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quarta-feira, 7 de outubro de 2020

25 de Setembro..., por José D'Abranches Leitão

O som vinha de longe!??
Havia "batuque"!!!!
Alerta máximo !
Normalmente era assim no dia de aniversário (?) da Frelimo.
Batuque....a noite era de dança. ...no aldeamento.
Sabíamos que alguma população, jogava com um pau de dois bicos!!!???
E a dança, vulgo batuque. ...era a "senha"!!!
Tropaáué! !!! Tropaáué! Tropaáué! Vai sair.... (os mainatos, ouvidos atentos!!!). 
E a coberto da noite...a notícia chegava às palhotas!!!!

Na caserna....os berros! 
Fecha a porra da luz! 
Quero dormir!!! 
Amanhã saímos cedo!!! 
Carago !!! 
Era a voz inconfundível do Alfaiate!!!
Eram assim as nossas saídas, ainda o dia não tinha nascido.... para a picada ou embrenhados num trilho pela mata dentro!
Dia seguinte...minas na picada....emboscadas!?
Do Chai...recebíamos noticias. ...de que "eles"...andavam por perto!
Messalo...da outra margem...alguns vultos suspeitos!
Mataca...nada era recebido via rádio. ... mas o alerta era a palavra de ordem!
Toda a Companhia em alerta máximo! !!!
Era assim o 25 de Setembro!!!
...
As "memórias"...continuam, enquanto os fusíveis, digo neurónios. ...não se "fundem"...ou não se f*****!!!!!
José Leitão
CCAV 2752

segunda-feira, 20 de abril de 2020

A primeira refeição..., por Paulo Lopes


Paulo Lopes 


Como sempre digo, cada coisa que os meus amigos partilham das suas memórias e em relação à primeira refeição na tropa, vem-me logo à moleirinha um pouquinho do meu livro!

Sem querer massacrar ninguém, sai para a mesa do canto mais umas " letrinhas apenas" do livro:......

Falando nisso, vamos almoçar...



Um militar de divisas douradas em pano de fundo verde tropa (fiquei a saber que era 2º sargento) veio chamar-nos à caserna, agora um pouco mais calma e menos conflituosa com a confusão gerada pelo homem/roupa/apetrechos/cama de cima ou de baixo/cacifo esquerdo ou direito:
— Tudo lá fora, rápido. 
Vociferou com voz de comando num tom feroz a querer meter-nos medo, como se disso houvesse necessidade, a nós, pobres mancebos que ainda nos tremiam as pernas só de ver o lustroso fardamento que enfeitava a besta feita militar.

Após reunidos e perfilados na parada à saída da caserna e sem muitos rodeios, pôs-nos a caminhar mais ou menos ordenados em direcção ao refeitório.
Primeira refeição: Chicharro frito com arroz. 
Até que do chicharro gostei ou então seria a fome que já fustigava o estômago e resmungava por qualquer ementa, mas o arroz, coitado, parecia feito de um bago só, qual cimento quase seco! 
Enfim, do mal, o menos, e dava para afugentar a fome que se ia aproximando dos nossos esfomeados esqueletos! 

Decerto que me esperavam coisas bem piores que um simples arroz mal confeccionado! Digo eu!

In "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
Paulo Lopes