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segunda-feira, 22 de junho de 2020

A companhia 3509 era a última do batalhão de cavalaria 3878..., por Duarte Pereira


Duarte Pereira


As "Histórias da História"

A companhia 3509 era a última do batalhão de cavalaria 3878.
Cabo Delgado-Moçambique 1972/74.
 
"Levou" com o mais competente sr Capitão. DAAAAA !!!

Uns tempos depois ficou sem os srs alferes do 2º e 3º pelotões....

Depois saiu o sr alferes do 1º pelotão, graduado em capitão, que foi comandar uma companhia por ali perto.

Por sorte ficou com o sr alferes do 4º pelotão ,sr Americo Coelho, onde o sr furriel Duarte Pereira e sr furriel Fernando Lourenço, tiveram muita honra em pertencer.

Os que mais andaram pela mata sabem, que os srs alferes eram os "pastores" e os srs furriéis eram os "cães de guarda".
Os "cães" sem "pastores" começaram a sentir uma certa "liberdade", pensando que poderiam voltar às suas "origens- LOBOS". 
Os "lobos" não gostam de "cativeiro". 

Assim muitas vezes saíram do arame farpado, para bater o território e procurar novas fontes de alimentação.

Esta será uma pequena história que o Sr Duarte guarda na sua memória daqueles tempos.

sábado, 8 de dezembro de 2018

"SOLDADO PARA CANHÃO" !!, por Duarte Pereira


Duarte Pereira‎ para BATALHÃO DE CAVALARIA 3878
2 de Julho de 2014 às 20:49 · 



E FOI ASSIM !!!

SIM!!! 
DURANTE SEIS MESES FUI SOLDADO. ESPEZINHADO, MAL TRATADO E "VIOLENTADO NOS MEUS VALORES MORAIS ". 
ESTÁGIO" PARA UMA ESPECIALIDADE.
"SOLDADO PARA CANHÃO" !!

FUI CABO. 
MAS JÁ TINHA A MINHA "SINA" TRAÇADA. 
FIZ A "VIDA NEGRA" AOS SOLDADOS DO MEU PELOTÃO. 
TENTAVA EXPLICAR QUE NÃO IRIAM PARA UMA GUERRA DE VENCEDORES, MAS SIM DE SOBREVIVENTES. 

Resultado de imagem para Santarém, epc

A MALTA ERA DO NORTE, NENHUM ALENTEJANO. 
TERIAM DE DAR AO "COIRO" COMO EU DEI. 
HAVIA GENTE COM RESISTÊNCIA, MAS TAMBÉM MENINOS DE CIDADE EM QUE ALGUNS NEM TINHAM PRATICADO DESPORTO. 
NÃO SE PODIA DIVIDIR O PELOTÃO AO MEIO. 
OS MAIS RESISTENTES AGUENTAVAM, OS MAIS FRACOS IAM ARRANJANDO MÚSCULO.

FUI UM CABO MUITO "MAU" A TENTAR DAR CABO DA RESISTÊNCIA, FÍSICA E MORAL A MUITOS FUTUROS FURRIEIS MILICIANOS.

ASSIM, CAIU POR TERRA A TEORIA DO DIAS NUNES. 
OS FUTUROS FURRIEIS, TAMBÉM LEVAVAM MUITO NA "CORNETA".

MAL CONHECI O MEU PELOTÃO EM SANTA MARGARIDA. 
UM MÊS NÃO DEU PARA NADA.

EMBARQUEI AINDA QUASE SEM CONHECER O MEU FUTURO ALFERES E OS FURRIEIS MILICIANOS QUE ME IRIAM FAZER COMPANHIA NAQUELES PRÓXIMOS DOIS ANOS, SE TUDO CORRESSE BEM.

AFINAL QUEM ERAM OS "SRS FURRIEIS"??
TALVEZ AQUELES QUE TIVERAM OPORTUNIDADE DE ESTUDAR E NÃO CHEGARAM AO PATAMAR EXIGIDO PARA IR PARA O CURSO DE OFICIAIS. 

Resultado de imagem para macomia

FOI O MEU CASO. 
QUEM ERAM OS "SRS OFICIAIS"?? 
SERIAM AQUELES QUE LEVARAM A PEITO OS SEUS ESTUDOS E COM OU SEM QUEDA FORAM TIRAR O CURSO.

OFICIAL OU SARGENTO ?
NAQUELE ANO EM SANTARÉM E DEPOIS DE ANALISAR AQUELA "GUERRA DE INTENÇÕES" PARA VENCER E ACABAR COM A "GUERRA", CHEGUEI A UMA CONCLUSÃO. 
PREFERIRIA UM SOLDADO COM EXPERIÊNCIA DE LÁ JÁ TER PASSADO DO QUE UM ALFERES MILICIANO "BÉTINHO".

TIVE UMA BOINA CASTANHA. 
AS VERDES, VERMELHAS E DE OUTRAS CORES, ERAM PARA AQUELES QUE TINHAM AS SUAS CONVICÇÕES.

