FAZ HOJE 50 ANOS:
Em 24 de Agosto, morreu o padre Daniel, da Missão de Nangololo:
«Pelas 20 horas do dia 24, um grupo inimigo feriu mortalmente um padre da Missão de Nangololo, tendo o autóctone Ernesto Dinagomo, que acompanhava o padre, sido ferido por um projéctil de canhangulo», como se refere no mesmo relatório.
Contudo, a Frelimo considera que foram as acções de 24 e 25 de Setembro de 1964, que marcaram o início da luta armada.
Estas acções foram determinadas pelo seu Comité Central, enquanto as anteriores foram atribuídas a grupos de guerrilheiros da MANU e da Undenamo.
Para o amigo Duilio Caleca, matar saudades!
Quantas vezes dormi na igreja de Nangololo?.......Cansados, depois de muita lama, depois de algumas emboscadas, depois de muito medo. Quantas vezes dormi nos degraus do altar da Igreja de Nangololo? Embrulhado numa manta....e um vazio imenso dentro de mim, não....não era medo, era só o pensar que talvez fosse a última vez que via a igreja de Nangololo. E a minha Berliet parada, umas vezes vazia, quando íamos reabastecer a Mueda....outras vezes carregada, quando voltávamos a Muidumbe. Segue o rodado....segue o rodado....diziam-me, e os meus pés nos pedais..primeira, segunda, terceira...reduz....reduz....segunda....primeira...e o roncar do motor....e o Pedro maconde a meu lado....e o rebenta minas carregado de areia, sacos de areia por todo o lado, junto aos pedais, na carroçaria..e a metralhadora giratória....mais uma curva, aquela é perigosa...1 hora, 2 horas, 3 horas, 4 horas e a puta da picada que nunca mais acaba...e o Pedro maconde a me dizer....tá quase patrão....tá quase patrão....e eu a imaginar que não estáva ali...aquilo era só imaginação minha....estou quase a chegar à minha rua, a minha mãe abre-me a porta. Última curva, o Pedro maconde grita-me..chegamos patrão...revejo o arame farpado do meu contentamento......voltamos a CASA ...DEDICADO À MALTA da COMPANHIA DE CAÇADORES 1804 -MUIDUMBE _ CABO DELGADO _ MOÇAMBIQUE.
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