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quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A população da Mataca, por Armando Guterres

 
A população foi junta e enfiada num arame farpado.

Claro que para aquelas "cabecinhas" havia de as pôr perto do aquartelamento ... as condições de vida, não contaram, como é óbvio !!! - Pouca água e salobra.
 
Fizeram as machambas um pouco afastadas, onde havia água um pouco melhor.
 
 

No antigamente, na zona a sul da serra do Mapé, a população vivia isolada e nalguns pequenos aldeamentos.

Estive no mapa do Google e fora Chicomo, não encontro aldeamentos a menos de 40 km para este, a norte até ao rio Messalo e até perto de Muagide.
 
Neste território, no nosso tempo havia população protegida pela Frelimo.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Um desabafo: Ainda hoje conservo um sentimento de revolta, por Paulo Lopes


Paulo Lopes

Amigo e companheiro Rui Briote, desculpa a minha ousadia (provavelmente repetida) mas deixa-me responder ao teu comentário à minha maneira apenas para te dizer que tudo isto não é de agora e que, enquanto não vier uma "liberdade" a sério, tudo continuará na mesma venha quem vier para o comando do bicho chamada "poder".
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Ainda hoje conservo um sentimento de revolta que me obriga a não perdoar e desconfiar de todo e qualquer politico ou governante.
Jamais esquecerei que, à custa do sangue, do medo sofrido, da deterioração cerebral, do desgaste psíquico e até da própria vida de muitos jovens, andam hoje, a ser aplaudidos, levados em ombros e até adorados, nomes que foram potenciais causadores de todo um quadro degradante, de todos estes anos perdidos, de tantas vidas desfeitas.
Nomes que voam por cima.
Que aparecem nas primeiras páginas dos jornais, revistas e noticiários como grandes heróis, salvadores de um povo, lavradores de uma independência!
Gentalha podre de rica à conta de cambalachos e corrupções, de esmagamento de vidas alheias, de prepotências desmedidas, que ironicamente, hoje são, grandes comunistas, socialistas, sociais-democratas, revolucionários, esquerdistas, direitistas e do que mais estará para vir, que eles mesmo — sempre os mesmos— inventarão.
Enfim, grandes e fervorosos defensores da democracia, dos direitos dum povo, da paz dos portugueses e do mundo!...
Filhos da p...!
Contudo, e o que me faz ainda doer mais, é que estes senhores, civis ou ainda militares, donos do mundo e da vida, continuam e continuarão a ser sustentados e levantados aos céus por aqueles que outrora perderam a juventude servindo os interesses de quem nunca se interessou por eles.

Portugal viu partir muitos soldados.
Uns nunca mais voltaram.
Outros regressaram feridos na alma e no corpo.
Outros ainda, como grandes heróis que nunca foram.
Grandes combatentes de batalhas que nunca sentiram.
Expoentes máximos no conhecimento de guerrilha que heroicamente travaram nos cafés e esplanadas das diversas cidades Moçambicanas.

Os muitos que realmente foram verdadeiros heróis, com todo o seu medo de combater, com todo o seu receio de ter que disparar a sua arma, com todos os sentidos em pleno desespero, com toda a sua virtude de voltar costas à guerra, passam despercebidos no meio da multidão que corre loucamente, não para acarinhar os jovens que já esqueceram que foram jovens, mas sim, para aplaudir e dar vivas a uma qualquer miss de Portugal, ou uma qualquer equipa de futebol que, algures, nesse mundo que transborda paz e alegria, obtiveram um lugar de destaque.
Multidão que corre a aplaudir e festejar vitórias de todos esses partidos políticos que existem no nosso Pais a beira-mar plantado, comandados por senhores tão democráticos como os de outrora.

Tudo o que para trás ficou escrito serve apenas para homenagear todos aqueles desventurados que, sem saberem a razão, tombaram na defesa da mentira dos poderosos.

Também não passa dum forte abraço a todos os heróis sem medalhas, que, perdidos no tempo e na memória, passam despercebidos, sem histórias mal contadas para dizer.

