sexta-feira, 28 de outubro de 2016

O GAJO SÓ PENSA EM NETOS, por Duarte Pereira

Duarte Pereira
 
Resolvi voltar à folha.
 
O Gilberto Pereira, comentou algures, " O GAJO SÓ PENSA EM NETOS".
Não são os avós que fazem os netos.

 
 
Tenho experiência.
Gerámos um casal.
Do filho temos dois netos.
Da filha "ainda solteira" ainda não sabemos.
 
O filho mais velho e com melhor "emprego" organizou a sua vida e arranjou "trabalho" ou "emprego" para os seus pais,(já reformados). ...
A filha mais nova trabalha para si e vai-se divertindo.
 
Só sei uma coisa.
Os homens agora não têm condições para "assumir".
A maior parte ainda vive em casa dos pais e parte deles, gozarão a vida.
Poderão ser esforçados, ter ou procurar emprego.

 
 
Casamento??
Filhos? 
Responsabilidades?
Está fora da agenda.
Solteiro e ter uma mulher??? 
Pelo que sei, nos tempos que correm, não é difícil.
Já ninguém agarra numa guitarra e faz uma serenata.
 
Elas atiram-se da janela abaixo.
 
Gilberto Pereira, os tempos mudaram e eu tenho acompanhado.
Abraço.

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

História do Chai XIII (1972/1974), por Livre Pensador


HISTÓRIAS DO CHAI (última)

Foi há 43 anos, no dia 14 de outubro de 1973, que o aquartelamento do Chai sofreu o maior ataque, cujos pormenores já aqui descrevi numa história anterior.
 





Esse ataque teve como reflexo imediato nos militares da Ccav. 3508, o despertar para o espírito de sobrevivência inerente a qualquer ser humano.
 
 
 
Todos nós tínhamos passado por imensos sacrifícios à custa de sangue, suor e lágrimas nos 20 meses de comissão cumpridos até essa altura.
 
 
Após tanto sof...rimento era nosso direito usar de todos os meios possíveis para sair vivo daquele inferno.
 
E foi com esse desejo que se enveredou por uma estratégia de defesa e segurança absolutas até ao dia em que fossemos rendidos.
 
 
Todos os dias, pelas 16,30h e até ser noite cerrada, eram ocupadas as posições de defesa do quartel.
O mesmo sucedia desde as 4,00h da manhã até ao nascer do sol.
E assim fomos vivendo em completo stress até ao dia 10 de março de 1974.
 
Foi esse o dia em que deixámos o Chai entregue à 2ª. Ccav. do Batalhão de Cavalaria 8422.
 
 
 
Os 40km que nos separavam de Macomia foram feitos passo a passo, com a observação atenta e minuciosa de todos os pontos ou locais que pudessem originar surpresas.
Felizmente chegámos ao destino sem qualquer contratempo.
 
Foi em Macomia que a Ccav. 3508 dormiu a noite de 10 para 11 de março de 1974, sendo por isso a última em zona de guerra.
 
Ao raiar do dia 11 partimos de Macomia com destino a Porto Amélia escoltados pelo Esquadrão de Cavalaria.
 
 
 
Chegados a Ancuabe (zona considerada sem guerra) as explosões de alegria não se fizeram esperar. 
 
Eu vi militares a gritar, a saltar, a chorar, a rezar, abraçados, etc, etc.
 
Por mim, apenas consegui pensar "PORRA DE GUERRA JÁ NÃO MORRO"!
 
 
 
Por isso mesmo ainda hoje considero o 11 de março de 1974 como sendo o dia mais feliz da minha vida!
 
Naquele momento todos passámos a ser heróis, apenas e tão só por termos saído vivos (mas não incólumes) dum inferno que nos arrasou durante cerca de 25 meses!
A FELICIDADE E A ESPERANÇA RENASCIAM PARA SEMPRE!


 
José Guedes Livre Pensador, ( Ribeiro ) é sempre bom recordar os bons e maus momentos que por lá se passaram, mas o mais importante deve ser o dia em que deixa-mos o local de guerra para trás e chegamos a locais mais confortáveis e sabermos que o dia do regresso estava para breve e como é bom que depois de tantos momentos difíceis que por lá se passaram ainda hoje podemos estar aqui a compartilhar isto uns com os outros,.. um abraço
 

 
Fernando José Alves Costa Livre Pensador ( Ribeiro) fizeste-me chorar de alegria, senti e vivi o grande alivio que todos vós sentiram o mesmo acontecendo com quase todos nós que por Ancuabe passaram. Abraço
 

 
Armando Guterres E a Mataca tão longe do Chai.
Depois de entrar numa viatura em Macomia - entrei em férias até umas boas horas em Porto Amélia ...
O caminho até lá !!!!
 

