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quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A Escolha Satânica, por Manuel Bastos, apresentado por José Leitão

A ESCOLHA SATÂNICA de Manuel Bastos
Eu? 
Eu estou bem. 
Só quando passa o efeito dos remédios é que a vida parece um lugar onde não se pode estar.
Estou cheio de cicatrizes, furriel, cicatrizes por dentro, das que não saram.

E você furriel? 
Como estão as suas cicatrizes? 
Não tenha vergonha das suas cicatrizes furriel, elas são a prova de que corremos riscos; e viver é correr riscos. 
Uns ganham ou perdem, outros nem uma coisa nem outra, porque não correm riscos. 

Eu não estou doente da cabeça furriel, eu tenho saudades. 
Tenho saudades da guerra. 
Lá, quando as coisas corriam mal, a gente trocava-lhes as voltas, a gente atacava os gajos pelos flancos. 
Com o tempo aprendemos a resolver os problemas à porrada. 
Pró fim até sabia bem quando tínhamos que dar uns tiritos. 

Você esteve lá pouco tempo…
Está bem: Tu!
Estiveste lá pouco tempo, e às vezes penso que tiveste sorte. 
Ficaste sem uma perna, não é pêra doce, mas há coisas piores furriel…

Ok, ok: Bastos!
Acho que aquilo deu cabo de mim.
Fiquei amputado por dentro. 
Mas ainda não inventaram uma prótese para esta amputação. 
Atafulham-me com remédios e eu fico meio grogue; e depois que se lixe, fico a voar baixinho.
Isto aqui é assim. 
Um dia puxa o outro. 
Começa devagar e vai acelerando, acelerando, e no final do dia, pumba! 
Uma carrada de comprimidos e eu fico sem sentir nada; nem mau, nem bom.

É por isso que às vezes me lembro que se ao menos pudesse trocar as voltas a isto, atacar pelos flancos. 
- Ai é? 
Vocês estão aí emboscados à nossa espera? 
E nós atrás deles pelo capim fora, lembra-se ó furriel... ó Bastos, lembras-te? 
Nesse dia não tiraste fotografias. 
Estavas mais branco que a cal da parede. 
Mas os gajos fugiram, e no mato quem é que apanha aqueles gajos? 
Nem pensar.

Depois, no Chindorilho, foste ferido. 
E tu a dizeres que nunca mais jogavas à bola. 
Às vezes penso nisso e apetece-me rir… 
Tu nunca jogaste à bola, foste sempre um nabo. 
Mas na altura até me vieram as lágrimas aos olhos. 
"Nunca mais jogo à bola."
Dizias tu para o enfermeiro Costa.

Mas nós ficámos lá, percebes? 
Aquilo parecia que não tinha mais fim. 
Aquilo mexe com um gajo, Manel. 
O pessoal aqui não sabe. 
E a malta nova então? 
Às vezes começo a falar sobre estas coisas e a Zulmira olha para a filha, a filha olha para ela, e passado um bocado já nem me ouvem. 
Eu calo-me, e elas nem notam que eu não acabei a história.
Deve ser uma chatice ouvir um gajo falar destas coisas. 
Nós é que sabemos como aquilo foi, não é?
Até eu acabei por ficar cansado de me ouvir. 
Ouço os meus pensamentos, percebes? 
Estou cansado.
Estou farto de ser eu. 
Queria despir-me de mim como quem tira um casaco usado de mais. 
E ficar nu, livre de mim. 
E depois, quem sabe, sendo outro, ter esperança de novo. 
Ilusão de novo ao menos.
Estou cansado. 

A cada dia que passa parece que acabei uma grande viagem, mas que logo tenho que partir. 
Tenho um relógio dentro de mim que não pára, um carrossel fantasma sem um único passageiro, que gira, gira, e não vai a lado nenhum.
Mal fecho a pestana, logo me voltam os pesadelos. 
Para onde foram os meus sonhos é que eu não sei. 
Mal me deito para dormir vejo logo um milhão de olhos a acusarem-me, sem eu saber de quê. 
Pessoas e sombras. 
Mas as sombras são muito mais que as pessoas.

Não me olhes assim sem dizer nada. 
Tinhas sempre uma palavra pronta para dizer, uma piada. 
Mesmo quando as coisas não eram para piadas.
Metia-te confusão quando me vias escrever sem pôr as cartas no correio, não era? 
E tu: - Hás-de arranjar inspiração antes da guerra acabar!