Quero aplaudir todos aqueles que determinadamente convictos, conseguiram fugir a muitas ordens dadas por desmedidos animais ao serviço do poder.

Quero coroar todos os que, à maneira de cada um, foram suficientemente heróis para dizer NÃO a muitas operações, fugindo delas como podiam, não acatando ordens daqueles que nunca estavam no local para as poder fazer cumprir.

in “Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis”
paulo lopes

sábado, 30 de agosto de 2014

As comadres e as histórias do Duarte, por Duarte Pereira


REPETIMOS PARA A MALTA RECÉM ADERENTE.

Velhas DE Estremoz Alentejanas: Olá a todos.

Quem tem acompanhado este Blog já saberá quem somos, (As comadres são), a voz da consciência do Batalhão de Cavalaria 3878, em serviço em Moçambique entre 1972/74.
As companhias eram C.C.S. Macomia e as 3507 Mataca, 3508 Chai e a 3509 Macomia, mas pouco.



A 3509 fazia a proteção a uma picada, que seria estrada e estava a ser renovada, entre Macomia e o Mucojo, já no Oceano Índico.



O nosso autor, ex-furriel Pereira do 4º pelotão da 3509, deitava-se muito cedo, logo que podia, para os dias passarem mais depressa.

Queria rever a sua família e a sua Belinha, namorada a quem tinha feito votos de amor eterno.
 

A noite caía cedo.
O dia nascia cedo.
Enquanto uma caía e o outro nascia,  o ex-furriel nem sempre dormia.
 

Quando estava em Macomia, nos intervalos da mata, de vez em quando preocupava-se em ver o que o pelotão andava a fazer.
Fazia parte da sua missão, o bem estar da malta.
Tinha a ideia que alguns elementos ainda não tinham "molhado o bico" ( não estou a falar de cerveja ou outras bebidas).
Tinha conhecimento de algumas doenças, que poderiam marcar as suas vidas, embora houvesse informação, mas talvez não suficiente.

Na enfermaria muita penicilina se gastou.

Depois de algumas diligências, percebeu que os virgens ou mais inexperientes procuravam "senhoras" de idade mais avançada.
"Renda" mais baixa e mais paciência.
Idade avançada, na altura, não significava fora do prazo de validade, mas sim, "desgaste da viatura". 



Quando chegados ao Alto da Pedreira, foi autorizado (não sei por quem), que os soldados africanos poderiam ter companhia à noite nas suas tendas.

Confesso e nunca mais esquecerei que aquela convivência enriqueceu a nossa missão.
Senhoras no aldeamento dos milícias, senhoras na nossa base tática, era uma alegria.
Quando raramente havia a visita do Capitão ou alguma cerimónia, as senhoras da base regressavam a Macomia ou iam para o aldeamento dos milícias. 


Logo havia: boa comida, boa bebida, entretenimento e nada de stress .
 

Em 1973, em Macomia, foi por ele incumbido o ex-furriel Madeira (já falecido) de assegurar essas "missões", operações essas em que se empenhava.



Por hoje é tudo.

Nem só de pão vive o homem ... e as mulheres poderão dizer o mesmo.

Beijinhos e até breve.


http://decarnaxideparaomundo.blogspot.pt/
De Carnaxide para o mundo.
 

sábado, 5 de julho de 2014

As comadres são Acutilantes, por Duarte Pereira

Duarte Pereira


BOM DIA. 
JÁ REGÁMOS E VIEMOS PARA AQUI "REGAR" MAIS UM POUCO. 
VIMOS OS COMENTÁRIOS DO SR GUTERRES DE ONTEM À NOITE E FARTOU-SE DE METRALHAR EM TUDO QUE ERA SÍTIO, COM AS SUAS FRASES CURTAS E MUITO CONSISTENTES. 
 
É UMA DOR DE ALMA ANALISAR AQUELES COMENTÁRIOS TÃO ACUTILANTES. 
 
GERTRUDES - O QUE É ISSO DE ACUTILANTES?? 
 
MARIA, ACUTILANTES É O QUE PENSA COM A SEGUNDA E TERCEIRA LETRA E ATIRA PARA DIANTE. 
 
