segunda-feira, 7 de abril de 2014

MOÇAMBIQUE, DOIS ANOS DE PRISÃO OU LIBERDADE???..., por Duarte Pereira

Duarte Pereira


FALO POR MIM!...

MOÇAMBIQUE...


DOIS ANOS DE PRISÃO OU LIBERDADE???...

TIRANDO A PERDA DE MAIS DE DOIS ANOS DA NOSSA JUVENTUDE, AQUELE QUASE UM MÊS NA SERRA DO MAPÉ, O QUE FOI "AQUELA GUERRA" PARA MIM???...



NÃO FUI PATRÃO, TINHA QUEM MANDASSE EM MIM.

EM 1972 FUI UM "FURRA", TIVE MUITOS QUE PODERIAM MANDAR EM MIM.


O MEU "SUPERIOR" NÃO MANDAVA, "CONVIDAVA".

QUANDO UM SUPERIOR DELE MANDAVA, ELE DIZIA, PESSOAL LÁ TERÁ DE SER.

EM 1973 TIVE DE ASSUMIR NOVAS RESPONSABILIDADES.


MAS JÁ TINHA A EXPERIÊNCIA DE UM ANO.
EU DIZIA, PESSOAL VAMOS, É UM DIA, DOIS OU TRÊS, MAS VAMOS DAQUI PARA ALI.


LEVAMOS GUIAS QUE CONHECEM ESTA "PORRA".
NÃO É COM MAPAS E BÚSSOLAS QUE CHEGAMOS A LADO NENHUM.


NAS OPERAÇÕES ALGUÉM IA À FRENTE COM UMA CATANA, QUANDO NÃO ÍAMOS PELOS TRILHOS.

VIMOS UMA BASE ATACADA PELOS GE´S.

VIMOS BOSTA DE ELEFANTE (VOU VER SE ENCONTRO UMA FOTO).

 

VIMOS BEBER ÁGUA DAS LIANAS.


OUVIMOS À NOITE RUGIDOS DE ANIMAIS.

ENFIM, NOITES MAL PASSADAS.
FELIZMENTE O RESSONAR DE ALGUNS DE NÓS AFASTAVAM OS ANIMAIS MAIS CURIOSOS OU MAIS ESFOMEADOS.

NÃO TENHO CONHECIMENTO (OU NÃO ME LEMBRO) DE NENHUM ALENTEJANO NOS DOIS PELOTÕES POR ONDE PASSEI.
SERIA UMA MAIS VALIA.
DESDE DE NOVOS QUE TRATAM OS ANIMAIS PELO NOME.
SER LEÃO, ELEFANTE, ONÇA OU ESPECIALMENTE "MACACO", ERA TU CÁ TU LÁ, ESTARÍAMOS EM SEGURANÇA.

DEPOIS DAS OPERAÇÕES, "SERVIÇO" TOMÁVAMOS O NOSSO "CONHAQUE".


TANTO NO 4º COMO NO 3º PELOTÃO, TÍNHAMOS AUTONOMIA PARA FAZER OS "PATRULHAMENTOS", MAS OPERAÇÕES NÃO DELINEADAS PELO MAJOR, NÃO.

QUERIA FALAR AQUI NO FERNANDO LOURENÇO, DO 4º PELOTÃO, QUE ME LEVOU POR "MAUS CAMINHOS."


E EU QUE ATÉ ESSA ALTURA ERA TÃO "INOCENTE", NUNCA O IREI PERDOAR.

sábado, 5 de abril de 2014

ÉS UMA VENCEDORA!!!..., por João Marcelino

O João Marcelino, disse:

É LOUVÁVEL O EMPENHO QUE TODOS DEMONSTRARAM EM AJUDAR A ADRIANA NESTA LUTA RENHIDA ENTRE AS SUAS MAIS DIRECTAS CONCORRENTES...
 
 
E QUANDO FALO DE ENPENHO REFIRO-ME, NÃO SÓ AOS CAMARADAS DESTA PÁGINA, COMO A TODAS AS PESSOAS INTERVINIENTES, QUE TUDO FIZERAM PARA QUE A MENINA DO NOSSO QUERIDO AMIGO GILBERTO PEREIRA FOSSE A VENCEDORA.
 
