segunda-feira, 12 de agosto de 2013

PONTE DE MUACAMULA II, por Paulo Lopes

 
PONTE DE MUACAMULA

Chegou a altura de substituir o grupo que se encontrava na proteção à ponte de Muacamula.
 
Foi escolhido o quarto grupo de combate mas este não tinha, no momento, nem alferes nem furriel!... Fui premiado então, com a deslocação para aquele grupo a fim de comandar a missão que lhe tinha sido confiada.
 
Alias, dos graduados, já ninguém sabia qual o grupo a que pertencia tais eram as constantes modificações, mas também pouco nos importava.
Já nos conhecíamos todos muito bem!...
Tínhamos de lá estar e tanto fazia ter o Zé ou o Manel como companhia.
Todos nos dávamos bem e mal.
Todos tínhamos o nosso próprio feitio e todos, na hora da sobrevivência, sabíamos que todos dependiam de um e um dependia de todos.

E assim fiz mais uma picada até Macomia para depois ser auto transportado até Muacamula.

Estar nesta ponte, não era tarefa difícil e muito menos cansativa no aspeto físico, mas era, isso sim, muito perigoso e psicologicamente destrutível.
 
Não era difícil nem cansativa pelo simples facto de estarmos completamente inativos, esperando apenas pelo decorrer dos acontecimentos e do tempo hora.
Mas tornava-se muito perigoso porque estávamos mal defendidos, bastante isolados e num ponto fixo perfeitamente localizado e fácil de “morteirar”.
A proteção da ponte consistia apenas num arame farpado, muito mal colocado, de fácil transposição, estendido em redor do objetivo a guardar.
Duas portas em bambu, barrotes de madeira e arame, uma de cada lado da estrada que atravessava a ponte destruída, faziam as entradas e saídas.
Portas que eram munidas de alarme “eletrónico” ou seja: latas de cerveja com pedrinhas dentro destas, dependuradas no arame que faziam barulho se alguém empurrasse os portões!
Ou pelo menos assim pensaríamos porque, que eu presenciasse ou o fizesse, nunca foi testado esse pretenso alarme nem nunca se abriram os portões para passar alguma coluna militar!
 
Depois, dentro do círculo, estavam as pontes: a destruída e a de madeira que a substituía.
No centro, uma vala mais ou menos com um metro e meio de altura, estendendo- se em ziguezagues retos, servindo para nossa defesa em caso de ataque.
Num dos extremos da vala, um morteiro e no outro, uma metralhadora HK-21.
Material que, para além das nossas próprias armas, era o que tínhamos para completar a nossa defesa.

À noite, embrulhados na manta, tínhamos as estrelas como pintura do teto e a terra batida como alcatifa dum quarto sem cama.
 
O silencio total era a presença constante dessas noites.
Apenas os ruídos característicos duma selva levantavam a voz.
Por vezes dava-nos uma sensação de paz de espírito que quase nos tirava do alerta constante.
Por outras, transmitia-nos um estranho pensamento de duvida que nos obrigava a esforçar os olhos para uma melhor visão na imensa escuridão do mato.

 De dia, tínhamos uma forma estupenda de passar as horas conjugando o dever (?) com o prazer: como não existia preocupação com a dissimulação da nossa localização, pois estávamos mais que localizados, não havia o problema de não podermos fazer tiro.
Então, como não existia, em longos quilómetros de extensão, nenhuma aldeia ou aquartelamento, os animais selvagens, comestíveis ou não, andavam mais “distraídos” que o costume, o que nos dava oportunidade, enquanto patrulhávamos a zona, de poder escolher a nossa ementa, pois galinhas de água, gazelas, javalis e até alguns bois-cavalos eram presas fáceis de abater tal era a abundância destes animais naquelas paragens.
 