PESSOALMENTE JÁ TINHA EXPERIÊNCIA DE "GUERRILHA" E JÁ TEREI CONTADO AQUI NA PÁGINA. 
COM AMIGOS ASSALTAVA QUINTAS PARA ROUBAR FRUTA E ÉRAMOS CORRIDOS A TIRO DE CAÇADEIRA. 
NO PARQUE MARECHAL CARMONA EM CASCAIS, EU E OS MEUS AMIGOS FAZÍAMOS CORRIDAS DE GANSOS OU CISNES DE UM LADO PARA O OUTRO DO LAGO. 
CANAS DA ÍNDIA PARA IR À PESCA. 
OS GUARDAS TOCAVAM AS CORNETAS PARA FECHAREM AS PORTAS PARA NOS APANHAREM, MAS TÍNHAMOS UMA SAÍDA DE EMERGÊNCIA PARA A PRAIA DE SANTA MARTA. 
FOMOS PRESOS PELA POLÍCIA POR ANDAR A JOGAR À BOLA NA RUA. ÍAMOS AOS PÁSSAROS COM RATOEIRAS E "FLOBER". 
ASSALTÁVAMOS CASAS SENHORIAIS QUANDO OS DONOS ESTAVAM DE FÉRIAS PARA IR BRINCAR COM AS BICICLETAS E OUTRO BRINQUEDOS DOS MENINOS RICOS.

COMO FURRIEL PROCUREI JOGAR À DEFESA.
O MEU ALFERES ERA CALMO E CONSCIENTE.
O OUTRO FURRIEL, NEM QUERO FALAR DELE

UNS ONZE MESES DEPOIS DERAM-ME UM PELOTÃO. 
JÁ TINHA ALGUMA EXPERIÊNCIA DO TERRENO, DAS PESSOAS E DO RITMO DA GUERRA.
GRAÇAS A DEUS CORREU TUDO BEM. 
O MEU TERCEIRO PELOTÃO DA 3509, QUE EU ME LEMBRE NUNCA TEVE NENHUM INCIDENTE. 
SUSTOS SIM, E ALGUNS POR MINHA CAUSA, POR TER IDO PARA SÍTIOS ERRADOS NA ALTURA CERTA.

O ARTIGO JÁ VAI LONGO, MAS TIVE MUITO PRAZER EM ESCREVÊ-LO.



Sobre um jogo de futebol militar, Macomia - Mataca..., por Paulo Lopes

Paulo Lopes

O dia marcado para a festa de Macomia estava nas vésperas e então, aproveitando também para trazer mais mantimentos, efectuou-se mais uma coluna. 
Tudo decorreu normalmente, sem qualquer problema a estragar o ambiente festivo (provavelmente alguns guerrilheiros da Frelimo estariam também presentes nessa festa) que, quer queiram quer não ia-se apoderando, a uns mais a outros menos, do nosso espírito até porque era uma coisa nova e como tal havia que explorá-la ao máximo como em quaisquer ocasiões que surgissem e que nos dariam a sensação de uma diferença no estado normal do dia-a-dia. 
Fosse festa ou não, pouco importava. 
Apenas tinha de ser, por muito pouco que fosse, diferente! 





Chegámos a Macomia três dias antes da data marcada para o Dia de Macomia, (assim se chamava tal comemoração) mas nós, como quem quereria demonstrar uma certa liberdade de movimentos, por nossa conta e risco, iniciámos a festa mais cedo, tanto assim que, no primeiro treino (???) efectuado ninguém, ou quase ninguém, via apenas uma bola e correr era assunto para depois...

Em Macomia, tal atitude, era um risco. 
Mas, pensando bem: o que nos fariam? 
Castigavam-nos e mandavam-nos para a Metrópole?... 
Eu não treinei nem participei nessa antecipação festiva, (tinha passado a noite com febre e estava ainda um pouco combalido) limitando-me a assistir a todas as peripécias que iam espontaneamente surgindo. 

Apesar de em Macomia, perto dum sistema militar já bastante acentuado, tentássemos manter uma falsa aparência de militares a sério, principalmente de nossa parte, graduados, deixávamos sempre escapar algo e aos olhos das altas esferas, essa liberdade de hierarquia que todos nós, na Mataca, utilizávamos, sempre nos valeu uma severa repreensão lançada lá do alto do poleiro.

Felizmente que depressa voltaríamos a Mataca e aí, não havia coronel que nos fosse fazer ver o quanto é necessária uma forte e severa disciplina.


O dia chegou e todas as altas individualidades civis e militares de Macomia estavam presentes. 
Como não poderia deixar de ser, a abertura da festa começou com discursos sendo o primeiro orador o major médico do batalhão. 

Este major até era um homem fora do contexto habitual de militar bem posicionado. 
De ideias positivas e de uma forma pouco comum de tratamento com os militares de todas as patentes, deixando sempre de parte e em qualquer circunstância as suas divisas, colocando-se no mesmo degrau de um soldado ou de um tenente-coronel, sabendo dar continuidade a toda e qualquer conversação seja ela de um grau de baixo nível ou de uma forma mais extensa e filosófica discussão. 
Mas neste discurso, como tinha de agradar às individualidades, tornou-se falso enganando-se a si próprio fugindo às realidades e entrando também no campo da guerra psicológica. 

Apoiou a guerra. 
Tirou o nome de ladrões aos comerciantes que há custa de altas aldrabices (bem apoiados pelas altas patentes militares) prosperavam em Macomia. 
Falou da coragem e valentia do exército. 
Deu bravas à persistência e querer dos civis. 
Enfim, um discurso completo de mentiras, recheado de tretas com a única objectividade de agradar à ocasião. 
Aproveitou-se a lição que, pelo meio, nos deu de História Universal. 

