sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

Camarada de Guerra, por António Lobo Antunes, em artigo de Duarte Pereira


Duarte Pereira
António Lobo Antunes
(escritor e antigo combatente)

Para definir camarada de guerra:
 
«Só quem esteve na Guerra compreende inteiramente o sentido: não é bem irmão, não é bem amigo, não é bem companheiro, não é bem cúmplice é uma mistura disto tudo com raiva e esperança e desespero e medo e alegria e revolta e coragem e indignação e espanto, é uma mistura disto tudo com lágrimas escondidas.»

E, para definir a ausência na guerra:

«Não conheço uma única pessoa que tenha passado por aquele horror na qual não exista uma parte que se mata devagar, em silêncio, numa discrição pungente que apenas os que passaram por aquilo sabem reconhecer.»

E, as recordações:

«De repente a certeza de ter voltado anos atrás e nós, quase meninos julgando-nos homens, nas terras do Fim do Mundo, desamparados, a marcarmos cruzinhas nos calendários a cada dia que passava.
Onde se habitava em condições miseráveis, porque quem mandava em Luanda estava-se nas tintas para nós: bem se ralavam com a nossa sorte e a gente rodeada de inimigos.»
«Metade de nós ficou lá para sempre: a nossa juventude, os nossos projectos, a nossa alma manchada de sangue e terra.
Não vou descrever horrores, não vou contar nada.
Não é possível.
Não consigo.
Era um fardo pavoroso (perdão, é um fardo pavoroso) que continuamos a carregar juntos...»
 

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

Os bons momentos vividos de VERDADE, por Rui Brandão

Rui Brandão
 
Ao José Capitão Pardal, cumpre-me enviar-lhe um abraço de agradecimento pela "vestimenta" gráfica que emprestou aos meus textos da série "Aconteceu angústia em Macomia" publicados no seu blog.
 
 
Map of macomia cabo delgado
 
Foram textos escritos não ao sabor da pena mas sim ao sabor da raiva e da revolta.
 
Não têm a pretensão de qualquer linhagem literária, mas sim a linguagem simples e entendível por quem "lá" andou.
 
Nada mais do que isso...
 
Prefiro ficar com o melhor que de lá trouxe.
 
A camaradagem e amizade sincera e partilhada por aqueles que dividiram essa saga comigo.

 

terça-feira, 10 de fevereiro de 2015

O esquecimento de quem viveu tempos difíceis é impossível, por Paulo Lopes

 
 
 
O esquecimento de quem viveu tempos difíceis é impossível.
Não de dificuldades materiais.
Falo de dificuldades mentais absorvidas pelo conteúdo de medos complementados por apertos de alma e escassez de esperanças.
 
E por isso as recordações levam-me a pensar que muitos homens embarcaram para o Ultramar. Alguns sofreram apenas a distância que os separava da família.
Outros sofreram até à morte.
Outros ainda, perderam pernas, braços e a vontade de viver.

Houve, decerto, alguns a quem a sorte bafejou a vida (ainda bem para eles), pois passaram toda a campanha numa cidade, dentro de um qualquer quartel, como se apenas tivessem ido cumprir o seu serviço militar um pouco mais longe da sua terra natal.
Mas também a esses, lhes apertou no peito as saudades e a falta dos seus familiares.
Dirão, por desconhecimento, por estupidez ou simplesmente, por total ignorância, que não foi assim tao mau, que o Vietname foi bem pior, que...
Nunca souberam o que era sentir saudades de tudo, até duma simples bica, como toda a minha companhia e outras que, talvez pelo isolamento, talvez devido ao constante jogo de vida e de morte, talvez por todo um conjunto de factores de desmoralização, talvez por termos visto o nosso próprio sangue e o sangue do IN, talvez por termos vivido no centro da guerra, talvez por os nossos ouvidos se ensurdecerem com o estalar das bombas e tiros, talvez por termos brincado com a morte, talvez por termos passado fome e sede, talvez, por tudo ou por nada disto, deveríamos ser todos compensados pelo destino.
Todos nós, cuja juventude ficou perdida, mas que tivemos a sorte de regressar, viemos cansados, dinamicamente falidos.
Haverá os que nunca mais vão recuperar!
Por mim, vou novamente lutar, mas agora, contra a minha própria memória, contra toda e qualquer forma do passado.
Vou recuperar!
Agora sim, agora sei qual a razão da minha luta.
Conheço definitivamente as causas.
Vou acabar em mim com todo o ódio gerado na guerra.
Apagar todas as fogueiras que fiz arder.
 
No entanto, hoje e já alguns anos distantes do que passei, sinto um constrangimento: existe um intervalo, um vazio no tempo e no espaço.
Uma linha indefinível e inexplicável que separa o eu de ontem e o eu presente.
 