Isto estando a pensar no lado da “cozinha” porque dos outros, os habitualmente não comestíveis, para nós, europeus, também abundavam.
Principalmente rastejantes para os quais, alguns, tínhamos de ter uma certa atenção pela sua pouco amistosa presença e simpatia.
“Pessoal” que gostava de dar a sua dentadinha repleta de veneno capaz de nos fazer passar para o “lado de lá” se não fosse administrado de imediato o antídoto apropriado.
Produto que enchia, penso eu, parte da mochila dos nossos “enfermeiros de serviço”!
Até para irmos a “casa de banho” tínhamos de, obrigatoriamente, verificar bem as redondezas antes de mostrar as nossas brancas, lustrosas e bem visíveis nádegas!
Mesmo que estas não tivessem olhado para uma gota de água nos últimos dias.

Fome, valha-nos isso, não passávamos, mas sede, se não fossemos bem prevenidos, nem o “cheiro” de água passava por baixo daquelas pontes.
Raramente tínhamos de recorrer ás nossas rações de combate a não ser as latas de líquidos: um “especialista” em “descascar” animais, uma fogueira, sal e um pouco de imaginação eram suficientes para uma abastada refeição.
Todos os condimentos necessários nunca eram esquecidos para a deslocação daquela missão e os utensílios para os cozinhados iam ficando de grupo para grupo e já faziam parte da destruída ponte. Não era difícil arranjar em quaisquer um dos grupos alguém que soubesse tirar a pele ao animal caçado e separar o comestível do não aproveitável.
E se não sabíamos... inventávamos!
Vinha ao de cimo o desenrascar do já anexado habito do “portuga”, e o aproveitar das ocasiões nunca ficavam em vão!

Os dias foram passando e sem ter havido algo de preocupante ou de assinalar, fomos rendidos por outro grupo, este vindo da companhia estacionada no Chai.
 
Chegamos a Macomia sem problemas acompanhados e resguardados pelos “Chaimites”.
No dia seguinte, ás cinco horas da manhã, iniciamos o regresso a Mataca.
 
Seis horas depois, estávamos com mais trinta e tal quilómetros contados no mesmo carro, ou seja, nas nossas botas, e “estacionados” na nossa “garagem”, prontos e de motor a trabalhar para uma próxima viagem.

in "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
Paulo Lopes

domingo, 11 de agosto de 2013

A EXPLOSÃO NO PAIOL, por Paulo Lopes

 
 
 

 
Terminado o estranho mas bastante apreciado "descanso" voltaram as operações: desta vez o meu grupo não participou ficando no estacionamento acompanhados pelo grupo de apoio.

Dentro do nosso "quartel" nunca havia obrigações diferentes para fazer, chegando mesmo a dar origem a um certo desmazelo em relação à nossa própria segurança de tão consequente e repetitiva ser a vida dentro dele.

Assolava-nos a solidão do isolamento que nos apertava o peito mas o silêncio de uma clareira plantada no meio de uma interminável selva com todos os perigos espreitando a cada ramo de árvore, a cada passo que poisávamos nos trilhos fora do arame farpado que nos separava, contrastava com esse espírito de solidão e transmitia-nos uma paz que nos ia aliviando a pressão da guerra.

Enganadora paz que nos alterava a forma de estar no alerta constante como se, estando para cá desse arame farpado, nos livrasse dos perigos que, ocultos na mata, espreitavam qual leão esfomeado preparando o assalto à sua presa.

Mas a regra à excepção existe e, numa bela tarde, à mesma hora, com as mesmas pessoas, no mesmo campo, com a mesma bola e eu defendendo as mesmas balizas, fomos interrompidos pela gritaria de expressão aflitiva que nos fez deixar a nossa fuga à realidade e voltarmos a entrar no tempo e espaço em que vivíamos:

- O paiol está a arder. O paiol está a arder! Venham ajudar. O paiol está a arder!

Para dar razão à lei dos supersticiosos, era dia treze de Outubro, sexta-feira.

Aquilo a que chamávamos de paiol só poderia ter esse nome pelo facto de lá estarem guardados todos os tipos de materiais bélicos, desde armamento a munições para diversos tipos de armas. Inclusive tínhamos também lá guardados dois bidões de duzentos litros cheios de combustível de helicópteros para eventuais abastecimentos de urgência que ocasionalmente pudessem surgir.

