sábado, 2 de agosto de 2014

ARTIGO MAIS OU MENOS SÉRIO, por Duarte Pereira


SIM , SOU EU QUE ESTOU A ESCREVER E ASSUMO A RESPONSABILIDADE.
O GILBERTO PEREIRA É CANDIDATO A NOVO AUTOR DAS COMADRES.
COMO COMEÇOU MAIS TARDE QUE OS COLABORADORES E FUNDADOR, VOA QUE NEM UMA "ÁGUIA".
TALVEZ SÓ ESTE ANO EM QUE AS ASAS BATEM FORTE.
TEM POTENCIAL PARA MANTER O DIÁLOGO DAS COMADRES "FO-BRINCALHONHAS"!
MUDANDO DE ASSUNTO.
O FERNANDO LOURENÇO PERGUNTOU-ME A QUE SE DEVIA A MINHA EUFORIA PARA O ALMOÇO CONVÍVIO DESTE ANO.
RESPONDI QUE O FACE APROXIMOU A MALTA E JÁ TINHA SAUDADES.
MENTIRA!!!...
 
 
SOU PRISIONEIRO NA MINHA PRÓPRIA CASA E SEM PULSEIRA ELECTRÓNICA.
APROVEITO DUAS NOITES FORA E VAMOS PARA CASA DA MINHA SOGRA NA BEIRA ALTA (ATÉ LEVAMOS AS GATAS) PARA VER SE ENCONTRAM UM GATO INTERESSANTE. 
A ISABEL PERGUNTA, NÓS SOMOS TRÊS, QUE COMPANHIA TEREMOS NA MESA?.
O "CUNHINHA" ESTEVE CONNOSCO NOS DOIS ÚLTIMOS, COM E SEM A ISABEL.(SUA MULHER).
O GILBERTO PEREIRA HÁ DOIS ANOS.
O ANO PASSADO ESTIVE COM O DIAS NUNES, PEDRO COELHO, PEGAS ,"MOLHINHOS", CUNHA E FAMÍLIA DO PEGAS.
PEDRO COELHO E EM ESPECIAL "MOLHINHOS" QUE ERA DO TERCEIRO PELOTÃO, "DIGNIFICARAM "A MESA  HIC 
A MIM SÓ ME INTERESSA UMA MESA EM QUE NÃO HAJA "MONOS" E CONVERSA MOLE E POLÍTICAMENTE CORRETA.
 
 
 
 
TODO O ANO ME PORTO BEM E GOSTAVA DE ME PORTAR MENOS BEM, EMBORA ME CONSIDERE TÍMIDO.

quinta-feira, 31 de julho de 2014

Uma pausa na guerra, por Paulo Lopes


Conforme disse em comentário ao ACONTECEU ANGUSTIA EM MACOMIA do nosso amigo Rui Brandão, aqui fica a passagem do meu livro que, não esqueçam, é um livro romance e não, propriamente, um diário apesar de o ser quase!
.......................................................................
Mais um fim de mês estava a chegar e como ainda me encontrava inoperacional para ações de combate, fui incumbido da deslocação a Porto Amélia (atual Pemba) para tratar de assuntos burocráticos inerentes à Companhia e levantar o dinheiro para pagamentos do pré.
 
 
Uma curta pausa na guerra.
 
Um instante de repouso na visualmente pacifica cidade capital de Cabo Delgado.
Mas, e como acabei de dizer, era apenas uma curta.
 
Pausa na guerra, pois depressa me encontrava dentro do táxi aéreo de regresso a Mataca, sem ter tido tempo de apreciar a sensação de não ter granadas agarradas à cintura nem a pesada G3 nas mãos!...
 
 
 
Mais uma vez deu para poisar o meu olhar sobre aquela imensidão de selva cheia de vida e de hipóteses que se teima em destruir com a brutalidade de pensamento, que existe na cabeça dos governantes.
 