 
Rui Briote Esse sentimento de alegria infelizmente não o tive, mas imagino o estado de Alma de todos os que regressaram bem. Mais não digo, pois a minha vida foi e continua a ser um reflexo duma guerra inútil ...abraço a todos
 

 
Paulo Lopes Inútil (e não só) para nós meu amigo Rui Briote, porque alguém se governou bem com essa guerra, antes e até depois dela ter terminado.
Muitos andam por aí com grandes vidas à conta de outras perdidas!
 
 
Paulo Lopes Finalmente chegou! Finalmente a ansiosa mensagem que estava em nosso poder.
As datas confirmavam-se: chegada à Mataca da nova companhia a 2 de Março.
Saída da nossa companhia para Macomia e desta para Porto Amélia, a 12 de Março.
Viagem de Porto Amélia para a Beira a 16 de Março.
Partida da Beira para Lisboa, a 20 de Março.
Difícil descrever a alegria derramada quando a notícia, inevitável e trasbordantemente foi espalhada por aquele tão pequeno espaço que nos oprimia.
Nem mesmo, para nós tão preciosa como a vida, a chegada do correio nas quartas-feiras se sobrepunha a tamanho contentamento.
Nada que tivesse acontecido nestes meses infinitamente longos que, ocasionalmente, nos trouxesse um pouco de alegria, se aproximava de tanto mar de regozijo.
Estava perto o dia de voltar a abraçar os pais, filhos, esposas, amigos e eu sei lá o quê...
 
Estava perto o fim do pesadelo !
Sabia de antemão que eu, o capitão S....... e um dos primeiros-sargentos não embarcaríamos para a Metrópole na data que agora estava prevista, mas a nossa alegria, pelo menos naquele inesquecível momento, tinha o mesmo sentir e sabor da restante companhia.


Não seguiria na mesma data porque cheguei a este inferno de almas perdidas um pouco mais tarde que os restantes e havia que fazer todo um processo liquidatário e como tal, como seria lógico, caberia a mim, como sargento mais novo, auxiliar a essa tarefa burocrática.
Processo esse em que nem eu nem o capitão sabíamos bem qual a nossa missão, mas para nos dizer o que era preciso fazer estava lá o tal primeiro-sargento.


Pois que venha lá essa coisa de processo liquidatário!
O importante, para já, é que estávamos de partida.
Havia o alferes e os dois furriéis que tinham chegado ainda mais tarde, muito mais tarde, mas esses ainda não tinham cumprido nem metade da comissão e por isso iriam ficar integrados na companhia que nos viria render.
 
Uma triste e má notícia para eles mas, sem dúvida, uma mais-valia para os próximos e infelizes guerrilheiros que, tal como nós, chegariam de olhos completamente tapados e desprovidos de qualquer conhecimento do que os esperava, das aflições com que esta selvagem floresta de terrenos sinuosos os iria atormentar e que decerto lhes iria provocar um sentimento de revolta e ódio a quem os mandou para ali!
 
Os que iriam ficar poderiam proporcionar-lhes, sem dúvida, uma melhor condição do saber estar e de como agir mas, de forma alguma, lhes garantiriam uma fácil estadia nem poderiam transformar Mataca na cidade ou vila de onde foram arrancados e muito menos devolver-lhes os intermináveis meses de vida de que estavam a ser espoliados!


Ainda faltava tempo.
Tempo esse que apesar de ser mais animoso, continuava a ser imensamente difícil de passar se não talvez, ainda mais complicado: cada minuto era uma eternidade, mas havia no ar um calor diferente.
 
As situações difíceis tornavam-se mais fáceis.
A tolerância e compreensão eram mais notórias.
Assistia-se a uma transformação, a uma fuga à saturação!
Todos os rios de conversas desaguavam no mesmo mar: a chegada dos checas e a nossa partida.
 