FOMOS AO GOOGLE E ESCREVEMOS BATALHÃO DE CAVALARIA 3878, LOGO EM PRIMEIRO LUGAR O BLOG DO COMPADRE PARDAL. 
 
DEVE PAGAR UM DINHEIRÃO PARA ESTAR EM DESTAQUE. 
 
CLICÁMOS E O PRIMEIRO ARTIGO ERA NOSSO.

ANDAMOS A FICAR FAMOSAS, MAS POUCA GENTE CONHECE O BATALHÃO. 

O SR MARCELINO ANDA EUFÓRICO COM A APROXIMAÇÃO DA DATA DO ALMOÇO. 

ENQUANTO SE ESCREVE VAMOS OUVINDO NO "CUME DA SERRA".

AGORA "CUME" TEMOS MAIS QUE FAZER VAMOS SAIR. 

BEIJINHOS PARA TODOS..

domingo, 29 de junho de 2014

As comadres e o novo administrador, por Duarte Pereira



COMADRE, HOJE É DIA DE FESTA.
UM NOVO ADMINISTRADOR, UM TAL LEOTE DA MATACA.
ACHO BEM!!
ACHO QUE JÁ HAVIA DE DUAS COMPANHIAS, FICA A FALTAR A C.C.S..

A C.C.S, QUE NÃO FIQUE ABORRECIDA.
O JOÃO NOVO, QUE TEM APARECIDO POUCO, POR ANDAR "APIXONADO" PELA VIDA, FOI MAIS C.C.S. QUE OUTROS.

VAMOS LÁ VER SE ME LEMBRO DOS OUTROS TODOS.
AMARO PEREIRA 3509 E 3508, AINDA TRABALHA.
MAS PROMETEU TRABALHAR AQUI MAIS.
LOGO QUE SE REFORMAR.

RUI BRIOTE 3507, TEM COLABORADO MUITO E PENSA EM NOVOS PROJECTOS.

CAPITÃO PARDAL "O PAI DA PÁGINA", DEIXOU UM POUCO A PUBLICIDADE AO ALENTEJO, MAS TEM FEITO ALGUNS " BLOCOS", CADA VEZ MAIS APERFEIÇOADOS E INTERESSANTES.

QUEM FALTA???
AH! O FERNANDO LOURENÇO, QUE DEVE ANDAR EM MEDITAÇÃO.
UNS DIAS SIM E OUTROS NÃO.
ESSE ESTÁ DESCULPADO, TEM UMAS VOLTINHAS PARA DAR.

O ÚLTIMO - DUARTE PEREIRA, OLHE ESSE JÁ NÃO TEM REMÉDIO! EM VEZ DE DOIS, PARECE QUE TEM TRÊS NETOS.

MAS POR QUE É QUE O LEOTE FOI NOMEADO??
NEM QUEIRA SABER!!!
COMO ELE, O PATRONO, GOSTA DE SE DEITAR CEDO E ATÉ NOS DIAS DO ANTÔNIO BRITO DO CANADÁ GOSTAVA DE SE DEITAR MAIS CEDO, NOMEOU O LUIS LEOTE QUE SE DEITA TARDE, PARA ALTERAR A FOTO DE CAPA E PÔR ALGUM VÍDEO DESSES MODERNOS QUE ELE "COMPILA".

O NOSSO "PATRONO" NÃO É NADA BURRO.
MAS O PORQUÊ DA NOMEAÇÃO HOJE.
É FÁCIL DE EXPLICAR.
AMANHÃ HÁ CASAMENTO E ELE TEM DE SE DEITAR CEDO, POR CAUSA DAS OLHEIRAS.

SABE A ÚLTIMA??
JÁ TEMOS TRÊS AMIGOS.
COMO SOMOS MODESTAS, NÃO IREMOS CONVIDAR NINGUÉM.
QUEM SE OFERECER SERÁ BEM VINDO.

