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quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

Sinto-me bem aqui..., por Fernando Lourenço


Meus amigos da página do Batalhão.
 
Ontem foi um dia com cheio de comentários e até se sentiu alguma tensão bem ultrapassada pelo bom senso.
 
Não sou dos que mais faz comentários na página.
Coloco um ou dois post's por dia e faço um ou dois comentários num ou noutro post colocado.
 
Como já disse, coloquei montes de fotografias da nossa "guerra", assim como muitos de vós, mas se repararem foram sempre no plano geral e poucas da minha pessoa.
Desde cedo sempre fui um homem que estava... por detrás da câmera.
 
Mas o que é certo é a página já teve várias fases.
E á falta de historias de Moçambique colocam-se post's e outras publicações que não agradam a toda a gente e até concordo que são um pouco desajustas.
 
Eu por exemplo comecei a colocar frases logo pela manhã, frases essas que umas teem piada, outras moralistas e outras não querem dizer absolutamente nada.
Isto sempre de manter a página que em tempos eu disse que estava a morrer (ainda continuo a pensar que tudo tem um fim), e outros fazem os possíveis e impossíveis para que ela continue.
Daí alguns excessos.
Palavreado, como alguma das minhas frases, sem sentido, fotos sem nexo, considerações que podem ferir suscetibilidades de alguns etc.
Poderia dar alguns exemplos mas dispenso-me disso.
 
Basta que antes de colocarem façam a pergunta a vós próprios se vale a pena colocar esse post ou se tem cabimento este ou aquele artigo.
 
Aquilo que para nós tem muito sentido ou piada para outros não faz sentido nenhum nem tem graça absolutamente nenhuma.
 
Somos um grupo nada homogéneo.
 
Diferentes culturas, religiões, pensamentos políticos, percursos de vida muito diferentes.
 
Aquilo que nos une é o tempo, para alguns bem difícil, que passámos a alguns milhares de Kms., longe de casa.
 
Mas no geral até estou contente de pertencer a este grupo.
 
Tem elementos divertidos, outros menos, anti furriéis, outros orgulhosos de o terem sido, uns mostram-se bastantes humildes, outros nem tanto, ou seja é na verdade um grupo de ex-militares.
 
Sinto-me bem aqui.
 
Fui bastante palavroso, as minhas desculpas por isso.
 
Agora vou colocar mais fotos da nossa "guerra".
Vou estar em quase todas.
É uma auto promoção mas vai ter algumas surpresas.
E vou continuar a colocar uma frase diariamente e um idiota de vez em quando, tá ?...

 

terça-feira, 21 de janeiro de 2014

Só se via a cabeça dum Coelho, por Horácio Cunha

Vou deixar-vos o texto do Horácio Cunha, de hoje, 2014/01/09 e o diálogo que motivou entre o grupo de ex-combatentes do "BATALHÃO DE CAVALARIA 3878"...


Cratera duma mina, duma das vezes em que estava integrado no grupo de combate, por falta de enfermeiros, cujo rebentamento ocorreu na picada para o Alto da Pedreira.
 
Nota-se bem a violência desse rebentamento, pois a referida cratera quase engolia o nosso Mimoso Coelho.
 
A brincar diria que, só se via a cabeça dum Coelho.
 
Além de mim e do nosso soterrado, reconheço também o Jerónimo, o Fernando, um Cabo que era condutor, que depois pertenceu aos Bombeiros da Malveira e que já não me lembro o nome, como também já não consigo identificar os restantes.
 
Fico à espera de quem tenha melhor memória.
 
Dedico esta fotografia ao nosso amigo João Novo, que há tempos atrás, referiu por aqui, não se recordar de eu ter permanecido na Pedreira ou ter andado na picada.
 
Mas...Há mais para lhe avivar a memória — com Americo Coelho.
 

Cratera duma mina, duma das vezes em que estava integrado no grupo de combate por falta de enfermeiros, cujo rebentamento ocorreu na picada para o Alto da Pedreira. Nota-se bem a violência desse rebentamento, pois a referida cratera quase engolia o nosso Mimoso Coelho. A brincar diria que, só se via a cabeça dum Coelho. Além de mim e do nosso soterrado, reconheço também o Jerónimo, o Fernando, um Cabo que era condutor, que depois pertenceu aos Bombeiros da Malveira e que já não me lembro o nome, como também já não consigo identificar os restantes. Fico à espera de quem tenha melhor memória. Dedico esta fotografia ao nosso amigo Novo, que há tempos atrás, referiu por aqui, não se recordar de eu ter permanecido na Pedreira ou ter andado na picada. Mas...Há mais para lhe avivar a memória


 

domingo, 22 de dezembro de 2013

No dia em que o inimigo fugiu de mim... e eu dele..., por Manuel Cabral


Foto de Duarte Pereira.
Manuel Cabral
Duarte Pereira
Duarte e Lourenço,

Pois é, meus amigos, já passaram 40 anos desde a minha chegada a Macomia, para me juntar à CCAV 3509 e à vossa companhia!