Depois discursou o governador do distrito de Cabo Delgado. 
Mais um abutre entre tantos outros que subiu a Macomia, decerto com uma enorme pouca vontade de o fazer mas que a sua folgada posição o teria obrigado a isso. 
Este desfez-se em agradecimentos e elogios aos militares. 
E toda a burrice ficou satisfeita e convencida que todas aquelas palavras de machucar corações eram verdadeiras e sentidas! 

Continuaram os discursos de muita gente, mas não houve surpresas: tudo bem. Tudo certinho no seu papel. 
Também não seria um discurso de um qualquer maluco que violasse a regra e vomitasse umas realidades sem medo, que acabaria com a guerra e com exploração monetária e mental. 
Continuariam alguns (poucos) a encher a pança e outros (muitos) a esticarem o cordel das calças porque já nem cinto existia. 

Veio o almoço onde se comeu e bebeu do bom e do melhor que se podia encontrar por aquelas bandas enquanto os que nem sempre comiam para além do trivial, assistiam do lado de fora. 

Mas era uma festa e finalmente veio o jogo. 
Acto onde Mataca entrava na peça deste festim! 
Todos desceram ao campo pois ninguém estava pelos ajustes de deixar a festa a meio. 

O campo estava repleto onde se misturava o exército com os civis. 
Misturados mas não tanto: Os abutres estavam no poleiro/ As equipas foram anunciadas pelos altifalantes e como seria de esperar, tinham de vir as patentes antes do nome: «– Nº. 1. furriel miliciano Lopes. Nº. 2. soldado Caldeira. Nº. 3. 1º cabo Rodrigues Nº. 4. alferes miliciano Lameira Etc...Etc...Etc..». 

O jogo começou e entre pontapés na bola e na atmosfera, falhanços de toda a espécie, correrias sem nexo e até desculpe meu capitão se o aleijei, lá se ia distraindo a populaça. 
Gargalhadas, palmas e até hooooos! dos espectadores, chegámos ao fim da contenda com a nossa vitória por 2-1. 

A entrega da taça foi efectuada quando já não existia luz do sol (e da outra mal se via!). 
O capitão da nossa equipa, que também era o capitão da nossa companhia, ergueu a dita, recebendo uma salva de palmas de todos os presentes e a festa, oficialmente, acabou! 
Amanhã começava a realidade! 

Mas à noite, ainda antes do amanhã, já sem os olhares dos galões de brilho dourado e peitos medalhados, apenas com a presença estranha, mas não indesejável, do major médico, juntámos-nos (os jogadores) e a festa continuou. Então foi comer e beber sem qualquer discurso falso. 
Confraternizámos: os soldados, o major médico, o capitão, os alferes, os furriéis e cabos, tudo brincou e conversou sem a diferença de galões a incomodar os mais e os menos.





in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Roubaram-me Deus, outros o Diabo, por Manuel Bastos, apresentado por José Leitão

Terapia?
Talvez...



Boa leitura!
Roubam-me Deus, outros o diabo
A minha cabeça é uma casa assombrada.
Dentro de mim, um tumulto de almas penadas espiando culpas de que estão inocentes.
Caminho por entre pessoas que não entendo, como se o riso fosse uma alucinação e a alegria uma obscenidade.

As minhas memórias são fantasmas que me acompanham para onde for. 
Amigos que tombaram pelo caminho, que me recuso a esquecer. 
Juntos, rimos e lutámos, e agora falamos em segredo, para não acordar a indiferença do mundo.

Querem que a gente volte da guerra como se nada tivesse acontecido, porque não querem ser assombrados com os pormenores. 
Nós falamos dos tiros e dos furos das balas na pele. 
Das minas e do interior dos corpos que fica à vista. 
Dos sons da guerra próximos do limite da frequência sonora audível, e que às vezes ultrapassam esse limite e deixam de se ouvir, como se estivéssemos num filme mudo. 
Falamos do cheiro do sangue fresco e da carne ainda pulsante. 
O osso limpo, os tendões cortados e as fibras dos músculos rasgadas. 
Durante meses não se pode ver uma coxa de frango; depois acabamos por falar disso como se fala de um ofício a que nos dedicámos.

O Manel até tirava fotografias. 
Eu: Ó furriel, essas fotos são pra não se esquecer disto? 
E ele para mim: Ó Zé, nós nunca nos vamos esquecer disto até morrer.

Acho que ele, com o tempo, foi criando uma raiva contra aquilo tudo, enquanto eu ia aceitando as coisas para poder aguentar, para poder sobreviver. 
Andámos ao contrário para obter a mesma coisa. 

Depois, de repente, disseram-nos que tudo o que dantes era inevitável, tinha de acabar, e deixámos de ser precisos. 
Só servíamos para alimentar a guerra, como lenha para a fogueira, e decidiram apagar a fogueira e deitar a lenha fora. 

Regressámos a um país diferente daquele que nos enviou para lá, e tudo o que fizemos passou a estar errado, do dia para a noite. 
Num país em que a ignorância é obrigatória por lei, podemos ser apanhados com uma arma na mão como um bombeiro de mangueira em punho para apagar um fogo onde há uma inundação.

