quarta-feira, 7 de outubro de 2020

Este casal de "cromos"..., por Livre Pensador

 Livre Pensador

30/09/2020

Este casal de "cromos" apareceu uma ou outra vez no quartel do Chai a pedir para falar com o comandante. 


Iam sempre devidamente "armados"! 


Ela "armada" com um frango que oferecia ao capitão. 


Ele "armado" com um garrafão vazio, para ser cheio com "água de Lisboa" (vinho), por troca com o frango. 


Aqui está o capitão Rodrigues a aturar os dois "artistas"!

A imagem pode conter: 1 pessoa, em pé, sapatos e ar livre

Reencontro de irmãos, por Livre Pensador

 Livre Pensador

BATALHÃO DE CAVALARIA 3878

07/10/2020
Em Julho de 1972, ainda éramos "checas", dois grupos de combate (1º. e 3º.) da Ccav. 3508 partiram para mais uma operação, desta vez na Serra do Mapé, local onde o contacto com a Frelimo era quase inevitável. 

Detetámos um aldeamento com 9 palhotas que foi destruído, após uma breve troca de tiros com os guerrilheiros. 

Prendemos uma mulher e os seus 2 filhos, que se vêm na foto, e apanhámos uma granada de mão. 

A captura desta mulher iria revelar-se surpreendente, para nós militares "checas", por 3 razões:

1ª.) Ao ser apanhada, a mulher correu para abraçar o nosso guia: eram irmãos! 

2ª.) Ao chegarmos à picada, já perto do quartel, pedimos que as viaturas nos fossem buscar. 
Quando estas se aproximavam de nós, a mulher tentava fugir assustada, porque nunca tinha visto um carro! 

3ª.) Um dos filhos tinha um tom de pele mais claro (como se pode ver na foto) e os olhos com traços orientais. 

Conclusão: o apoio da China à Frelimo não era só material ... também era sentimental! 

Tudo isto pode parecer estranho, mas foi na guerra e foi verdade!

quarta-feira, 23 de setembro de 2020

Uma quinhenta..., por Livre Pensador

 Livre PensadorBATALHÃO DE CAVALARIA 3878

 
Os militares da Ccav. 3508 também faziam ação psicológica no Chai.

Nesta foto, estou a distribuir uma quinhenta (50 centavos na época) por um grupo de crianças que habitualmente andavam pelo quartel. 

NOTA IMPORTANTE: as quinhentas eram minhas, não eram da companhia!!!!

Era o 2° ferido em combate!..., por José D'Abranches Leitão

Antes que os neurónios se f****** (1)
(1) (se queimem!!!!
Mais uma...

Iniciámos a saída ainda de noite...para não sermos detetados, pois sabíamos que o IN podia ser avisado, caso sassemos de dia.

O "objetivo", segundo informação do guia, ficava num escarpado, de difícil acesso nas faldas da Serra.

Nos dois primeiros dias, com as máximas precauções, a progressão na mata ia decorrendo, sem grandes sobressaltos! 
Mas ao final do segundo dia, já havia muito cansaço e os cantis começavam a ficar sem água!
(...)

Ao terceiro dia quando já próximos do objetivo, segundo informação do guia e após uma elevação relativamente baixa, ao chegar ao ponto mais elevado, somos alertados pelos soldados que iam na frente, de que 2 mulheres estavam no pequeno riacho, que naquele ponto rasgava transversalmente a descida da elevação. 

Ao sermos vistos pelas mulheres, estas fogem aos gritos de Tropaáué....Tropaáué !!!! 

Os primeiros soldados já tinham atravessado o riacho quando ocorreu um intenso tiroteio de armas automáticas, metralhadoras e rapidamente todos se deitaram pelo chão.

Alguém grita ao Justino para que se esconda atrás de um enorme embondeiro, mas o Justino é atingido num braço e tomba ferido!

Ripostamos de imediato e tentamos socorrer o soldado ferido, abrigando-nos onde fosse possível… só que o terreno não o permitia, pois a clareira era grande.

Durante alguns minutos, todos os nossos sentidos foram solicitados para que fosse possível aliar o raciocínio ao instinto de sobrevivência, debaixo de fogo.