Todos nós inventávamos o já anteriormente inventado pelos antecessores dos antecessores, as patranhas para pregar aos coitados, qual praxes estudantis.
 
As nossas mentes, os nossos olhos cerrados, já os viam caminhar pela picada que os faria entrar pelo velho portão de arame farpado!

in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
paulo lopes.
 

 
Livre Pensador Amigo Paulo, uma vez mais obrigado por este belo excerto das tuas memórias. Abraço.
 

 
Paulo Lopes Abraço amigo mas não se comparam com as tuas que são bem melhores! Bom fim de semana amigo!
 
 
Manuel Cabral Paulo Lopes a propósito desta parte do texto "Havia o alferes e os dois furriéis que tinham chegado ainda mais tarde, muito mais tarde, mas esses ainda não tinham cumprido nem metade da comissão e por isso iriam ficar integrados na companhia que nos viria render.
Uma triste e má notícia para eles mas, sem dúvida, uma mais-valia para os próximos e infelizes guerrilheiros que, tal como nós, chegariam de olhos completamente tapados "
 

 
Manuel Cabral Eu fui um dos que ficaram na nova companhia, e juro que nunca sofri tanto como nesses primeiros dias da companhia checa...
 

 
Manuel Cabral A primeira coluna que fiz com eles foi de Macomia para o Alto da Pedreira.
Pois toda a coluna saiu do cruzamento de Macomia aos tiros, e quando chegámos a um pequeno povoado, logo ali à saída, só eu e os dois soldados que iam ao meu lado (porque eu não os deixei ir na onda!) tínhamos balas no carregador... todos os outros tiveram que proceder a sua substituição...
 

 
Manuel Cabral foram uns meses muito complicados, até conseguir ir de férias... mas já contei essas aventuras noutro lado...
 

 
Paulo Lopes Compreendo-te perfeitamente amigo Manuel Cabral.
 
 
Duarte Pereira Mais um bom texto do Ribeiro.  
Pena eu não ter tomado umas notas.
Deve ter sido matéria dos aerogramas, para a Isabel, mas queimei-os todos.
 

 
Duarte Pereira O artigo do dia .
 

 
Jose Capitao Pardal Livre Pensador, já na cidade da Beira ouvi uma história de que eventualmente não iriamos partir para a Metrópole na data marcada, porque tínhamos de ir ainda para qualquer lado, mas só o Jose Ribeiro (alferes que nesse local estava à frente da companhia) e o Fernando Carvalho (o outro graduado do meu pelotão) é que poderão esclarecer o que se passou realmente, fruto da lamentação do primeiro para nós os dois...
 

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

...E o carnaval são 3 dias, por Luís Leote

PARA MEMÓRIA FUTURA.
HÁ TEXTOS QUE DEVEM SER PRESERVADOS.
 
Luís Leote
 
Tudo indicava que ia ser mais uma normal operação de reabastecimento de víveres....



Saímos de Macomia, com os carros bem atestados de mantimentos, chegámos ao Alto do Delepa para começar a descer a Serra do Mapé.

Eu vinha sensivelmente a meio da coluna, a pensar nas palavras do tenente da CCS.
“ Ordenou-me que cortasse o bigode, porque na fotografia do bilhete de identidade, não o tinha”.
Já não era a primeira vez que me tinha avisado.

De repente, fez-se um alto à coluna.
As viaturas, que começavam a descer a serra, uma berliet, voltou-se sobre o lado esquerdo da picada, ficando de rodas para cima, e a carga toda espalhada.
Felizmente, ninguém ficou ferido.
 


Lembro-me que, após a comunicação do sucedido via radio, ao comando da CCS, a primeira pergunta foi se a viatura tinha ficado muito danificada.
Nem uma alusão a possíveis feridos!!!
 
Percebemos que tão depressa, não iríamos sair dali.
Montámos a segurança à volta da viatura, para de seguida preparar o seu resgate.
Da Mataca veio o furriel mecânico que ao chegar, tratou logo de fazer o registo fotográfico.

 

Preparámo-nos par passar lá a noite.
Se a memória não me falha, alguém montou umas latas de ração com pedras lá dentro, à volta do perímetro.
Acho que ninguém conseguiu dormir, especialmente depois de alguém ter dado dois ou três tiros na direção das latas que faziam barulho.
 
