sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

Aí vai mais um relato: A ida para Moçambique... Ida para o Desconhecido, por Rui Briote



Quarta feira de cinzas, 16 de fevereiro de 1972, ao fim de uma tarde cinzenta, saímos de Santa Margarida, postos em autocarros rumo ao aeroporto de Figo Maduro, afim de partir para a nossa colónia de férias " resort Moçambique"...
 
Boing 707 da FAP
 
Um pássaro gigante, mais conhecido por avião, tripulado por pilotos da FA. ganha balanço e lá vamos nós a subir aos céus e ver Lisboa a fugir-nos rapidamente da vista...lágrimas afloram e correm de mansinho pela face...
As hospedeiras, aliás hospedeiros, também não ajudavam muito.
Já no ar, deixámos o nosso querido Portugal para trás, na altura conhecido por Metrópole.
As nuvens que sobrevoámos pareciam algodão ...
Que delícia para os nossos olhos!
     
Boing 707 da FAP, em Terra e em Voo

Seis horas depois, passámos o Equador e entramos no hemisfério sul em direção a Luanda, onde iríamos aterrar para relaxar.
Uma centena e meia de homens foi colocada num espaço exíguo e, com o calor que fazia, começamos a destilar e aí permanecemos uma hora mais minuto menos minuto.
 
Embarcámos de novo, rumo à cidade da Beira.
 
A aproximação à pista foi um tremendo susto, pois o avião começou a dançar, ora para a esquerda ou para a direita, e ao vermos o rio Zambeze (segundo o Hélder Losna (ECAV1), seria o rio Pungué e não o Zambeze, já que este último fica ainda longe da cidade da Beira), serpenteando com um caudal enorme, mesmo debaixo do nosso nariz ... os nossos corações começaram a bater forte, fortemente...será que iremos tomar um banho forçado?
Agarrados aos bancos estávamos a preparar-nos para tudo...
Finalmente, os pilotos lá endireitaram o avião e fizemos uma aterragem nada suave, mas chegamos inteiros...
UFA que alívio!!!
 
Aeroporto de Beira (Moçambique)
 

Já em terras africanas debaixo dum calor abrasador, entreolhávamo-nos com ar inquisidor, pois os olhares recaiam sobre nós e, de vez em quando lá se ouvia ..."aqui estão mais checas...".
Só esta receção já nos atemorizava, mas lá caminhámos para o quartel para tratar de receber a fiel companheira G3 e novas ordens.
 
Já ao fim da tarde fomos para os nossos aposentos para descansarmos.
Aproveitei essa folga para juntamente com o ex-alferes Ribeiro ir jantar a casa da prima da minha então namorada, hoje minha mulher, que morava junto à igreja de Nossa Senhora de Fátima.
 
Após o mesmo, quando regressávamos para os quartos, mais ou menos a meio caminho, virei-me para o Ribeiro e propus-lhe uma volta pela cidade.
Interrogámo-nos:
"Para onde?"...
Fizemos marcha atrás e eis que deparámos com a Boite Diana, que ficava junto ao Moulin Rouge.
Decidimo-nos pela primeira, para ver uma sessão de striptease ...
 
Moulin Rouge - Beira (Moçambique)
 
Entrámos lentamente com uma curiosidade latente nos nossos olhos bem abertos.
A sala iluminada por luzes psicadélicas anteviam um bom espetáculo para os checas.
Sentámo-nos logo nas mesas junto ao palco, pois queríamos estar em cima do acontecimento...
 
De súbito, ao som duma música quente, surge uma beldade toda ondulante e provocante.
Ao mesmo tempo que nos recostávamos nas cadeiras, os nossos olhos escancaram-se para não perder pitada do espetáculo.
A bailarina loira ou morena para aqui não interessa, num mexe, remexe com movimentos lentos e doces, lá se vai " descascando "...Eis senão quando, entra em cena uma cobra.
A beleza, pega nela sem receio e coloca-a ao pescoço, qual cachecol...
Ai que arrepio!!!...
A cobra, languidamente percorre o corpo desnudo, passando por áreas proibitivas, apertando a "nossa amiga" cada vez mais...
Só se ouvia a música suave que acompanhava o bailado, pois os espetadores estavam embevecidos com tanto bamboleio...
 