E QUE,..QUANTO A MIM SERIA NÃO SÓ, UMA EXCELENTE VITÓRIA PARA ELA "ADRIANA PEREIRA", COMO PARA TODOS NÓS, PELA ALEGRIA QUE ISSO NOS IRIA TRANSMITIR!!!...
 
 
 
MAS COMO EM TUDO NA VIDA, NUNCA DEVEREMOS DESISTIR DOS NOSSOS OBJECTIVOS.
 
NA PRÓXIMA VÊZ, A ADRIANA PODE CONTINUAR A CONTAR COM A NOSSA COLABORAÇÃO, PORQUE AGORA PASSARÁS A SÊR A NOSSA MASCOTE,...
 
 
LAMENTO E COMPREENDO QUE TANTO O TEU PAPÁ COMO TU ESTEJAM TRISTES...
 
A ESPERANÇA É SEMPRE A ÚLTIMA A MORRER...
 
UM DIA SERÁS A TUA PRÓPRIA VEDÊTA...
 
E SABES PORQUÊ???...
PORQUE JÁ ÉS UMA VENCEDORA!!!...

 
 
PARABÉNS.
08-03-20014

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Para o Duarte Pereira, chama-se dialeto alentejano

A pedido do João Marcelino e do Duarte Pereira, aqui deixo transcrito um poema, apresentado pelo Paulo Lopes, que consta do livro "ALENTEJO A CEM POR CENTO", do Professor Joaquim Roque, de Ferreira do Alentejo:
 
Por cá no meu Alentejo
Temos o nosso latim
A Alcunha é ANEXIM
Cesto grande é CABANEJO.
Chamam CHATO ao Percevejo
A Gorjeta é MELHADURA
A Diarreia é SOLTURA
As Fezes INQUIETAÇÕES
Mas ó que lindas expressões
Vindas de gente tão pura!


 II

Grande jantarada é PANCÃO
CARAMELO é Água Gelada
Pote de barro é AZADA
E ZEBRE Oxidação.
Homem traído é CABRÃO
Mulher de mau porte é ZORRA
Fêmea estéril é MACHORRA
Homem traído é CABRÃO
Mulher de mau porte é ZORRA
Fêmea estéril é MACHORRA
Neste meu vocabulário
Eu ando a ler ao contrário
Isto é que vai uma PORRA!

 III

MORRINHA é Epidemia
E CISMA é fixação
DESASTRE é Acidente de viação
CHAPA é uma Radiografia.
CATARRAL é Pneumonia
Deitar fora é AVENTAR
CAGÁÇO é Medo a fartar
E RETOIÇAS são Brincadeiras
Chamam CABRAS às frieiras
Mas que dialeto invulgar !


 IV

Ao vadio chamam GANDULO
GIRÓLMO é sempre Jerónimo
Um GAJO é um homem Anónimo
Estar cheio é estar de CAGULO.
Ao Inchaço chamam MATULO
BORREGA é Bolha no pé
Banco de madeira é CANAPÉ
E CEGA REGA é uma cigarra
Mas que prenuncia bizarra
Parece mentira até !

 V

VELHACAS são pessoas más
E TRONGAS Mulheres da vida
Multa é MURTA toda a vida
SONTORDIA, foi há um tempo atrás.
Chamam SOFÁZES aos Sofás
E COVA a um grande Vale
MONQUITA é Corrimento nasal
Ó ÁIQUE é Abalar à pressa
Para mim não há mais conversa
É um dicionário especial


 VI

TROPEÇO é Banco de cortiça
E os TRASTES são a Mobília
Á Lagarta chamam ROSQUILHA
MELA e BOBAS à Preguiça.
Chamam QUADRA à cavalariça
E aos Calos chamam GINETES
Fazer Caretas são MUNETES
Aqui e em todo lado
Eu cá fico admirado
Chamarem às Meias aos SUQUÉTES

 VII

ABUINHA é Borboleta
IMPÁR é Gemer de dor
Fora daqui diz-se ANDOR
Masturbação é PUNHETA.
A Mulher trigueira é PRETA
MOFINA é ser Egoísta
Quem protesta é COMUNISTA
Mas não creio nessa versão
TESTÓ, é para afastar o Cão
Ricas palavras à vista


 VIII

ÁRENCU é Pirilampo
MIUTERA é Ponte de pau
Pano de azeitona é LARÁU
TUBARÕES são Cogumelos do campo.
ENTREMENTES é Entretanto
Chamam COITO à Coutada
Muitos cães, é uma CANZUÁDA
Mas que léxico tão bonito
Se vou sair, eu me QUITO
Mas volto, não tarda nada!

