Paulo Lopes
Como sempre digo, cada coisa que os meus amigos partilham das suas memórias e em relação à primeira refeição na tropa, vem-me logo à moleirinha um pouquinho do meu livro!
Sem querer massacrar ninguém, sai para a mesa do canto mais umas " letrinhas apenas" do livro:......
Falando nisso, vamos almoçar...
Um militar de divisas douradas em pano de fundo verde tropa (fiquei a saber que era 2º sargento) veio chamar-nos à caserna, agora um pouco mais calma e menos conflituosa com a confusão gerada pelo homem/roupa/apetrechos/cama de cima ou de baixo/cacifo esquerdo ou direito:
— Tudo lá fora, rápido.
Vociferou com voz de comando num tom feroz a querer meter-nos medo, como se disso houvesse necessidade, a nós, pobres mancebos que ainda nos tremiam as pernas só de ver o lustroso fardamento que enfeitava a besta feita militar.
Após reunidos e perfilados na parada à saída da caserna e sem muitos rodeios, pôs-nos a caminhar mais ou menos ordenados em direcção ao refeitório.
Primeira refeição: Chicharro frito com arroz.
Até que do chicharro gostei ou então seria a fome que já fustigava o estômago e resmungava por qualquer ementa, mas o arroz, coitado, parecia feito de um bago só, qual cimento quase seco!
Enfim, do mal, o menos, e dava para afugentar a fome que se ia aproximando dos nossos esfomeados esqueletos!
Decerto que me esperavam coisas bem piores que um simples arroz mal confeccionado! Digo eu!
In "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
Paulo Lopes
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