Infelizmente o fim do show chegou, mas iríamos ser surpreendidos.
Estávamos na "sobremesa" do espetáculo e, eis que a bailarina se aproxima de nós.
Gentilmente levantámo-nos, sim os dois ao mesmo tempo e puxámos por uma cadeira.
Ela com um sorriso rasgado sentou-se na nossa companhia. Lá tivemos que pedir um " chá" para a menina e encetámos uma conversa, não muito longa, mas com boas perspetivas... Num bate papo curto, mas " incisivo" convidámo-la a fazer-nos uma visita lá em cima, mais propriamente no Chai...e a malandra com sorriso cativante prometeu-nos tal desígnio...
 
Chegada a hora da despedida ela foi feita com um beijinho...soube a pouco, claro, mas ficou a promessa...até hoje!!!

Já a madrugada ia avançada, regressámos ao quartel e só uma forte chuvada nos acalmou após tão excitante noite em vésperas duma nova viagem, desta vez rumo a Porto Amélia...

 
Aeroporto de Pemba - Moçambique
  •  
    Rui Briote Este relato refere-se à ida para Moçambique...
     
  •  
    Fernando Bento Engraçado a nossa viagem (C.C.S.) foi identica à vossa, só que eu fui para a boite Primavera, o relato está porreiro. Ao fim de 40 anos estas memórias continuam bem vivas, parece que foi ontem, não é?
  • Um abraço Briote.
     
  •  
    Rui Briote Abraço Amigo...
     
  • Rui Briote porque é que ao fim de 40 anos esquecemos o nome da maioria daqueles que conviveram junto de nós tantos meses e não esquecemos estas história das quais conseguimos fazer um relato tão completo?
  • Um Abraço
     
  •  
    Rui Briote Tem que se puxar um pouco pela memória e recorrendo a cábulas....
  • Abraço
     
  •  
    Paulo Lopes Afinal ainda há muita história por contar que, timidamente, vai-se soltando das gavetas!
    Tudo cá para fora amigo Rui Briote! Se não para mais, que seja para me convencer que eu não percebo nada de escrita!
     
  •  
    Rui Briote Amigo não tenho pretensões a ser " escritor"...limito-me a fazer um relato e tenho outro na forja e será já a caminho do Chai...com calma e puxando pelos miolos...abraço
     
  • Rui Briote uma dúvida? A saída não terá sido a 16 de Fevereiro?
  • Confirma na caderneta militar...
     
  • Rui Briote não contas que na 3ª feira de carnaval fomos a um baile numa das localidades próximas de Santa Margarida, onde fizemos furor a dançar sozinhos, sem par e com a sala cheia... eramos para aí uns 20 ou 30?
     
  •  
    Rui Briote Lembro-me disso...o baile foi em Abrantes...nós saímos na quarta feira de cinzas
     
  • Rui Briote! Nem eu e já escrevo (para mim, principalmente) há muito tempo e, neste meu livro que uma plateia restrita leu e que agora, a conta gotas, os meus companheiros de "guerra" vão tendo a paciência de ler, começo por dizer:
    Como é evidente, tod
    os os nomes constantes neste romance (se for esse o titulo que se lhe possa ser atribuído) são inventados assim como também tudo o resto, e o resto nem sempre é tudo o que sobra, porque sobra ainda a veracidade das cidades, vilas, lugarejos e pontos esquecidos nos mapas convencionais.
    Tudo o que poderá parecer não o é e será, isso sim, uma pura e simples coincidência. Coincidências aplicadas a nomes de tantos jovens feitos homens prematuros que já não podem; não querem; ou não conseguem, ler estas palavras que descrevo.
  • Digo eu que tenho, quando em vez, dizer coisas.

    Não sou escritor porque a capacidade para tal está tão longe como África.
    Apenas e ao longo de anos, juntei folhas rascunhadas, rasguei e voltei a rascunhar dando origem a este amontoar de frases que, unidas, têm a intenção (pensamento secreto e reservado) ser uma simples crónica transformada em livro!
  • Apenas e somente isso:
    intenção (pouca).

    E assim começa o livro.
     
  •  
    Rui Briote Uma justa e merecida homenagem a quem lá ficou...apareçam mais testemunhos...
     

