sexta-feira, 23 de setembro de 2016

Alto da Pedreira, por Duarte Pereira

 
Devido à minha "timidez" tenho falado muito nos ex-combatentes da minha companhia.
 
Depois comecei a acompanhar e tentar identificar elementos de outras companhias.
 
 
Chegou a minha vez.
 
Nos primeiros tempos andava mais ou menos calmo, porque ainda não sabia onde "andava metido".
 
Ao fim de algum tempo na base do aldeamento de Nambine e quase à noite fui buscar com uma secção o correio a Macomia.
 
Em 13 de Julho de 1972 enfiaram-me uma "tosga" que fiquei quase em "coma".
Devo ter ido de Nambime até Macomia deitado num unimog.
 
 
 
Entretanto saíram três ex-alferes da companhia.
O capitão começou a meter "baixa" e a seguir ao ex-alferes Américo Coelho, eu seria o "mais antigo ex-furriel".
 
Talvez em Setembro de 1972 chegámos à última base (Alto da Pedreira).
 
 
Com a possibilidade do ex-capitão estar de baixa e o Américo Coelho estar em Macomia ou de férias aquela "chafarica" estava sob o meu "poder".
 
Um puto com 22 anos com um curso para "tentar mandar "nuns sete ou oito e apanhar com uma base de milícias e dois ou três pelotões, da companhia. ?
 
Havia um assessor que comigo foi pescador.
 
Tínhamos um caçador.
 
Em 1973 tive de falar em Macomia com quem eu não queria.
 
 
 
Pouco tempo passava dentro do quartel.
 
Pensei que os "graduados" não seriam bem vindos à messe dos mais antigos.
 
Sentia-me mais "livre" na base do que na sede do batalhão.
 
Esta é um pouco da minha "história"
Nos últimos três anos já narrei muitos episódios.
 
Os mais novos que avancem.
Estou a ficar cansado.
 
 

quinta-feira, 22 de setembro de 2016

"AS BRANCAS", por Duarte Pereira


Duarte Pereira para BATALHÃO DE CAVALARIA 3878


"AS BRANCAS"

Tenho uma vaga ideia de ter chegado a Porto Amélia.



Acho que mudámos de roupa para ir fazer uns exercícios.

Não sei se já tinha ou deram-me uma camisa" brasileira" às cores que me arranhava a pele.
As calças eram também "floridas". .

As botas, para mim não eram novidade.

Uma recordação de Santarém.

Chegados a Macomia, não faço ideia para onde nos mandaram.
Decerto não seria ali o nosso quartel, mas o da C.C.S.


 

Penso que andei por lá uns tempos e a 3509 tinha lá a sua mecânica e a base da secretaria e o refeitório dos que não andavam a "passear".

Durante o ano de 1972 tive um comandante Americo Coelho e um "parceiro", Fernando Lourenço.

Aquele 4º pelotão não deveria estar a resultar para as "aspirações" do major.
Deve ter havido contra - informação.


Sempre ouvimos as "ordens" que nos eram dadas, "mas tínhamos os cabelos das orelhas, muito crescidos".

Em Dezembro e 1973, fui "saneado" para o 3º pelotão e o Fernando Lourenço, uns tempo depois "foi corrido", para organizar uma "base" de milícias no Mucojo.


Houve graduações a furriel, no 2º e 4º pelotões e a alferes no 1º pelotão e um furriel em rendição individual, para "mudar fraldas", para o 3º pelotão.

Se não tivessem mexido no 4º pelotão, a História da "Guerra" naquela zona, poderia não ser a mesma .

Ao meu "curriculum" teria acrescentado mais um ano de "amizade" com o Americo Coelho e Fernando Lourenço.

terça-feira, 20 de setembro de 2016

A PRIMEIRA “PICADA” ATÉ MACOMIA, por Paulo Lopes


Paulo Lopes
 
PRIMEIRA “PICADA” ATÉ MACOMIA

Ficamos alguns dias sossegados da azafama constante do vai e vem das operações, o que nos admirou bastante mas não nos preocupou absolutamente nada.
 
Podíamos passar os dias a ler, a jogar xadrez, damas ou cartas, consoante os gostos de cada um e, pela tardinha, fazíamos —os mais desportistas— uma peladinha naquele “estádio” fabuloso onde, enquanto uns corriam atrás da bola fugindo ao tédio, outros viam, aplaudiam e apoiavam os do lado de que mais gostassem naquele momento, como se estivessem no estádio do seu clube eleito.
 
Quanto ao que me tocava, não dispensava esse momento de desporto e lá estava eu, sempre no meu posto de guarda-redes, defendendo o meu emblema que era, sem duvida, o esgotar dos minutos, o passar do tempo numa actividade com acesso à descompressão do pensamento negativo.
 
Enquanto tentava que nenhuma bola passasse para além das canas de bambu, esquecia-me que, para lá do arame farpado, existia outro “jogo”, onde nenhum de nós, jogadores, ganharia.
A vitória ia apenas e sempre, para os abutres que dominam o mundo e as pessoas!
 
Nestes dias tínhamos, portanto, as duas partes que constituem a felicidade de um soldado: bem alimentados (tendo como conceito que a boa alimentação era apenas e tão só o não comer a ração de combate) e repouso absoluto.
Situação invejável, não fosse o local de isolamento onde permanecíamos e a constante tensão que, mesmo neste sossego interior, estavam, apesar das aparências, continuamente presente.
A qualquer momento todo o cenário se poderia modificar e o que era descanso passaria a pesadelo muito antes de um esfregar de olhos!
 