O Manel a tirar fotografias, como se quisesse reunir provas para demonstrar que a estupidez humana realmente existe. 
E eu via-o como um turista que não levava aquilo a sério para não ficar louco. 
Se não tivesse lerpado com uma mina, estava agora pior do que eu, tenho a certeza.

Mas eu não estou traumatizado, não, eu tenho é saudades da guerra. 

Deram-nos uma missão importante para cumprir e nós demos a nossa vida por essa missão. 
Ensinaram-nos desde sempre que isso era o nosso dever e ensinaram-nos também a sentir orgulho por ele nos ter sido confiado. 

Há alguma coisa pior do que descobrir que nos enganaram? 
Que a nossa missão era um crime e que o nosso dever era uma maldição?

Que fazer agora com os mortos? 
Como resgatar os inocentes sacrificados? 
Como reverter a dor depois de sentida?

Tenho saudades de me sentir do lado certo da História, de me sentir um soldado a servir uma causa justa.
Anseio por uma causa justa por que lutar.

Só que me roubaram a fé. 
Roubaram-me Deus. 
Fiquei de mãos vazias e sujas de guerra. 
Não se pode rezar com as mãos sujas de guerra e não se pode ser herói numa ato criminoso.
Roubaram-me Deus e roubaram-me o Diabo, por quem lutarei?

Esfrego a pele para limpar a tatuagem do meu patriotismo e a tatuagem não sai. 
Amei o meu país com um amor impúbere e fui abandonado por ele, prenhe de pesadelos. 
A tatuagem das minhas memórias é um ferro em brasa que me não saí do pensamento. 
Ninguém regressa do inferno inocente, ninguém regressa vivo do calvário.

O que vês, Zulmira, quando fechas os olhos? 
Será que vês o que eu vejo?
Sou uma homem-bomba pronto a explodir de memórias.
Sou um comboio em chamas rasgando a noite escura, exorcizando os fantasmas no meio das trevas da indiferença dos que nunca fazendo perguntas estão sempre de bem com Deus e com o Diabo.

Se ao menos ainda te amasse, Zulmira, deitava-me ao teu lado e adormecia ignorante, que o conhecimento incomoda, mas alguém me roubou também o meu amor por ti.
Deixa, ainda assim, meu amor passado, que me deite ao teu lado, deixa que arrefeça esta acha ainda em chamas, tirada da fogueira em que arderam os meus sonhos de criança. 
Eu, de mim dei o que dão os heróis, mas coube-me o papel errado. 
Sou um personagem criado por uma história escrita por criminosos.

Esta noite sonhei que era uma criança inocente brincando. 
Será que acordei para a realidade ou agora sou um velho soldado com que uma criança inocente está a ter um pesadelo?

Tanta coisa acontece na vida de um homem e tanta coisa é esquecida, lembramo-nos apenas de meia dúzia de coisas boas, mas das tragédias lembramo-nos bem.

Sei que passei horas de convívio caloroso e camarada como nunca se consegue passar em tempo de paz, porque as coisas escassas são mais preciosas, mas não me recordo de quase nenhuma. 

E os amigos que fiz e que esqueci? 
É como se não tivesse vivido esses momentos, porque o que ficou na memória foram sobretudo as experiências dolorosas.

A felicidade é o luxo da mente, e o luxo é uma fraude. 
Não é real, é um cenário montado para exibir a opulência de uma minoria que ofusque o ruído e o desconforto de que é feita a imperfeição da vida para a maioria. 

Resta o amor. 
O amor é sempre possível, mas deveria haver mais do que uma palavra para dizer amor. 
Há amor que mata e amor que salva, há amor que castiga e amor que redime, há amor que revigora e amor por que se morre.

Dizem que se o amor acaba, é porque não era amor de verdade, então quando um homem morre é porque nunca viveu de verdade também? 
Que pensa um homem olhando o cano da arma com que vai matar-se? Que nada na sua história merece mais um dia de vida, ou que a sua história é tão preciosa que o futuro previsível não merece ser vivido?

O inflexível arco do tempo não sai nunca do mesmo lugar, nós é que somos perecíveis.

Tudo o que acontece é passado. 
O que fizemos no passado é que faz de nós o que somos hoje, e o que somos hoje é que dá forma ao passado, que o passado só é passado quando o vemos do presente. 
Igualmente, o que fazemos agora será passado amanha; não preparamos o futuro, preparamos um passado que mereça os dias de vida que temos para viver.

Sem ti, Zulmira, para recuperar a ignorância original, recosto-me no sofá, vítima do conhecimento do inferno imposto à minha juventude perdida.

O LP no gira-discos entre estalidos. 
O cantor cantando o poeta. 
As lágrimas que não seguro. 
E as palavras do poeta na voz do cantor, como facas:
Roubam-me Deus, outros o Diabo.
Quem cantarei?

Roubam-me a pátria e a humanidade, outros ma roubam.
Quem cantarei?