COMADRE, ESPERAMOS TER FOTOS E FAZER REPORTAGEM DO CASAMENTO.
O CÃO COM AS ALIANÇAS DOS NOIVOS, ACHO QUE IRÁ DAR PARÓDIA.
  •  
    Paulo Lopes O seu a seu dono Velhas DE Estremoz Alentejanas:
    Por feitio ou defeito, leio sempre tudo ( a não ser que me escape à rede).
  • E leio não apenas por ler mas por gostar de o fazer e faço-o com atenção (penso eu).
  • Por isso, velhas duma figa, o Rui Briote, não era da 3507!
  • Não é que o não gostasse de ter tido como companheiro das lutas irremediavelmente perdidas, nada disso mas sim porque devem-se colocar os galos nas devidas gaiolas!
    Quanto à amizade suas velhas ranhosas, não ma peçam que não é preciso pois tenho onde as possa "espiolhar"!
  • Vão-se catar!!! :-):-):-)
     
  •  
    Duarte Pereira PAULO LOPES, TENS RAZÃO RUI BRIOTE, " NASCIDO E CRIADO" NA 3508.
  • PENA FOI, NÃO TER SER TRANSFERIDO "EM TEMPO", PARA A MINHA COMPANHIA.
  • SEMPRE ATENTO PAULO LOPES.
     
  •  
    Duarte Pereira SABES QUAL É O MAL??? 
  • QUEM ESCREVE MUITO ESTÁ SUJEITO A ERROS!!! 
  • MAS NÃO ME IMPORTO.
  • AINDA POR CIMA, NÃO FUI EU.
  • FORAM ELAS.
  • AGORA PERCEBES A IDEIA DE "ELAS" CÁ ESTAREM.

domingo, 16 de março de 2014

Não é fácil recordar!..., por José Capitão Pardal

Achei interessante este diálogo (eu, Pedro Ranito, Armando Mouro, Rui Briote, Duarte Pereira e Livre Pensador), no grupo "PICADAS DE CABO DELGADO", sobre acontecimentos que alguns de vós, não têm conhecimento, pelo que aqui vos deixo a sua descrição:

 
Pedro Ranito: Fernando Augusto Telles Montenegro Os "frelos" atacaram uma vez um aquartelamento e umas das bojardas acertou na escola que havia no aldeamento.
Lembro-me que foi para os lados do Chai Macomia.
Só eu trouxe 17 crianças.
Eram tão pequenas que a maior parte cabia nas duas macas.
Foi uma daquelas que irão comigo .
 


 
Pedro Ranito: Foi, creio, em finais de 1973 .
 

 
Pedro Ranito: Jose Capitao Pardal, Foi lá para finais de 1973 e fez-me tanta ou pouca mossa que ainda me lembro.
Aliás foram duas ou três que me marcaram.
As outras, infelizmente, foram-se tornando rotineiras ou o escudo foi ficando mais forte.
 

 
Jose Capitao Pardal: Não terá sido em Outubro de 1973?
Ataque simultâneo, com misseis 122, ao Chai e golpe de mão à ponte sobre o Messalo?...
Eu estava lá e lembro-me que um dos misseis caiu no refeitório, sem consequências, mas não me lembro das consequências dos que  caíram no aldeamento...
Naquela zona, não me lembro de qualquer outro ataque, que tenha tido essas consequências...
O que tivemos em Junho desse ano, onde que feriu gravemente o Rui Briote... não teve essas consequências...
Quando eu fui ferido e morreram mais 3 militares, com a mina anticarro à entrada do Chai é que morreram vários miúdos (3 ou 4) e ficaram feridos muitos mais, mas isso foi em Março de 1973. Tenta recordar mais, SFF.
 
 
Pedro Ranito: Jose Capitao Pardal, em Março tenho evacuações a 15, 18, 22, 24 e 26, mas os destinos eram por iniciais tipo: NG (Nangade), NB (?), M Mag (?), MP (Mocímboa da Praia), Z (ZOPS ), NHI (Nhica do  Rovuma) etc .
 

 
Jose Capitao Pardal: Em Março/73 foi a 21...
 

 
Jose Capitao Pardal: Em Outubro/73, no ataque com misseis, foi a 14...
 

