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sábado, 28 de março de 2020

Recruta no destacamento da EPC em Santarém, por Livre Pensador

Livre Pensador
26/03/2020

Bom dia para todos.

Quem de nós passou pela recruta no destacamento da Escola Prática de Cavalaria em Santarém, decerto que se lembra dum dos habituais exercícios praticados na instrução e que era dos mais temidos por nós instruendos. 





Dava pelo nome de "PATRULHA FANTASMA", e lá chegou o dia em que tive de a fazer. 


Numa certa noite entrámos em camiões completamente fechados, e saímos do quartel. 
A princípio ainda tentei perceber qual o rumo que o camião levava, mas pouco depois fiquei desnorteado.

Depois de muito andarmos chegámos ao meio dum monte qualquer. 

Cada pelotão de 30 homens foi dividido em patrulhas de 10 elementos, e a cada uma delas era dada ordem para iniciar um percurso que estava sinalizado. 

Pouco ou nada se via. 
Surgiam vários obstáculos que era preciso ultrapassar como, subir por redes, subir a árvores, rastejar por baixo de arame farpado, rebentamento de granadas, muitos tiros, etc, etc,. 

Cada pouco éramos deitados ao chão, ora por sacos cheios de areia que, suspensos de uma árvore eram atirados contra nós, ora por paus com uma luva de boxe na extremidade que nos batia na cabeça, instrumentos esses "telecomandados" pelos nossos instrutores. 

Nunca levei tanta porrada como naquela noite. 

Quando chegámos ao fim do percurso um dos instrutores deu-nos a seguinte informação: vocês acabam de conseguir fugir dum campo de concentração, mas têm de chegar a Santarém sem serem vistos. 
Temos vários instrutores espalhados pelo caminho. 

Se forem localizados não vão de fim de semana a casa!!! 
A minha patrulha tentou, em primeiro lugar, perceber onde estava. 
Era impossível naquela noite escura. 

Resolvemos começar a descer o monte andando um pouco à toa, como é costume dizer. 

A certa altura encontrámos um pequeno riacho. Talvez fosse uma ajuda e decidimos seguir o curso da água pensando que fosse dar a algum rio. 

Depois de muito tempo a acompanhar o riacho, eis que nos surgiu a linha de comboio Lisboa-Porto. 
Era preciso tentar descobrir a nossa localização relativamente a essa linha. 
Olhámos para o nosso lado esquerdo e só víamos linha. 
Olhámos para a direita e, lá muito ao longe, vislumbrámos um clarão num alto. 
Era, sem dúvida, a iluminação da cidade de Santarém. 
Estava encontrada a nossa localização, algures na linha do Norte entre o Entroncamento e Santarém. 

A partir daí, tudo se tornou mais fácil. 
Foi só continuar pela linha até chegarmos à estação de Santarém. 

Pelo caminho iam surgindo alguns laranjais, onde íamos matando a fome e a sede. 

Chegámos ao quartel entre as 5 e as 6 da manhã sem termos sido detectados por quem nos queria roubar o fim de semana tão desejado!

domingo, 1 de dezembro de 2013

Refeitório - Foto José Capitão Pardal

Texto do Livre Pensador (Ribeiro) para o Duarte Pereira

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Também penso que sim, Duarte Pereira.

A nossa sorte foi que quase todas as munições de foguetão 122 caíram a menos de 50 metros do quartel.

Dentro deste, apenas caiu uma que destruiu grande parte do refeitório e inutilizou um dos obuses com que estávamos a responder ao ataque.

Quase ao fim duma hora de combate fomos obrigados a pedir apoio aéreo dos Fiats, porque também estávamos a ficar sem munições.

Acrescente-se, que ao mesmo tempo que decorria este ataque, a ponte do Messalo foi também atacada e um grupo de combate que saiu do quartel para ajudar o pessoal da ponte foi emboscado logo à saída do Chai.

Aquilo que hoje em dia se poderia chamar de 3 em 1.
Abraço.
Ribeiro