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domingo, 6 de dezembro de 2020

Fernanbuza "O Machambeiro" - Uma comédia, em tempo de Guerra, por Livre Pensador

  Livre Pensador

02/12/2020
Fernanbuza "O Machambeiro" - Uma comédia, em tempo de Guerra
Em tempo de guerra também se brinca!!!

A Ccav. 3508 recebeu a certa altura uma informação do Governador Geral de Moçambique, sobre a suspeita da existência dum perigoso guerrilheiro maconde da Frelimo, infiltrado no nosso quartel do Chai.

De imediato foram feitas intensas buscas em todas as instalações, tendo sido capturado, escondido atrás duma pilha de grades de cerveja, o referido suspeito.

No momento do interrogatório este elemento IN declarou chamar-se MACHUEL FERNANBUZA, mas alegou ser apenas um simples "machambeiro".

Porém, o seu álibi caiu por terra em virtude de transportar consigo uma granada de mão conforme se pode comprovar pela foto anexa.

Foi considerado prisioneiro de guerra, ao abrigo da convenção de Genebra e assim permaneceu na Ccav. 3508 até ao fim da nossa comissão!!!

A imagem pode conter: José Lopes Vicente

domingo, 19 de julho de 2020

Íamos a caminho da Mataca..., por José D'Abranches Leitão

José D'Abranches Leitão 
19/07/2020
Mais uma...
Aconteceu no dia 21 Janeiro de 71. Íamos a caminho da Mataca, numa coluna de abastecimentos, era cerca do meio-dia. 
Já tínhamos picado, debaixo de um sol tórrido, e o Gouveia com o seu "olho de lince" ia na frente, do lado direito da picada, do outro lado o Cabo Abel, com o diagrama na G3 ( Só os cabos usavam os dilagramas.(?)


A coluna avança lentamente e percorridos cerca de 500 metros, numa longa recta, já no Alto do Delepa, o Gouveia deteta um vulto no capim, a 2 a 3 metros da picada. 
Tem uma Kakashi na mão. 
Atrapalhado, o IN, levanta-se e tenta fugir! 
O Abel dispara o dilagrama, mas a granada cai a 4 ou 5 metros à frente, ainda agarrada ao dilagrama que fica enterrado na vertical no matope. 
Tinha chovido muito durante a noite. 
Branco como a cal, o Abel, fica imobilizado e tenta explicar, que a bala que tinha no carregador era a indicada. 
Mas a gaguez, começou nesse dia, a ser a forma de comunicação oral do Abel. 
Mais uma vez, aparece o FMil José Bento, que com toda a calma, vai buscar o diagrama. 
Agarra a granada, e a cavilha. 
Fazendo um gesto para que todos se deitem, atira a granada para bem longe. 
Passados uns largos segundos, ela explode! 
Respiramos fundo. 
O 2 GC, faz uma incursão na mata, e verifica vestígios de que seriam 3 a 4 guerrilheiros, que estariam prontos para fazerem a emboscada. 
Fugiram como ratos, cada um para seu lado. 
Daqui para a frente as cautelas foram redobradas, até avistarmos o GC da 2750, que vinha ao nosso encontro.
Já na Mataca, e ainda muito traumatizado, o Abel tenta explicar "que...que ...que eu vi aqueles olh...olho...olhos gran...grandes a olharem para ...para mim, me ...meu Furriel!!! Só... só se viam...os den...dentes bran... bran...brancos....me meu Furriel!!!
Mais um dia em que a CCav 2752 é poupada!!!
Cont.
José Leitão
CCav 2752

In " Pedaços de memória ...de rajada"
Nota: Como funcionava o "diagrama":
Retirada a cavilha da granada, a alavanca de segurança ficava presa pelo retentor. 
Quando se premia o gatilho da arma e o cartucho era percutido, a acção de gases que se seguia impulsionava o conjunto, lançando-o pelo ar e pela acção da inércia o grampo de armar recuava, partindo o retentor, soltando-se, então, a alavanca de segurança da granada, iniciando-se a combustão do misto retardador e consequentemente a explosão, com fragmentação de todo o conjunto.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2019

Pescaria no Mucojo..., por Duarte Pereira

PESCARIA
AVISO PRÉVIO PARA QUEM POSSA FICAR CHOCADO.