Nos primeiros tempos da campanha, mesmo com estas situações pontuais, sentia-me completamente destroçado e incapaz de reagir.
 
Agora, ventos e tempestades passadas, tormentas e ansiedades desmanteladas, horas consecutivamente contadas minuto a minuto, estes poucos dias de “nada fazer”, faziam-me sentir quase contente e feliz.
 
É tudo uma questão de hábito.
Assim se comprova, na realidade, que somos um animal de hábitos.
 
Mas a “boa fruta” chegou ao fim quando uma ordem para nos irmos reabastecer a Macomia entrou pelas antenas do aparelho do nosso criptógrafo.
 
Era a primeira vez que saía da Mataca para ir a outro aquartelamento atravessando a serra através da picada que nos levava até lá.
Ia “estreá-la” e conhecer todos os seus riscos que espreitavam atrás de cada árvore, à frente do próximo passo.
Mais uma nova experiência não desejada para adicionar a umas já conhecidas, à espera de outras que o futuro espreita.
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— Amanhã vamos a Macomia e como já não é novidade, os perigos são vários, tanto no caminho para lá como no regresso e principalmente neste, visto que vimos carregadinhos de mantimentos, portanto, há que abrir bem os olhos e arrebitar as orelhas.
Dizia o alferes S……, continuando: — Daqui a pouco, mais para a noite, como costumamos fazer nestas ocasiões, vão informar a vossa “malta” que por volta das quatro e meia, cinco horas, arrancamos!
Creio que não são necessárias mais conversas porque, como sabem, para estas picadas, quanto menos se falar melhor.
 
E com estas palavras, poucas e simples, saímos!
Ainda vinha a sair da reunião e já estava a perguntar, porque me fez uma certa curiosidade, o porque do “quanto menos se falar melhor” e qual a razão de apenas à noite se ir dizer ao grupo que cada um de nós comandava, que iríamos a Macomia no dia seguinte.
 
As respostas às minhas questões foram tão rápidas e simples quanto a reunião que acabávamos de ter:
— Porque, não sabendo como, mesmo aquela hora da manhã, quando se passa pela aldeola, já lá estão nativos para aproveitarem a nossa deslocação a Macomia apanhando boleia até lá, correndo assim menos riscos de serem apanhados por elementos da Frelimo e também para pouparem uns largos quilómetros nas pernas.
 
Ora, se eles sabem, mesmo quando essa viagem só é dada a conhecer já à noitinha, também os “turras” tinham esse conhecimento e tempo para preparar uma emboscada ou colocar minas. Portanto, quanto mais tarde se desse a informação, menor era a possibilidade de ser passada para o exterior. Dizia-me um camarada.
Simples e agradável de saber!
 
Ainda não eram cinco da manhã e mal a aurora tinha chegado, já todos estávamos preparados para a partida.
O roncar dos motores deu o sinal e, ainda em cima das Mercedes 404, quatro ao todo, iniciámos o percurso que tinha passagem inevitável pela aldeola.
 
E lá estavam eles!!! Tal como me tinham dito, uma dúzia bem medida de nativos já estavam prontos, de malas aviadas e “arranjadinhos” para a “excursão”.
 
Enquanto eles subiam para as caixas das Mercedes, nós saltávamos para o chão porque, a partir dali, íamos entrar na floresta a caminho da Serra do Mapé.
 
A “estrada” não era mais do que trilhos formados pelo passar daquelas já cansadas viaturas que as gastas rodas faziam pelo mato dentro rasgando uma linha que se ia desviando ao sabor das corpulentas árvores tão velhas como a floresta que atravessava.
 
À frente iam os batedores.
Cerca de dez de cada lado do rodado por onde passariam as rodas das viaturas.
A distribuição destes militares era feita intervaladamente e revezando-se: cinco preparados com a sua respectiva arma para o que desse e viesse e os outros cinco iam picando constantemente a terra com uma cana de bambu que tinha um prego enorme na ponta, a que chamavam “detector de minas” que, conforme o nome indica, tinha como intenção o detectar das minas que estivessem colocadas no dito rodado.
 
Eram trinta e tal longos quilómetros que tínhamos de palmilhar até Macomia!.
A vegetação era inconstante: ora espessa e de uma densidade assustadora não permitindo enxergar meio metro para os lados.
Ora aberta e de arvoredo espaçado dando-nos uma confortável sensação de segurança quanto a possíveis emboscadas.
 
De minuto em minuto, de passo em passo, umas vezes apressados, outras nem tanto, consoante as exigências do terreno, fomos progredindo atravessando o pé da Serra, subindo-a, “largando”, de quando em quando, granadas de morteiro, como que a “varrer” os locais periféricos da nossa passagem, até atingirmos o cume.
 
Sem descanso e com todos os sentidos a funcionar em pleno, avistámos as machambas de Macomia, cerca do meio-dia.
 
Do aquartelamento de Macomia até às machambas onde nos encontrávamos, já um grupo de combate daquele quartel tinha batido a zona e então, com mais segurança, poderíamos montar nas Mercedes e dirigir-mo-nos ao quartel, dando um pouco de descanso as pernas já um pouco desejosas de parar.
 
Num instante chegámos a Macomia.
Vila onde se situava a sede do Batalhão ao qual a nossa Companhia pertencia.
 
Para além do quartel (quartel mesmo! com casernas e tudo), Macomia já tinha umas quantas casas de habitação, cujas, poderiam ter mesmo esse nome.
Já havia uma, mas só uma, estrada de alcatrão.
Esta vinha de Porto Amélia, com passagem por Macomia.
 