Trazer a berlirt cá para cima, tornou-se uma tarefa complicada, pelo que estava à vista uma segunda noite na picada.
Com duas noites e três dias na picada, estacionados e referenciados, prometi que se me safasse da terceira noite, faria a vontade ao tenente e cortaria o bigode, o que aconteceu.

Foi em Fevereiro de 1971, em pleno Carnaval.
Dizem que o Carnaval, são três dias.
FOI UM GRANDE CARNAVAL!!!!!
 
Luís Leote

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Memórias da Mataca, por Manuel Correia, apresentado por Luís Leote

Luís Leote
 
 “Terra de minas, entre os cafres.”
Verdade, verdadinha, é mesmo este, o significado que o dicionário online de Português atribui à palavra Mataca.
 
Sem dúvidas…terra de minas.
Entre os negros…as minas da Mataca!
 
 
 
Foi há muito tempo!
Sei que eras das transmissões de Infantaria da C.Caç.2555, sei que eras um bom rapaz, sei que éramos amigos, sei que éramos todos uma família.
Não me lembro do teu nome, porque deve estar enrodilhado nalguma cicatriz da minha memó...ria, mas lembro-me, isso sim, que espalhavas um pouco da tua alegria por aqueles que te rodeavam.

O sol já espreitava na crista da serra Mapé, quando saímos da Mataca para Macomia!
Era necessário ir buscar qualquer coisa para enganar o estômago, nem que fosse um pouco de feijão-frade recheado com gorgulho.
 
Trinta kilómetros não são muito para os nossos dias, mas, naquele tempo e naquelas circunstâncias, demorava-se quase um dia a percorrer o trajeto.
É que palmilhar a serra Mapé era dobrar o nosso cabo das Tormentas.
 
Kilómetro quarto… nem sei descrever com precisão o que se passou: Um estrondo sem medida, a grande aventura de voar sem asas, alguns feridos, uma berliet com a frontaria toda estragada, o Lameira a berrar pelo mato fora… que grande confusão!
 
Depois disto tudo e enquanto ouvia as lamúrias do Cap. Alcides, por a berliet estar danificada, vi o nosso entendido em Transmissões, com a cara toda enfarruscada e um sorriso sem convicção, a sair penosamente da cavidade que o rebentamento da mina lhe tinha provocado.

Até me esqueci que a minha perna direita estava a sangrar e ri-me, ri-me com vontade, depois de ouvir o seu desabafo:
-Meu Alferes, estava-se ali tão quentinho!
 
Era assim na Mataca:
Palco de coisas simples, terra de minas e local de sinais contraditórios onde amizade; alegria e juventude conviviam com guerra; fome e sede… morte.
 
Hoje, bamboleando entre o pesadelo e a saudade, atrevo-me a afirmar que a Mataca, além de ter sido o degredo de muita gente, também foi uma grande escola, onde jovens mais ou menos ingénuos se tornaram em adultos experientes que aprenderam a superar as dificuldades da vida.
 
Hoje, a muitos anos de distância, continua a ser grande, o simbolismo da Mataca:
É muito bonito, sempre que uns poucos sexagenários da C.Caç.2555, comandados pelo nosso “Escrita,” continuam a transformar-se em adolescentes, quando, num alegre convívio, teimam em reavivar, por um dia, as recordações do tempo em que riram, trabalharam e sofreram juntos na “Terra de minas, entre os cafres”!

Manuel Correia

 
 
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terça-feira, 27 de setembro de 2016

O Bingo e o 1º ataque a morteiro, por Livre Pensador


Livre Pensador (Ribeiro)
 
Como todos os ex-militares certamente se recordam, os tempos livres passados, quer na metrópole, quer no designado ultramar, eram frequentemente preenchidos com alguns jogos (cartas, loto, etc. etc.) em que se procurava juntar o útil ao agradável (para alguns), aliando o componente dinheiro a esses passatempos.
 
 
 
Com...o em tudo na vida, no fim desses mesmo jogos alguns acabavam satisfeitos com mais alguns escudos na carteira e outros desiludidos por passarem a ter mais ar nos seus bolsos.
 
Por uma questão de princípio sempre consegui manter-me á margem desses jogos de azar, precisamente porque sempre pensei que a minha sorte não estava vocacionada para esse tipo de atividades.
 