Ainda hoje conservo um sentimento de revolta que me obriga a não perdoar e desconfiar de todo e qualquer politico ou governante.
Jamais esquecerei que, a custa do sangue, do medo sofrido, da deterioração cerebral, do desgaste psíquico e até da própria vida de muitos jovens, andam hoje, a ser aplaudidos, levados em ombros e até adorados, nomes que foram potenciais causadores de todo um quadro degradante, de todos estes anos perdidos, de tantas vidas desfeitas.
Nomes que voam por cima.
Que aparecem nas primeiras páginas dos jornais, revistas e noticiários como grandes heróis, salvadores de um povo, lavradores de uma independência!
Gentalha podre de rica à conta de cambalachos e corrupções, de esmagamento de vidas alheias, de prepotências desmedidas, que ironicamente, hoje são, grandes comunistas, socialistas, sociais-democratas, revolucionários, esquerdistas, direitistas e do que mais estará para vir, que eles mesmo —sempre os mesmos— inventarão.
Enfim, grandes e fervorosos defensores da democracia, dos direitos dum povo, da paz dos portugueses e do mundo!...
Filhos da p...!
Contudo, e o que me faz ainda doer mais, e que estes senhores, civis ou ainda militares, aproveitadores duma falsa libertação dum povo oprimido durante seculos, donos do mundo e da vida, continuam e continuarão a ser sustentados e levantados aos céus por aqueles que outrora perderam a juventude servindo os interesses de quem nunca se interessou por eles.
Portugal viu partir muitos soldados.
Uns nunca mais voltaram.
Outros regressaram como grandes heróis que nunca foram.
Grandes combatentes de batalhas que nunca sentiram.
Expoentes máximos no conhecimento de guerrilha que heroicamente travaram nos cafés das diversas cidades Moçambicanas.
Muitos, que realmente foram verdadeiros heróis, com todo o seu medo de combater, com todo o seu receio de ter que disparar a sua arma, com todos os sentidos em pleno desespero, com toda a sua virtude de voltar costas à guerra, passam despercebidos no meio da multidão que corre loucamente, não para acarinhar os jovens que já esqueceram que foram jovens, mas sim, para aplaudir e dar vivas a uma qualquer miss de Portugal, ou uma qualquer equipa de futebol que, algures, nesse mundo que transborda paz e alegria, obtiveram um lugar de destaque.
 
Multidão que corre a aplaudir e festejar vitorias de todos esses partidos políticos que existem no nosso Pais a beira-mar plantado, comandados por senhores tao democráticos como os de outrora.
Tudo o que para trás ficou escrito serve apenas para homenagear todos aqueles desventurados que, sem saberem a razão, tombaram na defesa da mentira dos poderosos.
Também não passa dum forte abraco a todos os heróis sem medalhas, que, perdidos no tempo e na memoria, passam despercebidos, sem historias mal contadas para dizer.
Quero aplaudir todos aqueles que determinadamente convictos, conseguiram fugir a muitas ordens dadas por desmedidos animais ao serviço do poder.
Quero coroar todos os que, a maneira de cada um, foram suficientemente heróis para dizer NÃO a muitas operações, fugindo delas como podiam, não acatando ordens daqueles que nunca estavam no local para as poder fazer cumprir.
in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
paulo lopes

domingo, 18 de janeiro de 2015

As comadres no dia a dia, por Duarte Pereira


Duarte Pereira‎
 
 
As comadres

EM ESPECIAL PARA OS NOSSOS AMIGOS DA PÁGINA DO FACEBOOK.
CONFESSEM QUE JÁ TINHAM SAUDADES NOSSAS.
COMO DEVEM SABER VEM AÍ UMA VAGA DE CALOR POR UNS QUATRO OU CINCO DIAS.
FOMOS AO BAÚ, TIRAMOS AS BATAS E CÁ ESTAMOS.
CHAMA-SE A ESTE OPERAÇÃO " DESHABILLER". ...

SIM, TIVEMOS DE EMIGRAR PARA FRANÇA, MAS SÓ CONSEGUIMOS LÁ FICAR UMA SEMANA.
APRENDEMOS ALGUMAS PALAVRAS.

"BAGUETTES" E OUTRAS MAIS PEQUENAS.
 

SÓ COM AS BATAS CONSEGUIMOS FAZER TODO O NOSSO TRABALHO NESTE CALORÃO DESTE NOSSO AMADO ALENTEJO.
AS NOSSAS CORDAS DA ROUPA SÓ TERÃO ESTE VESTUÁRIO.
QUEM PASSAR PELA NOSSA PORTA E AS VIR ONDULAR, RECORDARÃO OS DESCOBRIMENTOS E AS CARAVELAS QUE LEVARAM PORTUGAL A CONHECER O MUNDO.