Estrada nada amigável para ser utilizada por viaturas civis sem se fazerem acompanhar pelas Panhard do exercito e em coluna não estando, mesmo assim, livres de irem pelos ares arremessadas por minas não detectadas que, mesmo por baixo do alcatrão, eram colocadas pelos guerrilheiros que esburacavam nos laterais do asfalto depositando-as na distancia prevista onde passaria o rodado das viaturas.
 
Também existiam duas casas comerciais onde se podia comer um bife com batatas fritas e beber uma bela cerveja fresca o que, para nós, vindos do fim do mato, atravessando um autentico oceano de arvoredo, era um hotel de cinco estrelas!
Que luxo!!.
 
Este quartel já tinha traços metropolitanos e de forma idêntica aos diversos quartéis espalhados por Portugal Continental.
 
Não tinha nada em comum, no aspecto arquitectónico, com aquilo que tínhamos em Mataca.
Um quartel murado com muros de tijolo e cimento, chão totalmente alcatroado, não com simples arame farpado como na Mataca e dum chão de terra batida esvoaçando poeira mal havia uma leve brisa de vento.
Recheado dumas quantas casernas também feitas de material que consiste numa casa normal, com telhados de telha de barro, janelas para arejar e dar luz solar e chão de mosaico.
 
Não num buraco feito na terra, com folhas de zinco como telhado, sem uma única janela ou quaisquer arejamento para além das portas mal amanhadas que arrastavam e esburacavam o chão feito do mesmo material que o restante estacionamento, como as nossas “casernas” da Mataca.
 
Que me perdoem, esta minha invejosa definição e comparação, os camaradas que sofreram naquela terra onde a guerra também estava visível a olho nu e que, tal como nós, estavam bem longe dos seus.
 
Felizmente para eles que tinham, pelo menos, o mínimo de condições de sobrevivência e que, não os aliviando da malfadada sorte de terem sido espoliados da sua juventude, os ajudava a desanuviar um pouco mais a dor que nos perseguia constantemente e que instintivamente nos íamos defendendo, cada um à sua maneira e com as armas que individualmente tínhamos no pensamento.
 
Estivemos dois dias estacionados, onde até deu, pelo menos para mim que não posso ver uma bola aos saltos, seja de que modalidade for, disputar uns quantos jogos de voleibol.
 
Sim! Aquele quartel até tinha campo de voleibol alcatroado e delineado!
Claro que nada disto os afastava dos perigos constantes e comuns a todos nós.
Apenas os aliviava um pouco a tensão tal como as nossas “jogatanas” de futebol na Mataca.
Mas como o nosso lugar não era aquele, após termos o nosso carregamento prontinho para regressar, fizemos-nos à “estrada!”...
 
Já tínhamos talvez perto de três horas percorridas e já estava ultrapassada a descida da serra quando, de repente, fomos surpreendidos pelo som estridente dos tiros que vinham da frente da formação. Estávamos no meio de uma emboscada.
 
Quase de imediato, como se fosse automático, os nossos homens que se encontravam na zona efectiva da emboscada, ripostaram com bastante fogo de rajada.
Conheci então, pela primeira vez, a guerra psicológica:
— Comandos a esquerda! G.E. à direita!
Gritava o furriel M…… de alto e bom som, fazendo jus a sua boa voz de comando enquanto todo o pessoal já estava, apesar da surpresa inicial, ordeira e estrategicamente deitados no chão da picada com as armas apontadas para os dois lados do denso mato e prontas para a defesa.
 
Comandos e Grupos Especiais, como o M…… queria que houvesse, isso é que não vi nem poderia ver a não ser em pensamento ou nalguma visão de filme de guerra!
 
As únicas forças existentes eram os primeiro e quarto grupo de combate e mais a tal dúzia de nativos que regressavam connosco para Mataca que, não ajudando em nada nestas ocasiões, atrapalhavam ainda mais!
Conforme sorrateira e inesperadamente fazem a emboscada, também e com ainda maior rapidez desaparecem sem deixar rasto da sua presença.
Assim funciona a guerra de guerrilha feita pelos guerrilheiros da Frelimo.
 
Entre gritos, tiros, explosões de granadas por nós atiradas, e de insultos ao inimigo nada nos aconteceu para além do enorme susto e o acelerar das batidas do coração.
Foi muito maior o nosso fogo de resposta à emboscada do que aquele efectivado pelo IN.
Este disparou alguns tiros e fugiu.
Aliás, e felizmente para nós, como era habitual nos guerrilheiros da Frelimo!
 
Pela forma do ataque, ficamos convictos que não tinha sido uma emboscada premeditada mas sim e apenas um encontro ocasional, uma passagem simultânea no mesmo local aproveitada pelos guerrilheiros, visto que, a grande distancia, já se ouvia o roncar fastidioso e melancólico dos motores das nossas viaturas.
 
O tiroteio também não durou muito tempo, e depois de fazermos uma busca rápida a zona circundante no interior do mato, prosseguimos com a coluna até a Mataca sem que mais problemas tenham surgido.
 
Nestes momentos, passados os sustos, é que nos vem à memoria como eram bons os tempos em que, nas diversas paradas dos quartéis da Metrópole, quando em formatura se ordenava: — quem sabe andar de bicicleta saia da formação.
 
Estratégia de que todos conheciam a razão, mas que sempre fazia alguns “cair”, espelhando orgulho nos seus rostos como se saber andar de bicicleta fosse uma questão de grande orgulho nacional: —Então apresentem-se na cozinha que há muita batata para descascar”.
Surgia de imediato o prémio!
Após este susto, e com surpresa geral, estivemos novamente “parados” no nosso canto, mais de quinze dias.
 