Texto alt automático indisponível.




















NÓS TAMBÉM PODERÍAMOS TER SIDO "PESCADOS " COM MINAS, EMBOSCADAS, ATAQUES AO QUARTEL.

A COMPANHIA 3509 TINHA A MISSÃO DE FAZER A PROTEÇÃO AOS TRABALHOS DE CONSTRUÇÃO DA ESTRADA ENTRE MACOMIA E ALDEIA PISCATÓRIA DO MUCOJO.
HÁ MEDIDA QUE A ESTRADA IA AVANÇANDO ÍAMOS CONSTRUINDO BASES PARA NOS INSTALARMOS.
A BULDÓZER "CAPINAVA" E FAZIA MUROS. 
NÓS COLOCÁVAMOS ARAME FARPADO PARA DAR UMA FALSA SENSAÇÃO DE SEGURANÇA. 
PELO QUE ME LEMBRO, SEMPRE TIVEMOS PANELAS , COZINHEIROS E MUITOS AJUDANTES. 

A COMIDA DEVERIA SER À BASE DE GUISADOS, COM UMA CARNE NÃO IDENTIFICADA, ORA COM ARROZ, MASSA OU BATATA. 
FOMOS APRENDENDO QUE HAVIA MILÍCIAS QUE ERAM CAÇADORES, TALVEZ DE QUINZE EM QUINZE DIAS HAVIA UMA COLUNA PARA O ALTO DA PEDREIRA ONDE SEGUIA UM CARRO COM MUITOS GALÕES DE ÁGUA, PARA O QUARTEL E ALDEAMENTO DE MILÍCIAS LÁ INSTALADO. 
A ESTRADA IA ANDANDO E NÓS TAMBÉM.
O COMANDO DECIDIU, PRÓXIMA BASE NO ALTO DA PEDREIRA. 
CONSTRUÇÃO AO LADO DO ALDEAMENTO.

A EMPRESA E AS MÁQUINAS DERAM UMA GRANDE AJUDA NA TERRAPLANAGEM, MAS OS ABRIGOS NÃO ME RECORDO, ACHO QUE FOI TUDO À "UNHA". 
FORAM FEITOS ALGUNS ANTI-MORTEIRO COM TRONCOS MUITO GROSSOS DE LADO E POR CIMA. 
COMO TERIAM LÁ IDO PARAR? 
ESTARÍAMOS EM SETEMBRO DE 1972? 
VOLTEMOS À PESCARIA. 
MUITOS DE NÓS JÁ TÍNHAMOS VISITADO O MUCOJO EM SERVIÇO. 
TALVEZ UMA COLUNA QUINZENAL OU MENSAL, COM CAMIÕES CARREGADOS DE GÉNEROS E PESSOAS, AS MAIS PERIGOSAS PELA SUA EXTENSÃO. 
FOMOS TIRANDO INFORMAÇÃO. 
QUANDO TERÃO COMEÇADO AS PESCARIAS?? 
NÃO TÍNHAMOS CANA, NÃO TÍNHAMOS ISCO. 
CONTACTOU-SE UM PESCADOR. 
QUAIS AS CONDIÇÕES? 
O SR. EMPRESTA O BARCO, E VAI CONNOSCO, NÓS USAMOS O NOSSO "ENGENHO". 
E O ENGENHO FOI ATIRADO À ÁGUA DO MAR, QUE DEVERIA TER DE CINCO A SEIS METROS DE PROFUNDIDADE. 
AS "VÍTIMAS" VIAM-SE CÁ DE CIMA. 
E DEPOIS "BUUUM" !!!

terça-feira, 8 de março de 2016

O Alcino, por Duarte Pereira

 
Às vezes a minha mulher "apanha-me" a rir sozinho pela casa.

Recordo muitas vezes o soldado Alcino, ajudante de cozinheiro da 3509.
Foi para a Serra do Mapé naqueles longos dias, penso que levaria uma G-3, ou agarrou numa, a arma disparou e a bala passou perto do Capitão da minha companhia.
Em Macomia, na camarata, tirou a cavilha de uma granada ofensiva que devia estar a servir de cinzeiro e deu ao Silva cozinheiro.
O detonador rebentou-lhe na mão que ficou bastante esfacelada....
 