Acho que nessa altura já me incomodavam os meus pensamentos, e precisava de os pôr cá para fora. Punha-os no papel e pronto, ficava mais sossegado. 
O que é que um homem que anda a brincar com a morte diz à mulher que deixou em casa? 
Ela queria ir para França, e eu: - Nem sou homem nem sou nada...

Mas mal pus os pés em Mueda vi logo que devia ter dado à sola em vez de me armar em parvo. 
Você é que levava aquilo a sério furriel… 
Manel, levavas aquilo a sério, pelo menos no princípio, porque depois começaste a abandalhar e a tirar fotografias a tudo, até nos golpes-de-mão.

A Zulmira diz que agora falas contra a guerra. 
Aquilo muda a gente não é?
Foi lentamente ou aconteceu alguma coisa que nos deu a volta? 
Sei que aconteceu alguma coisa, mas não me lembro do que foi. 
Sei que me esqueci, mas como se tivesse acabado de pensar nisso um minuto antes, e logo me fugisse a ideia. 
É como se me tivessem amputado tal como te amputaram a ti. 
Falta-me esse bocado. 
O lugar onde estava essa lembrança de que não me consigo lembrar. 
E sabes lá como isso me incomoda? 
É um pesadelo.

Quando voltares, pede à Zulmira… não, não, talvez seja melhor pedires à minha filha. 
Pede-lhe que me traga fruta, ou flores, ou um livro. 
Algo que me traga algum afecto.
Acho que as assusta este lugar. 
Da primeira vez que aqui estive, vinham todas as semanas ver-me. 
Agora ainda vêm, mas menos.

Sabes como era às vezes, quando íamos pró mato? 
Aquela impressão de que as coisas iam correr mal? 
É o que sinto agora todos os dias.
Parece que ainda te estou a ver a fazer desenhos com um pauzito na areia da picada. 

Eu com a ideia que havia um muro enorme à nossa frente. 
Ou então um precipício. 
Algo que não deixaria a gente sair dali.
Agora, ao pensar nisso, iria jurar que não se ouvia nada. 
Havia um grande silêncio. 
Aquele silêncio que ouvimos quando morre alguém. 
O silêncio de a vida se ter tornado um lugar onde não se pode estar.

Levei tempo a perceber. 
Só havia lugar para dois no helicóptero. 
Eu só pensava: 
- A esta hora da tarde o que ficar vai morrer.

Nem me recordo da emboscada. 
Atirei-me para baixo da Berliet e deixei-me lá estar. 
De vez em quando dava um tiro, mas o capim não deixava ver ninguém. 
O alferes mais uns cinco gajos atacaram os turras pelo flanco esquerdo e eles fugiram. 
Resultado: três feridos graves. 

Depois o furriel... tu... ficaste a fazer riscos no chão como se estivesses a chorar.
Eu perguntei: - Quem é que vai ficar, furriel?
Olhaste para mim como se eu estivesse a falar chinês e passado muito tempo disseste: - Sei lá. Ou o que tiver mais hipóteses de aguentar a noite toda ou o que não tiver hipóteses nenhumas.

Depois continuaste a rabiscar com o pauzito no chão como se estivesses a calcular as hipóteses. 
Há muitas maneiras de chorar.

Lembro-me tão bem de todas as coisas que não têm interesse nenhum e não me lembro nada do que foi realmente importante. 

Qual deles ficou? 
Será que foi porque aconteceram muitas coisas depois disso que já não me lembro? 
É muito estranho que não me lembre. 
Quem decidiu qual deles deveria morrer? 
Quem foi que fez o papel de Deus? 
Como se pode viver depois de uma escolha dessas? 
Uma escolha tão danada que se apagou da minha cabeça.
A verdade é que se me apagaram muitas coisas na minha cabeça. 
Não sei ao certo se seria melhor conseguir lembrar-me, mas pelo menos teria mais descanso. 
Perco noites a tentar recordar-me de uma coisa e depois já nem me lembro a que propósito é que me queria recordar.
É como se eu me tivesse esquecido para não ter que fazer luto. 
A vida é assim, não é furriel? 
Todo o afecto acaba em luto.
Que foi que me aconteceu, furriel? 
Tu estiveste lá pouco tempo.... mas aconteceu alguma coisa importante, muito importante. 
Muito importante de mais...