 
Jose Capitao Pardal: Em Junho/73 foi a 9, quando o Rui Briote foi ferido, mas como foi de noite, acho que a evacuação não foi de hélio, mas eu não estava, pelo que não sei mais do que isso...
 

 
Pedro Ranito: Ele chegou de avião, eu levei-o do AM ao Hospital e no dia seguinte de volta ao AM para ser evacuado de avião, creio que para Nampula.
Em Outubro de 73, estive grande parte do mês no Niassa.
 

 
Jose Capitao Pardal: Naquela zona: Messalo, Chai, Mataca, Quiterajo e Macomia, não me lembro de qualquer acontecimento com as consequências como a que descreves...
Em Macomia não tenho a certeza, mas vou informar-me...
 
 
Pedro Ranito: Já não me lembro dos nomes.
Houve um outro acidente estúpido em que ao entrar no aquartelamento o militar deu o tiro de segurança, com o dilagrama colocado e morreram uns tantos.
Nomes?
Não me lembro.
 

 
Jose Capitao Pardal: Esse último episódio, creio ter sido em Muaguide, a sul de Macomia, mas contaram-me, que terá sido em cima de uma Berliet...
 

 
Jose Capitao Pardal: Outro episódio estúpido terá sido o do furriel GE, que costumava tirar a folga ao gatilho da arma...
 

 
Jose Capitao Pardal: O primeiro morto que tivemos, no Chai, também ainda hoje não sabemos como sucedeu... e também com um dilagrama...
 

 
Rui Briote: Foi o Delgado...
 

 
Armando Mouro: José Pardal, foi em Muaguide, eu nesse dia estava no Sitate, foi à entrada de Muaguide, que o furriel mandou tirar as balas das câmaras, o individuo que levava o dilagrama puxou a culatra à frente, introduziu uma bala real e deu o disparo, ficou com a coronha na mão, houve vários feridos e um ou dois mortos.
O Furriel (indiano) levou com os estilhaços na nuca, ficou 15 dias em coma.
 

 
Jose Capitao Pardal: Bem me parecia...
O Pedro Ranito já está esclarecido...
 

 
Jose Capitao Pardal: Rui Briote quando foi o acidente com o dilagrama, a 24 de Maio de 1972, que não está descrito na "Síntese da Atividade" da nossa companhia, foi efetivamente com o Delgado, que era do meu pelotão, está sepultado no cemitério de Faro...
Rebentaram-lhe os dois dilagramas que trazia à cintura e o da arma não rebentou, nem ficou ferido nenhum dos camaradas que com ele faziam parte da equipa de picagem (absorveu sozinho o conteúdo das duas granadas)...
Foi no caminho do Monte dos Oliveiras, junto à primeira ponte...
Vou colocar aqui as fotos que tenho da sua sepultura...
Paz para ele...

Foto de Jose Capitao Pardal.
 
 
Rui Briote: Que descanse em paz...gostava imenso deste rapaz, pois dei-lhe a recruta em Beja, de seguida avançou para Sta. Margarida fazendo parte do meu pelotão indo mais tarde para o teu...
 


Jose Capitao Pardal: Rui Briote eu sei que gostavas muito dele...
Ele só ficou no meu pelotão, por quando da escolha dos cabos, na formação do batalhão em Santa Margarida, nós fomos os segundos a escolher e vocês foram os terceiros, e nós escolhemo-lo primeiro, pois sabíamos das suas qualidades, como homem e o do seu potencial...


Foto de Jose Capitao Pardal.
 
 
Rui Briote: Sempre vi nele um ótimo rapaz e com capacidades e foi por isso que o propus para cabo...
 


Jose Capitao Pardal: Rui Briote como nós no nosso pelotão, dos 3 cabos necessários, só tínhamos 2 que achávamos com condições, começámos em tempo a ver (olheiros, percebes...), qual seria o que atacaríamos e como sabíamos que escolhíamos primeiro que o 3º e 4º pelotão, foi para aí que virámos as nossas atenções...
E como percebes foi fácil detetar o alvo do ataque, o que veio a sortir efeito...
Tipo "Pinto da Costa"...
Lembro-me até que nessa altura ficaste um pouco chateado com o ex-alferes José Ribeiro...
Ainda te lembras?...