Uma força estranha nos é transmitida quando sobrevoamos aquelas serras de terrenos abundantes que demonstram uma facilidade extrema de expansão se o homem assim quisesse.
No entanto, por debaixo daquelas copas das arvores, estão seres humanos que, obedecendo a estupidas mentes ou simplesmente tentando sobreviver, vão executando a guerra que outros fazem, destruindo-se a eles mesmos e tudo o que de belo existe sem saberem ao certo o porquê, deixando sempre impunes os verdadeiros culpados de tanta destruição.
 
 
Durante a semana que permaneci em Porto Amelia, nada de especial tinha acontecido de desagradável, nem mesmo a rapaziada que entretanto se tinha deslocado em mais uma coluna a Macomia para além claro, dos irritantes trinta e tais quilómetros sempre em constante expectativa e tensão.
 
Um dia depois da chegada da coluna, ouviram-se imensos rebentamentos para la da serra de Mapé.
 
Não tardou a sabermos que Macomia estava a ser atacada com morteiros e com canhões sem recuo. Caíram granadas dentro do quartel, mas felizmente, os estragos foram apenas materiais.
Soubemos também que, no dia seguinte, grupos de combate da companhia estacionada em Macomia e depois de uma batida à zona provável do ataque, tinham encontrado seis elementos IN mortos e capturadas quatro armas.
Provavelmente foram atingidos no contra-ataque, também com morteiros, desencadeado por Macomia.
 
 
Os quatrocentos elementos da Frelimo, que segundo informações obtidas, se encontravam na serra de Mapé, começavam a produzir!...
 
À Mataca voltou a tensão que apesar de estar constantemente presente no nosso espirito, por vezes ia sendo enganada por um falso esquecimento abrandando a nossa pressão de alerta a que nos obrigava este dia a dia da persistente e matreira guerra.
Sorriamos otimistas escondendo o nervosismo esperando a nossa vez de entrar em palco e como que a transmitir um certo animo, dizíamos uns para os outros:
Eles que venham que a sopa esta pronta.
 
 
Pronta estava a mensagem que chegou anunciando mais uma operação.
Resumindo a finalidade desta: – Patrulhar zona do rio Mapi, fazendo barreira a uma possível fuga de elementos IN vindos de uma base que um grupo de comandos iria atacar.
Os grupos a participar: segundo e terceiro.
 
Esse previsto ataque não seria efetuado porque o grupo de comandos que estava com essa missão foi obrigado a abortar tal intenção sem sequer fazer a aproximação à possível base, pois muito antes do local onde deveriam atuar foram detetados, o que tornou impossível a surpresa do ataque e a eficácia da operação.
Assim, após comunicação superior, os nossos dois grupos deixaram as margens do rio (como sempre, rio só no nome porque a essência, a água, nem vê-la) sem que nada tivessem observado de anormal tendo em conta que nós já considerávamos normal todo o desenrolar de quilómetros e quilómetros palmilhados, alimentados a ração de combate e dormidos num monte de capim!...
 
Há muito que considerávamos normais estas operações quando afinal, o normal seria estarmos junto dos nossos, a estudar ou a trabalhar!...
 
Mas o principal objetivo, pelo menos para nós, que batalhávamos nas matas, que rasgávamos a floresta espiolhando o perigo, atravessando medos, alimentando o futuro com pensamentos positivos, tentando enganar o tempo, ia, com lentidão, mas sendo alcançado: mais cinco dias passados!...
 
E de minuto em minuto, de operação em operação, de susto em susto, o tempo ia correndo e o primeiro ano da minha comissão estava atingido e a dos meus camaradas já tinha passado mais um pouco.
 
 
Faltava outro tanto.
Outra parte igual para não viver.
Mais um ano perdido a ser riscado onde a vida individual era de valor nulo.
Apenas um numero ao serviço das armas e ao dispor da sorte.
Vidas que obtinham uma vaga lembrança, quando, do alto do pedestal, os heróis da nossa pátria, os cérebros, os fazedores de guerras, descem ao povo e colocam medalhas no pescoço das mães de corações despedaçados e moles pela perda dos seus filhos, e tudo, a bem da nação.
 