  •  
    Jose Capitao Pardal O que sucedeu com a aterragem, diga-se de passagem com excelente visibilidade, foi que o "checa" do piloto, que tinha ido tirar um curso intensivo de 707, à Boeing (certamente só de simulador), primeiro, por confusão certamente, fez-se à aterragem ao Rio Zambeze (que levava um elevado caudal, ou não fosse tempo das chuvas), e não ao aeroporto da Beira e depois viu-se "grego" para levantar novamente o aparelho, para se fazer à pista...

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

E assim foi... um almoço, por Paulo Lopes


E assim foi!

Assim se passou um pouco do sábado que, sendo igual a tantos outros sábados, no tempo hora, no dia, nos segundos, tornou-se totalmente diferente porque trouxe com ele, os eles (e suas, algumas, esposas) acabando por, obrigatoriamente, desfazer o igual dos outros sábados, dos outros dias.


Agarrado a eles traziam a saudade que se espelhava nos olhos, nos abraços quase beijos, sem falsidade nem sensações fingidas!
O natural e puro!
 

E dentro dessa saudade amassada no p...eito e fervida na alma, fermentada por tantos anos, vinha o convívio desejado, a espontaneidade dos discursos individuais e coletivos das vozes, que se misturavam no ar, esbarrando com as palavras que esvoaçavam numa única mesa, de lugar para lugar, de sentido para sentido, sem oposição nem governo, enxurrada de episódios já conhecidos por uns, não tanto por outros, talvez até já muitas vezes repetidos que, pela sua repetição se tornam sempre originais, mas que são e sempre serão um fator comum da família, que nos uniu já lá vão mais de quarenta anos.
 

Também essas mesmas palavras bailaram entre si e passeavam numa velocidade ultra sónica do ontem, para os dias de hoje, onde se cruzavam os meninos que éramos, aos avós que alguns são, no meio de uma garfada, do que nos empurrava as conversas misturadas com um copo de vinho ou de nada, os quais serviram para brindar os ausentes, que os presentes presentearam com um sorriso no semblante!
 
E entre um principio de fado e umas dedilhadas de viola que não existia, fomos comendo o que já não me lembro, porque foi apagado pela força da recordação de estar com meninos e moços, a quem roubaram parte da juventude mas, no outro lado da moeda, não conseguiu tirar-nos a amizade que, mesmo afastada e corroída pela ferrugem da vida e do espaço, nos vai mantendo juntos.

E assim foi.

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

EMENTA PARA O SUCESSO, por João Marcelino


João Marcelino


Almoço e Convívio Anual do BAT. CAV. 3878
INVENTO DE 25 MAIO 2014

EMENTA PARA O SUCESSO

APELO AQUI AOS MEUS CAMARADAS E EX. COMBATENTES O SEGUINTE:

QUE TENHAM O BOM SENSO DE NÃO INFLUENCIAR OU INTERFERIR,..DIRETA OU INDIRETAMENTE, NO TRABALHO SÉRIO E EXAUSTIVO QUE O NOSSO CAMARADA FERNANDO BENTO ESTÁ A DESENVOLVER PARA A REALIZAÇÃO DESTE INVENTO.
 
Foto de João Marcelino.
MAS SIM, CADA UM DE NÓS TEM O DEVER E "OBRIGAÇÃO" DE INCENTIVAR OUTROS CAMARADAS E AMIGOS MENOS MOTIVADOS PARA O EFEITO, COLABORAR NESSE SENTIDO SERÁ POSITIVO E GRATIFICANTE.
 
AQUELES QUE JÁ ORGANIZARAM ESTE TIPO DE INVENTOS, DEVERÃO TER AINDA PRESENTE QUE ESTA NÃO É TAREFA FÁCIL.

POR TUDO ISTO, E, EM MEU NOME, ENVIO AQUI O MEU OFERECIDO APOIO AO ORGANIZADOR DO INVENTO PARA O ALMOÇO DE 25/05/2014.

E LEMBRAI-VOS QUE SÃO 40 ANOS, QUE NOS SEPARAM DUMA VIVENCIA ENTRE IRMÃOS QUE APESAR DE NÃO SERMOS FILHOS DO MESMO PAI E DA MESMA MÃE, ERAMOS SIM TODOS FILHOS DA NOSSA MÃE PÁTRIA!!!...
 
Foto de João Marcelino.
 
POR ISSO TODOS JUNTOS ESTAREMOS NESTA CRUZADA,..
TU QUE FÔSTE UM COMBATENTE,..
E QUE DIZIAS NÃO TER MÊDO DE NADA,..
Foto de João Marcelino.