Ouvia-se, juntamente com o estampido dos disparos, o ferido que se queixava de dores, outros que tentavam dar algumas indicações, com que cada um se teve de defrontar no limite das suas capacidades.

Ao fim de três ou talvez quatro longos minutos, tudo terminou após um disparo de uma bazucada que conseguimos efetuar e que levou o inimigo a retirar…

De imediato se fez avaliação da situação relativamente ao ferido e às munições disponíveis.

Depois de montada a segurança no local, foram efetuados os primeiros socorros, apresentando o Justino o braço dilacerado com alguma gravidade.

Nesta situação, tentou-se a comunicação via rádio para evacuação, mas como acontecia com alguma frequência e tínhamos a perceção disso mesmo, por experiências anteriores, estávamos isolados!..

Ou por incapacidade do equipamento ou simplesmente por ninguém escutar, devido ao facto de não estar dentro da hora da exploração rádio! 

Mas ao fim de 1 hora, conseguiu-se a evacuação. 
O Justino foi colocado numa maca e entrou no heli ...com destino ao Hospital de Mueda.


A deslocação, ao longo destes últimos quilómetros, foi feita sob uma tensão psicológica que se refletia nos rostos apreensivos, na precaução e no silêncio…
Não havia um sorriso, uma palavra, apenas o som das passadas e das botas esmagando as folhas, ao longo do caminho.

Outras operações se repetiram, mas esta provocou uma inesperada situação de grande tensão e sofrimento, pois o Justino possivelmente ficaria sem o braço....
Era o 2° ferido em combate!
Jose Leitao 
4° Grupo de Combate CCAV 2752

A Breda Modello 37 (M37)..., por Duílio Caleça


Período de produção 1937-1943
Tempo em serviço 1937-act
Características
Calibre 8 x 59 mm RB Breda
Velocidade de saída do projétil 900 m/s
Alcance eficaz 400 m
Peso 17,5 kg
Comprimento total 1270 mm
Alimentação carregador de 20 munições




A Breda Modello 37 (M37) foi uma metralhadora de projeto italiano, adoptada em 1937. 
Foi a metralhadora pesada padrão do Exército Italiano durante a Segunda Guerra Mundial. 
A M37 foi projetada como substituta da problemática Breda M37, provando-se muito mais eficiente em combate. 

Apesar diss
o revelou alguns problemas da sua predecessora. 
Uma das suas restrições era o facto de ser alimentada por carregadores de 20 munições e não por fita, o que, para permitir um fogo rápido, obrigava que a sua guarnição tivesse dois membros, além do apontador um municiador para recolocar rapidamente novos carregadores.

Apesar da produção ter terminado em 1943 manteve-se como arma padrão depois da Segunda Guerra Mundial até ser substituída por metralhadoras mais modernas.

A M37 foi adotada como metralhadora pesada padrão do Exército Português em 1938. 
Aqui era oficialmente denominada Metralhadora Breda m/938. 

A arma foi mais tarde usada pelas forças portuguesas na Guerra do Ultramar, sobretudo montada em viaturas.


domingo, 23 de agosto de 2020

Outras vivências, num mesmo cenário..., por Duarte Pereira

Duarte Pereira 
para BATALHÃO DE CAVALARIA 3878
O Jorge Costa, que esteve ligado ao comando em Macomia, trabalhou directamente com o Major Fernandes, respondeu a uma "provocação" minha.
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Duarte Pereira - Olá Jorge Costa . Lembro-me de ti, quando tinha de ir falar com o Major de Operações. 
Se não gostas de escrever, põe o dedo. :) Abraço.
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...
Jorge Costa - Boa noite. 
Só agora vi a tua mensagem porque contínuo a minha actividade profissional diariamente.
Como deves saber vivo em Angola.
Ao ler a pagina do batalhão não me revejo na maioria dos comentários que aqui são colocados, por não terem nada a ver com a nossa vida comum nas lindas terras de Moçambique, motivo pelo qual não utilizo o dedo. 
Um abraço a todos os camaradas.
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Aqui está uma boa crítica, que agradeço.
Abraço, Jorge Costa.