Troca-se de uma medalha e um falso abraço por uma vida, e tudo fica pago e esquecido!!!...
 
paulo lopes
in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"

quarta-feira, 30 de julho de 2014

HÁ COINCIDÊNCIAS DO "CARAGO", por Duarte Pereira


E AINDA DIZEM QUE AS COMADRES SÃO PARVAS.
RESPOSTA AO GILBERTO PEREIRA ONTEM:
 
Velhas DE Estremoz Alentejanas:
COMO "GOSTA" TANTO DE NÓS, PODEREMOS COMENTAR.
CADA UM DE VÓS "TEVE A VOSSA GUERRA".
PARA UNS CORREU MAL, MUITO MAL, PARA OUTROS CONTINUA A CORRER MAL E HÁ MUITOS ANOS.
 
OUTROS CASOS COMO O DO NOSSO AUTOR, TIVERAM A FELICIDADE DE PASSAR "PELOS PINGOS DA CHUVA".
 
 
A SAUDADE NÃO O "MATOU".
ELE RECORDA COM, DIGAMOS "AMOR", A CAMARADAGEM E ENTREAJUDA DE TODOS OS QUE O ACOMPANHARAM.
 
NÃO TEVE PRESSÃO POLÍTICA, CIRCUNDOU A PRESSÃO DOS "AMARELOS" COMO DIRIA PAULO LOPES.
 
 
 
SÓ AINDA NÃO PERCEBE PORQUE EM MILHARES DE EX-COMBATENTES TEVE A "SORTE" DE APANHAR AQUELE QUARTO PELOTÃO COM AQUELA MALTA, O EX-FURRIEL FERNANDO LOURENÇO E O EX ALFERES AMÉRICO COELHO.
 
HÁ COINCIDÊNCIAS DO "CARAGO" .

terça-feira, 29 de julho de 2014

" LÁ " FUI FELIZ, por Duarte Pereira


SAÍ DE CÁ COM UMA SECÇÃO (POUCOS HOMENS) E ALGUMA RESPONSABILIDADE.
EM JANEIRO DE 1973, DERAM-ME UM PELOTÃO (USADO), BERLIET, UNIMOGS, CONDUTORES, RÁDIO TELEGRAFISTA, ENFERMEIRO, FURRIEIS, CABOS E SOLDADOS.
PARECIA UM "CAPITALISTA."



PODIA DECIDIR NO ALTO DA PEDREIRA SE VIRÁVAMOS À ESQUERDA PARA O MUCOJO OU À DIREITA PARA MACOMIA.


O "PODER" PODE "DEGRADAR" OS HOMENS.
ALGUMAS "COISAS" MUITAS, FORAM MAL DECIDIDAS, INCLUINDO O RISCO DOS HOMENS QUE ERAM "OBRIGADOS" A IR ATRÁS.


INFELIZMENTE, NÃO ESCREVI NADA PARA AGORA PODER RECORDAR ESSE TEMPO. SE VOU AO ALMOÇO E ANDAM POR LÁ ELEMENTOS DO TERCEIRO PELOTÃO, AINDA NÃO ME APERTARAM O PAPO E NÃO ME DERAM NENHUMA FACADA, É PORQUE A COISA NÃO CORREU MUITO MAL.


APRECIO OS TEXTOS DO RUI BRANDÃO PELOS PORMENORES QUE INCLUI NAS SUAS NARRATIVAS.


SE EU CONSEGUISSE ESCREVER AS HISTÓRIAS DO TERCEIRO PELOTÃO, SERIA UM EXEMPLO A NÃO SER EXEMPLO.


CONFESSO QUE EM 1972 NO QUARTO PELOTÃO, COMANDADO PELO AMÉRICO COELHO, SEMPRE FUI UM "ANJO".

