sábado, 19 de outubro de 2013

Poema In "O Povo, Poesia em Movimento", do Paulo Lopes

 
Faço o meu comentário com extratos espaçados e aleatórios de um poema muito extenso que escrevi na minha tenra idade e que deu o nome a um livro de poesia, quando alguém me alertou, que existia a ditadura e censura (livro com poemas escolhidos entre 1967 / 70) capaz de me criar sérios problemas.

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Em passo de dança
em saltos de galgo
o povo dança não cansa
o povo corre não morre
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E o povo chora calado
não grita
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Nos lábios calados do povo
foge o sorriso
nasce a tristeza
passam as lágrimas
vindas do fundo
de ruas esfomeadas

Mas o povo vai à festa
e canta
e dança
e aplaude

Manda flores
em vez de pedras
beija as mão
em vez de morder
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E na festa
bebe o suor
come os minutos
sofre a dor
de mais uma guerra perdida
com palavras inativas
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E o bolor apodera-se do corpo
e a humilde carcaça do povo
encosta-se ao osso
enquanto crescem barrigas.
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E as águas as aves o vento
e o povo num choro calado
gritam poesia em movimento.

Claro que muitos críticos, uns de meia tigela, outros de tigela inteira dirão (e quiçá com muita razão) que isto não é poesia, é um amontoar de palavras sem sentido.
Mas são palavras minhas, que saíram de quem sempre andou ao sabor das suas próprias ideias sem nunca se ter deixado (nem por toda esta cambada que se aproveitou desde Abril 74 para brincarem aos democratas, socialistas e comunistas) manipular por politiquice.
Tenham paciência mas eu, quando escrevo, não finjo que escrevo e percebo muito bem todas as linhas escondidas nos textos e contextos (só que, por vezes, não ligo).


in "O Povo, Poesia em Movimento"
Paulo Lopes

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