Vocês regressaram nos princípios de 1974 e só nessa altura - com a chegada do Batalhão de checas, é que eu entendi o que era essa raça medonha de recém chegados da Metrópole!
Uma cambada de ignorantes, que diariamente punham a si e aos seus em eminente perigo!...

Lembro-me de uma das primeiras colunas que fiz com eles, subi na Berliet em frente ao quartel e o gajo arranca por ali abaixo, passa o cruzamento (da estrada para o Chai) e lá vai ele em direcção ao Alto da Pedreira, a todo o gás!
Como imaginam fui a viagem toda com o credo na boca!
 
Louvei por diversas vezes a sorte que tinha tido em apanhar uns gajos já tarimbados, o que facilitou a minha integração na realidade do local e do momento!
 
Lembro-me de ser assediado - já não me lembro por quem! - para trocar as minhas divisas novinhas de furriel por umas já usadas!
 
Enfim, os tempos que passei na vossa companhia nem foram assim tão maus!
 
Como o Duarte dizia no outro dia, havia ainda as escapadas ao Mucojo para uns banhos de praia, umas lagostas e ainda umas pequenas pérolas de que trouxe oito exemplares com que fiz um anel que ofereci à minha mãe!
 
E havia o Benfica e o Sporting, dois bairros do Mucojo, onde havia umas nativas sempre disponíveis para acalmar os ânimos...
 
Nas "protecções" que fazíamos às obras da estrada, ainda me lembro de levar uma daquelas camas de lona de praia, azul petróleo, e dormir até à hora do regresso...
 
Só uma vez tive contacto com o "inimigo", mas já não me lembro se foi ainda no vosso tempo, ou se terá sido depois.
Tinha ido numa patrulha rotineira - éramos largados num dia e recolhidos no outro, na nossa estrada - e ao final do dia caiu uma chuvada do "caraças".
Abrigámo-nos debaixo de uma árvore a aguardámos o amanhecer.
Durante a noite ouvimos umas explosões ao longe, mas com o temporal nem tivemos a certeza do que seria.
De manhã. com o clarear do dia e sem chuva, qual o nosso espanto ao vermos que aí a uns 150 metros estavam uns gajos a levantar-se também! Era o "inimigo"!
Não sei quem apanhou o maior susto - se nós (uns 10 heróicos defensores da Pátria!) se eles, um pequeno grupo de guerrilheiros!
 
Nós pensámos que eles tinham ido atrás de nós, a partir duma daquelas bases que tinham na região, e eles - soubemos depois que tinha havido um ataque a um aquartelamento, talvez o Chai, já não me recordo - devem ter pensado que nós éramos ou páras ou comando, lançados em sua perseguição!
 
Lembro-me que nós nos espalhámos numa linha e começámos a andar na direcção da "nossa" estrada, e eles, espalharam-se em linha e foram andando para o outro lado!
 
Dois grupos sensatos de inimigos!
 
Mas isto foi quatro décadas atrás!

Abraço

Manuel Cabral (2013-2-10)

sábado, 10 de agosto de 2013

DUARTE PEREIRA - Um desabafo


Foto de Fernando Lourenço (CCav 3509)

ISTO HOJE ESTÁ MUITO TÉCNICO !! 
 
VOU FALAR DE FARDAMENTO EM SANTARÉM, RECRUTA JAN/MAR 1971 (INVERNO COM CHUVA E FRIO) .
ACHO QUE NOS DERAM DUAS FARDAS Nº 3 E DOIS PARES DE BOTAS.

DEPOIS DOS 15 DIAS INICIAIS EM QUE ESTIVEMOS FECHADOS, PENSO QUE ÍAMOS "CHAFURDAR" PARA A TERRAPLANAGEM DA ESCOLA.

DEPOIS DOS EXERCÍCIOS TINHAMOS DE IR À MANGUEIRA PARA LIMPAR O "FATO" E AS BOTAS.

MAS À TARDE TÍNHAMOS INSPECÇÃO COM TUDO LIMPINHO. LOGO O QUE VESTÍAMOS NO DIA SEGUINTE LOGO DE MANHÃ PARA IR "CHAFURDAR" OUTRA VEZ ?

A FARDA GELADA E AS BOTAS MOLHADAS, ERA TÃO BOM COM O TEMPO FRO, LOGO DE MANHÃ PÔR AQUELA ROUPINHA EM CIMA DE NÕS...

ACHO QUE NA FEIRA DA LADRA COMPREI UMA FARDA 3.

Duarte Pereira - 201308509


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A PONTE DE MUACAMULA, por Rui Brandão

 
A PONTE DE MUACAMULA

Como sabem, estava permanentemente um grupo de combate (em número reduzido) de proteção à Ponte.
Era rendido presumo que todas as semanas. A coluna que levava o pessoal "fresquinho", era a mesma que trazia o pessoal massacrado pelos mosquitos durante o "estágio" de uma semana.
Estágio esse passado em "confortáveis" valas e assistidos por lautas refeições gourmet daquelas caixas de cartão, cujo conteúdo constava de umas latinhas de "manjares" sortidos.
 