Mas, como há sempre uma primeira vez para tudo, certo dia, já no decorrer da missão que a companhia 3508 desempenhava no Chai, entendi que não viria mal ao mundo experimentar a sensação de participar num jogo a dinheiro.
 
Era frequente na messe de sargentos jogar-se o loto á noite, após o jantar, adquirindo cada cartão pela quantia de 2$50 (dois escudos e cinquenta centavos).
 
Quem completasse em primeiro lugar os números do seu cartão, seria o beneficiário da verba em jogo.
 
E foi assim que nesse dia 11 de Julho de 1972 resolvi fazer a minha iniciação ao jogo a dinheiro.
 
E perguntarão todos vós; porquê recordar esse dia?
Já vos conto o resto.
 
Decorria o jogo do loto com toda a normalidade e devo confessar que até me sentia feliz, pois o saldo estava a ser bastante positivo para mim (a sorte protege os inocentes) e para outro camarada furriel, sendo que ambos já tínhamos um bom pecúlio de moedas de 2$50 em cima da mesa.
 
 
 
Eis senão, quando se desencadeia o primeiro ataque á morteirada ao Chai, por parte da Frelimo.
 
 
 
Naquela messe de sargentos era ver quem mais conseguia fugir, provocando um turbilhão de mesas a cair, cadeiras a voar, dinheiro e cartões pelo chão, etc. etc.!
 
Quanto a mim, dei corda ás botas e só parei no abrigo do morteiro 81, começando de imediato a ripostar ao ataque, o qual felizmente não causou danos físicos aos militares da 3508.
 
Após cerca de 20 a 30 minutos de "festival", foi possível voltar á messe onde ainda se encontrava um furriel "bem escondido" e "bem protegido" atrás de duas grades de cerveja!
 
Do dinheiro espalhado pelo chão, cada qual tentou apanhar aquilo que tinha investido e tudo acabou por ali.
 
Foi assim que aconteceu o primeiro ataque que a 3508 sofreu no Chai e foi assim que acabou a primeira, única e última vez que joguei a dinheiro durante os 39 meses de vida militar.
 
Aquele dia 11 de Julho de 1972 ficou para sempre gravado na minha memória, acabando por confirmar as minhas suspeitas de que nunca tive sorte ao jogo!
 
Ribeiro.

domingo, 25 de setembro de 2016

"UMAS COISAS" ESCRITAS PELO ANTÓNIO ENCARNAÇÃO, por Duarte Pereira

Duarte Pereira
 
PARA MINHA SATISFAÇÃO VOU PUBLICAR "UMAS COISAS" ESCRITAS PELO ANTÓNIO ENCARNAÇÃO, QUE MUITOS NÃO TERÃO LIDO.
QUEM NÃO GOSTAR DE TEXTOS COMPRIDOS, SALTE EM FRENTE
.
António Encarnação:
 
Os "19 dias da Beira" são um bom título para um conjunto de contos que poderão ilustrar como a vida foi dura, para alguns, em determinados momentos.
 
- Porque fiquei alojado no Hotel D. Afonso V?
- Porque me tornei fã de espetáculos sul-africanos?
- Porque ainda hoje gosto de acordar, ao nascer-do-Sol, na praia?
- Porque desejei que aquele maldito avião de regresso nunca tivesse vagas?
- a importância de ter perdido os óculos escuros e a necessidade de optar por horários menos ensolarados?
 
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A questão é que tive diversos parceiros nestas importantes missões na Beira e nenhum deles falou até agora.
Por isso, vou aguentar-me.
 
Mas posso acrescentar que uma das sul-africanas me apareceu, pouco depois, em Lisboa e a coisa ficou difícil.
Por causa da língua, claro.
 
Velhas DE Estremoz Alentejanas (Duarte Pereira):
Estamos a gostar do "aperitivo".
Sr António Encarnação.
"Os parceiros" fazem parte deste grupo"?
Será que se esqueceram?
Não gostarão ou não terão jeito para escrever?
Já notou algum deles a comentar alguma coisa nesta página?
Nós gostaríamos de colaborar. Se está mais à vontade com um ex-combatente, solicitaremos a ajuda do Sr Duarte.
 
Gilberto Pereira:
HAVIA UMA CANÇÃO QUE ERA ASSIM " SACA-ROLHAS "
 
Velhas DE Estremoz Alentejanas (Duarte Pereira):
Vamos com calma.
Onde andarão os outros?
Acabaremos por descobrir.
 