Sabes o que penso? 
Penso que nas guerras Deus mete dispensa e quem fica a mandar é o Diabo.
Depois, Deus quer voltar de novo ao activo mas o Diabo não deixa. 
Pelo menos comigo é assim, furriel. 
Ainda tenho o Diabo no activo.
Por isso é que eu não posso escolher, não posso decidir o que faço à minha vida. 
Não se pode escolher, quando é o Diabo que está a mandar.

Também deste opinião? 
Atiraram a moeda ao ar? 
Ou fizeram Pim pam pum! 
Cada bola mata um... e depois... ficou um ao calhas? 
Um escolhido pelo Diabo.

Também se te varreu isso da cabeça, ou consegues atirar tudo para trás das costas.
 "Atira isso pra trás das costas." 

Diz a Zulmira para mim, como se fosse possível atirar uma guerra inteira para trás das costas. 
Eu bem quero esquecer, mas o que quero esquecer não esqueço e aquilo de que me quero lembrar não me lembro. 
"Tens que ter coragem." Diz ela. 
Coragem... As pessoas acham que isto é falta de coragem. 
Isto são saudades. 
Não saudades da guerra, Manel. 
Saudades de mim nessa altura. 
Saudades de quando eu era outro e tinha medo e coragem e era tudo nítido. 
Agora não sinto nada, está tudo embaçado, e eu sou um casaco velho que não consigo despir.

Quando andavas de máquina fotográfica na mão em vez da G3, era por falta de coragem, era? 
Eu bem vi. 
Aquilo começou a mexer contigo. 
Foi ou não foi? 
Ficavas lá mais uns tempos e vinhas pior que eu.

Fala com a minha filha, pede-lhe que me traga flores. 
Que me traga alguma coisa que me faça sentir que a vida é novamente um lugar onde se pode estar.

Sabes? Acho que devia ter ficado em África. 
Quer dizer, acho que devia ter morrido lá. 
Pensei assim muita vez: se voltar nunca mais serei o mesmo; nada será o mesmo. 
Nunca mais. 
Se ficar aqui, ao menos as pessoas que gostam de mim vão recordar-me como eu era. 
Como eu era quando ainda gostavam de mim.

Antes de Deus ter metido dispensa e o Diabo ter ficado no activo.

Olha, ela que não me traga flores, Bastos, as flores também morrem.
MANUEL BASTOS
In Cacimbo.


quinta-feira, 1 de junho de 2017

1° ferido em combate O Vellasco Martins, por José Leitão

José Leitão para PICADAS DO CABO DELGADO


Sao passados quase 47 anos...e este "filme" ainda me tira o sono!

1° ferido em combate O Vellasco Martins.

África…Serra do Mapé.... 
O cheiro cálido e acolhedor da floresta, o cheiro meio metálico, meio resinoso do trotil deflagrado e o cheiro fresco, acre e doce da carne dilacerada. 

É pedida evacuação urgente. 

Passados muitos minutos, cerca de 1 hora e 30 minutos...começamos a ouvir o som, este som sincopado e sibilante, do helicóptero que se avoluma abafando tudo e uma nuvem de poeira em rodopio que se adensa rapidamente, encobrindo de todos o mundo inteiro. 

Surge uma maca e é erguido do chão por mãos invisíveis e entra, planando, no helicóptero. 

Num impulso, que deverá permanecer para sempre completamente incompreensível, tenta agarrar-se ao capim para impedir que o levem. 

Nota: Isto aconteceu a 1 de Outubro de 1970…eram decorridos 21 dias de “inferno”!!!

Jose Leitão
CCAV 2752



domingo, 19 de março de 2017

Memórias da Guerra Colonial, por Manuel Neves Silva


O Cachicha (Soldado GE, Maconde)- Memórias da Guerra Colonial

Por Manuel Neves Silva-Furriel Miliciano GE

Todos os soldados do meu Grupo Especial (GE) eram macuas muçulmanos, á excepção de dois que eram macondes e católicos, o Cachicha e o Chitapata. Esqueci-me completamente do nome do primeiro e se agora ainda a minha memória o chama de Cachicha é culpa minha, assumidamente minha porque o nicknomeei assim mesmo, de Cachicha. E à força do hábito e facilitismo de assim o chamar, este nome virou verdade, o outro ficou esquecido.

