Quase Diário ( 2 )
13 de Abril de 1967
Segundo dia a bordo do navio Niassa, misto de passageiros e de carga.
Vou conhecer esta minha casa flutuante.
Já só vejo água por todos os lados, vou á popa e apanho com vento que me sabe bem, a ondulação ainda se suporta.
Camaradas da minha secção, aqueles com quem o relacionamento é mais constante, dizem-me para " visitar " o seu local de aposento.
Espreito pelo buraco, onde normalmente vão mercadorias, que está dividido em três andares, onde os soldados pernoitam.
São, na verdade, condições degradantes e desumanas.
Não se vive no escalão social mais baixo de qualquer sociedade e o exército, em muitas situações, não escapa a isso.
Por mim, na classe de sargentos, não tenho razão de queixa.
Dormi e comi bem e sempre superior a qualquer quartel por onde passei.
Os tripulantes eram simpáticos e havia, no meio daquela juventude, uma senhora, já com idade em relação a nós, uma enfermeira civil.
Hoje à noite está anunciado cinema, " esplendor na relva " de Elia Kasan, com Warren Beatty e Natalie Wood.
Tenho que aproveitar para o tempo passar.
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