A Companhia de Cavalaria 3508 instalou-se no Chai no dia 21 de Fevereiro de 1972, rendendo a C. Cav. 2751.
O trajeto de Macomia para o Chai realizado nesse dia, em coluna escoltada pelo Esquadrão de Cavalaria, deixou em todos nós, mesmo sendo "checas", a intrigante pergunta: "ONDE SERÁ QUE VAMOS PARAR"?
O fogo de reconhecimento que os camaradas do esquadrão sentiam necessidade ...de fazer, á medida que se avançava na picada e que foi aumentando de intensidade com a aproximação ao famigerado Monte das Oliveiras, ia deixando em nós a convicção de que nada de bom nos estaria reservado.
Chegados ao Chai, foi bem evidente aos nossos olhos toda a enorme alegria, satisfação e simpatia com que fomos recebidos pelos camaradas da 2751, o que era compreensível.
Poucas semanas se passaram após a rendição e logo começámos a compreender na pele as razões de tanta alegria por parte dos camaradas da companhia rendida.
As primeiras impressões sobre o aquartelamento do Chai foram más por um lado e de alguma resignação por outro.
É certo que em termos de instalações não sendo propriamente boas, também não se poderia exigir muitos mais "luxos" atendendo ao local onde estava inserido.
É justo dizer-se que paisagisticamente até disfrutava de um belo panorama, localizado no alto duma colina sobranceira ao lago Chai.
Alarmados e preocupados ficámos, pelo menos os mais responsáveis, com a segurança do aquartelamento.
O seu sistema defensivo resumia-se a uma vedação em arame farpado como 1ª. linha de defesa, após a qual havia uma 2ª. linha constituída por bidons cheios de terra.
O aquartelamento não dispunha de valas defensivas nem tão pouco de abrigos que dessem alguma proteção a possíveis ataques de morteiro e/ou canhão.
Os próprios postos de sentinela em redor do aquartelamento não ofereciam o mínimo de condições de segurança.
Estou em crer que, se alguma vez a Frelimo tivesse sido mais audaz com uma tentativa de golpe de mão, decerto que nos faria bastantes estragos.
Mas foi este o legado que recebemos da companhia 2751 que, para além de ocupar e defender o Chai, ocupava e defendia permanentemente com um grupo de combate, um posto avançado na ponte do Rio Messalo, situado a 10 Km do Chai e onde era necessário ir 2 vezes por dia buscar a água para o abastecimento do aquartelamento.
Esse tema ficará para uma próxima "Histórias do Chai" se não me castigarem com uma carecada.
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