Um dia cantarás a revolução. Nesse dia, cantor, as lágrimas serão de esperança.
MANUEL BASTOS
In Cacimbo

quinta-feira, 20 de setembro de 2018

A Escolha Satânica, por Manuel Bastos, apresentado por José Leitão

A ESCOLHA SATÂNICA de Manuel Bastos
Eu? 
Eu estou bem. 
Só quando passa o efeito dos remédios é que a vida parece um lugar onde não se pode estar.
Estou cheio de cicatrizes, furriel, cicatrizes por dentro, das que não saram.

E você furriel? 
Como estão as suas cicatrizes? 
Não tenha vergonha das suas cicatrizes furriel, elas são a prova de que corremos riscos; e viver é correr riscos. 
Uns ganham ou perdem, outros nem uma coisa nem outra, porque não correm riscos. 

Eu não estou doente da cabeça furriel, eu tenho saudades. 
Tenho saudades da guerra. 
Lá, quando as coisas corriam mal, a gente trocava-lhes as voltas, a gente atacava os gajos pelos flancos. 
Com o tempo aprendemos a resolver os problemas à porrada. 
Pró fim até sabia bem quando tínhamos que dar uns tiritos. 

Você esteve lá pouco tempo…
Está bem: Tu!
Estiveste lá pouco tempo, e às vezes penso que tiveste sorte. 
Ficaste sem uma perna, não é pêra doce, mas há coisas piores furriel…

Ok, ok: Bastos!
Acho que aquilo deu cabo de mim.
Fiquei amputado por dentro. 
Mas ainda não inventaram uma prótese para esta amputação. 
Atafulham-me com remédios e eu fico meio grogue; e depois que se lixe, fico a voar baixinho.
Isto aqui é assim. 
Um dia puxa o outro. 
Começa devagar e vai acelerando, acelerando, e no final do dia, pumba! 
Uma carrada de comprimidos e eu fico sem sentir nada; nem mau, nem bom.

É por isso que às vezes me lembro que se ao menos pudesse trocar as voltas a isto, atacar pelos flancos. 
- Ai é? 
Vocês estão aí emboscados à nossa espera? 
E nós atrás deles pelo capim fora, lembra-se ó furriel... ó Bastos, lembras-te? 
Nesse dia não tiraste fotografias. 
Estavas mais branco que a cal da parede. 
Mas os gajos fugiram, e no mato quem é que apanha aqueles gajos? 
Nem pensar.

Depois, no Chindorilho, foste ferido. 
E tu a dizeres que nunca mais jogavas à bola. 
Às vezes penso nisso e apetece-me rir… 
Tu nunca jogaste à bola, foste sempre um nabo. 
Mas na altura até me vieram as lágrimas aos olhos. 
"Nunca mais jogo à bola."
Dizias tu para o enfermeiro Costa.

Mas nós ficámos lá, percebes? 
Aquilo parecia que não tinha mais fim. 
Aquilo mexe com um gajo, Manel. 
O pessoal aqui não sabe. 
E a malta nova então? 
Às vezes começo a falar sobre estas coisas e a Zulmira olha para a filha, a filha olha para ela, e passado um bocado já nem me ouvem. 
Eu calo-me, e elas nem notam que eu não acabei a história.
Deve ser uma chatice ouvir um gajo falar destas coisas. 
Nós é que sabemos como aquilo foi, não é?
Até eu acabei por ficar cansado de me ouvir. 
Ouço os meus pensamentos, percebes? 
Estou cansado.
Estou farto de ser eu. 
Queria despir-me de mim como quem tira um casaco usado de mais. 
E ficar nu, livre de mim. 
E depois, quem sabe, sendo outro, ter esperança de novo. 
Ilusão de novo ao menos.
Estou cansado. 

A cada dia que passa parece que acabei uma grande viagem, mas que logo tenho que partir. 
Tenho um relógio dentro de mim que não pára, um carrossel fantasma sem um único passageiro, que gira, gira, e não vai a lado nenhum.
Mal fecho a pestana, logo me voltam os pesadelos. 
Para onde foram os meus sonhos é que eu não sei. 
Mal me deito para dormir vejo logo um milhão de olhos a acusarem-me, sem eu saber de quê. 
Pessoas e sombras. 
Mas as sombras são muito mais que as pessoas.

Não me olhes assim sem dizer nada. 
Tinhas sempre uma palavra pronta para dizer, uma piada. 
Mesmo quando as coisas não eram para piadas.
Metia-te confusão quando me vias escrever sem pôr as cartas no correio, não era? 
E tu: - Hás-de arranjar inspiração antes da guerra acabar!

Acho que nessa altura já me incomodavam os meus pensamentos, e precisava de os pôr cá para fora. Punha-os no papel e pronto, ficava mais sossegado. 
O que é que um homem que anda a brincar com a morte diz à mulher que deixou em casa? 
Ela queria ir para França, e eu: - Nem sou homem nem sou nada...

Mas mal pus os pés em Mueda vi logo que devia ter dado à sola em vez de me armar em parvo. 
Você é que levava aquilo a sério furriel… 
Manel, levavas aquilo a sério, pelo menos no princípio, porque depois começaste a abandalhar e a tirar fotografias a tudo, até nos golpes-de-mão.