 IX

Cama no chão é CAMASTRALHO
Concha de búzio é BUZINO
Ao Soco chamam MOQUINO
COPA é Roupa de agasalho.
Chamam CHINAS ao Cascalho
E às beatas BARONAS
Os Amendoins são ERVELHANAS
CAREPA é Caspa a cair
Como é tão bom ouvir
Estas expressões Alentejanas


 X

ESCARIÓTE é um ser fugidio
E o Armazém é um CASÃO
CISCO é resto do Carvão
ESCONFIQUE eu Desconfio.
Tudo o que é Arisco é GENTIO
E ao Orvalho Chamam MARGIA
Lamaçal é ENXÓVIA
E as CARRAÇAS são Carrapatos
São estes os meus relatos
Que fiz em versos de um dia

 XI

TRÁITA, é ter certo costume
BÚZIO é estar Embaciado
BORCALHO é mal-educado
LUMINÁRIA é um grande lume.
Ao Suco chamam CERUME.
Um LARILA é um Maricas
Os TATARANHOS são Riscas
E ZAROLHO é quem vê mal
Neste canto de Portugal
ÀS Fendas chamam TALISCAS


 XII

BOCA DO CORPO é a Vagina
REGEMENTO é o período pós parto
Chamam SARDÃO ao Lagarto
E QUINITA à Joaquina.
Coisa Ruim é MALINA
LOSTRAS são Manchas na pele
Um BARAÇO é um Cordel
MAIS QUE MUITOS é muita gente
BRINHOL é Fartura quente
Na boca do TI MANEL!

 XIII

Por fim, direi que é bizarro
Às Nádegas chamarem NALGAS
E às Mulheres ricas FIDALGAS
E QUARTA ao púcaro de barro.
Chamam MURRÂO à Cinza de cigarro
E a Máscara é uma CARAÇA
Muito barulho é ARRUAÇA
E as Faúlhas são CASTELHANOS
Estes vocábulos Alentejanos
Digam lá se não têm graça?


 XIV

Ditas estas palavrinhas
Muitas mais há para dizer
Não quero ninguém aborrecer
Com as minhas ladainhas.
Eu apenas segui as linhas
Do dialeto regional
Porém não quero deixar mal
Todos os Alentejanos
E os meus queridos conterrâneos
Do concelho do Alandroal.

domingo, 30 de março de 2014

Poemas Antigos, por Paulo Lopes

 

TU ÉS UMA FLOR
 


Tu és uma flor sem nome
plantada no alto do poema
que eu quero escalar
sem cordas nem receios
para te chamar
amor.

Paulo Lopes (1975)
 
OLHO OS MEUS OLHOS


Olho os meus olhos
revejo-me e não conheço
estes olhos este rosto,...

Nem a guerra nem o ódio
nem dor nem sofrimento
nem o sol nem o vento
nem a luz do dia traz
um sorriso uma lágrima
tanto faz.

Sigo impassivo
este sol esta neve
estas flores de dor
estas vidas em bolor.

Paulo Lopes (1970)
 
Se ao menos vivêssemos
talvez ou outros surgissem
um pouco que fosse
no nosso pensamento.
Mas não vivemos
não pensamos
apenas estamos em pé
num constante lamento.

Paulo Lopes (1973)

NOITE ESCURA



Escura noite sem fim
perdida na madrugada.
Estranhamente
não há estrelas
não há luz nem lua
não há nada.
Apenas é noite
sem luz e sem lua
noite de ninguém
noite que não é noite
que na madrugada se perdeu
esta noite sem fim
esta escura noite.

Paulo Lopes (1967)

quinta-feira, 27 de março de 2014

IDA PARA O CHAI..., por Rui Briote


Imagem de Rui

Rui Briote
 
No dia 17 de Fevereiro, já com o cheiro da terra africana entranhado nos nossos narizes,  tomámos o avião que nos havia de levar até Porto Amélia, para de seguida irmos para o Chai, fazendo " escala" em Macomia.
 