O IN deveria ter condecorado o Alcino.

domingo, 17 de agosto de 2014

ALTO DA PEDREIRA 1973 - comandos à caça, por Duarte Pereira


ESTE COMENTÁRIO DO RUI BRANDÃO AGUÇOU-ME A CURIOSIDADE
 
Rui Brandão:
 
Então essa estrada conhecia-a muito bem agora nesta visita a Macomia.
Presumo que saibas que ficamos instalados no Resort que está no Mucojo.
 
 
No entanto, quero partilhar aqui um pequeno segredo.
Nos dias de loucura de Macomia (chamava-se na altura cacimbados do clima), quando já tínhamos uns bons meses de comissão e eu já estava "solteiro" (a minha mulher regressou de imediato à Metrópole logo a seguir ao ataque), no Jeep do Alferes Vinagre e após as 5 da tarde, aventurávamo-nos Kms e Kms na estrada para o Mucojo até chegarmos ao local dos macacos e mais adiante ainda.
Para dizer que já conhecia um bom bocado dessa estrada.
Há que reconhecer que até é um passeio fantástico.
 
 
AMANHÃ FAREI OS MEUS CONSIDERANDOS. BOA NOITE A TODOS.
HOJE JÁ É HOJE
ALTO DA PEDREIRA 1973, NÃO ME LEMBRO SE JÁ ESTARIA O MANUEL CABRAL.
 
JÁ ERA NOITE, FOI AVISTADA LUZ NA ESTRADA, CONTACTOU-SE MACOMIA PARA SE SABER DE ALGUMA COISA, FORAM INFORMADOS QUE SE HOUVESSE BARULHO DE MORTEIRO ÉRAMOS NÓS.
MORTEIRO VIRADO PARA ESTRADA.
ALGUÉM SE LEMBROU, NÃO SERÃO OS MALUCOS DOS COMANDOS?
LIGOU-SE PARA LÁ E INFORMARAM QUE TINHAM SAÍDO COM UMA VIATURA PARA CAÇAR "AO CANDEIO" PARA AQUELES LADOS.
MORAL DA HISTÓRIA, FICOU TODA A MALTA SEM DORMIR, POR CAUSA DAQUELES "BRINCALHÕES" E NÃO FICÁMOS COM A CERTEZA SE ERAM MESMO ELES.
O 81 NÃO DISPAROU POR POUCO.
 
 
SERIA UMA NOITE AINDA MAIS CONFUSA.
NOTA: SE EU SOUBESSE QUE PODERIAM SER VOCÊS, BRINDÁVAMOS COM UMA "AMEIXA" UM BOCADO MAIS PARA O LADO. 

domingo, 20 de julho de 2014

Carta de uma mãe ao Ministro do Exército, por Virgínio Briote e Luis Graça

Foi com alguma emoção que li este texto da autoria do Virgínio Briote, irmão do meu grande amigo e companheiro de algumas desventuras, por terras de Moçambique, mais propriamente, em Chai - Cabo Delgado...
É pois da dor da mãe do grande amigo Rui Briote (o último da esquerda na foto de família), gravemente ferido no aquartelamento daquela localidade, com uma granada de morteiro, que estamos a "falar".
Tal como todas as mães, quis o melhor para os seus filhos... que a pátria (ou quem decidia em nome dela) mandava para uma guerra, sem sentido, há muito perdida e adversa dos ventos da história, que seguiam em sentido contrário...

JCP

.................///....................

Guiné 63/74

- P13405: Tantas vidas (Gil da Silva Duarte / Virgínio Briote) (2): As nossas mulheres: carta de uma mãe a Sua Excelência o Ministro do Exército, datada de 4 de fevereiro de 1963, intercedendo por um filho que acabava de ser mobilizado para o CTIG, depois de um outro ter sido morto em Angola, em 23 de abril de 1963...


Portugal > Finais dos anos 50 >  "Fotografia de mães e filhos, em finais dos anos 50, com a guerra já no horizonte".
"Todos esses rapazes foram para África: um para a Guiné, e dois para Moçambique, regressando um destes paraplégico".

