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sexta-feira, 29 de maio de 2020

Ontem não comentei, porque estava com o tableto..., por Armando Guterres

Armando Guterres
27/04/2019

Ontem não comentei, porque estava com o tableto. 
Agora com o computador ... dá para ler num lado a publicação do Paulo Lopes e comentar noutro.
Suponho que foi uma secção que voltou à Mataca, com a berliet.
Se ficámos em Macomia para irmos para a ponte Muagamula, nunca poderia ser do 1.º pelotão.
Só a ponte maior, de duas, é que foi deitada abaixo.
O problema foi resolvido - passando no leito do rio, do lado mais baixo do terreno. 
Ali o terreno era mais arenoso. 
Na outra ponte era mais pedra, portanto mais difícil de escavar.


Se tu foste para para a apanha do caju, eu fui, com a outra metade do pelotão, para a ponte Muagamula.


Confirmo com:
Uma vez, em que se falava que iriam colocar uma balança industrial, no Metoro (cruzamento da Viúva), perguntei ao Subtil: "Quem é que pagas a mina, para eles deitarem aquilo abaixo?"
- Citando o mesmo: Comprava uma viatura de carga (3500 KG). Ia carregada de caju [ele é que pesava e fazia o preço] para Nampula. 
Regressava carregada de produtos para vender no bar e na cantina, sem esquecer o quartel. 
A meio do terceiro regresso a viatura estava paga. 
A partir daí era só lucro.

Naturalmente, poderei estar enganado ... basta uma justificação.

- Foto da pequena, não encontro a foto da grande, dos Sapadores da CCS.

domingo, 13 de outubro de 2019

Ataques à ponte sobre o rio Messalo..., por Livre Pensador

Livre Pensador 




Devido a algumas dúvidas, incertezas e "apagamentos" na minha memória, o Livre Pensador (Ribeiro) esclareceu-me e deixou este depoimento, que vos deixo para recordar, sobre os ataques à ponte sobre o Rio Messalo.

"Pardal, durante os quase 25 meses que estivemos no Chai houve alguns ataques à ponte do Messalo. 




No entanto, aqueles de maior envergadura foram em Maio e Outubro de 1973 em que a Frelimo tentou fazer golpes de mão para conquistar e destruir a ponte, tanto assim que nessas duas tentativas eles iam prevenidos com bombas de avião, que depois abandonaram na fuga e nós tivemos de andar a explodi-las com a colaboração dos camaradas sapadores do batalhão.





Em Maio de 73 foi com a ajuda do furriel António e em Outubro de 73 com a colaboração do furriel Bernardo, já falecido. 

Foi no ataque de Maio de 1973, altura em que a ponte era defendida apenas pelo pelotão de Bilibiza, que a Frelimo conseguiu conquistar metade da ponte, originando alguns mortos e feridos nesse pelotão e em que um dos mortos e/ou desaparecido levou uma bazookada de RPG7 quando tentava fugir do abrigo a meio da ponte para os abrigos situados na margem sul. 

Desse militar restou apenas um pedaço de camuflado caído no chão em cima da ponte. 

Como o Briote escreveu no texto atrás, foi o pelotão dele que depois andou a percorrer as margens do rio na tentativa de encontrar alguns restos mortais do soldado. 




A partir desse ataque a ponte continuou a ser defendida durante o dia com o pelotão de Bilibiza e à noite era reforçado com uma secção da 3508. 

Foi essa a situação verificada no grande ataque de Outubro de 1973 em que o pelotão de Bilibiza estava reforçado com uma secção do 3º.pelotão da 3508 comandada pelo furriel Vicente. 

Como te disse, ouve outros pequenos ataques ao longo dos 25 meses, mas reportavam-se apenas a umas morteiradas lançadas de longe. 





Na última de todas, ocorrida em meados de Fevereiro de 1974, estava lá eu com a minha secção e a Frelimo resolveu que não nos ia deixar dormir nessa noite. 

De hora a hora, mais ou menos, lançavam uma morteirada que rebentava relativamente afastada da ponte. 