Porto Amélia (atual Pemba)
 
A viagem ainda demorou umas horas, mas deu para arregalar os nossos olhos perante tanta beleza que tivemos oportunidade de observar.
O avião, a pouca altitude, proporcionou-nos uma vista deslumbrante e de rara beleza... grandes manadas de zebras  e outros animais selvagens, aliada à bem ordenada verdura dos coqueiros, contribuiu para que tivéssemos uma ligeira acalmia  deixando de pensar para onde íamos. 
 
Aeroporto de Pemba (ex-Porto Amélia)
 
Chegados a Porto Amélia, cidade pequena, mas bela, aí pernoitamos...
 
Vista Aérea de Porto Amélia (atual Pemba)
 
No dia seguinte deslocámos-nos para a praia, não para tomar uma "banhoca" muito desejada, mas sim armados de G3 e granadas de mão, para fazer treino individual "de costas viradas para a praia!".
Que mau gosto!...
 
Praia em Pemba (ex-Porto Amélia)
 
No dia seguinte, 20 de Fevereiro, já devidamente " equipados" formámos uma coluna rumo ao Chai.
 
Cada pelotão foi "encaixotado" numa viatura, indo eu na cabine juntamente com o  Miguel.
 
Os primeiros quilómetros foram calmos e não deu para ter tremuras, mas a partir dum determinado lugar elas chegaram e as calças começaram a  "colar-se ao...".
 
Cantina de Ancuabe
 
Parámos em Ancuabe e a partir daí, escoltados pelo Esquadrão de Cavalaria, com as suas  Panhards, comandado se não me engano, pelo malogrado Valinhas, para nos fazerem segurança no resto do percurso.
 
AML Panhard - Esq. Cav. 1
 
Já com a bala na câmara lá fomos...de quando em vez ouvíamos umas rajadas, sinal que estávamos já na zona quente.
 
Os nossos corações começaram a ter mais batidas.
Estávamos já na zona de guerra...como seria daí para a frente?...
O tempo o diria.
 
Já à entrada de Macomia dei ordem para tirar a bala da câmara e aí surgiria o meu primeiro grande susto.
 
Macomia
 
Ia, juntamente com o ex-furriel Miguel  e eu junto à porta da viatura, na cabine duma Berliet e, à ordem de tirar a bala da câmara o Miguel "esqueceu-se" de tirar o carregador e ao dar ao gatilho só ouvi um silvo agudo ...a bala passou mesmo a rasar a minha cara..." borrei-me" todo.
 
Andei com o zumbido no ouvido não sei quanto tempo...
Miguel, Miguel não foi isso que te ensinei...:)
 
Depois duma noite dormida em Macomia partimos em coluna em direção ao Chai.
 
De novo, os corações aceleraram e quando as Panhards, nos pontos críticos, davam umas rajadas, encolhíamos-nos todos...
O primeiro sinal de guerra, foi-nos dado por uma ponte arrasada pelos "turras".
Mais tarde soubemos  o nome da vítima...
a ponte de Muacamula"...
 
Ponte de Muacamula
 
Atravessámos por um desvio e retomámos o caminho para o inferno.
A estrada, pintada de alcatrão, lá nos permitiu andar em marcha mais ou menos lenta, ao mesmo tempo que os nossos olhos arregalados iam mirando as ????,  ora com uma vegetação densa ora despida.
 
Estrada Macomia - Chai
 
Atravessámos o famoso, no mau sentido, Monte dos Oliveiras, local onde minas e emboscadas eram " mato"...
 
Estrada Macomia - Chai (ao fundo o Monte dos Oliveiras)
 
Havia locais em que a pintura de alcatrão deu lugar a buracos, que eram as testemunhas de minas aí plantadas.
 
Estrada Macomia - Chai (próximo do Chai)
 
Finalmente, divisámos o arame farpado, que dava acesso à " cidade" do Chai.
 
Aquartelamento do Chai
 
Fomos recebidos em festa por uma companhia que via na nossa presença o passaporte para fugir dali...pudera!!!
 
Iriam embora e ficaríamos nós nas nossas novas " vivendas"...
 
Por do Sol - Chai