 
Rui Briote: Lembro-me perfeitamente..." nunca" mais lhe perdoei...

Já agora uma "achega" do Livre Pensador (Ribeiro), sobre o episódio do acidente ocorrido com o Manuel Delgado.
O Ribeiro estava junto do Delgado, no momento do acidente e foi dos que sentiram o sucedido com mais acuidade.
Hoje podemos dizer que o mais improvável aconteceu, com o rebentamento das duas granadas defensivas. 
Mais ninguém foi atingido, quando alguns não estavam a mais de um metro do falecido Delgado.
 
 
 
Livre Pensador Pardal, a única explicação que encontro para a morte do Delgado, deve ter a ver com alguma cavilha de segurança de alguma das granadas que ele levava à cintura.
E que provavelmente terá saído na altura em que ele e a respetiva secção, saltou do Unimog para iniciar a picagem.
Só sei que ele se colocou atrás de mim a montar segurança e quando eu ia iniciar a "picagem", a explosão foi imediata.
A reação de todos foi a normal, deitar no chão e reagir com fogo, até que me aperceber que o tiroteio era só nosso.
Nessa altura mandei parar os tiros e, assim que me levantei vi o corpo (o que restava) do Delgado deitado de bruços no chão.
Para além disso a minha arma estava cravada de estilhaços (e eu sem um arranhão) e os pneus da Berliet (rebenta minas) estavam furados.
Abraço. Ribeiro.
 
 
Duarte Pereira RIBEIRO - BOA DESCRIÇÃO DO LAMENTÁVEL ACIDENTE QUE PODERIA TER PROVOCADO MAIS MORTOS E FERIDOS GRAVES.
 

 
Jose Capitao Pardal Eu ia na parte de trás da coluna e a primeira coisa que pensámos era que teria sido um mina, colocada na parte da ponte que não tinha alcatrão, seguida de emboscada...
Éramos "chequinhas" ainda...
Foi tiroteio de ferver...
Houve quem esgotasse dois carregadores, apesar dos meus gritos para pararem...
Quando cheguei ao local do acidente, tomei consciência do que tinha sucedido e "vi o que vi", fiquei petrificado e sem vontade de prosseguir.
Foi o primeiro choque que levei...
Um dos episódios que nunca mais esquecerei, por muitos anos que viva...
  •  
    Livre Pensador Como "batismo" de guerra, foi uma situação bastante chocante e traumatizante.
    Ainda hoje me recordo bem que a primeira coisa que vi, assim que parou o tiroteio e me levantei do chão, era o intestino do Delgado que atravessava a picada.
     

     
    Armando Guterres e eu que me fiquei por um tiro esperar eco mais um tiro e pôr a tranca, levantar e esperar ... isto na segunda coluna, porque na primeira estava tão longe ... no último carro.
    Mas com precaução.
    Na segunda coluna quem ia atrás era o 1.º da 09 e no dia seguinte (dromimos) levaram com uma emboscada quando íamos a recomeçar.
     

     
    Rui Briote Eu quando ouvi o rebentamento deitei-me para o chão e caí num ninho de formigas e enquanto estava ocupado com elas o tirotei era intenso.
    Dei ordem de cessar fogo e só nessa altura é que vi a fatalidade ...o sangue frio e o zelo do Gardete, furriel enfermeiro, impressionou-me.
    O Jose Ribeiro ex-alferes teve um papel muito relevante para que o corpo fosse de heli....mais já não consigo dizer...
     


     
    Livre Pensador Briote, o Gardete apareceu já decorrido algum tempo após o incidente, numa coluna de reforço que entretanto saiu do Chai.
    Quando acabou o tiroteio e chamei o enfermeiro (salvo erro, o Bernardo) à frente.
    Ele, assim que viu a situação disse-me que não tinha coragem e voltou para as traseiras da coluna.
    Foi efetivamente o Gardete que, depois de chegar na coluna de reforço do Chai, andou a recolher os despojos do corpo.
    Ribeiro.