Foi neste espaço de tempo que saíram duas promoções:
Sem alaridos, sem pompa nem discursos de ocasião e muito menos com paradas militares.
Apenas em comunicado oficial e lido, já não sei bem por quem, duma forma simples como quem lê uma noticia no jornal sem quaisquer importância:
— O alferes S…… passa a capitão miliciano e o furriel L…. promovido a alferes miliciano.
A única situação alterada, e apenas para o L…., foi a mudança de “aposentos” instalando-se na messe dos oficiais.
 

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Vê para onde vais ou onde te mandam, por Duarte Pereira

 
Quando um "pai " faz um filho, não consegue saber o dia da sua "compilação.

Tira nove meses ao dia do seu nascimento e terá uma ideia.

Já não sei se este Grupo irá a caminho da sua primeira "diuturnidade". ?

"Criado" por um "quadro intermédio" no escalão militar da altura.

Quem apreciará mais. ?

Os que "não mandavam" ?

Os "quadros intermédios" que pensavam que mandavam.

Os "quadros médios" que não fariam nada sem os "quadros intermédios" ?.

Em Santarém nos seis primeiros me...ses, só obedecia.

Nos seis meses seguintes antes de "avionar" para Moçambique , pensava que mandava.

No primeiro ano em Moçambique, não valia a pena mandar.
Estávamos todos no mesmo "barco".

No segundo ano de comissão, cheguei à conclusão que já era tarde para "mandar". 
 Funcionava tudo em "piloto automático".

Nos últimos meses, foram-se cortando as "aventuras".
Queríamos chegar vivos e de boa saúde ao avião que nos traria de volta.

Resumindo : Primeiros dois ou três meses, "cagufa".

Meses seguintes "falsa confiança e alguma aventura ".

Últimos dois meses "Vê para onde vais ou onde te mandam ".




 

domingo, 18 de setembro de 2016

Partiste...E levaste-me para a memória de há 44, 43 e 42 anos atrás, por Rui Brandão

Partiste...
E levaste-me para a memória de há 44, 43 e 42 anos atrás.
 
Só tu (e mais alguns...) me conseguiram fazer viver momentos de alegria e felicidade no ambiente de angústia e incerteza no futuro, do quotidiano de Macomia.
 
Após o telefonema de ontem do sempre atento e disponível Silva (1º cabo escriturário da C.C.S.) deixei-me transportar para os dias em que me escondias os meus ovos de pata.
Chamava-te de tudo; cão São Bernado em estilo de cão rafeiro!!!
 
As partidas cons...tantes que me pregavas.
 
Eras fantático na comunicação brincalhona sempre pura e saudável.
 
Recordas-te meu carinhoso "cão"?
Quando me foste buscar - a mim e à minha mulher e à Chana com 17 meses - após aquele terrível, estúpido e demasiadamente prolongado ataque a Macomia à morteirada?
 
Estávamos indefesos, talvez serenos, mas isso mesmo: Indefesos.
Foste-nos buscar e levás-te-nos para o quartel.
 
Nos dias seguntes, tu e os teus homens montaram proteção à minha casa durante alguns dias. Protegeste a minha família!!!
 
Como é que eu não poderia ir contigo nessa viagem de ontem à noite?
 
Como é que eu te poderei agradecer?
 
Já sei meu querido "cão"...
Tu não queres que te agradeça.
Tu és mesmo assim.
 
Como eu te pude conhecer...
Como tu te deste a conhecer.
Só pode acontecer a quem é puro, intelectualmente honesto, solidário e acima de tudo, amigo de verdade do seu amigo.
 
Desta vez pregaste-me mais uma partida.
Esta foi a última.
 
Deixa lá, vou tentar reagir da mesma maneira.
Vou-te chamar cão rafeiro novamente, mas desta vez não consigo conter as lágrimas.
Nunca me irei separar daquilo que retive de ti.
Até já meu querido "cão".
 
 
Duarte Pereira Rui Brandão.
Tinha um pressentimento que irias aparecer.
Gostei que o fizesses ao teu estilo.
 
Americo Coelho Só agora li.
Só agora soube.
Mas fiquei parado durante algum tempo.
A conversa que tive com ele há dias deixou de ter sentido.
Será que ele já sabia?
Tenho saudades de ter nova conversa.
Até um dia destes.
 
Fernando Silva Antonio Lindas palavras !
Querido Rui Brandão, esta dito!
Paz à sua ALMA .

 
João Novo Brandão, um abraço.
 
Horácio Cunha Certamente, que o Brandão testemunhou aqui os sentimentos que todos nós nutrimos pelo desaparecimento deste bom amigo Bernardo.
Aquele abraço, Rui Brandão

José Guedes Amigo Rui Brandão, quase nem consegui ler até ao fim, pois fiquei emocionado e com as lágrimas nos olhos,.. estes momentos são difíceis de se poder superar, mas temos que estar preparados para tudo isto, este mundo é uma passagem,,, amanha se Deus quiser lá estarei para me despedir dele para a sua última morada,......
 
 
Armando Guterres Um abraço para todos.
 