A Zulmira diz que agora falas contra a guerra. 
Aquilo muda a gente não é?
Foi lentamente ou aconteceu alguma coisa que nos deu a volta? 
Sei que aconteceu alguma coisa, mas não me lembro do que foi. 
Sei que me esqueci, mas como se tivesse acabado de pensar nisso um minuto antes, e logo me fugisse a ideia. 
É como se me tivessem amputado tal como te amputaram a ti. 
Falta-me esse bocado. 
O lugar onde estava essa lembrança de que não me consigo lembrar. 
E sabes lá como isso me incomoda? 
É um pesadelo.

Quando voltares, pede à Zulmira… não, não, talvez seja melhor pedires à minha filha. 
Pede-lhe que me traga fruta, ou flores, ou um livro. 
Algo que me traga algum afecto.
Acho que as assusta este lugar. 
Da primeira vez que aqui estive, vinham todas as semanas ver-me. 
Agora ainda vêm, mas menos.

Sabes como era às vezes, quando íamos pró mato? 
Aquela impressão de que as coisas iam correr mal? 
É o que sinto agora todos os dias.
Parece que ainda te estou a ver a fazer desenhos com um pauzito na areia da picada. 

Eu com a ideia que havia um muro enorme à nossa frente. 
Ou então um precipício. 
Algo que não deixaria a gente sair dali.
Agora, ao pensar nisso, iria jurar que não se ouvia nada. 
Havia um grande silêncio. 
Aquele silêncio que ouvimos quando morre alguém. 
O silêncio de a vida se ter tornado um lugar onde não se pode estar.

Levei tempo a perceber. 
Só havia lugar para dois no helicóptero. 
Eu só pensava: 
- A esta hora da tarde o que ficar vai morrer.

Nem me recordo da emboscada. 
Atirei-me para baixo da Berliet e deixei-me lá estar. 
De vez em quando dava um tiro, mas o capim não deixava ver ninguém. 
O alferes mais uns cinco gajos atacaram os turras pelo flanco esquerdo e eles fugiram. 
Resultado: três feridos graves. 

Depois o furriel... tu... ficaste a fazer riscos no chão como se estivesses a chorar.
Eu perguntei: - Quem é que vai ficar, furriel?
Olhaste para mim como se eu estivesse a falar chinês e passado muito tempo disseste: - Sei lá. Ou o que tiver mais hipóteses de aguentar a noite toda ou o que não tiver hipóteses nenhumas.

Depois continuaste a rabiscar com o pauzito no chão como se estivesses a calcular as hipóteses. 
Há muitas maneiras de chorar.

Lembro-me tão bem de todas as coisas que não têm interesse nenhum e não me lembro nada do que foi realmente importante. 

Qual deles ficou? 
Será que foi porque aconteceram muitas coisas depois disso que já não me lembro? 
É muito estranho que não me lembre. 
Quem decidiu qual deles deveria morrer? 
Quem foi que fez o papel de Deus? 
Como se pode viver depois de uma escolha dessas? 
Uma escolha tão danada que se apagou da minha cabeça.
A verdade é que se me apagaram muitas coisas na minha cabeça. 
Não sei ao certo se seria melhor conseguir lembrar-me, mas pelo menos teria mais descanso. 
Perco noites a tentar recordar-me de uma coisa e depois já nem me lembro a que propósito é que me queria recordar.
É como se eu me tivesse esquecido para não ter que fazer luto. 
A vida é assim, não é furriel? 
Todo o afecto acaba em luto.
Que foi que me aconteceu, furriel? 
Tu estiveste lá pouco tempo.... mas aconteceu alguma coisa importante, muito importante. 
Muito importante de mais...

Sabes o que penso? 
Penso que nas guerras Deus mete dispensa e quem fica a mandar é o Diabo.
Depois, Deus quer voltar de novo ao activo mas o Diabo não deixa. 
Pelo menos comigo é assim, furriel. 
Ainda tenho o Diabo no activo.
Por isso é que eu não posso escolher, não posso decidir o que faço à minha vida. 
Não se pode escolher, quando é o Diabo que está a mandar.

Também deste opinião? 
Atiraram a moeda ao ar? 
Ou fizeram Pim pam pum! 
Cada bola mata um... e depois... ficou um ao calhas? 
Um escolhido pelo Diabo.

Também se te varreu isso da cabeça, ou consegues atirar tudo para trás das costas.
 "Atira isso pra trás das costas." 

Diz a Zulmira para mim, como se fosse possível atirar uma guerra inteira para trás das costas. 
Eu bem quero esquecer, mas o que quero esquecer não esqueço e aquilo de que me quero lembrar não me lembro. 
"Tens que ter coragem." Diz ela. 
Coragem... As pessoas acham que isto é falta de coragem. 
Isto são saudades. 
Não saudades da guerra, Manel. 
Saudades de mim nessa altura. 
Saudades de quando eu era outro e tinha medo e coragem e era tudo nítido. 
Agora não sinto nada, está tudo embaçado, e eu sou um casaco velho que não consigo despir.

Quando andavas de máquina fotográfica na mão em vez da G3, era por falta de coragem, era? 
Eu bem vi. 
Aquilo começou a mexer contigo. 
Foi ou não foi? 
Ficavas lá mais uns tempos e vinhas pior que eu.

Fala com a minha filha, pede-lhe que me traga flores. 
Que me traga alguma coisa que me faça sentir que a vida é novamente um lugar onde se pode estar.