VEM CONÔSCO PASSAR UM DIA DIFERENTE...

10/02/2014 por João Marcelino
 

domingo, 16 de fevereiro de 2014

CCS 42 anos depois, por José Guedes


Bom dia a todos os amigos,..
Mas permitam-me um cumprimento especial aos amigos da C.C.S., hoje 7-2- 2014 faz 42 anos da nossa partida para Moçambique, para uma guerra que ninguém nos perguntou se queríamos fazer parte dela,..
 
Nesta viagem infelizmente alguns não mais voltaram, outros vieram e já não se encontram entre nós, como ninguém é eterno também vai chegar a nossa vês e lá nos iremos encontrar novamente.
 
Por coincidência fazia eu neste dia 8 meses que assentei praça, na Figueira da Foz (CIC2), eu que praticamente nunca tinha saído da terra onde nasci senti-me como peixe fora de água.
Não conhecia nada nem ninguém, fui encontrar homens com personalidades fortes e eu ainda a pensar onde me tinham ido meter.
Aos poucos, lá me foi adaptando mas cada vês que se mudava de quartel lá teríamos de fazer novos conhecimentos o que dificultava, pelo menos a mim, a minha integração.
 
Quando fui formar batalhão em Santa Margarida, ai foi a última etapa a fazer amigos, porque era a etapa definitiva.
 
De toda a malta da minha especialidade, só um outro condutor me acompanhou. Condutor esse que nunca conseguiu conduzir e ainda hoje não conduz por aqui se via o que era a tropa.
 
Em Santa Margarida e já integrado na companhia ,voltei a encontrar já pessoas com personalidades muito fortes e não posso deixar de comentar um episódio que aconteceu, que muitos com certeza vão recordar.
 
Um determinado dia já noite estava-mos todos na cama, porque era época de muito frio e dormíamos com a farda nº 3 vestida, apareceu um militar na dita caserna com duas jovens bem jeitosas por sinal, a perguntarem pelo Bairro Alto como ele era conhecido. Ele levanta-se da cama para ir ao encontro delas e uma perguntou se eles dormiam vestidos ao que ele prontamente respondeu, não, isto é o pijama da tropa.
Gente já vivida, se fosse eu nem sabia o que dizer, mas foi um fartote de riso nessa noite.
 
Peço desculpa, que hoje exagerei um pouco na escrita.
 
Dentro dos possíveis sejam todos felizes,... um abraço,...

No tempo em que os animais falavam, por Paulo Lopes


No tempo em que os animais falavam estava muito facilitada a tarefa da respetiva Sociedade Protetora.
 
Agora os animais escrevem e só os protege a furtiva emancipação do sono.
 
Quer dizer: antes de o ser já o era, isto é, a edificação de uma moral constitui a vulgarização dum complexo.

De Lisboa falo eu.
 
Falo através duma "parker" personalizada que me transmite a sensação de um mau poeta que comprou um bom dicionário de sinónimos.
 
Depois dá-se lugar a uma gravidez das prenhas palavras, que se vomitam a si próprias, nauseadas.
 
Todo o processo de leitura é pessoal.
Ao ler-se exerce-se uma ação sobre o objeto da leitura ela própria.
Assim unes as silabas e acordas.
 
Entretanto há quem diga que me ando a portar muito mal.

Será culpa do rock?
Mas se eu gosto é do jazz!...
 
E no entanto há quem goste de comprar, comprar e comprar!
De borla, vão-se entretendo com isto.

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Minha mãe... a verdade que deveria ser mentira, por João Marcelino


 
04 - 02 - 1997

PELAS 04H30, FUI CHAMADO AO GABINÊTE DO MÉDICO RESPONSÁVEL PELO SERVIÇO DE URGÊNCIAS DO HOSPITAL AMADORA SINTRA...

NESSA HORA E NESSE MOMENTO JÁ EU ESTAVA UM FARRAPO, DE TANTA ANGUSTIA E NOSTALGIA...
 
20 HORAS DEPOIS DE MINHA QUERIDA MÃE ALI TÊR DADO ENTRADA, EU ESTAVA ALI NA ESPERANÇA DE UMA BOA NOTICIA.
 
PORÉM ESSE DITO MÉDICO OLHOU PARA MIM, E SEM RODEIOS, CATEGÓRICAMENTE, EXCLAMOU: A SUA MÃE MORREU!!!...