Filomena Maria Paiva Que descanse em paz, os nossos sentidos pesamos para toda a família, da família Paiva, José Paiva
Jaime Santos Caro Rui, isto é a lei da vida, temos que encarar estas partidas da melhor maneira possível, os meus sinceros pêsames à família direta a à outra, que somos todos nós.
 

quinta-feira, 4 de agosto de 2016

A Emboscada e as Formigas, por Luís Leote

 
 
Uma vez ao percorrer este troço de picada, fomos saudados por disparos feitos ao longe, na altura vinha montado numa viatura à retaguarda, num destes altos.
 
Mandámos umas morteiradas e seguimos caminho até Macomia.

Ao chegarmos ao Alto do Delepa, passe
i para a frente, logo atrás dos três picadores e atrás de mim, o cabo da metrelhadora HK.

Fazíamos fogo alternadamente e no preciso momento em que um de nós se preparava para o fazer, ouvimos o restolhar do capim, mesmo à nossa frente.
 
Ficámos com excesso de adrenalina e os nossos dedos não paravam de premir os gatilhos.
 
Em frações de segundo, reparei pelo canto do olho, que toda a malta se tinha deitado.
 
Todos menos eu e o meu cabo Rocha.

A resposta lá atrás foi imediata com três saídas de morteiro.
 
Antes da primeira explodir, já estavam outras duas no ar, disparadas pelo cabo Navega.
Resumindo e concluindo: tentaram passar a barreira de fogo, para a emboscada ser a meio da coluna, onde se encontravam as viaturas.
 
Passado o sufoco, a malta começou a despir as calças, para se livrar das formigas.
 
 

Eu e o cabo, streepteese não era connosco.
 
Hoje rio-me.


quarta-feira, 27 de julho de 2016

A História do Chai XII (1972/1974), por Livre Pensador



HISTÓRIAS DO CHAI



São 4,30h do dia 14 de Outubro de 1973.

O aquartelamento do Chai acorda ao som duma violenta explosão.
 
Todos os militares correm para os abrigos assumindo as suas posições de defesa do quartel.

 
 
Porém, logo se percebe que essa explosão e o tiroteio que se ouve vem do lado da ponte do Messalo, situada a 10 km do Chai.

 
 
Via rádio, os camaradas lá sitiados informam que estão a ser fortemente atacados.
De imediato é formada uma coluna com um grupo de combate que sai do quartel para dar apoio aos militares do Messalo.

 

Poucos minutos após a saída da coluna de socorro, o quartel do Chai começa a ser atacado.

Inicialmente ouvimos uns "zumbidos" (tipo avião a jacto) a sobrevoar o quartel e a explodirem logo após.
Todo o chão estremece.
É assim que nos apercebemos de que estamos a ser atacados com a nova arma que a Frelimo dispõe: O TEMÍVEL MÍSSIL / FOGUETÃO 122.

Já tínhamos sido informados de que esta arma tinha um alcance próximo dos 20 km. Como poderíamos responder ao ataque, sabendo que os nossos dois obuses 8.8 poderiam atingir no máximo 10 km?

 

Entretanto, as más notícias (via rádio) continuam a chegar.
O grupo de combate saído do quartel para apoiar os camaradas da ponte do Messalo, fica retido numa emboscada da Frelimo pouco depois da pista de aviação, a cerca de 2/3 km de distância.



Por sua vez, os militares da ponte vêm-se a braços com uma tentativa de assalto / golpe de mão em que está iminente uma luta corpo a corpo, havendo já troca de gritos e insultos entre os guerrilheiros da Frelimo e as nossas tropas.

No quartel e perante a consciência de estarmos a ser atacados com uma arma poderosíssima e de longo alcance, os nossos obuses e morteiros são municiados com as cargas máximas e apontados à máxima distância possível.

Cada míssil / foguetão que cai faz estremecer todo o quartel (são 50 kg de explosivo)!

Ao fim de quase uma hora de combate, cai o primeiro míssil dentro das instalações do quartel.

Os camaradas que operavam um dos obuses 8.8 apercebem-se que o "torpedo" vem no ar e conseguem saltar para a parte de fora dos bidons que protegem o obus.

O míssil explode, destrói uma grande parte do refeitório e deixa o obus inoperacional.
Que sorte que eles tiveram ao escapar sem ferimentos!

Nessa altura e perante a escassez de munições que já se fazia sentir, é decidido pedir o apoio aéreo a Porto Amélia.

O combate vai continuando tentando gerir o consumo de munições.

Entretanto, no Messalo a situação começa a evoluir a favor das nossas tropas graças à coragem, determinação e sangue frio de dois militares (não me recordo dos seus nomes) do 4º. pelotão que, com o morteiro 60, conseguem lançar as suas granadas a subir e descer quase na vertical e estas começam a atingir em cheio os guerrilheiros da Frelimo que já estavam a penetrar no arame farpado.


É graças a essa acção destemida que são abatidos 13 guerrilheiros da Frelimo, para além de muitos outros que ficaram feridos.

As nossas tropas sofreram 2 feridos graves e 3 ligeiros, um dos quais o furriel Vicente que ficou com uma bala espetada na barriga (à superfície) depois desta ter atravessado um bidon cheio de areia.

No quartel do Chai, resistia-se como se podia e após quase duas horas de combate terminavam as hostilidades.

Da nossa parte porque as munições acabaram e da parte da Frelimo porque começaram a ser sobrevoados e atacados por 2 caças Fiat (anjos para nós!) da força aérea.