Sabes? Acho que devia ter ficado em África. 
Quer dizer, acho que devia ter morrido lá. 
Pensei assim muita vez: se voltar nunca mais serei o mesmo; nada será o mesmo. 
Nunca mais. 
Se ficar aqui, ao menos as pessoas que gostam de mim vão recordar-me como eu era. 
Como eu era quando ainda gostavam de mim.

Antes de Deus ter metido dispensa e o Diabo ter ficado no activo.

Olha, ela que não me traga flores, Bastos, as flores também morrem.
MANUEL BASTOS
In Cacimbo.


sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Meti muitas vezes a pata na poça, por Duarte Pereira


DE FURRIEL A FURRIEL GRADUADO EM ALFERES.

OFEREÇO ESTE TEXTO AO GILBERTO PEREIRA.

EU ERA O FURRIEL MAIS ANTIGO DA COMPANHIA.


EM SANTARÉM NO CURSO DE JANEIRO DE 1971,..



FIQUEI EM SEGUNDO. 
O PRIMEIRO FOI PARA À GUINÉ.

ESTAVA DESCANSADINHO NO QUARTO PELOTÃO DA 3509. 

TIVE CONHECIMENTO QUE O FURRIEL REBELO DO 1º PELOTÃO TINHA SIDO GRADUADO. 

ACHEI ESTRANHO MAS NÃO ME PREOCUPEI.

DIZ NA MINHA CADERNETA MILITAR QUE FUI GRADUADO EM 1 DE NOVEMBRO DE 1972. 

NÃO SEI HOUVE PRELIMINARES OU SE FUI APANHADO DE SURPRESA. 
DEVO TER TOMADO POSSE MAIS TARDE. 
É TÃO BOM QUANDO TEMOS UM PATRÃO E ALGUMA COISA CORRE MAL, ELE É O PRINCIPAL RESPONSÁVEL. 

NO MEU EMPREGO. 
NUNCA CHEGUEI A NÚMERO UM DE AGÊNCIA. 

TU COMO TRABALHAS POR CONTA PRÓPRIA AGORA JÁ SABES O QUE É PÔR "A PATA NA POÇA". TER UM PELOTÃO, UNS TRINTA HOMENS E TENTAR LEVÁ-LOS E TRAZÊ-LOS, O MELHOR POSSÍVEL. 

FUI IRRESPONSÁVEL, MAIS DO QUE ISSO, AGORA CONSIGO SABER QUE ATÉ FUI PARVO. 

ANDAMOS POR CAMINHOS NÃO AUTORIZADOS PONDO EM RISCO A MINHA VIDA E DOS QUE ME ACOMPANHAVAM. 
MAS QUE DEU UM GOZO DO CARAÇAS, 
DEU !!!


AGORA QUE PASSOU NÃO ESTOU ARREPENDIDO.

sexta-feira, 27 de maio de 2016

De Furriel para Furriel, por Duarte Pereira

Duarte Pereira
 
DE FURRIEL A FURRIEL GRADUADO EM ALFERES.
 
OFEREÇO ESTE TEXTO AO GILBERTO PEREIRA.
 
EU ERA O FURRIEL MAIS ANTIGO DA COMPANHIA.
 
EM SANTARÉM NO CURSO DE JANEIRO DE 1971, FIQUEI EM SEGUNDO.
O PRIMEIRO FOI PARA À GUINÉ.
 
ESTAVA DESCANSADINHO NO QUARTO PELOTÃO DA 3509.
TIVE CONHECIMENTO QUE O FURRIEL REBELO DO 1º PELOTÃO TINHA SIDO GRADUADO.
SEGUIU COM GUIA DE MARCHA PARA O NIASSA.
ACHEI ESTRANHO
MAS NÃO ME PREOCUPEI.
 
DIZ NA MINHA CADERNETA MILITAR QUE FUI GRADUADO EM 1 DE NOVEMBRO DE 1972.
NÃO SEI HOUVE PRELIMINARES OU SE FUI APANHADO DE SURPRESA.
DEVO TER TOMADO POSSE MAIS TARDE.(JAN DE 73).
 
É TÃO BOM QUANDO TEMOS UM PATRÃO E ALGUMA COISA CORRE MAL ELE É O PRINCIPAL RESPONSÁVEL.
ACONTECEU MAIS TARDE NO MEU EMPREGO.
NUNCA CHEGUEI A NÚMERO UM DE AGÊNCIA.
TU COMO TRABALHAS POR CONTA PRÓPRIA AGORA JÁ SABES O QUE É PÔR "A PATA NA POÇA".
 
TER UM PELOTÃO, UNS TRINTA HOMENS E TENTAR LEVÁ-LOS E TRAZÊ-LOS O MELHOR POSSÍVEL.
 
FUI IRRESPONSÁVEL, MAIS DO QUE ISSO, AGORA CONSIGO SABER QUE ATÉ FUI PARVO.
 
ANDAMOS POR CAMINHOS NÃO AUTORIZADOS PONDO EM RISCO A MINHA VIDA E DOS QUE ME ACOMPANHAVAM.



