domingo, 6 de dezembro de 2020

"Supositórios" de canhão sem recuo..., por Livre Pensador

 Livre Pensador

Nesta foto podem ver um dos "supositórios" de canhão sem recuo com que a Frelimo "brindou" a Ccav. 3508 no ataque realizado na madrugada de 14 de Outubro de 1973.

Caiu junto da vedação do quartel, mas para sorte nossa não explodiu.

A tarefa de o fazer explodir ficou reservada para mim no dia a seguir.

Para os menos informados nestes assuntos posso adiantar que o comprimento deste "supositório" era ligeiramente superior a 1 metro!!!
Nenhuma descrição de foto disponível.

As bombas de avião da Força Aérea Portuguesa..., por Livre Pensador

 Livre Pensador

18/11/2020
Era suposto que as bombas de avião que a força aérea portuguesa utilizava para bombardear, explodissem nas posições do nosso inimigo.

Como isso nem sempre acontecia, os nossos opositores tinham a "amabilidade" de as "retornar à procedência"!

Esta foto mostra 6 bombas de 50Kg e duas de 15Kg que a Frelimo "devolveu" à Ccav. 3508 no ataque de 14 de Outubro de 1973 à ponte do Messalo e ao Chai.

Mais um trabalho extra (fazê-las explodir), que ficou reservado para o especialista de minas e armadilhas, que por acaso era eu, com a ajuda e a colaboração preciosas do saudoso Júlio Bernardo (já falecido) e do
Manuel Gomes Sa
.

A imagem pode conter: Livre Pensador, ar livre

Ataque à ponte sobre o Rio Messalo..., por Livre Pensador

 Livre Pensador

21 de Outubro de 2020

Não sei, porque já não me recordo, quanto tempo durou o ataque com tentativa de assalto e golpe de mão à ponte do Messalo.

Mas foi uma batalha muito dura e muito prolongada porque os guerrilheiros da Frelimo iam preparados para conquistar a ponte e destruí-la.

Talvez o
José Lopes Vicente
, que às vezes aparece aqui no Facebook, nos possa dizer quanto tempo durou esse combate e até descrever alguns pormenores ocorridos, uma vez que era ele o comandante da ponte e foi um dos feridos durante a batalha.

O que sei é que os nossos militares se defenderam com coragem, valentia, unhas, dentes, armas e até ... insultos aos atacantes da Frelimo, conseguindo assim repelir o ataque.

No chão ficaram os corpos de 13 guerrilheiros, alguns dos quais tombados já dentro do arame farpado que circundava e defendia a ponte, e que foram por nós sepultados no local.

As nossas tropas sofreram 2 feridos graves e 3 ligeiros.

Nesta foto pode ver-se o material de guerra capturado à Frelimo (faltam as bombas de avião) e que foi: 1 metralhadora Degtyarev, 2 espingardas automáticas Kalashnikov, 5 espingardas Simonov, 2 pistolas, 11 granadas de lança granadas foguete, 25 granadas de mão, 5 carregadores de Kalashnikov, 5 petardos de trotil, 27 pentes de munições Simonov, 5 bombas de avião de 50kg e 1 bomba de avião de 15kg.

Aquele dia 14 de Outubro de 1973 representou uma grande derrota para a Frelimo e uma grande vitória para os militares da Ccav. 3508!

A imagem pode conter: sapatos

À Civil no Chai, para desanuviar..., por Livre Pensador

 Livre Pensador

À Civil no Chai, para desanuviar...

Esta fotografia mostra um dos dois obuses que defendiam a Ccav. 3508 no Chai.

Foi este obus que ficou inoperacional no ataque de 14 de Outubro de 1973, quando um foguetão de 122 atingiu e destruiu parcialmente o refeitório do quartel que se vê em segundo plano.

Os "fotogénicos" da fila de baixo, e da esquerda para a direita são: Machado e Gardete.

Os da fila de cima, e também da esquerda para a direita são: Pereira, Ribeiro, Gaspar e Fonseca ( o "dono" do obus).

A imagem pode conter: 6 pessoas, incluindo Livre Pensador, pessoas em pé, céu, árvore, criança, ar livre e natureza

Fernanbuza "O Machambeiro" - Uma comédia, em tempo de Guerra, por Livre Pensador

  Livre Pensador

02/12/2020
Fernanbuza "O Machambeiro" - Uma comédia, em tempo de Guerra
Em tempo de guerra também se brinca!!!

A Ccav. 3508 recebeu a certa altura uma informação do Governador Geral de Moçambique, sobre a suspeita da existência dum perigoso guerrilheiro maconde da Frelimo, infiltrado no nosso quartel do Chai.

De imediato foram feitas intensas buscas em todas as instalações, tendo sido capturado, escondido atrás duma pilha de grades de cerveja, o referido suspeito.

No momento do interrogatório este elemento IN declarou chamar-se MACHUEL FERNANBUZA, mas alegou ser apenas um simples "machambeiro".

Porém, o seu álibi caiu por terra em virtude de transportar consigo uma granada de mão conforme se pode comprovar pela foto anexa.

Foi considerado prisioneiro de guerra, ao abrigo da convenção de Genebra e assim permaneceu na Ccav. 3508 até ao fim da nossa comissão!!!

A imagem pode conter: José Lopes Vicente

sábado, 10 de outubro de 2020

A bordo do navio Niassa..., por José Monteiro

Quase Diário ( 2 )
13 de Abril de 1967

Segundo dia a bordo do navio Niassa, misto de passageiros e de carga. 
Vou conhecer esta minha casa flutuante. 
Já só vejo água por todos os lados, vou á popa e apanho com vento que me sabe bem, a ondulação ainda se suporta. 

Camaradas da minha secção, aqueles com quem o relacionamento é mais constante, dizem-me para " visitar " o seu local de aposento. 

Espreito pelo buraco, onde normalmente vão mercadorias, que está dividido em três andares, onde os soldados pernoitam.
São, na verdade, condições degradantes e desumanas. 
Não se vive no escalão social mais baixo de qualquer sociedade e o exército, em muitas situações, não escapa a isso.

Por mim, na classe de sargentos, não tenho razão de queixa. 

Dormi e comi bem e sempre superior a qualquer quartel por onde passei. 

Os tripulantes eram simpáticos e havia, no meio daquela juventude, uma senhora, já com idade em relação a nós, uma enfermeira civil.

Hoje à noite está anunciado cinema, " esplendor na relva " de Elia Kasan, com Warren Beatty e Natalie Wood. 

Tenho que aproveitar para o tempo passar.



Vai "abananado" das respectivas ajudas de custo..., por José D'Abranches Leitão

25 Março de 1971! 

Tive alta do HM125 ! 

Na véspera um Alferes Médico. ...perguntou-me se queria ir para o Hospital de Lourenço Marques, com um grau de incapacidade de 10 a 15%! (?)...mas como já andava bem, disse-lhe que queria voltar a Macomia, regressar à minha Companhia, comandar um grupo de homens de barba rija, a maioria transmontanos...com fibra de aço!
 
E la fui eu "abonado das respetivas ajudas de custo". 

O Sargento que me passou a respetiva guia de marcha, enganou-se e escreveu "vai abananado das respetivas ajudas de custo"!!!! 

Muito me ri, na viagem de regresso!!!! 

No bar dos sargentos, já em Macomia, houve cerveja a rodos...algumas lágrimas de emoção e...a "guerra" segue dentro de momentos!!!