REPARAMOS QUE LÁ FORA OS CÃES JÁ ANDAM TOSQUIADOS, OS GATOS TAMBÉM, É O TOINO NA SUA NOVA FIRMA DE "PEELING", ANDA A APROVEITAR OS PELOS PARA OS IMPLANTAR NO PEITO DOS PORCOS.
 

GOSTÁMOS MUITO DE VER A FOTO DO SR. JOÃO MARCELINO EM TRONCO NU, COM AQUELE MATULÃO AO LADO.
O TOINO AGORA ANDA COM UM OLHAR CURIOSO E INTERESSADO PARA AS GALINHAS.


ESTÁ TAMBÉM NO SEU ESPÍRITO, NEGOCIAR ALMOFADAS DE PENAS DE GANSO.


ASSIM OS DIAS VÃO "ESCORRENDO" COMO NÓS NA NOSSA AZÁFAMA DIÁRIA.


NOTA: CONTINUAMOS A ACEITAR CONVITES DE MEMBROS PARA O NOSSO FACE PARTICULAR.

NÃO SE ACANHEM- BEIJINHOS.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

ESPIONAGEM: Olhem o que eu encontrei, do nosso amigo...


NO 4608 051 1114
Armando Guterres

Do 1.º turno 71 de Santarém, seguido de especialidade de Atirador de Cavalaria, também em Santarém.

Andei por Santa Margarida, tendo tirado um pequeno curso de Minas e Armadilhas em Tancos.

Formação do Batalhão de Cavalaria 3878, integrei a CCav 3507....
 
Embarcámos no Figo Maduro a 09/02/1972 para a Beira - Moçambique.
 
A 10/02, em voo fretado à DETA, para Porto Amélia, onde dormimos.
 
A 14 ao nascer do dia, entrada em Macomia onde nos esperava a CCS do nosso Batalhão e os nossos VCC que nos levaram para a Mataca.
 
A 15 voltámos a Macomia com os velhinhos e regressámos à nossa casa emprestada por 25 meses.
 
Primeira coluna, realmente sós, a 17/02 tendo o baptismo com mina e emboscada.
 
Nas férias de 73 estive em Quelimane, Beira e Lourenço Marques, com fugas a Morrumbala e a Catembe.
 
Fui rendido na ponte Muacamula no início de Março 74.
 
Chegada ao Figo Maduro a 21/03/1974.
 
Em 2012 fomos 7 em viagem de recordação a Maputo, Pemba, Macomia,Mucojo e Chai.



Gosto ·  ·

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Que dança macabra, por José Capitão Pardal

 

 


Devo ter estado ali (Hospital de Mueda), para onde fui evacuado, em Março de 1973, após ferimento grave, no qual recebi os primeiros tratamentos.

Ali terei estado durante um dia e uma noite.
Como estava (ferido e com morfina), nem me lembro se lá estive...

Depois meteram-me numa maca manhosa, atiraram-me para um Dakota da 2ª guerra mundial, junto com outros feridos e mortos em caixões e com um cabo enfermeiro a acompanhar aquilo tudo, que durante o trajeto nunca mais vi...

Aquele ferro velho batia por todos os lados e quando se inclinava, os caixões e as macas com os feridos misturavam-se, numa dança macabra difícil de descrever...

Até que chegámos ao Hospital Militar de Nampula, onde durante os quase 5 meses que lá estive fui sujeito a várias cirurgias.
 
Após esses quase 5 meses, ainda com dificuldade em mover o punho esquerdo, com uma cicatriz lombar não totalmente curada e sem saber que o estilhaço da mina me tinha afetado em definitivo o rim direito, fui recambiado para a guerra, sem qualquer restrição.
..............
 
 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

QUANDO UM ATAQUE (De morteiro) SE TRANSFORMA EM REGOZIJO, por Paulo Lopes

Paulo Lopes
 
Tal como prometi e pedi desculpa ao nosso estimado amigo Rui Briote pela antecipação, aqui vai o meu documento para desespero de alguns críticos escondidos que não gostam de partilhar as "desventuras"!
 
QUANDO UM ATAQUE
(De morteiro)
SE TRANSFORMA EM REGOZIJO
 
Quarta-feira, dia 8 de Agosto de 1973.
 
Estava na hora, mais minuto menos minuto, dos nossos olhos não darem tréguas ao horizonte possível tentando avistar a silhueta do avião milagroso que colocava sorrisos nos nossos rostos ansiosos de carinhos concentrados nos envelopes.
Tudo pronto.
 
 
 
Segurança habitual na pista com os homens destacados metidos nas extremidades junto ao inicio da densa floresta.
Pessoal a postos para retirar o conteúdo do avião (principalmente o saco do correio).
 
