sábado, 18 de fevereiro de 2017

A morte do padre Daniel e o início da Guerra em Moçambique, por Raul Vilas Boas



FAZ HOJE 50 ANOS:

Em 24 de Agosto, morreu o padre Daniel, da Missão de Nangololo: 

«Pelas 20 horas do dia 24, um grupo inimigo feriu mortalmente um padre da Missão de Nangololo, tendo o autóctone Ernesto Dinagomo, que acompanhava o padre, sido ferido por um projéctil de canhangulo», como se refere no mesmo relatório.



Contudo, a Frelimo considera que foram as acções de 24 e 25 de Setembro de 1964, que marcaram o início da luta armada. 
Estas acções foram determinadas pelo seu Comité Central, enquanto as anteriores foram atribuídas a grupos de guerrilheiros da MANU e da Undenamo. 

Para o amigo Duilio Caleca, matar saudades!
  • Jose Fernandes Tantas vezes esteve neste local nas sepulturas tinham nomes bem Portugueses, como Fátima e outros.
  • Tenho este local na memória de um simples soldado.

  • Agostinho Diez nesse dia eu era 2º sargento do batalhão de Porto Amélia e 2 dias depois a minha companhia foi transferida para Macomia e dividida em pelotões e secções distribuidas para o Chai Messalo e outras localidades.
    Foi o principio da guerra.

  • Agostinho Diez de seguida foi o ataque á plantação de Moaguide.

  • Jose Fernandes Pois eu estive lá em 71 e 72 em Nangololo.

  • Agostinho Diez eu em Nangololo só de passagem porque isto foi em 1964.
    Nesse tempo a guerra não era muito intensa em certas localidades. Aquilo era de ataca e foge.

  • Jose Fernandes Pois, mas eu deixo mais comentários para o Duílio.
    Esse é que foi o ultimo estratega da guerra em Nangololo.

  • Francisco Sabino em 67 o cemitério não se via era só mato.

  • Antonio Sa O Duílio abandonou o picadas. 
    Está a banhos e os netos não lhe emprestam a pad.
  • Jose Carlos Galo O Duílio está de retiro na catedral de Nangololo em Olhão.

  • Januario Batista Jorge A contestação dos Macondes, começou na zona do Planalto dos Macondes, por causa de um imposto que o administrador de Mueda queria impor à população por causa da distribuição de água pelo planalto...a célebre Guerra da Quinhenta. 

  • A carrinha que transportava o Padre Daniel ou era a carrinha do homem de Mueda ou era igual à dele. 

  • Quem lidou com os macondes sabe bem que são homens verticais, frontais e profundamente católicos. 
  • A morte do Padre Daniel, em Nangololo, foi um erro e um engano. 

  • A Guerra da Quinhenta era contra o boss de Mueda e nada tinha a ver com o Pastor de Nangololo. 

  • Eu próprio, no Chai, constatei isso ao falar com um alto dirigente maconde que se foi lá entregar-se e que depois foi fuzilado pela FRELIMO. 
  • Ele confirmou que o alvo deles era o homem de Mueda.

  • Raul Vilas Boas Januario Batista Jorge, esse dirigente era o Ernesto Luciano Maúa?

  • Raul Vilas Boas A minha intenção ao evocar esta data, não é para saber quem matou ou deixou de matar o Padre (até podem ter sido os Nianjas), é o erro histórico que a FRELIMO está a cometer, ao afirmar que o primeiro tiro foi dado no dia 25 de Setembro. 

  • Quando começou a guerra da quinhenta eu já estava em Moçambique e em Cabo Delgado. 
  • Já agora, em que ano esteve no Chai? 
  • Um abraço

  • Januario Batista Jorge Eu jamais teria o atrevimento de afirmar que " é erro histórico que a Frelimo está a cometer ao afirmar que o primeiro tiro foi dado no dia 25 Setembro no Chai".