Ele, o Cachicha era de estatura baixa, afável, sempre com um sorriso na sua cara tatuada e de dentes afiados. Do seu uniforme camuflado apenas o quico lhe enchia a cabeça, o resto, calças e camisa sobravam muito para além da altura breve do seu corpo. Aceitou prontamente a alcunha, imposta como castigo, por querer partilhar sempre uma das minhas latas de salsicha, uma das poucas viandas que se tragavam na ração de combate para além da sardinha portuguesa e da enlatada carne de vaca” Fray Bentos” made in South África.

O Cachicha, maconde e como tal “católico”, não tinha problemas em comer carne de porco. Os outos macuas islamizados dispensavam o pecado por respeito a Alá, embora outro tanto não fizessem em relação à cerveja, quando esta aparecia no pacote. Este pecado do álcool, talvez Alá tolerasse. Talvez, por ser um pecado mais líquido, mais fluido, menos encorpado, mais evaporável. As salsichas eram sólidas, de aspecto fálico e eram mesmo o pecado da carne, da carne do sujo porco.

Era comum entre macuas e macondes a troca de latas de sardinha por latas de salsicha, cambio sempre inflacionado a desfavor dos macuas. A Manutenção Militar do Exército nunca teve em conta a confecção das rações de combate em função da religião destes soldados. Eles como não comiam as pecaminosas salsichas, ou as deitavam fora ou teriam de aceitar o preço de troca imposto pelos macondes que geralmente só abriam mão de uma de sardinha em troca de duas ou até três de salsicha.

 O Cachicha gostava de comer. De tudo comia na ração de combate. Seus dentes afiados de maconde davam-lhe todas as vantagens nessa tarefa. E mesmo depois de barganhar aos seus camaradas macuas duas ou três latas de salsicha, por apenas uma de sardinha, quase sempre abeirava-se de mim com o mesmo discurso: Siliva, nosso pai, anipe cachicha moja.

Depois de tantas vivências de tantos perigos partilhados, de tantos minutos com estatuto de horas, de tantas esperanças de que o pior não iria acontecer e que o melhor estaria sempre para chegar, eu já entendia a outra língua, para eles mais espontânea, mais corrida, mais natural. Neste crioulo suaíli-macua-português, eu o Silva que me orgulhava de ser tratado de pai por todos eles, macuas e macondes, acabei por entender: Silva, nosso pai dá-me uma lata de salsicha. Deste saboroso crioulo e do engraçado modo como corrompia a palavra salsicha, e ainda porque o seu original nome maconde se tornava difícil ao meu chamamento, assim mesmo o renomeei: Cachicha.

 O Cachicha aceitou. E Cachicha ficou “oficialmente” a ser Cachicha.

Cachicha, digo-te que hoje eu já não sei se recordo a guerra, ou já recordo as recordações da guerra. Na minha memória há uma linha ténue onde se misturam e confundem as vivências passadas com os pesadelos presentes. Nessa bruma esbatida ainda te revejo camuflado na tua demasiada farda, de G3 aperrada ao peito de olhos e ouvidos sempre em alerta.

 Cachicha gostava de ver-te, de abraçar-te, de falar contigo em Suaíli ou português. Sei que a vossa esperança de vida aí em Moçambique é curta, e tu eras bem mais “kokuana” do que eu. Possivelmente já por aí não estás, mas onde quer que te encontres quero deixar-te um abraço e manifestar-te a minha gratidão. Gratidão pelas vezes que me salvaste a vida com os conselhos e avisos de quem sabia de cor cada palmo dessa terra, porque nela nasceste, cresceste e te fizeste soldado, talvez no lado errado da guerra se é que essa guerra teve algum lado certo. Foram os anos onde os jovens do meu e do teu país morriam e matavam por razões que nem eu sentia, nem tu entendias.

 Bem hajas Grande Cachicha! Tenho “maningue” saudades vossas.

Manuel Neves Silva-




Manuel Neves Silva
-Furriel Miliciano GE
-MEMÓRIAS DA GUERRA COLONIAL
Manuel Neves Silva carregou um ficheiro.
Penso que já publiquei este meu texto sobre as minhas vivências da guerra. 
Se assim for ,volto a postá-lo de novo e dedico ao Duilio Caleca, que partilhou comigo a célebre coluna de Nangololo e tb ao Jose Monteiro, que passou por Mueda antes de mim, camaradas que conheci há uns meses atrás num restaurante de Lisboa. 
Dedico de igual modo a todos os elementos do Picadas.
  • Pedro Inácio Excelente texto. Parabéns!!!