Foto (e legenda): © Virgínio Briote  (2014). Todos os direitos reservados [Edição: L.G.] 1. Mensagem do nosso editor (jubilado) Virgínio Briote, e referência incontornável do nosso blogue, para o qual entrou na data já distante de 23/10/2005 (*):
 
Data: 16 de Julho de 2014 às 14:43
 
Assunto: As nossas Mulheres 
 
Caros Luís e Carlos, Dei agora com uma carta que, naqueles tempos, me foi entregue em Brá. É evidente que os nomes estão omitidos, mas a carta é verdadeira. Devolvi-a ao filho da Senhora que a escreveu há pouco mais de meia dúzia de anos, estava a Mãe ainda viva!

Um abraço do VB [, Virgínio Briote, ex-alf il cmd, cmtd Gr Diabólicos, CCmds, CTIG, Brá, 1965/67: , foto à esquerda, c. 1965]

2. Carta ao Ministro do Exército
 
Exmo. Senhor
Ministro de Exército
Excelência,
Venho respeitosamente dirigir-me a Vossa Excelência expondo-lhe o seguinte.
Sou mãe do 2º Sargento Miliciano ..., morto em Angola, no Quitexe, em 23 de Abril de 1963.
Após 22 meses (?) ao serviço da Pátria, o meu filho, que era a luz dos meus olhos lá se ficou.
 
Hoje tive conhecimento que outro meu filho, o 1º Cabo Miliciano ..., acaba de ser mobilizado para a
Guiné, para onde parte no dia 9 deste mês.
Sou pobre, se não ia pessoalmente, de joelhos, pedir a Vossa Excelência que tenha pena de mim.
Com a morte do meu ... nunca mais fui a mesma.
Se há pessoas desamparadas da sorte, uma delas sou eu, perdi completamente o gosto por viver.
 
Não choro os meus filhos à Pátria, choro sim a sua morte quando vejo companheiros deles, depois de apurados, descerem aos hospitais militares e ficarem livres.
Não ensino procedimentos destes aos meus filhos, custar-me-ia muito vê-los tomar atitudes idênticas. Mas apelo ao coração, que presumo ser bom, de Vossa Excelência, que certamente também é Pai.
A metrópole é também a nossa Pátria e o meu filho ficaria aqui a cumprir o tempo necessário e não mo mandaria para longe entrar em combates.
Há seis anos, o meu marido teve uma trombose.
Vive, mas é um doente, e com tudo isto vejo agravar o seu sofrimento.
Não me convenço que meu filho…vá para tão longe.
E pelos seus filhos, peço-lhe que mo deixe ficar.
Vossa Excelência terá a certeza que eu terei mais meia dúzia de anos de vida, nunca mais de alegria, mas para melhor poder amparar o meu marido e meus filhos, para os quais sempre tenho vivido.
 
Julgo bater à porta de Deus e a Ele fico a pedir para que Vossa Excelência e Família tenham uma vida cheia de saúde e felicidade.
Respeitosamente de Vossa Excelência Maria……
 
4 de Fevereiro de 1965.

3. Comentário de L.G.: No passado dia 10, mandei ao VB a seguinte mensagem:  (...) Em boa forma?
 
É só para te recordar o desafio que te lancei há tempos, e reiterei em Monte Real, no IX Encontro Nacional da Tabanca Grande...
Não nos sacas aí, do teu baú, uns tantos textos (meia dúzia...) para dar continuidade a esta série, "Tantas Vidas"? !... 
Estamos com 200 mil visualizações por mês...
Vem o verão, e é preciso alimentar o blogue... sobretudo em agosto...
Há muitos camaradas, "periquitos", que nunca tiveram oportunidade de ler o teu blogue Tantas Vidas (**), há muito desativado...
Pensa também nesta malta,que está a chegar ao nosso blogue...
Quando cá chegaste éramos meia dúzia de "tertulianos", hoje somos 662" (...).
A resposta não tardou, comunicando-me que o assunto não estava esquecido, e mandando-me duas colaborações, a começar por este texto que acima publicamos, o que vem reforçar a minha esperanção, e mais do que isso, convição de que os nossos leitores vão poder ter o privilégio de ler ou reler alguns dos melhores textos da série "Tantas Vidas" do Gil Duarte & Companhia... (Gil Duarte é uma espécie de "alter ego" do VB)...
 