TERIA DE SER, AO MEU LADO TINHA O "ANJINHO" FERNANDO LOURENÇO.
 

quinta-feira, 24 de julho de 2014

MAIS DE TRÊS ANOS EM TRÊS MINUTOS, por Duarte Pereira



MAIS DE TRÊS ANOS EM TRÊS MINUTOS.
 
CONSIDERAVA-ME BASTANTE NORMAL ATÉ ASSENTAR PRAÇA EM SANTARÉM, JANEIRO DE 1971.
NOS PRIMEIROS TRÊS MESES FIZERAM-ME UMA LAVAGEM AO CÉREBRO E SUJARAM E PARTIRAM-ME O CORPO.
 

 
NA ESPECIALIDADE PREPARAM-ME PARA "VIAJAR".
MAIS PORRADA PARA CIMA.
 
DEPOIS DESCANSEI UM POUCO, MAS NÃO DO FÍSICO E DA MENTE, METERAM-ME A DAR UMA RECRUTA NA PARTE TEÓRICA E FAZER MAIS UNS QUILÓMETROS.
TIVE DE ME SOCORRER DOS MEUS APONTAMENTOS DA SEBENTA.
 
 
FIZ UM SERVIÇO NUM FIM DE SEMANA, PRIMEIRO E ÚNICO DURANTE A MINHA VIDA MILITAR.
NESSE DIA ACONTECEU ALGUMA COISA NO PAIOL E REBENTOU PARTE DA ENFERMARIA DA E.P.C. E TIVE DE DAR ALTA AOS DOENTES, QUE JÁ TINHAM FUGIDO E NÃO FUI EU QUE LHES DEI ALTA.
 
 
NÃO FAÇO IDEIA O QUE FIZ EM SANTARÉM NO QUARTO TRIMESTRE DE 1971.
 
EM JANEIRO DE 1972 SANTA MARGARIDA E DEPOIS VIAGEM PARA MOÇAMBIQUE.
 
 
EM MOÇAMBIQUE PERDI MUITAS LEMBRANÇAS E ACHO QUE JÁ CONTEI O QUE SE PASSOU EM 1972 AO SERVIÇO DO 4º PELOTÃO.
 
QUERIA SÓ RECORDAR QUE EM 1973 PARTILHEI ATÉ JULHO UM QUARTO FORA DO QUARTEL COM O FORTES E INFELIZMENTE ESSE QUARTO FICOU SÓ PARA MIM A PARTIR DESSA ALTURA.
 
HÁ COISAS ESTRANHAS NA VIDA , DISSERAM-ME QUE IA COMANDAR UMA SECÇÃO. EM 1973 DERAM-ME UM PELOTÃO E QUANDO ESTAVA EM MACOMIA DERAM-ME UMA COMPANHIA.
 
 
E DEPOIS QUEREM QUE NÃO FALE.
TENHO DE DESABAFAR.
 
QUANDO ASSINEI O CONTRATO PARA IR PARA A TROPA, (ACHO QUE NÃO ASSINEI NADA), NÃO SERIA PARA TODAS ESTAS MUDANÇAS.
 
SÓ ME LEMBRO DE TER FALADO UMA OU DUAS VEZES COM O COMANDANTE E TALVEZ DUAS VEZES COM O MAJOR DE OPERAÇÕES.
 
O CAPITÃO RARAMENTE O VI OU VIA. (FUI FELIZ).
 
MAS HÁ UMA IMAGEM QUE NUNCA ESQUECEREI, SÓ ME LEMBRO DE ESTAR COM O SILVESTRE PIRES DENTRO DO QUARTEL.
 
 
ENSINOU-ME A JOGAR DADOS "KING".
 
 
ESSE "FANTASMA" NUNCA MAIS ME SAIU DA CABEÇA.
DECERTO POR ESTARMOS AMBOS FORA DAS "NOSSAS ÁGUAS".
 
  • Duarte Pereira EM 1973 E ATÉ AO FIM DA COMISSÃO FIQUEI SEM FOTÓGRAFO PRIVATIVO. SERIA UMA MAIS VALIA PARA ESTA PÁGINA E DAÍ TALVEZ NÃO