  • Augusto Mota Gostei, PARABÉNS.

  • Jose Monteiro Manuel Neves Silva, adorei o teu texto.
    Será que iremos a tempo de ver o Cachicha e outros Cachicas de Moçambique??? 
  • Um abraço.


  • Duilio Caleca Bem haja a quem consegue retratar por escrito os sentimentos de grande amizade e companheirismo que todos nós deixámos por lá.
    Manuel Neves Silva tocaste num ponto que é a grande realidade. Será que na guerra haverá lado em que se devia de estar????
    Aquilo que me baralhou completamente essa ideia, foi que alguns "amarelados" fizeram de tudo para que "matássemos" o inimigo. 
    Pós 25 os mesmos "amarelados" disseram para nos darmos bem com o inimigo.

  • Januario Batista Jorge Muito obrigado por nos falares do teu Cachicha Maconde para nos relembrarmos dos outros "Cachichas ". O meu tinha o nome de Saíide, era macua e era mainato na messe do quartel do Chai. 
    Quando Saíide fazia algo muito bom o prémio era de loucura: um copinho de "água de Lisboa " (aguardente), que o MNF fazia o favor de transportar aqui de Castelo Branco para o Chai sem grandes demoras. 
  • Um dia estava eu sentado na messe a ler um "Seculo Ilustrado", que tinha sido recentemente enviado daqui e na pagina central tinha uma foto da Praça do Comercio, tirada do TEJO para cá. 
  •  Saíide estava a espreitar a foto e disse : Paliota maningue grrrandeeeee. 
  • E depois perguntou... Isto é teu terra pá? 
  • Sim isto é a minha terra; 
  • Isto é Lisboa e este rio é o Rio da água de Lisboa. 
  • Saltou para a minha frente, ajoelhou-se, juntou as mãos e disse : Faz favor ... leva mim teu terra ... eu jura mesmo... morre neste rio! 
  • Saíide ficou no Chai... possivelmente a sua alma já visitou o seu rio da "água de Lisboa " mas nunca me falou da sua vinda. 
  • Mas eu tenho saudades e deixo um abraço.

  • Manuel Neves Silva Bonita história,sabiamente contada. 
    Quem por lá andou e sofreu entende e sente esta tua prosa Januario Batista Jorge.

  • Januario Batista Jorge 
  • ESTA É SÓ PARA OS EX-COMBATENTES... Saìde era gente grande no Chai.
  • Mainato di nosso Alferi e di nosso Furieri na messe. 
  • Tinha pernas de gazela e como elas movia-se de forma ligeira e graciosa. 
  • Andava sempre limpo e com roupa que nós lhe dávamos, tinha algum dinheiro, óculi escuro e rádio. 
  • E a crescer na escala social dos Macuas. 
  • Régulo deu ordem para Saìde comprar mais um mulheri .Passava a ter dois mulheri. 
  • O Régulo tinha 3.

  • Januario Batista Jorge Estávamos a comentar isto e Saíde chegou e nós dissemos: Tu tens que ver o que é uma mulher branca para saberes realmente como é bom. 
  • Saíde, com as suas pernas de gazela, começou aos saltos que quase parecia a Margot Fonteyn e dizia... eu já vi!... eu já vi passarinho. 
  • Eu no Mueda era mainato de nosso Sargento. 
  • Um dia senhora no banho, chama...Saìde?... Saìde?.. traz toalha a sinhora. 
  • Saìde levou toalha e viu senhora branca. 
  • E faz favor pá, meu xoriço cresceu 30 kilos pá .

  • Francisco Mota Dores Ahahahahahahahahahahahahahahahah

  • Manuel Neves Silva Gosto do teu modo de escrever...as histórias estão muito bem contadas...Continua tens muito jeito Januario Batista Jorge

  • Manuel Neves Silva Francisco Mota Dores, Obrigado pelo esforço, mas ainda assim o meu texto "Cachicha Maconde" visualiza-se melhor no documento "docx" que postei.

  • Francisco Mota Dores Já clicou em cima das fotos ?

  • Manuel Neves Silva Já. mas o docx abre maior e com mais nitidez