ESTA VERDADE NUA E CRUA, FOI UMA VERDADE QUE EU PREFERIRIA QUE FOSSE MENTIRA,.. .

É POR ISSO MEUS AMIGOS !!!...
QUE EU DIGO: QUE HÁ VERDADES QUE SERIA PREFERIVEL QUE FOSSEM MENTIRAS,...

MAS TAMBÉM HÁ MENTIRAS QUE SERIA PREFERIVEL QUE FOSSEM VERDADES,..

UMA VERDADE PODE DOER MUITO MAIS, QUE UMA MENTIRA,..

A MENTIRA É O PODER,.. É A FORÇA DO MAL,..

A MENTIRA ATÉ PODE DESTRUIR O MUNDO !!!!!!!!....................

04 / 02 / 2014 por João Marcelino

        
  • Duarte Pereira TOMEM ATENÇÃO À DATA LÁ EM CIMA. ABRI O COMPUTADOR A DORMIR E PENSEI QUE TINHA SIDO ONTEM. E AINDA POR CIMA DIA 4 É HOJE. ISTO ESTÁ BONITO.
  • ESTÁ!!!
  • FOI DA "TAREIA" DE ONTEM COM OS COMENTÁRIOS!!!
  •  
  •  
    Paulo Lopes Bom dia meus amigos!
    Também eu fui iludido na primeira análise!
    Amigo João Marcelino, não servindo de forma alguma de conforto, também eu tive uma idêntica situação com o meu falecido pai: levei-o para o Hospital Garcia da Horta num sábado de manhã!
  • Ficou nos cuidados intensivos onde eu permaneci até altas horas! às 8:00 de domingo informei-me do estado ao qual me disseram que já tinha seguido para a enfermaria!
  • Passado nem meia-hora, telefonaram-me do hospital para eu ir falar com o médico!
  • Minha mãe foi na mentira, eu não!
  • E lá fomos e o resultado foi o mesmo que o teu amigo!
    A própria vida, não sendo uma total mentira, é-o contudo, uma verdadeira ilusão!
    Mas amigo, a vida continua e não podemos viver do que se passou e continuemos a ilusão!
    Vou à minha bica e mais tarde penso regressar!
  • Um abraço a todos e tenham um bom dia.
  •  
    Jose Capitao Pardal O meu também já faleceu, quando estava internado no Hospital do Espirito Santo, em Évora...
  • Também sei dar o valor a essas verdades, que deveriam ser mentiras...

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Demasiados galões para o meu gosto, por Paulo Lopes

 
 
Amigo Gilberto Pereira, boa noite!


Já por aí disse algures que o estar na Mataca era mau, mas tinha as suas vantagens!


Aproveito para chatear a malta com umas poucas linhas do livro "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis" e que é um aludir ao que, em estilo de humor, comento em cima:
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Fizemos mais duas operações, sempre com o espírito de simples atuação de patrulhamento e nomadização. Nunca de ataque programado ou de deteção de pontos específicos.


A primeira com a duração de dois dias e a segunda de quatro dias.
Mas qualquer delas era eu quem  comandava e eram os meus homens que se expunham ao perigo (não o major ou o tenente coronel) e como tal, enfim, há os heróis procuradores de glórias e medalhas e os outros/!
Finalmente e com grande satisfação, recebemos ordens para regressar à Mataca.
Na realidade é um paradoxo o que nos traduzia esta satisfação.
Era uma alegria regressar ao isolamento total, atravessar a fronteira do mediocremente aceitável para o extremo do péssimo.
 
Apesar de Macomia ser uma vila onde até podíamos escolher, num menu de caligrafia quase indecifrável, dois ou três pratos diferentes —frango, bife ou camarão— e beber uma bazuca na mesa de um café sem ser na mesa do bar do quartel, não era, fator suficiente para fazer esquecer o militarismo que nela existia.
Demasiados galões para o meu gosto!
Onde até eu tinha de ostentar as minhas magras três listas douradas, em forma de bico de seta, colocadas sobre um pequeno bocado de fazenda verde!
 
Coisa que não existia na Mataca, apesar de se sentir, mesmo assim e aí, algumas diferenças de tratamento como, num pequeno exemplo, no local onde dormíamos: os oficiais numa casa; os sargentos numa casota; os cabos e soldados num buraco!

paulo lopes