Livre Pensador
Os primeiros tempos de permanência da 3508 no Chai não se revelaram nada fáceis para a companhia.
Em 22 de Junho de 1972 (ao 4º. mês de missão) tombava já o segundo combatente.
Uma emboscada no trajeto para o rio Messalo, onde fazíamos o reabastecimento de água 2 vezes por dia, tirou a vida ao condutor Rogério e feriu gravemente um atirador (creio que se chamava Silva) do 3º. pelotão, do alferes Briote.
Foi uma emboscada desferida quase "á queima roupa", pois a imensa vegetação existente ao longo da picada permitiu que os guerrilheiros da Frelimo quase se "colassem" ás nossas viaturas.
O condutor Rogério conseguiu parar o seu "Unimog" e no momento em que se preparava para saltar, a viatura foi atingida por uma granada de RPG7, ferindo de morte o infeliz Rogério.
Entretanto, as operações no mato sucediam-se a grande ritmo com 2 grupos de combate em simultâneo.
Foram constituídas (já naquela altura) duas PPP (Parcerias Públicas de Pelotões).
O 1º. pelotão atuava com o 3º. e o 2º. pelotão atuava com o 4º.
Chegou a haver meses em que passávamos mais dias no mato do que no quartel.
Uma dessas operações (em julho de 1972) com o código "Bufalo 5" foi realizada para os lados da Serra do Mapé.
Para esses lados, o contacto com o inimigo era quase sempre inevitável, mesmo que as nossas tropas o tentassem evitar.
E foi assim que, quase sem darmos por isso, entrámos numa machamba contígua a um aldeamento com 9 palhotas.
Seguiu-se uma breve troca de tiros com os elementos da Frelimo que fugiram.
Não vimos vestígios de sangue o que prova que a nossa pontaria não estava famosa.
Porém, capturámos uma mulher, seus dois filhos e uma granada de mão. Logo ali, uma surpresa para nós que ainda éramos "checas".
A mulher capturada correu para o nosso guia a abraçá-lo: eram irmãos!
Após a destruição das palhotas decidimos (com autorização do major "Alvega") regressar ao Chai.
Após a destruição das palhotas decidimos (com autorização do major "Alvega") regressar ao Chai.
Tomámos o rumo mais curto em direção á picada Chai-Macomia para facilitar a deslocação da mulher com as crianças.
Ao chegar próximo da picada (perto da ponte de Mapuedi) solicitámos que as viaturas da companhia nos fossem buscar.
Quando os "Unimogs" chegaram, nova surpresa para os "checas" da 3508: a mulher começou a fugir com medo, porque nunca tinha visto um carro.
Aqui junto uma foto dos primeiros prisioneiros feitos pela 3508.
O menino que se encontra do lado direito da mulher tinha um tom de pele bastante mais claro que a sua mãe.
A criança tinha ainda alguns traços orientais, o que nos fez supor que a China não se limitava a dar apoio material á Frelimo e, por conseguinte, enviava cidadãos seus para dar ... apoio sentimental.
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