Uma provocação. 
Três conceituados aramistas.

José Guedes O amigo Jorge Costa, penso eu que apareceu muito tarde nesta página, senão sabia que nos nossos primeiros tempos falamos muito da nossa vivência em Moçambique que se são lindas terras eu desconheci, quase só me vi metido no mato,. mas não vamos ter de estar sempre a falar do mesmo,. o amigo Jorge mesmo depois de entrar na página que eu me lembre nunca disse nada até porque pouco teria a dizer, porque só saia de Macomia para férias e será por isso que ele conhece Moçambique como lindas terras, teve o privilégio de as conhecer, mas nem todos podem dizer o mesmo,.

Rui Briote Sem comentários...;(

Livre Pensador Na minha terra (Lisboa) é costume dizer-se que: "CADA MALUCO TEM A SUA MANIA". 
Assim sendo, deixem-me ser MALUCO e deixem-me aproveitar e utilizar este espaço de convívio entre aqueles que, tal como eu, foram uma FAMÍLIA durante os longos meses de guerra em Moçambique. 
Podem os comentários não agradar a todos é certo, mas agradam decerto aos que os colocam e àqueles que respondem. 
Desculpem aqueles que me julgam cacimbado. 
Abraço. Ribeiro.

Rui Briote Amigo Livre Pensador ou melhor Ribeiro já comentei acima e só quero que me respeitem como eu respeito a todos....abraço

Livre Pensador Amigo Briote, também assim penso. Abraço.

Armando Guterres Digo deste grupo o que digo do curso de medicina:
Se todos fossemos iguais, tal curso demorava quinze dias a tirar.
Haja diversidade na cidade como no campo - não gosto de monoculturas.

Um Abraço e Beijinhos.

É perfeitamente natural que o Jorge Costa não compreenda a forma de estar da maioria de nós. 
Eu percebo. 
Temos que compreender que nem todos os membros do BATCAV3878 estiveram e viveram a guerra e por esse facto não compreendem a forma de exteriorizar os nossos sentimentos e os nossos traumas, que não duvidem são muitos... 
Um abraço para o Jorge Costa e para todos os amigos que de uma forma ou de outra fazem este espaço...

O perdido..., criado pelo Duarte Pereira, mas da autoria do Fernando Afonso

Duarte Pereira
26/07/2020
Hoje vou dedicar um pouco mais do meu tempo a uma "vida" que todos pensavam de muita "acalmia" só interrompida nas colunas de reabastecimento.
Neste texto do Fernando Afonso, iremos ler alguns dos que estiveram mais próximos dos " enxames de abelhas" .

Pensei que só o capitão miliciano graduado António Ferraz andaria no "barulho ", mas na Mataca também andou o Nuno Salgado com o mesmo estatuto, os furriéis, esses "malandros", também andavam na linha da frente para os "golpes de mão", exemplo, o Cardoso que era um pouco mais pequeno tinha mais hipóteses de fugir às balas, segue a narrativa do Fernando Afonso.
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Fernando Afonso Há muita coisa de que já não me recordo, exactamente porque fiz uma limpeza no disco rígido. Por exemplo, só sei o nome da operação OMO, porque fui heli-transportado e porque participei nela apenas com a minha secção, tendo o restante pelotão ficado no aquartelamento.
Todas as outras que fiz ao longo da comissão, e foram muitas, não sei o nome de nenhuma delas.

  • Fernando Afonso, Nós queremos lá saber dos nomes das operações. Aguardamos os pormenores da operação em que te perdeste. Vai alinhavando e depois publica. Abraço.
  • 📷Fernando Afonso Dia 11 de Maio/73 iniciamos a operação, 2º e 3º pelotão. Levávamos connosco, como guia, um indivíduo que tínhamos apanhado no mato numa operação anterior e que o Major mandou que nos acompanhasse naquela operação, para nos levar ao objectivo (o Major era um sonhador. Guerrilheiro de arame farpado).