Uma casota com pouco mais de quinze, ou menos, metros quadrados, revestida de tijolo.
Uma porta simples de madeira com uma fechadura normalíssima.
Tecto de chapas de zinco ondulado cobriam a casa da penetração do sol, chuva ou do que a meteorologia nos oferecesse.
De pouca, se não nenhuma, ventilação.
Era o paiol!...

A tal improvisação e o desenrasca da nossa característica presença, forma de ser e pensar, menosprezando quase sempre a nossa própria segurança em benefício do "amanhã logo se vê"!...

Aqueles alertantes e expressivos gritos acompanhados de desespero, aflição e manifesto gestual terminaram com a nossa tarde desportiva obrigando-nos a desviar o nosso olhar, focando-o para o local ao mesmo tempo que corríamos para lá.

Num segundo todos estávamos em redor do paiol que deitava fumo pelas frestas da porta e pelas folgas do telhado que uniam ao tijolo, sem sabermos exactamente o que fazer naquele preciso momento.
Sem raciocinar, arrombei a porta e com um camarada que já empunhava um extintor vinda da enfermaria, entrámos na esperança de apagar o presumível incêndio.

Não se viam chamas. Não se via absolutamente nada, pois o fumo era negro e muito denso não permitindo qualquer visão dentro daquela casa.
Voltámos a sair para aliviar os olhos que fraquejavam perante tanto fumo e dar um pouco de ar à garganta que ficara seca num segundo.
Outro soldado foi para o interior do paiol.
Voltei a entrar em auxilio desse camarada e os dois, com o extintor em punho, tentávamos espalhar espuma não sabendo tão pouco para cima de quê.
Mas, tal como em muitas outras coisas do nosso exército, não funcionou.
Há quanto tempo estaria aquele pretenso extintor sem ser carregado? O mais provável é que nunca tivesse sido levado dali para ser inspeccionado e acredito que ninguém se tenha, no mínimo, preocupado com isso.
Pelo meu lado, não sendo, de forma alguma, diferente dos outros no desenrasca (andámos todos na mesma escola) nem tinha conhecimento da existência de tal aparelho!...

Nada mais havia a fazer ali dentro.
A abertura da porta originou que o fumo se dissipasse um pouco mais o que nos deu uma outra visão do que estava a acontecer.

Levantámos uma caixa de granadas de morteiro de onde saía bastante fumo e o que conseguimos fazer com essa operação foi piorar a situação pois, se o fumo já era denso, apesar de mais aliviado, ficou ainda pior!...

Só um acto inconsciente levaria alguém ir dentro de uma arrecadação repleta de fumo quando o seu conteúdo se compunha de quantidades apreciáveis de explosivos de várias espécies: granadas de mão ofensivas e defensivas; granadas de morteiro; TNT; munições das metralhadoras "G3" e "HK21" e sei lá o que mais se encontrava dentro daquela pretensão a paiol!
Para completar e talvez o pior de todo aquele arsenal para "animar" um mais que provável fogo, lá estavam os tais bidões de combustível.

Mas a guerra é uma inconsciência e nós, jovens guerrilheiros improvisados, abandonados à nossa sorte que, apesar de contrariados, quando metidos no centro dos acontecimentos, fossem eles quais fossem, dávamos sempre o nosso melhor e nestes momentos de pressão, éramos arrastados por essa inconsciência esquecendo-nos, por vezes, que a nossa própria vida estava a correr riscos!

Naquele momento não estava em causa o matar para não morrer onde, se virássemos as costas à luta, estaríamos a oferecer a nossa vida ao inimigo.
O defendermos-nos primeiro e pensar na soberania do nosso país depois.
A sobrevivência.
Não! Naquela situação que estávamos a viver poderíamos simplesmente sair dali, esquecer o paiol, deixar arder e fugir para o mais longe possível.
Esperar pelos acontecimentos. Ver o que dava! Mas não foi o que fizemos.

Ninguém saiu daquele local e todos, de uma forma ou de outra, tentámos resolver a questão como se fosse a ultima acção das nossas vidas. Alguém já havia transportado para junto do paiol a viatura que rebocava o tanque que nós utilizávamos para ir buscar água ao poço para os banhos e com o auxilio do motor de água, projectá-la para cima daquela fumarada...