 

No ataque à ponte, para além dos 13 mortos da Frelimo (que foram enterrados no local) capturámos o seguinte material:


 
- 1 metralhadora Degtyarev
- 2 espingardas Kalashnikov
- 5 espingardas Simonov
- 2 pistolas
- 11 granadas de lança granadas foguete
- 11 cargas de lança granadas foguete
- 25 granadas de mão defensivas
- 5 carregadores de Kalashnikov
- 5 petardos de TNT
- 27 pentes de munições Simonov
- 5 bombas de avião de 50 kg
- 1 bombas de avião de 15 kg

 

Nesse mesmo dia foi feita uma batida para descobrir o local de ataque da Frelimo e concluímos que ele tinha sido feito na margem do lago Chai que distanciava, no máximo, 2 km do quartel.
E nós a dispararmos os obuses para 8 km!!!

 

Os militares do Chai sobreviveram a este ataque por uns escassos metros.
A maior parte dos mísseis caíram a menos de 50 metros do arame farpado abrindo grandes crateras no solo.
Se nos lembrarmos do estrago que fez o único míssil que caiu dentro do quartel, o que seria de todos nós se aquela pequena distância de 50 metros tivesse sido vencida por todos os outros mísseis?

Para nossa felicidade ... o destino assim quis!!!

 
Velhas DE Estremoz Alentejanas Livre Pensador (Ribeiro)-Operação bem concertada por parte do IN.
Se esta acção tivesse sido um ano antes, com a vossa ainda inexperiência, poderia ter tido consequências mais nefastas.
Boa narração dos factos.
Gostámos e agora já estamos a perceber um pouco melhor o que se passou na vossa área de intervenção.
 
 
Américo Condeço Hoje estou sem palavras, a partida de mais um dos nossos deixa-me neste estado letárgico, sem vontade para nada, mas depois de ler mais este belíssimo texto do amigo Ribeiro, até que me apetece dizer, é desta fibra que são feitos os HOMENS que combateram em África, todos iremos cair um a um, mas somos rijos que nem cornos e não será um "cancro" qualquer que nos irá levar sem luta, venderemos cara a nossa vida , # PERGUNTAI AO INIMIGO QUEM SOMOS# para sempre.
 
Livre Pensador Tens toda a razão, amigo Condeço.
Resolvi escrever este texto hoje também como homenagem ao amigo Julio Bernardo, pois foi ele que, no Chai, me ajudou a neutralizar (explodir) as bombas de avião que a Frelimo deixou no ataque ao Messalo.
Abraço.
 
 
Henrique Sá Pereira Miguel O virar de página deste episódio.
Neste ataque à Ponte do Messalo, quem ia passar lá era eu e o meu pelotão 3º (sessão), que se colocou no centro da Ponte e foi daí que saíram os lançamentos do morteiro 60 com tal sorte que depois ao fazermos o reconhecimento verificamos que uma das granadas engalhou numa frondosa árvore que se descesse, por baixo estavam várias bombas de 50 kgs que arrasariam ali tudo à volta..
Mas aconteceu que o Vicente me solicitou a troca de serviço porque queria ouvir um jogo de futebol de Portugal no rádio por volta das 4 da manhã, se não me engano com a Roménia ou Checoslóvaquia. A única posssibilidade de não ficar era se não me engano e foi perguntar ao Cozinheiro "Se fosse tripas o jantar não ficaria".
Falei com a minha gente da intenção do Vicente e regressei ao chai na coluna do 4º Pelotão que nesse dia estava a carregar àgua do Messalo para as nossas instalações no Chai.
Fiz o Serviço do Vicente que era sair do quartel no 4º Pelotão que nesse dia era patrulhar fora do Aldeamento.

Acompanhou-me nessa noite o Teixeira do meu pelotão e o seu Amigo fiel Messalo.
Quando estavamos fora do aldeamento ouvimos os rebentamentos, logo pensamos que eram os Fiat mas não.

Comentário que fizemos "Tão Rápidos"
Logo de seguida como serviço fomos picar a pista, arranjar gente seguir para a Ponte para abrir vala e começou assim outra fase.

 
 
Jose Capitao Pardal Portugal Bulgária, salvo erro 1-0

 
Armando Guterres Bem diferente os ataques à Mataca, do esporão da serra do Mapé, ... nem o canhão sem recuo, só se contou uma granada, lá chegou perto.
 
Velhas DE Estremoz Alentejanas Livre Pensador (Ribeiro)- O Duarte Pereira, diz que foi dos ex-combatentes que esteve mais tempo debaixo de fogo.
Foi em 1973, não sabe precisar o dia ou o mês.
Ao seu lado devia estar o saudoso Madeira.
Como era ao anoitecer as balas tracejantes davam uma beleza macabra aquele espetáculo. 
Pois foi.
Rebentou o paiol no Alto da Pedreira, que estava instalado no aldeamento dos milícias.
Ele pensa que o Manuel Cabral, ainda não devia pertencer ao seu pelotão.
 
 
Livre Pensador Duarte Pereira, será impressão minha ou tu eras mesmo um "especialista" em rebentamentos de paióis?
Tanto quanto me lembro também consta no teu "curriculum" o rebentamento do paiol de Santarém.
 
Manuel Cabral Livre Pensador essa "coisa" dos rebentamentos "internos" só acabou depois de eu chegar!
Tive que por ordem na turma!
 
 
Livre Pensador Amigo Manuel Cabral, assim sendo, ainda bem que chegaste para impor algum respeito na bandalheira que existia!!!
 
 
Armando Guterres Na Mataca também houve festa de várias horas.
E a festa continuou para o Jose Coelho no dia seguinte.
 