António Encarnação:
Esta menção aos combatentes é importante e oportuna.
Foram muitas as frentes, embora houvesse quem estivesse mais predisposto a missões de paz e de apaziguamento.
A verdade é que reduzidas unidades, inferiores a uma secção, com elementos bem apetrechados e com elevado poder de penetração, conseguiram, ali, vencer duras batalhas.
E recorrendo a Camões:
Vénus decide preparar o repouso e prémio para os portugueses.
Dirige-se, com esse objetivo, a seu filho Cupido e manda reunir as Ninfas numa Beira especialmente preparada para os acolher.
Os portugueses desembarcaram na Beira e as Ninfas deixaram-se ver, iniciando-se uma perseguição. Para aumentar o desejo dos portugueses, as Ninfas opuseram uma pequena resistência, apenas se deixando apanhar ao fim de algum tempo, efetuando-se, então, o «acasalamento» entre elas e os garbosos combatentes.
Tétis, a mais importante e loura, e a quem todo o coro das Ninfas obedecia, apresentou-se ao chefe, recebendo-o com honesta e sedutora pompa.
Depois de se ter apresentado e de ter dado a entender que ali viera por alta influição do Destino, tomando o Chefe pela mão, levou-o para o seu hotel, onde lhe explicou o significado alegórico da «Beira dos Amores»: as Ninfas do Oceano, Tétis e a Beira outra coisa não eram que as deleitosas honras que a vida fazem sublimada.
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Velhas DE Estremoz Alentejanas (Duarte Pereira):
Agora sim.
Ainda por cima com a ajuda do Camões a "poesia" está a aquecer.
Vemos algum risco associado, parece haver por perto "canibais".
Poderá não haver muitos apreciadores da sua literatura.
Mas... conhecemos pelo menos um que se irá "partir a rir", o Sr Rui Brandão.
 
António Encarnação:
 
E Camões também escreveu, como os combatentes sofreram duro:
 
Duma os cabelos de ouro o vento leva
Correndo, e de outra as flaldas delicadas.
Acende-se o desejo, que se cava
Nas alvas carnes, súbito mostradas.
-
Oh, que famintos beijos na floresta,
E que mimoso choro que soava!
Que afagos tão suaves! Que ira honesta,
Que em risinhos alegres se tornava!
O que mais passam na manhã e na sesta,
Que Vénus com prazeres inflamava,
Milhor é exprimentá-lo que julgá-lo;
Mas julgue-o quem não pode exprimentá-lo.
(Canto IX, 83)
 
Gilberto Pereira:
MENTES MUITO ILUMINADAS VAGUEIAM AQUI PELA PÁGINA, INSPIRADOS NO ÚLTIMO CANTO DOS LUSIADAS.
 
Velhas DE Estremoz Alentejanas (Duarte Pereira):
Sr António Encarnação.
Qual jornal francês das caricaturas?
Temos a impressão que vai aumentar o número de leitores desta página noticiosa do batalhão.
 
António Encarnação:
Guerras são feitas de muitas batalhas, em que o instrumento de luta não é mais do que um acessório, perante a vontade de vencer.
Para uns, foi a G3, para outros, nem por isso.
 
Velhas DE Estremoz Alentejanas (Duarte Pereira):
Já dizia o Sr Duarte Pereira.
Consoante as "lutas" a escolha criteriosa das armas.
 
Gilberto Pereira:
PARA UNS A G3 PARA OUTROS A CANETA3 (azul, preta e vermelha).
 
António Encarnação:
Mas, no naufrágio, Camões perdeu a folha onde escrevera a delicadeza com que as Ninfas, elegantes nos seus vestidos de noite, empurravam o 600, o tal que só pegava de xova.
 
António Encarnação:
Depois disto tudo, haja quem se declare ou vou calar-me para sempre.
 
Velhas DE Estremoz Alentejanas (Duarte Pereira):
As Ninfas empurravam o Fiat 600???
Então também trabalhavam de pé.
Aguardemos pelos declarantes que se declarem.
 
 
 
Duarte Pereira:
E eu que não tenho andado por cá para acompanhar as narrativas do António Encarnação.
Já escreveu umas "coisas".
Vejam os comentários mais acima.