MAS QUE DEU UM GOZO DO CARAÇAS, DEU !!!
AGORA QUE PASSOU NÃO ESTOU ARREPENDIDO.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O que eram os "Furras" naquela guerra, por Duarte Pereira

Duarte Pereira
O SR DUARTE NÃO CONSEGUIU PUBLICAR NO "SEU" !!
PEDIU-NOS PARA PUBLICAR NA "NOSSA" !
.
COMO AS COMADRES ESTÃO COM MUITA SAÍDA, RESOLVI SER EU HOJE A ESCREVER.
 
" OS FURRAS"?
QUAL O PAPEL DOS "FURRAS"?
 
SEI QUE É ABORRECIDO ESCREVER S0BRE TEMAS DOS NOSSOS ANOS EM MOÇAMBIQUE.
 
OS "FURRAS"!!!.
TAMBÉM FUI UM.
E NA MINHA OPINIÃO TIVERAM UM PAPEL FULCRAL "NAQUELA ´COISA".
 
 
 
OS "ALFERO" CONDUZIAM AS OPERAÇÕES.
OS " FURRAS" ORGANIZAVAM O PELOTÃO .
 
À FRENTE, NAS OPERAÇÕES, NUNCA "ALFERO" OU "FURRAS" , MAS SIM OS BATEDORES OU GUIAS.
 
 
 
NAS OPERAÇÕES DO FERRAZ, SE ELE NÃO ERA O NÚMERO UM. NO MÁXIMO SERIA O NÚMERO TRÊS.
NUNCA FIZ ISSO PORQUE NÃO ERA "CURIOSO".
 
OS " FURRAS" NÃO ERAM SOLDADOS, NEM SARGENTOS NEM OFICIAIS
ERAM UMA "SEITA" QUE ANDAVA LÁ PELO MEIO PARA DESCULPAR ALGUNS INSUCESSOS.
OS OFICIAIS ESTARIAM SEMPRE PROTEGIDOS PELOS OFICIAIS.
OFICIAL IA DESDE "ALFERO" ATÉ GENERAL.
ERA UMA CLASSE QUE SABIA PROTEGER OS "SEUS".
 
QUEM PROTEGIA OS " FURRAS" E OS "FURRAS" GRADUADOS??
 
ERAS TU ??
 
DEDICO ESTE TEXTO AOS " FURRAS"
CADA UM QUE PROTEJA OS SEUS.
TIVE MUITO ORGULHO EM SER "FURRA".
 
Duarte Pereira 14/07/2014
 
Fernando Bernardes achei o maximo deste artigo lembro que na 08 tb era assim melhor o alfero andava no meio bem protegido com seus acólitos.
 

Duarte Pereira ACHO QUE IRÁ DAR POLÉMICA. E É ASSIM QUE EU GOSTO!!

 
Paulo Lopes Curiosamente nunca aprofundei quem é que fazia o quê ou quem era quem porque era um tempo de passagem pelo tempo e quanto mais o tempo corresse mais o tempo passava essa passagem!
E foi esse o pensamento que mais me alimentou a esperança!
Talvez por na Mataca as diferenças (que existiam como as existiam em todo o lado e bastava olhar para onde se instalavam uns e outros) não fossem tão profundas nesse aspecto do quem é que fazia o quê!
O repeito imperou sobre a prepotência das divisas e as situações resolviam-se sem necessidade do "chicote"!

O orgulho, reservo-o para outras importâncias do tempo que não esse tempo de passagem, má passagem que deixou lágrimas vermelhas em muitos que não sei se não superam o bom de ter conhecido alguma gente boa que a recordação (e alguns encontros) desse tempo nos ofereceu.
Uma factura muito alta para alguns.
Mas não desdenho e até aplaudo, os sentimentos que o Duarte Pereira traduz em palavras escritas.

Ele sabe que sim!
 

Luís Leote Se bem me lembro do que li, coisas publicadas pelo Duarte, mesmo graduado oficial, atuou como 'furra', não forreta!!!!
 

Velhas DE Estremoz Alentejanas OUVIMOS DIZER AO SR DUARTE QUE COM OS GALÕES. NÃO LHE INCHARAM OS ............. !!!! ADENÓIDES !!!
 

José Guedes NÃO SEI DECIFRAR MUITO BEM O QUE O DUARTE QUER DIZER NO QUE RESPEITA A OPERAÇÔES QUEM IA Á FRENTE OU ATRÁS,. EU COMO CONDUTOR E QUE PASSEI MAIS TEMPO NAS PICADAS QUE NO QUARTEL SEMPRE ME PUNHA NA COLUNA QUE FAZIA EM QUALQUER LUGAR E DEPOIS FÉ EM DEUS,.. QUE POR SINAL ESTEVE SEMPRE COMIGO,..
 

Velhas DE Estremoz Alentejanas SR JOSÉ GUEDES, SE TIVER DÚVIDAS PERGUNTE. NUMA COLUNA ELES PODERIAM MINAR OU IR TER CONNOSCO.
NUMA OPERAÇÃO NÓS ÍAMOS EM PRÍNCIPIO TER A CASA "DELES".
NINGUÉM GOSTA DE TER VISITAS NÃO ANUNCIADAS.
 

José Guedes ÑÃO PRECISO PERGUNTAR UMA COISA QUE EU SEI,.. MAS EU REFERI-ME QUE NA MINHA MISSÃO EMBORA ANDASSE MUITO POR FORA NÃO PRECISAVA DISSO, ME COLOCAVA ONDE CALHAVA,..