal que iria fazer esse serviço a troco dum “naco” de arroz ou outro produto, que seria entregue ao "cantineiro" e daí, seria espalhado pelos muito interessados no saboroso aperitivo.


Não foi necessário muito tempo até encontrar cajueiros.
Parámos, e fizemos um círculo, enquanto o “ saque” era feito.

Já ao cair da noite, tivemos que “ acampar”.
Feito um círculo, género ovo estrelado, em que neste caso, a gema era maior que a clara, pois a clara éramos nós tropa a fechar o círculo para proteger os “saqueadores” que formavam uma grande gema....

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Lá nos pusemos a "xonar", devidamente protegidos por alguns sentinelas atentos ao menor caso inesperado.

Seriam 4 ou 5 da madrugada, quando fui acordado, pois uma grávida decidiu dar à luz.
Era preciso água e, lá fui eu pedir esse precioso líquido aos meus soldados.

Findo esse processo, dirigi-me à parturiente com o enfermeiro.
A entrada na “ sala de parto”, formado pelas mulheres, foi-me vedado.
Era “ negócio” só para fêmeas.
Perante tal situação lá fui novamente descansar.

Mal começou o dia a clarear, pedi um helicóptero para a evacuação.
Para que fosse possível aterrar, houve necessidade de abrir uma clareira, trabalho extra com que não contávamos.
Depois de feita a improvisada pista, pouco tempo passou até começar a ouvir-se o barulho dum T6 que fazia proteção ao hélio.
Por rádio , lá fomos comunicando e o bicho aterrou suavemente.
Logo saíram dois maqueiros com a respectiva maca para ir buscar a parturiente e, qual o meu espanto, quando a vejo, calmamente, a caminhar em direção à ave voadora.
Fiquei de boca aberta, pois nunca tinha visto tal na minha ainda curta experiência.
Continuamos depois normalmente a apanha noutro local, esperando que nada de anormal sucedesse.

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Ao fim de três dias lá regressámos ao quartel. 
Fiz o relatório e enviei-o para o Comando. 
Poucos dias depois tive que ir a Macomia e, que lá cheguei, fui chamado ao gabinete do Comandante. 
Com cara de poucos amigos, questionou-me o porquê de ter pedido a evacuação da parturiente, questão à qual eu respondi que se tratava dum ser humano.

Vociferou e ameaçou-me dar uma “porrada”, mas não passou do ameaço....

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