(...) Os textos do Tantas Vidas?
Nunca mais peguei neles, tenho-os arquivado no portátil, julgo que fiz a cópia total do blogue mas nem tenho a certeza de que o tenha copiado todo.
No PC fiquei com alguns textos que copiei e antes de os publicarmos tenho que os voltar a ler, corrigir, ordenar e completar, uma vez que fechei o blogue em princípios de 2005!
Mas podemos voltar a pegar no assunto. (...).

Por estes dias, o VB e a Irene estarão  de visita à "família americana" (filha, genro e netos), em Seatle...
Desejo-lhes calorosos  encontros e que bons ventos os tragam de novo à doce casa e à querida pátria, como diria o grande Ulisses, o homérico  guerreiro que levou 10 anos da sua vida a regressar à sua amada Ítaca, depois da guerra de Troia.

______________

Notas do editor:
(*) Vd. psoite da I Série, 23 de outubro de  2005 > Guiné 63/74 - CCLV: Virgínio Briote, ex-comando da 1ª geração (1965/66) 
(**) Vd. poste de 26 de maio de 2014 > Guiné 63/74 - P13194: Tantas vidas (Gil da Silva Duarte / Virgínio Briote) (1): Tantos anos depois... Recordar, porquê? Postado por Luís Graça at 18:49   Enviar a mensagem por e-mailDê a sua opinião!Partilhar no TwitterPartilhar no FacebookPartilhar no Pinterest Marcadores: as nossas mulheres, as nossas mães, Estado Novo, família, guerra colonial, Tantas Vidas, Virgínio Briote
 
4 comentários:
Luís Graça disse...
Digam lá se o do meio não é o VB? 
Sim, tenho uma vaga ideia de o VB um dia me ter dito que tinha um mano que foi gravemente ferido em Moçambique, na guerra colonial... 
Espero não estar a trocar as "cassetes"...
São as marcas, físicas e outras, que ficam am grande parte das famílias da nossa geração... 
Obrigado, VB, por partilhares esta foto de família...
Boa viagem até Seatle, para ti, o Gil Duarte e a Irene...
Que te tenhas muitas alegrias ao reencontrar a tua/vossa família americana...
 
LG quarta-feira, Julho 16, 2014 7:09:00 da tarde

Anónimo disse...
Não fosse a pressa, a história para ficar completa devia tê-la contado assim: a carta foi certamente enviada para o ME que a deve ter remetido para o QG/CTIG. Aqui deve ter estado parada uns tempos até ter sido enviada para Brá, uma vez que era lá que se encontrava o filho (elemento do meu grupo) da Senhora que escreveu a carta.
O então Cmdt da CCmds do CTIG entregou-ma em mão com a indicação "desenrasque-se" e que agisse em conformidade com o estado anímico e físico do referido militar.
Muitos anos depois, 2002/03, quando estava em casa dos meus Pais a ver e limpar os papeis e fotos que tinha trazido de lá, dei com essa carta.
Depois entrei em contacto com o meu antigo Camarada e combinei encontrar-me com ele e passei-lhe para as mãos a carta que a Mãe tinha escrito em 1965.
Foi com as lágrimas nos olhos que reconheceu a letra da Mãe e me disse que ainda era viva.
Era assim que eu devia ter relatado este facto.
O meu irmão Rui é o pequeno da ponta esquerda da foto, de boné.
Foi atingido por estilhaços de uma granada de morteiro que rebentou no parapeito do telhado sobre o qual se encontrava, no Chai, Macomia, em Junho de 1973, salvo erro.
Abraço VB quarta-feira, Julho 16, 2014 7:37:00 da tarde
 
JD disse...
Caro Virginio, Belíssima carta de desespero e de esperança.
Houve mães de portugueses que passaram semelhantes sofrimentos.
No meu pelotão tive um camarada com um irmão embarcado na mesma data com destino para Cabuca, era gémeo, e outro, mais velho, que já contava alguns meses em Angola.
Quantas angústias as daquela senhora? e as de todas as mães com filhos mobilizados para o desconhecido?
Como perguntava o poeta ao mar, quanto do teu sal são lágrimas de Portugal?
Desejo-te boas viagens nesse novo mundo, e fica atento, podes encontrar o Zé Câmara ou o Tony. Um abraço JD quarta-feira, Julho 16, 2014 9:59:00 da tarde