A companhia de cavalaria 3508 assegurou a defesa da ponte do Messalo desde Fevereiro a Agosto de 1972, com um pelotão lá colocado permanentemente.
A partir desse mês, essa missão passou a ser desempenhada por um grupo de combate duma companhia moçambicana estacionada em Bilibiza.
Objetivo da alteração: permitir que a 3508 ficasse disponível para desempenhar ainda mais operações no mato.
Uma dessas muitas operações foi realizada em Novembro de 1972 e tinha como objetivo a zona compreendida entre o Chai e o Mucojo, pois sabia-se da implantação de bases da Frelimo nessa área.
Seria uma missão a desempenhar em 3 dias.
Era já época das chuvas e as ditas não se faziam rogadas e, por isso, a progressão na mata era muito difícil.
Difícil foi também atravessar o rio Licualedo (afluente do Messalo na margem sul), pois as suas margens estavam de tal forma alagadas (e alargadas) que demorámos várias horas a ultrapassar aquele obstáculo e sempre com água pela cintura. No final do 2º. dia tornou-se evidente que seria impossível atingir o objetivo da missão nos 3 dias para os quais tínhamos ração de combate, pois como é costume dizer-se "a procissão ainda ía no adro".
Por essa razão, na manhã do 3º. dia informámos o oficial de operações do batalhão 3878 (major "Alvega") que precisávamos de reabastecimento de rações de combate para mais dois dias, a fim de conseguirmos terminar a operação.
A resposta, via rádio, do "distinto" oficial foi clara e rápida: "A RAÇÃO QUE DÁ PARA 3 DIAS TAMBÉM DÁ PARA 5"!!!
Era vulgar dizer-se que um militar não virava a cara á luta.
Foi o que fizemos.
Por essa razão insistimos no pedido ao oficial de operações.
A sua (dele) segunda resposta foi ainda mais rápida: "COMAM CAPIM"!!!
Palavras para quê?
Apenas soltámos aquele grito de revolta que se resume a 3 letras "FDP"!!!
Em resumo: mais uma missão cumprida e comprida (5 dias), mas sem qualquer contacto com o inimigo porque ... também não fizemos por isso!
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