Há
dias que não deviam existir.
Cheguei hoje de férias e fui dar uma
"voltinha" no "face" do Batalhão.
Tal não é o meu espanto quando leio a
notícia do Fernando Silva António.
Não
estou, ou continuo a não estar preparado para este tipo de notícias no
que diz respeito àqueles que comigo partilharam o dia a dia em Macomia.
Não é mesmo nada fácil para mim.
Pacheco!!! não tiveste o "músculo" para te aguentares com um desgosto de Amor.
Entregaste a tua
vida ao alcoolismo.
Ok, foi uma escolha...
Recuperaste eu sei.
Mas a
procura de um suicídio lento foi o caminho que inclusivamente te levou a
evitar os companheiros de Guerra que te iam procurando.
Não te censuro.
Os amigos para além de outras coisas, servem para compreender.
Foste
embora mais cedo.
Não interessa.
Continuarei a procurar-te nas minhas
memórias onde aparece a tua frontalidade, a nobreza, a pureza da maneira
de ser e estar e a constante procura de partilha.
Foste um exemplo para
todos nós, em como um homem deve estar com amigos.
Deixa-me publicar as
tuas frases que fizeram História numa companhia C.C.S que entre 1972 e
1974 permaneceu em Macomia.
Quando alguém casava... Disparavas.
Putas as mesmas, cabrões mais um!!!
Quando recebias as encomendazitas dos teus Pais do Algarve...
Desabafavas.
A puta da velha, em vez de mandar uma garrafa de medronho,
só manda bolos de amêndoa.
Quando arrancávamos para as nossas costumadas patuscadas...
Desafiavas.
Quando fomos violentamente atacados à morteirada, saíste debaixo de
fogo do abrigo e correste para a fogueira da cozinha da messe de
Sargentos para retirar o tacho do lume de uma valente caldeirada de
línguas de bacalhau...
E vociferaste.
Estes filhos da puta (frelimos)
ainda me deixam queimar as línguas de bacalhau !!!
Quando me viste
pela primeira vez a "carecada" com que fiquei assim que cheguei a
Macomia... Gritaste.
Caralho!!!
Pareces o menino Carlinhos!!!
Assim fiquei com a alcunha do menino Carlinhos.
Caralho!!!
Pareces o menino Carlinhos!!!
Assim fiquei com a alcunha do menino Carlinhos.
Quando nasceu o meu 2º
filho, já tínhamos rodado para Ribaué, perto de Nampula.
Pus-lhe um nome
fictício - Momade Issufo - .
Tu foste designado por mim como o padrinho
do puto.
Assim aconteceu.
Quando chegámos a Lisboa, estiveste presente
no "batizado" e ficaste o padrinho do Nuno Miguel.
Que mais podemos
ter Pacheco?
Nada, não queremos ter mais nada.
A nossa amizade chega,
mesmo em "suporte" de memória.
Fica bem meu companheiro Furriel
Miliciano Cripto.