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quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A PONTE DE MUACAMULA, por Rui Brandão

 
A PONTE DE MUACAMULA

Como sabem, estava permanentemente um grupo de combate (em número reduzido) de proteção à Ponte.
Era rendido presumo que todas as semanas. A coluna que levava o pessoal "fresquinho", era a mesma que trazia o pessoal massacrado pelos mosquitos durante o "estágio" de uma semana.
Estágio esse passado em "confortáveis" valas e assistidos por lautas refeições gourmet daquelas caixas de cartão, cujo conteúdo constava de umas latinhas de "manjares" sortidos.
 




 

Certo dia, fui informado que a ficha do cabo de antena do rádio na Ponte estava com o cabo de antena solto (dessoldado).
Sorte a minha... Era coisa pouca. Lá fui convidado a participar no passeio Turístico até à ponte de Muacamula em classe executiva (vulgo Unimog). Nada mau. Podia ser de pincha...
Quando lá cheguei não perdi tempo.
Imaginem agora a cena...
Ponho o ferro de soldar a funcionar. A funcionar?... Claro a funcionar. Mas não havia energia elétrica na Ponte de Muacamula!!! Pois não.
O ferro de soldar que eu levava, não passava de um maçarico com um ferro de soldar na ponta. Ninguém precisa de ser técnico de eletrónica para perceber o exagero de temperatura que era aplicada num fio finíssimo que ligava à ficha de respetivo cabo.
 
Enfim, lá me safei e tudo ficou nos conformes. Comunicações já havia. Mal eu sabia que essas mesmas comunicações iriam ser vitais nas próximas duas horas...
Tirei umas fotos, esperei que o pessoal fizesse a "passagem" do testemunho (aqui uma falha minha, não me lembro dos nomes dos Furriéis que fizeram a troca) e regressámos na mesma coluna e eu optei pelo mesmo regime de conforto, exatamente, em executiva.

Cheguei a Macomia, já quase em cima da hora de jantar (o lusco fusco do costume).
Já estava eu na messe de sargentos...
Então não é que começamos a ouvir rebentamentos vindos dos lados da Ponte de Muacamula ou do Chai.
O nervosismo/preocupação instalou-se.
Como de costume alguém dá de imediato uma saltada ao posto de transmissões. Estava identificado!!!
A Ponte de Muacamula estava a ser atacada!!! Estremeci. Fiquei com a boca seca.
Eu tinha acabado de sair de lá havia pouco tempo.
Perguntei de imediato ao Furriel. Jorge (ele era das Operações) se ia sair alguma coluna para lá.
Ele não sabia ainda, mas perguntou-me de imediato, porquê?...
DISSE-LHE QUE IRIA NESSA COLUNA.
 
Ficou branco a olhar para mim e não teve reação. As comunicações mantinham-se com a Ponte de Muacamula, os rebentamentos estava a cair longe e passado algum tempo a "coisa" parou.
Não houve saída de coluna para a Ponte de Muacamula.
A minha reação foi espontânea, eu tinha lá estado, os tipos também me viram e esperaram pelo tal lusco fusco.
Eu fazia parte daquela guarnição que ficara lá na Ponte de Muacamula.
Eu queria lá ir.
Fazer o quê?...
Talvez seja essa a pergunta que esteja em cima da mesa.
Nem sei se me deixariam ir nessa tal coluna...
Passei mal durante uns momentos. Senti que eu também deveria lá estar.

Coisas de um puto mandado para a Guerra...

Em homenagem aqueles que lá ficaram sem a minha companhia e aguentaram o ataque publico hoje algumas fotografias da Ponte de Muacamula tiradas no ano de 2012.
 
Sim, desta vez eu estive lá!!!...
Sem rebentamentos.
 
A guerra acabou.

 
Rui Brandão (2013)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

DESENRASCANÇO DE MAGALA - FEIRA da LADRA -Coronha de G3, por Américo Condeço


FEIRA da LADRA -Coronha de G3

Como no grupo "BATALHÃO DE CAVALARIA 3878" foi dado destaque a este EX LIBRIS de Lisboa (Feira da Ladra) vou contar o meu contacto com a mesma.
No IAO (Instrução Aperfeiçoamento Operações) ao saltar de uma "Berliet", em movimento, para o chão, apoiei mal a coronha da minha G3 e "pimba" lá foi ela para o "maneta" (a coronha).

No fim de semana seguinte, lá fui eu entrar com uns tostões para uma nova como mandava a lei do desenrascanço.
Quando cheguei a Santa Margarida no Domingo á noite fui montar a dita cuja e qual foi o meu espanto quando verifiquei que a mesma não dava, havia ali qualquer coisa que não estava bem.
Resultado, toda a semana a esconder a coronha partida colada com fita cola para que no fim de semana seguinte a pudesse trocar.
Quando cheguei novamente á Feira da Ladra o vendedor não estava lá.
Lembrei-me e fui a outro vendedor de material daquele e disse lhe: Senhor, olhe lá, você vendeu-me isto (coronha da G3) mas ela não serve na minha arma.
O homem com ar desconfiado lá ma trocou e eu fiquei assim com a coronha em perfeitas condições.
 
Desenrascanço de Magala
 
Autor: Américo Condeço