 
Gilberto Pereira Em Macomia só me lembro de um dia de festa
 
José Guedes Os Turras também se sabiam organizar bem, claro que muita gente morreu e muitos ficaram inutilizados,. mas por vezes chego à conclusão que se o IN. quisesse muitos mais por lá teriam ficado,.. eles tinham sempre a faca e o queijo na mão,.. bastava serem senhores do terreno,...
 
 
Livre Pensador Amigo José Guedes, durante os dois anos de guerra que pass(ei)ámos em Moçambique também cheguei à conclusão que as nossas tropas não sofreram mais baixas por duas possíveis razões: ou porque os guerrilheiros da Frelimo não quiseram, ou então (e penso ser a hipótese mais lógica) tinham muito medo da capacidade dos nossos militares.
 
Armando Guterres Voto na primeira hipótese.
Na picada da Mataca se armadilhassem os grandes declives ,,, nem precisavam de estar presentes.

 
 
Fernando Bernardes Livre Pensador (Ribeiro), eu opto pela primeira hipótese.
O IN, não tinha tanto armamento quanto nós, mas o que tinha era superior ao nosso.
Se atacassem mais e melhor em quantidade e qualidade, nós teríamos sofrido muito mais baixas.
Abraço amigo
 
 
Ant Enc Pode-se desvalorizar à vontade mas não é justo.
Tinham vários factores a seu favor mas tinham 2 contra: medo e respeito, no sentido de não provocarem a ira das tropas que eles temiam.

Ainda hoje são cagarolas.
Tinham condições para conseguirem mais mas tinham medo e sabiam pouco.
Eram bandoleiros e assaltantes mas muito poucos tinham qualquer brio.
Lembram-se de um merdas desses ter sido preso e ter falado que ficaria com a casa do branco e a mulher do branco.
Eram uns merdas e não mudaram.
E não me lixem a cabeça com teorias da treta.
 
Jose Capitao Pardal Caro amigo Livre Pensador, foi um dos dias mais difíceis para mim.
Estar num abrigo e ter a consciência que se "aterrasse" um daqueles "meninos" no abrigo ficaria logo enterrado e tudo... é deveras complicado...
Alguns poderiam não ter consciência do que se estava a passar, mas eu estava consciente...

Quanto aos obuses penso que eram 10,5 e não 8,8 e o alcance era superior a 10 kms....
Não sei se te lembras que periodicamente era efetuado à noite, tiro na direção da Serra Mapé, que ficava a mais de 20 kms....
As coordenadas só eram conhecidas mesmo em cima do acontecimento e vinham diretamente de Porto Amélia (atual Pemba)...
 
 
Livre Pensador Caro Pardal, efetivamente esse foi um dos dias mais difíceis para a nossa companhia. É certo que já todos estávamos "cacimbados", mas também é certo que apesar disso, todos (ou quase) tínhamos a consciência que podíamos ficar enterrados "vivos" se algum dos misseis caísse em cima de qualquer um dos nossos abrigos.
Quanto ao tipo de obuses, a minha memória já não chegará a tanto, mas sempre estive convencido de que eram 8.8.
Abraço para ti.
 
Fernando Bernardes Livre Pensador (Ribeiro), os abrigos não ofereciam nenhuma proteção, estavam muito degradados, mais ainda perante uma arma tão poderosa.
Os Obuses, tanto quanto penso lembrar-me, eram 10.5 e iam além dos 10 kms, talvez 12.
Abraço amigo.
 
 
Jaime Santos Caro livre pensador, não sei se te recordas, mas quando os Fiat's G91 apareceram já o combate tinha terminado no Chai e penso que também na Ponte Messalo, e eles apareceram porque o Kaulza de Arriaga vinha ver a nova arma do IN, pois eu posso confirmar de que mal me apercebi do ataque e como tinha acesso direto a Mueda pedi apoio aéreo, que foi recusado, uma vez que não tinham teto para levantar, ou seja tiveram medo de antiaéreas que houvesse, eu estava em cima do abrigo ao lado da messe de sargentos, com o meu AVP 1 (banana) quando ouço uma chamada do "Águia 1" para "Cobra", a pedir a localização do ataque, Cobra era o código das tropas no terreno. Águia 1 era o comandante dos Fiat, um Capitão qualquer que eu conhecia, só não me recordo do nome, tendo eu respondido; Aqui Toupeira 3 (Era o meu código de responsabilidade para determinadas operações) agora já não vale a pena uma vez que está tudo terminado, quando foi preciso não havia teto, seu cobardolas, vai-te embora ao qual ele me respondeu, quando soube quem eu era, de que tinha de bater a zona porque vinha o chefe, fiquei pior e fui dizer ao Capitão quem vinha lá.

Eu apetecia-me partir tudo, pois quando estávamos debaixo de fogo, não tivemos ajuda e depois para que Sua Exa tivesse à vontade já havia teto para Fiat's, T6 e Heli canhões e depois ainda nos chama cobardes pois "aquilo era uma arma psicológica", claro que ouviu umas bocas do Capitão tendo os dois discutido forte e feio, isto foi passado à minha frente, eu disse-lhe que o único cobarde que havia ali era ele, uma vez que estava avisado do que estava para acontecer, só que não no Chai mas sim em Mucojo e ele não ordenou nada para que os Aquartelamentos fossem avisados e tomassem as respetivas precauções, bem como reforço, colocando tropas especiais nas áreas previstas para o que estava para acontecer dizendo ele que nós estávamos todos malucos e o prémio iria ser o de ficarmos ali até ao final da comissão, já não seriamos rodados para uma ZIN 50%.
 
