sábado, 6 de fevereiro de 2021

O "circuito turístico" CHAI-SERRA DO MAPÉ-MATACA-MACOMIA-CHAI - 2..., por Livre Pensador

 Livre Pensador

13/01/2021

Mais um "episódio" desta "telenovela" que relata o quinto dia do "circuito turístico" CHAI-SERRA DO MAPÉ-MATACA-MACOMIA-CHAI, que os três grupos de combate ( 1º. - 2º. - 4º.) da Ccav.3508 realizaram em Fevereiro de 1973.

Era dia do meu pelotão seguir na frente do "passeio".

Logo às primeiras horas da manhã entrámos numa zona de floresta completamente virgem.

Sigo imediatamente atrás do guia.
Só é possível avançar à medida que ele vai desbravando caminho com a sua catana.

Somos obrigados a caminhar de gatas e até mesmo a rastejar.
Estava parcialmente escuro.
Nem a luz do sol ali conseguia entrar.
A distância não foi muita, talvez 200 a 300 metros.
Mas demorámos mais de 2 horas para fazer esse percurso.

Vencido que estava aquele obstáculo entrámos numa zona de muitas lianas.
Bem ditas foram.
Foi uma grande oportunidade para cortar os seus ramos e com eles saciarmos a sede, como se pode ver na foto.
A nossa água já começava a escassear.

Mas a notícia menos agradável estava para chegar.
O guia informou-nos que a partir dali não sabia o caminho para a Mataca!
Restou-nos a solução de pedirmos aos camaradas da Ccav.3507, via rádio, que fizessem explodir uma granada de 30 em 30 minutos.

Orientados pelo som dos rebentamentos assim conseguimos chegar lá a meio da tarde desse dia.

Obrigado CAMARADAS da Mataca!
Pode ser uma imagem de criança e em pé


O "circuito turístico" CHAI-SERRA DO MAPÉ-MATACA-MACOMIA-CHAI - 5..., por Livre Pensador

 Livre Pensador

27/01/2021

Este é o último testemunho fotográfico do "circuito turístico" CHAI-SERRA DO MAPÉ-MATACA-MACOMIA-CHAI que 3 grupos de combate da Ccav. 3508 realizaram durante 6 dias em Fevereiro de 1973.

Aqui estou eu, no Alto do Delepa, acompanhado da minha "amante" HK-21, que sempre me protegeu nos momentos mais difíceis, durante os 24 meses e 18 dias de estadia no "resort" do Chai.
Pode ser uma imagem de Livre Pensador, em pé e comida


O serviço de piquete..., por Livre Pensador

 Livre Pensador

03/02/2021

O serviço de piquete era sempre desempenhado por uma secção dum grupo de combate da Ccav. 3508.

As suas funções diárias eram: a picagem da pista de aterragem logo ao amanhecer, a montagem da segurança à pista sempre que se aproximava um avião para aterrar e a recolha de lenha para a cozinha do quartel.

Esta fotografia cujos "figurantes" em primeiro plano são, da esquerda para a direita, Pires (condutor), Rodrigues, Malícia (já falecido), Eduardo (moçambicano) e Mortágua, mostra a realização desta última tarefa que era feita habitualmente nos arredores do aldeamento do Chai.

Uma missão aparentemente simples e pacífica, que paradoxalmente, viria a tornar-se a mais trágica e mortífera para os nossos militares.
Pode ser uma imagem de 2 pessoas e ao ar livre


segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

Os Crocodilos do rio Licueledo..., por Livre Pensador

 

28 de Outubro de 2020
Sempre que os militares da Ccav. 3508 realizavam operações entre o Chai e o Mucojo, tinham de atravessar este pequeno rio, o Licueledo, que era afluente do Messalo na margem direita.

Diziam os nossos guias que no Licueledo existiam crocodilos e por isso tinham medo de o atravessar.

Talvez tivesse, mas nunca vi nenhum.

Nós realmente sentíamos medo assim que pisávamos a outra margem do rio, pois ficávamos em território muito controlado pela Frelimo.

Nesta foto cá estou eu a começar a travessia levando ao colo a minha "grande amiga" HK-21, para ela não "molhar os pés", e com a sua fita de 100 balas no meu ombro, a qual me fazia muita companhia sempre que operávamos em zonas mais "festivas"!!!

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, árvore e ar livre

14 de Outubro de 1973, ataque com mísseis 122 mm..., por Livre Pensador

 

14 de Outubro de 2020
 
14 de Outubro de 1973.

Foi precisamente há 47 anos que os militares da Ccav. 3508 acordaram às 4,30h da madrugada com o som duma violenta explosão.

De imediato se percebeu que a guarnição da ponte do Messalo estava a ser atacada.

Rapidamente se formou uma coluna com um grupo de combate para ir em auxílio dos camaradas da ponte, distante 10 km do Chai.

Cerca de 2 kms. após o quartel sofreram uma emboscada, felizmente sem danos pessoais.

Esta teve apenas a pretensão de atrasar o socorro à ponte do Messalo.

Ainda a coluna se debatia com a emboscada quando rebentou o ataque ao quartel do Chai com morteiro 82 mm, canhão sem recuo e míssil 122 mm.

Toda a companhia estava debaixo de fogo, simultaneamente em 3 frentes.

Cada foguetão 122 mm que caía nas imediações do quartel fazia estremecer toda a estrutura das construções.

Felizmente apenas um foguetão caiu dentro do quartel, destruindo uma grande parte do refeitório e deixando inoperacional um dos obuses que nos defendiam.

Nesta foto pode ver-se uma pequena ponte que existia cerca de 200 metros antes da ponte do Messalo e que a Frelimo tentou destruir com a explosão que provocou às 4,30 horas, com a pretensão de impedir a chegada do apoio aos camaradas que defendiam a ponte do Messalo, uma vez que o seu (da Frelimo) objetivo era conquistar a ponte, através dum golpe de mão, para procederem à sua destruição.

Felizmente que, apesar do estrago feito e que é visível, não impediu a passagem das viaturas.

A imagem pode conter: ar livre

domingo, 6 de dezembro de 2020

Com os "pendentes" bem demolhados..., por Livre Pensador

 

Esta foto foi tirada durante mais uma operação que a Ccav. 3508 efectuou entre o Chai e o Mucojo.

Aconteceu na época das chuvas e, por isso, as margens do rio Messalo e do rio Licueledo estavam totalmente inundadas.

Ainda não eram 9 da manhã do 1º. dia de operação, já tínhamos água pela cintura e ainda havia o Licueledo para atravessar.

Era impossível continuar.

O "Racal" e o nosso companheiro de transmissões foram colocados em cima duma árvore.

Dali, o oficial de operações do batalhão foi informado da situação.

Mandou-nos aguardar.

Iria providenciar o fornecimento de botes para podermos prosseguir!!!

Tentava transformar-nos em "fuzileiros navais"!!!!

Cansei-me de carregar a minha metralhadora HK-21 e pendurei-a na árvore junto do Racal, mas fiquei com a pistola Walter à cintura.

A meio da tarde, após mais de 6 horas dentro de água, tivemos ordem para regressar.

Chegámos ao quartel já anoitecia e com "eles" (os "pendentes") bem demolhados!!!
A imagem pode conter: Livre Pensador, ar livre