  • A guerra foi deles.
  • Foi a guerra deles nunca a nossa. 
  • O Ernesto Luciano Maúa não sei quem é. 
  • Nem me parece um nome maconde. 
  • O dirigente que lhe falei era, digamos, um grande régulo maconde da zona de Cabo Delgado. 
  • Em relação à Guerra da Quinhenta, possivelmente, não terá toda a informação .

  • Joao Antonio Mota Asseiceiro José Fernandes: Em 1973 conheci em Mueda uma senhora maconde que se chamava Fátima... Fátima Cao. Era de pele tatuada e dentes em bico, alta, bebia que se fartava. Éramos amigos.

  • Joao Antonio Mota Asseiceiro Lázaro Kavandame apresentou-se e foi um trunfo para Portugal. 
    Mais tarde foi eliminado pela estrutura Frelimo.
  • Jose Fernandes Pois eu em 73 já estava em Nampula mas lembra-me de ver em 72 uma Fátima que era mista mas era jovem.

  • Januario Batista Jorge O Vilas Boas já estava lá na altura da Guerra da Quinhenta? 
    E também já estava em Moçambique quando foi o massacre de Mueda (16.06.1960 )? 
  • E sabe que nesse dia foram mortos em Mueda 600 chefes macondes? E isto foi realmente o rastilho para o começo da guerrilha em Moçambique. 
  • Mas eles não consideram esse dia suficientemente relevante para ser considerado o dia do começo da sua luta. 
  • E eles lá sabem porquê.

  • Jose Carlos Galo Joao Antonio Mota Asseiceiro. O Lázaro Kavandame apresentou-se em Nangade em Março de 1969, um domingo.
  • Eu estava de Sargento de dia. 
  • Apresentou-se acompanhado com outro maconde que transportava uma mala. 
  • Devo ter sido o primeiro militar a ver o chefe Maconde.

  • Raul Vilas Boas Camarada Januario Batista Jorge, durante o chamado massacre de Mueda (uns dizem 500, outros 600 até cheguei a ouvir que só foram 14), eu nessa altura vivia em Nicócue, antes do Nairoto. 

  • A revolta dos macondes começou muito antes, com o algodão, porque quando iam vender, os agentes roubavam no peso. 
  • E terminou com a revolta da água, (chamada a guerra da quinhenta). O Ernesto era maconde e, mais tarde foi Furriel dos GE em Mocimboa do Rovuma, apresentou-se na pista com um posto grande da FRELIMO.

1 comentário:

  1. Quantas vezes dormi na igreja de Nangololo?.......Cansados, depois de muita lama, depois de algumas emboscadas, depois de muito medo. Quantas vezes dormi nos degraus do altar da Igreja de Nangololo? Embrulhado numa manta....e um vazio imenso dentro de mim, não....não era medo, era só o pensar que talvez fosse a última vez que via a igreja de Nangololo. E a minha Berliet parada, umas vezes vazia, quando íamos reabastecer a Mueda....outras vezes carregada, quando voltávamos a Muidumbe. Segue o rodado....segue o rodado....diziam-me, e os meus pés nos pedais..primeira, segunda, terceira...reduz....reduz....segunda....primeira...e o roncar do motor....e o Pedro maconde a meu lado....e o rebenta minas carregado de areia, sacos de areia por todo o lado, junto aos pedais, na carroçaria..e a metralhadora giratória....mais uma curva, aquela é perigosa...1 hora, 2 horas, 3 horas, 4 horas e a puta da picada que nunca mais acaba...e o Pedro maconde a me dizer....tá quase patrão....tá quase patrão....e eu a imaginar que não estáva ali...aquilo era só imaginação minha....estou quase a chegar à minha rua, a minha mãe abre-me a porta. Última curva, o Pedro maconde grita-me..chegamos patrão...revejo o arame farpado do meu contentamento......voltamos a CASA ...DEDICADO À MALTA da COMPANHIA DE CAÇADORES 1804 -MUIDUMBE _ CABO DELGADO _ MOÇAMBIQUE.

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