Ás duas ou três primeiras ainda respondemos, mas depois eu decidi que parávamos por ali. 

Eles continuaram a "brincar" até amanhecer. 

Abraço, rapaz".

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Histórias do Chai II (1972/1974), por Livre Pensador

Livre Pensador
 
Quando os militares da CCav. 3508 ocuparam o aquartelamento do Chai, foram informados que a sua missão contemplava também a proteção e defesa permanente da ponte do rio Messalo, local onde se fazia a recolha de água para o consumo diário da companhia, a qual estava situada a 10 km do Chai.
 
Coube ao meu pelotão a "honra" de ser o primeiro a ocupar as instalações do Messalo.
Eu disse "instalações"?
Que disparate!!!
 
Dado que a ponte do Messalo era considerada um local estratégico naquela que era pretendida como a estrada de comunicação a Antadora, Mocímboa da Praia e até Mueda, seria de imaginar que esse dito local dispusesse de um mínimo de condições e/ou instalações para quem nele tinha de permanecer 24 horas por dia e 365 dias por ano.
Mas isso era o que nós jovens pensávamos e como é comum dizer-se: "é jovem ... não pensa!".
 
Na realidade, quando o meu grupo de combate chegou á ponte do Messalo todos ficámos incrédulos perante a realidade que os nossos olhos viam.
 
A ponte que ligava a margem sul (lado Chai) á margem norte (lado Antadora) cuja extensão teria aproximadamente 150 metros, resumia-se a duas vigas paralelas e afastadas entre si de modo a permitir a passagem dos rodados das viaturas, vigas essas que estavam apoiadas em quatro pilares construídos no leito do rio (ver fotos 1 e 2).
 
A qualquer viatura que quisesse passar a ponte era exigida, ao seu condutor a máxima prudência, pois o menor descuido significava a saída do rodado do piso da viga e a possível queda ao rio.
 
E que dizer das instalações e/ou alojamentos dos militares que defendiam a ponte?
Não exagero se disser que nessa altura perdemos o estatuto de seres humanos e ganhámos a condição de toupeiras.
As nossas "instalações" resumiam-se a três buracos escavados na terra, na margem sul da ponte, e cobertos com uns troncos e alguma terra onde se comia, dormia e defendia um local considerado "estratégico".
 
Para completar a "eficiente" defesa dispúnhamos de dois postos de sentinela (entenda-se 3 ou 4 bidons cheios de terra com uma chapa metálica a servir de cobertura) localizados um em cada margem (foto 3).
 
Durante a noite, enquanto dormíamos, tínhamos como companhia enormes ratazanas que passeavam por cima de nós com a mesma descontração com que os humanos passeiam em qualquer rua de vila ou cidade.
 
Numa das noites, quando um dos soldados da minha secção acordou (o João Carvalho Malícia) por causa duma ratazana, já a dita cuja lhe tinha roído ligeiramente a ponta do nariz.
 
Verdade seja dita que, durante o dia, a estadia na ponte permitia criar alguma descontração com uns banhos agradáveis no rio, mas a noite tornava-se muito angustiante pois tínhamos a convicção de que por muito valorosos e destemidos combatentes que pudéssemos ser na defesa da nossa ... pele, não teríamos quaisquer hipóteses de salvação se a Frelimo decidisse fazer um ataque em força.
 
A permanência na ponte do Messalo serviu para que todos aqueles que tinham alguns dotes de pescador ou caçador tivessem oportunidade de pôr as suas capacidades á prova.
 
Eu, que durante muitos anos tive a mania de ser pescador, durante o dia e com um simples pau a servir de cana, um cordel a servir de linha de pesca, um alfinete dobrado a servir de anzol com um pouco de pão na ponta, cheguei a pescar camarões que quase tinham um palmo de comprimento (autênticos camarões tigre) (foto 4).
 
Todos aqueles que tinham preferência pela caça, passavam parte da noite a tentar matar as ratazanas que muito nos apoquentavam.
Foi este o meu batismo como primeira semana de guerra em terras moçambicanas.
Nada mau para começar, como se costuma dizer!
 
Nada mau para começar, como se costuma dizer!