  • Dia 12 à tarde aproximá-mo-nos do objectivo.
  • O "turra" pediu-nos por tudo para não matarmos ninguém. Ele tinha família do lado de lá. Falsamente, anuímos ao seu pedido.
  • Como já era muito tarde resolvemos pernoitar nas imediações e tentar chegar ao objectivo no dia seguinte, pela madrugada. O Salgado, que já era capitão e que alinhava sempre connosco, chama-me e pergunta-me se eu quero ir à frente com o grupo (porque ele conhecia-nos bem, tinha sido o meu alferes do grupo), ao que respondi: "Não. Não me ofereço, porque pode alguma coisa correr mal e não quero ficar com problemas de consciência".
  • Naquele dia era ao 3º pelotão que competia ir na frente. Eles que avançassem. Entretanto fur. Cardoso, oferece-se para seguir na frente com a sua secção.
  • No dia 13 de Maio (dia da Sra. de Fátima), de madrugada iniciámos a progressão já com todas as cautelas e pouco tempo depois depará-mo-nos com um acampamento com 5 ou 6 palhotas e com 7 ou 8 habitantes.
  • Fez-se o assalto, no tiroteio faleceu uma mulher e os outros deixá-mo-los fugir porque havia lá crianças e não queríamos que ficassem órfãs. Isto digo eu agora, porque na altura não havia tempo para pensar.
  • O pelotão atravessou o local das palhotas, eu seguia na cauda e houve uma ordem para a última secção destruir as palhotas.
  • Depressa passei a informação aos soldados e começamos a pegar fogo nelas. Os meus soldados com pressa e talvez com medo de alguma represália afastaram-se de mim, sem avisarem, deixando-me sozinho naquela missão.
  • Quando deixo as palhotas e sigo em direcção ao local onde supostamente esperaria que estivesse o pessoal à minha espera, olho em redor e onde é que eles estão? Durante alguns momentos, bloqueei. Respirei fundo e corri em várias direcções na ânsia de os encontrar.
  • Acho que Nª Sra. de Fátima esteve do meu lado. Tive a sorte de ir parar a uma pequena elevação de terreno que me permitia ter um campo de observação mais elevado e assim vislumbrar o pessoal que já seguia muito afastado. Corri até eles, juntei-me ao meu pessoal e já não me lembro se lhes disse alguma coisa. Acho que não.
  • Passados alguns minutos ouvimos ao longe 3 ou 4 rebentamentos. Acho que foram granadas que estariam escondidas nas palhotas. Até porque o meu soldado Lemos apanhou uma granada que depois entregou ao Capitão. O regresso foi tranquilo.
  • 📷Duarte Pereira Fernando Afonso - Este teu artigo fica aqui em "Banho Maria" e amanhã ou depois divulgarei no topo da página do grupo, porque no meio de todos estes comentários será difícil apanhar. Não sei se tens conhecimento que o José Capitão Pardal "alimenta" um Blog em que publica as nossas " histórias" que tenham pernas e cabeça.
  • Esse blog é "público" e não só nós deste Grupo, mas qualquer outro "internauta" poderá ter acesso. Eu tenho uma série de artigos meus lá publicados e pergunto se vês algum inconveniente em o José Capitão Pardal os publicar, se achar que têm mérito.
  • Obrigado por teres partilhado connosco mais um episódio complicado daqueles tempos. Abraço.
  • 📷Fernando Afonso Duarte Pereira Os relatos são verdadeiros e vividos na 1º pessoa. Ainda houve outras peripécias que não revelei porque o texto já estava longo, mas o essencial fica narrado.
  • Não vejo nenhum problema em que se torne público, contudo alerto para o facto de poder ser lido por alguém que não goste de alguns termos usados, com por exemplo: "turras", que era o termo, na altura, utilizado para referenciar os guerrilheiros da Frelimo.

sexta-feira, 21 de agosto de 2020

Os bigodes..., por Livre Pensador

 

No Chai deixei crescer o meu "farfalhudo" bigode. 


O objectivo era parecer mais velho para que os meus camaradas parassem de me chamar "QUINZANINHOS"!!! 

Não resultou!!! 


Continuei injustamente a ser vítima de "bullying"!!!


A imagem pode conter: Livre Pensador, ar livre
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