Ele ai estava.
Ainda a uma distancia longa mas já de possível visão lá vinha ele em direção a nós.
 
Passou uma vez.
Bandeira verde desfraldada —sinal significativo de que tudo na pista estava apto para a aterragem— O piloto fez uma segunda passagem por cima de nós antes de se fazer à pista, o que não era normal. Estranhamos.
 
A avioneta ainda tinha os seus pequenos motores a funcionar quando começamos a ouvir, ao longe, o ruido característico e bem conhecido dos nossos já experimentados e alertados ouvidos: a saída do disparo de morteiros.
 
 
 
Os rebentamentos não tardaram.
As granadas de morteiro, que eram sempre disparadas a longa distancia, como estávamos situados num planalto, a visão de quem disparava não daria grande exatidão do local da queda destas, não só devido a tal exagerada distancia entre nós e o local de proveniência dos disparos como também a visibilidade que era quase nula a meia-dúzia de metros, deixando antever o que seria a distancias muito mais extensas.
Por isso como sempre ou quase sempre, caiam a cerca de um quilometro o que também, como sempre ou quase sempre, fez com que não nos mostrássemos muito preocupados com a situação apostando na sorte e esperando que desta vez não fosse diferente de outras.
 
Os homens lançaram-se à descarga do avião!
Surpresa!
A resposta à nossa estranheza da anormal segunda passagem do piloto vinha dentro do avião: o nosso comandante do batalhão!
 
A segunda passagem pela pista deveria ser uma tentativa de aviso por parte do piloto à qual nos não demos devida atenção e compreensão a esse sinal codificado.
Apenas deveria querer dizer: Portem-se bem que temos graúdos a bordo!
 
Tarde piou e como o portarem-se bem incluía o devidamente fardado... escrita borrada!
 
A demonstrada passividade e indiferença aos, para nós "mataquenses", rebentamentos que deflagravam ainda bem longe da pista, foi a pincelada final para tamanha borradela na pintura.
 
Desconheceu-se qual a razão de tão ilustre visita a estas paragens do fim do mundo povoadas por seres com parecenças de militares —esquecidos para umas coisas, lembrados para outras— sem um aviso prévio e formal para um recebimento condigno duma alta esfera do nosso exercito!
 
Provavelmente, e aposto fortemente nessa hipótese, vinha apenas de passagem e a caminho de Macomia!
 
O certo é que o homenzinho nem pôs os pês em terra firme!
 
Foi descarregar o material de qualquer forma e ai vai ele pista fora, tomar balanço e até quarta-feira se isso for possível!
 
E não foi pelo piloto que tamanha pressa foi ordenada!
Nem sei como foi possível ou autorizada a descarga do material!!!
 
Então, aquele súbito ataque longínquo de granadas de morteiro que deveria ter sido tomado como uma preocupação, transformou-se num completo regozijo!
Toda a minha gente ria a desgarradas gargalhadas e mesmo aqueles que porventura não tivessem achado graça, contagiados pelo ambiente, foram forçados a espalhar também os seus sorrisos!
 
Se, por acaso, os que há minutos atrás nos estavam a oferendar as morteiradas nos ouvissem em tal risota e pensassem que era pelo facto da tentativa de ataque ser tao frustrada, ficavam de tal forma envergonhados que nunca mais pegavam num morteiro!
 
Nunca o comandante do batalhão deve ter tido tão grande oferta de diversificados títulos do reino animal num monologo de intensa cultura!
A quem nós, meninos inexperientes da guerra, estávamos entregues!
 
O pior veio depois, e principalmente para o capitão, que ainda não deveria estar sossegadamente sentado a rasgar os envelopes das cartas com a emoção habitual e comum em todos, fazendo esse ritual como se fosse sempre a primeira carta que recebíamos e já o comandante do batalhão estava, via radio, a dar-lhe nas orelhas!
 
 
Terminada a leitura das apetecíveis cartas viessem elas de quem viessem, fomos saber das outras novidades, as mais próximas, as do fugitivo.
Então contou-nos o capitão que o homem lhe disse que estávamos mal instruídos.
Que existia entre nós uma total indisciplina de combate.
Uma completa anarquia imperdoável a quem tinha deveres militares.
Fardados duma forma mais propicia para um bando de foragidos e que mais assim e que também e ...
 
Terminou a conversa com um encolher de ombros e nós também não nos preocupamos muito com o assunto.
 
É capaz de ter razão, o senhor!
O que nós deveríamos fazer era seguir o exemplo dele e ao primeiro tiro fugirmos... de avião e para a nossa terra.
Para a nossa família.
Para fora daquela miserável vida a que este e outros senhores nos obrigaram e que agora e sempre nos criticaram e caluniaram.
 
in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
 
 
paulo lopes