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domingo, 5 de abril de 2020

Iremos conhecer o pior Day After de todos os tempos?, por António Encarnação

António Enca
 
Iremos conhecer o pior Day After de todos os tempos?
- Provavelmente. 

Fragilidades e desigualdades estão a ficar, agora, mais visíveis, como na Itália e como vai ser em muitos países, principalmente do Hemisfério Sul.
O medo, a insegurança e as dificuldades crescem a um ritmo assustador e as notícias diárias dos efeitos da pandemia, em nada ajudam. Há medo que perdurará por muito tempo.

As actividades paralelas que sustentaram milhões de pessoas, na Europa mas principalmente em África, irão desaparecer e até eventuais ajudas internacionais pouco poderão fazer, porque não há registos, nem organização, nem estatísticas, nem quaisquer números, tornando-se impossível avaliar as necessidades, para dimensionar as soluções.

África

A tudo isto acresce que esta guerra não irá terminar com um reconfortante e apaziguador armistício, como aconteceu nas outras guerras, em que um dia, depois de umas vitórias, uns acordos e umas assinaturas, foi possível anunciar na rádio "a guerra acabou".
Desta vez, porque as frentes de batalha são milhares e os envolvidos são muitos milhões, porque há números desconhecidos, porque o combate está em fases distintas, com uns quase no início do processo e outros a terminar, o fim pleno da guerra, irá demorar muito tempo a ser atingido. 

Muitos já prognosticaram que 2020 está perdido, mas talvez nem 2021 seja suficiente e, quem sabe, se não são necessários vários anos para que desapareçam todas as dúvidas, porque quanto a efeitos, iremos senti-los a perder de vista.

Não será porque um país consegue debelar a pandemia, que vai ficar bem. 
Pode conseguir que não haja mais vítimas e isso é uma grande vitória, mas vai ter de se defender dos possíveis "reacendimentos", com estados de emergência duros, regras rígidas, precauções firmes, fronteiras fechadas e, entretanto e como consequência, continuará a não conseguir condições para ter uma vida, ainda que simples, pobre e diferente do que conhecemos.

Penso em Macau e em S. Tomé e Príncipe como países em que tudo está calmo, tudo está bem, porque não têm casos e em Angola, porque tem poucos e controlados.

Mas nada está bem.
Também há medo e incertezas, muitas vezes silenciosas. 
A chegada de um avião é vista com temor, as importações assustam, turistas nem pensar. 
Tal como as famílias, os países quererão ficar fechados e isolados, livres de mais perigos, para não arriscarem novas vítimas e, desta forma, só a vida individual vai sobreviver e a prazo.

Claro que acredito que aparecerão medicamentos eficazes, tal como antevejo que, mesmo assim, nada se resolverá, no mundo, sem que passem vários anos. 
Teremos de entender e estarmos preparados.