 
Jose Capitao Pardal Jaime Santos, olha que nessa altura e salvo erro ou omissão, o Kaulza há muito tempo que tinha saído de Moçambique...
Salvo erro quem se deslocou ao Chai por uma vez foi o Comandante de Setor (mas julgo que foi por altura da despedida) um dos irmãos Silvério Marques...
Não me lembro de mais ninguém, a não ser que só tenha estado na pista de aterragem... Tirem lá esta dúvida, SFF...

 
Jaime Santos Não, foi o Kaulza de Arriaga e não ComSec esse Fi..da Pu... só ele sabia do que se estava a passar, para ele e mais alguns que tu conheces, nós eramos dipensáveis e para o provar eu dei conhecimento de que num determinado dia, não me recordo de qual o Samora Machel iria estar na Base Mapé, mandei uma informação às OP do QG com a indicação de que se deveria enviar uma Comp. de Comandos e uma de Paras para o local e a resposta foi que uma comp. das nossas era suficiente, não me recordo qual, passaram 4 dias no mato, mas não no sitio que deveriam estar e ainda bem ele ainda teve a lata de me dizer que falhei.

Se fizesse o que eu sugeri talvez o Samora tivesse ido, mas não era preferivel mandar o arre macho do que as tropas especiais.
Para veres como as coisas são, houve uma vez que os "iluminados" resolveram fazer uma OP a nível de batalhão, em que foram todas as Cmp do Bat para o mato, ficando só os operacionais do arame farpado ficaram nos quarteis.
Eu disse que era um erro, mas eles assim quiseram e logo nessa tarde, tivemos uma rajada de metralhadora contra o nosso quartel, e eu pensei é agora que vamos com o car..., até os tomates bateram palmas.
Claro que fomos fazer um reconhecimento em que fomos eu um Furriel, salvo erro foi o Fernandes mais três ou quatro foi o PSP mais os cipaios, logo à saída do arame farpado na picada para Macomia a cerca de 50 metros mamámos com uma emboscada e sofremos 2 feridos, um cipaio com o cú todo furado e eu também todo furado do lado direito, ainda levei um tiro de raspão no pescoço, depois só me lembro de já estar na Enfª em mueda a retirarem os estilhaços, parece-me que correu bem para os outros, acho que depois de ser ferido, avancei pela encosta acima e matamos 5, não me lembro disso, foi o 1º.Henriques que me disse, depois de ter alta fui para a Companhia de Comandos em Mueda onde fui tratado como um rei e como estava lá em recuperação, fui chamado um dia ao Comando da companhia de Comandos, onde estava o major das Op. Esp. do Qg, dizendo-me que afinal eu é que tinha razão, dizendo-lhe que fosse para o caralho, pedi desculpa ao com.dos comandos e saí, pouco tempo depois o com.dos Comandos veio ter comigo e disse-me que eu os tinha "pretos" e não tinha medo de falar disse-me que só sairia dali quando eu quizesse, eu disse-lhe que não logo que fosse possivel queria regressar, dizendo-me ele que só iria se fosse de avião, caso contrario, não deixaria que eu saísse.
Sobe que tinha sido proposto para uma cruz de guerra por ter sido heroi, heroi o car... se eu fiz alguma coisa eu não lembro e se o fiz foi talvez a pensar que morria a matar.
 
 
Fernando Bernardes Me parece que o Jaime Santos tem razão.O Kaúlza de Arriaga foi Comandante em Chefe das Forças Armadas em Moçambique de 70 a 73.
 
José Guedes Jaime Santos, e pelo visto a promessa foi cumprida, pois todos vieram de lá embora com a comissão terminada e a C.C.S. ainda foi meio ano para Ribaué,. acabamos com 30 meses de comissão,..

 
Leonel Pereira Silva Depois do que passámos em Macomia (tempo e medo etc.), ainda fomos aquele tempo todo para Ribaué, para atestar a carteira da "chicalhada", pois havia que atestar que a "mina" estava a secar.
Mas havia muitos milicianos que não "desgostaram".
 
Duarte Pereira Leonel Pereira Silva-Em Junho de 1974 arranjei um emprego na Banca.
Mais uns meses e podia ter ficado no desemprego.
 
Leonel Pereira Silva E eu a "encher chouriços" na "catinga"...

 
Duarte Pereira Há comentários no "responder" a comentários. Se fôr para o Blog, os "mesmos" serão descodificados ?.
 
Duarte Pereira Quantos terão lido os comentários do Jaime Santos e do Henrique Sá Pereira Miguel ? São "respostas" a comentários e de difícil localização.
 
José Guedes Eu leio tudo,. mesmo quando não digo nada,....
 
 
Duarte Pereira Hoje andei a "picar" devagarinho e apanhei algumas "respostas" a comentários, escondidas.
 
Jose Capitao Pardal Como já disse acima nesse dia de Outubro de 1973, o jogo da seleção era um Portugal- Bulgária, de apuramento para o Mundial de 1974 (creio que o resultado foi 1-0)...
E não sabem vocês que o Bulgária - Portugal para o mesmo apuramento, se realizou em Maio de 1973 (eu estava no hospital), mês antes do ataque em que ficou ferido o Rui Briote e segundo me parece o jogo terminou empatado a zero... Vou confirmar..
 
Jose Capitao Pardal Afinal é assim: 2 de maio de 1973 Sófia Bulgária Bulgária - Portugal 2-1 Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1974
13 de outubro de 1973 Lisboa Portugal Portugal - Bulgária 2-2 Eliminatórias para a Copa do Mundo de 1974
https://pt.wikipedia.org/.../Bulg%C3%A1ria-Portugal_em...