 

Certo dia, fui informado que a ficha do cabo de antena do rádio na Ponte estava com o cabo de antena solto (dessoldado).
Sorte a minha... Era coisa pouca. Lá fui convidado a participar no passeio Turístico até à ponte de Muacamula em classe executiva (vulgo Unimog). Nada mau. Podia ser de pincha...
Quando lá cheguei não perdi tempo.
Imaginem agora a cena...
Ponho o ferro de soldar a funcionar. A funcionar?... Claro a funcionar. Mas não havia energia elétrica na Ponte de Muacamula!!! Pois não.
O ferro de soldar que eu levava, não passava de um maçarico com um ferro de soldar na ponta. Ninguém precisa de ser técnico de eletrónica para perceber o exagero de temperatura que era aplicada num fio finíssimo que ligava à ficha de respetivo cabo.
 
Enfim, lá me safei e tudo ficou nos conformes. Comunicações já havia. Mal eu sabia que essas mesmas comunicações iriam ser vitais nas próximas duas horas...
Tirei umas fotos, esperei que o pessoal fizesse a "passagem" do testemunho (aqui uma falha minha, não me lembro dos nomes dos Furriéis que fizeram a troca) e regressámos na mesma coluna e eu optei pelo mesmo regime de conforto, exatamente, em executiva.

Cheguei a Macomia, já quase em cima da hora de jantar (o lusco fusco do costume).
Já estava eu na messe de sargentos...
Então não é que começamos a ouvir rebentamentos vindos dos lados da Ponte de Muacamula ou do Chai.
O nervosismo/preocupação instalou-se.
Como de costume alguém dá de imediato uma saltada ao posto de transmissões. Estava identificado!!!
A Ponte de Muacamula estava a ser atacada!!! Estremeci. Fiquei com a boca seca.
Eu tinha acabado de sair de lá havia pouco tempo.
Perguntei de imediato ao Furriel. Jorge (ele era das Operações) se ia sair alguma coluna para lá.
Ele não sabia ainda, mas perguntou-me de imediato, porquê?...
DISSE-LHE QUE IRIA NESSA COLUNA.
 
Ficou branco a olhar para mim e não teve reação. As comunicações mantinham-se com a Ponte de Muacamula, os rebentamentos estava a cair longe e passado algum tempo a "coisa" parou.
Não houve saída de coluna para a Ponte de Muacamula.
A minha reação foi espontânea, eu tinha lá estado, os tipos também me viram e esperaram pelo tal lusco fusco.
Eu fazia parte daquela guarnição que ficara lá na Ponte de Muacamula.
Eu queria lá ir.
Fazer o quê?...
Talvez seja essa a pergunta que esteja em cima da mesa.
Nem sei se me deixariam ir nessa tal coluna...
Passei mal durante uns momentos. Senti que eu também deveria lá estar.

Coisas de um puto mandado para a Guerra...

Em homenagem aqueles que lá ficaram sem a minha companhia e aguentaram o ataque publico hoje algumas fotografias da Ponte de Muacamula tiradas no ano de 2012.
 
Sim, desta vez eu estive lá!!!...
Sem rebentamentos.
 
A guerra acabou.

 
Rui Brandão (2013)

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

DESENRASCANÇO DE MAGALA - FEIRA da LADRA -Coronha de G3, por Américo Condeço


FEIRA da LADRA -Coronha de G3

Como no grupo "BATALHÃO DE CAVALARIA 3878" foi dado destaque a este EX LIBRIS de Lisboa (Feira da Ladra) vou contar o meu contacto com a mesma.
No IAO (Instrução Aperfeiçoamento Operações) ao saltar de uma "Berliet", em movimento, para o chão, apoiei mal a coronha da minha G3 e "pimba" lá foi ela para o "maneta" (a coronha).

No fim de semana seguinte, lá fui eu entrar com uns tostões para uma nova como mandava a lei do desenrascanço.
Quando cheguei a Santa Margarida no Domingo á noite fui montar a dita cuja e qual foi o meu espanto quando verifiquei que a mesma não dava, havia ali qualquer coisa que não estava bem.
Resultado, toda a semana a esconder a coronha partida colada com fita cola para que no fim de semana seguinte a pudesse trocar.
Quando cheguei novamente á Feira da Ladra o vendedor não estava lá.
Lembrei-me e fui a outro vendedor de material daquele e disse lhe: Senhor, olhe lá, você vendeu-me isto (coronha da G3) mas ela não serve na minha arma.
O homem com ar desconfiado lá ma trocou e eu fiquei assim com a coronha em perfeitas condições.
 
Desenrascanço de Magala
 
Autor: Américo Condeço