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sexta-feira, 11 de abril de 2014

O "KIKO", por Duarte Pereira



 
ESTA FOTO É PARA REPARAREM NO "KIKO".

ACHO QUE CHEGUEI A TER DOIS.
ERAM FEITOS POR ENCOMENDA.
RECORDO COM SAUDADE DE UM QUE TINHA MAIS BURACOS QUE PANO E AGUENTAVA-SE PELO FORRO.
ERAM LAVADOS TANTAS VEZES QUE PERDIAM CONSISTÊNCIA E A COR.

O KIKO NORMAL PARECIA NÃO PROTEGER DAS BALAS.
QUANDO ESTREEI UM NOVO ERA UM DESCONFORTO.
TECIDO DURO E AINDA NÃO MOLDADO À CABEÇA.
DEPOIS O SUOR, NÃO DO ESFORÇO, MAS SIM DO CALOR, IAM DERRETENDO AQUELE PANO QUE NOS PROTEGIA EM CENTENAS DE QUILÓMETROS DO CALOR DO SOL.
 
AINDA RECORDO QUE DEPOIS DE COLUNAS COM POEIRA E DEPOIS DE TIRAR O KIKO COM SUOR E PÓ, LOGO LAMA, DAVA UMA IMAGEM ENGRAÇADA AO NOSSO ROSTO.

ESTES KIKOS NUNCA VIRAM DIVISAS.
ERAM PARA SER USADOS FORA DE MACOMIA ONDE NÃO HAVIA DISTINÇÕES ENTRE SOLDADO, CABO, FURRIEL OU OFICIAL.
EU ATÉ PENSAVA PARA MIM, QUE ALGUNS SOLDADOS TINHAM MAIS PINTA DE OFICIAIS PELO SEU PORTE, DO QUE ALGUNS QUE USAVAM OS MESMOS.
 

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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

E assim foi... um almoço, por Paulo Lopes


E assim foi!

Assim se passou um pouco do sábado que, sendo igual a tantos outros sábados, no tempo hora, no dia, nos segundos, tornou-se totalmente diferente porque trouxe com ele, os eles (e suas, algumas, esposas) acabando por, obrigatoriamente, desfazer o igual dos outros sábados, dos outros dias.


Agarrado a eles traziam a saudade que se espelhava nos olhos, nos abraços quase beijos, sem falsidade nem sensações fingidas!
O natural e puro!
 

E dentro dessa saudade amassada no p...eito e fervida na alma, fermentada por tantos anos, vinha o convívio desejado, a espontaneidade dos discursos individuais e coletivos das vozes, que se misturavam no ar, esbarrando com as palavras que esvoaçavam numa única mesa, de lugar para lugar, de sentido para sentido, sem oposição nem governo, enxurrada de episódios já conhecidos por uns, não tanto por outros, talvez até já muitas vezes repetidos que, pela sua repetição se tornam sempre originais, mas que são e sempre serão um fator comum da família, que nos uniu já lá vão mais de quarenta anos.
 

Também essas mesmas palavras bailaram entre si e passeavam numa velocidade ultra sónica do ontem, para os dias de hoje, onde se cruzavam os meninos que éramos, aos avós que alguns são, no meio de uma garfada, do que nos empurrava as conversas misturadas com um copo de vinho ou de nada, os quais serviram para brindar os ausentes, que os presentes presentearam com um sorriso no semblante!
 
E entre um principio de fado e umas dedilhadas de viola que não existia, fomos comendo o que já não me lembro, porque foi apagado pela força da recordação de estar com meninos e moços, a quem roubaram parte da juventude mas, no outro lado da moeda, não conseguiu tirar-nos a amizade que, mesmo afastada e corroída pela ferrugem da vida e do espaço, nos vai mantendo juntos.

E assim foi.

terça-feira, 14 de janeiro de 2014

Duplamente Triste..., por José Guedes


Hoje, dia 06-01-2014...

Um dia triste pelo Adeus a um Homem que entristeceu o país, porque foi um grande jogador do Benfica e da Seleção, mas também pela sua postura de uma pessoa simples, um bom exemplo, eu também não fiquei indiferente a tudo isto... mas não me posso esquecer que no mesmo dia também houve um funeral de um colega nosso o que me deixou duplamente triste...
Este amigo que tal como eu era motorista da CCS.
Em pouco tempo partiram dois amigos, que sempre recordarei por uma situação que se passou em Macomia.
Estava preparado para uma coluna para o Chai e já tinha o Unimog 404, carregado de mantimentos e estacionei junto á porta de armas.
A partida estava atrasada, quando apareceu o falecido David (analista), a pedir um condutor para ir buscar um tanque de água. Como não estava mais ninguém por ali, o meu alferes mandou-me a mim.
Entretanto a coluna teve que avançar e eu ainda não tinha chegado teve que avançar outro, que foi precisamente o Vassalo, que hoje se enterrou.
Passado algum tempo depois de terem partido tivemos conhecimento de uma mina que tinha rebentado no Monte dos Oliveiras, precisamente no Unimog, que ele conduzia, quando devia de ter sido eu a ir...
Felizmente não sofreu nada, mas a viatura ficou com a frente bem desfeita.
A seguir acabei por ser eu e o Major de operações (Fernandes), só os dois a fazer aquela viagem até ao local da mina, mas nada nos aconteceu.
Eu tinha os Anjinhos do meu lado, porque tive mais situações idênticas.
Em espaço de pouco tempo faleceram os dois quando nada o fazia prever.
Um dia ainda nos vamos encontrar e falar novamente deste episódio.
Para eles que partiram um abraço de saudade...
e que estejam em paz,...