Uma fila de munições da HK21 que se encontrava por cima de uma das caixas de onde saía o grosso fumo, começou a estoirar como se alguém as estivesse a disparar.
Tal som, sobejamente conhecido e gravado no nosso subconsciente, provocou-nos uma reacção instantânea mostrando-nos a realidade dos factos.
A inconsciência tomada nos momentos anteriores foi aniquilada e o regresso à terra puxou pelos meus pulmões que soltaram amarras e gritaram o mais alto que puderam:
Fujam! Fujam! Corram para as valas!...

Não sei em que espaço de tempo todos desapareceram daquele local, mas que foi rápido, isso foi!...

Pelo meu lado nunca corri com tamanha velocidade e tanta vontade!
As munições continuavam a assobiar ao saírem do seu invólucro.
Já deitado dentro de uma vala e com o coração aos pulos, esperei o inevitável: a explosão!...
 
"Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"

Paulo Lopes 20 de Julho de 2013
 

sábado, 10 de agosto de 2013

DUARTE PEREIRA - Um desabafo


Foto de Fernando Lourenço (CCav 3509)

ISTO HOJE ESTÁ MUITO TÉCNICO !! 
 
VOU FALAR DE FARDAMENTO EM SANTARÉM, RECRUTA JAN/MAR 1971 (INVERNO COM CHUVA E FRIO) .
ACHO QUE NOS DERAM DUAS FARDAS Nº 3 E DOIS PARES DE BOTAS.

DEPOIS DOS 15 DIAS INICIAIS EM QUE ESTIVEMOS FECHADOS, PENSO QUE ÍAMOS "CHAFURDAR" PARA A TERRAPLANAGEM DA ESCOLA.

DEPOIS DOS EXERCÍCIOS TINHAMOS DE IR À MANGUEIRA PARA LIMPAR O "FATO" E AS BOTAS.

MAS À TARDE TÍNHAMOS INSPECÇÃO COM TUDO LIMPINHO. LOGO O QUE VESTÍAMOS NO DIA SEGUINTE LOGO DE MANHÃ PARA IR "CHAFURDAR" OUTRA VEZ ?

A FARDA GELADA E AS BOTAS MOLHADAS, ERA TÃO BOM COM O TEMPO FRO, LOGO DE MANHÃ PÔR AQUELA ROUPINHA EM CIMA DE NÕS...

ACHO QUE NA FEIRA DA LADRA COMPREI UMA FARDA 3.

Duarte Pereira - 201308509


sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A LEONOR, por Rui Brandão


Foto de Dias dos Reis

 
Disse e prometo que encerrei o tema Recruta.
 
Lancei-o de uma forma inadvertida (apenas para analisar o registo do que era operacional ou não...), mas em boa hora o fiz, por que o pessoal ficou "agarrado" ao tema e assim a página ganhou dinâmica. 
 
Hoje apanho um pouco a boleia da "Recruta" para lançar um novo tema (se os gestores da página me permitirem) que seria as "FIGURAS" que nos marcaram ao longo da nossa vida militar, quer positiva quer negativamente.
Hoje começo pela primeira - não em importância, mas sim cronologicamente.

A LEONOR

Nos primeiro dias de Recruta, o Artur Gomes (nosso camarada instruendo) denunciava uns trejeitos e uma musicalidade na oratória pró afemininado.
O pessoal começou a olhar de lado e a perceber que aquele tinha um "piquinho a azedo".
Não demorou mesmo nada...; ficou a ser a "nossa" Leonor.
 
O Artur Gomes não deixou para muito mais tarde e logo na 2ª semana de Recruta, com uma frontalidade e uma naturalidade impressionante, assumiu-se como homossexual perante o Pelotão. Estávamos em 1970!!!...

A Leonor foi dos instruendos que mais afrontou o tal palermóide do aspirante Serra (muito "encheu" ele por isso mesmo...).
A Leonor pertencia à minha patrulha e nunca ficou para trás ou se lamentou fosse do que fosse. Inclusivamente ajudava em tudo.
Um de nós que dizia sofrer do coração, nas patrulhas carregávamos à vez (incluindo a Leonor, claro...) a sua Mauser e ainda o transportávamos ao colo nas valas mais difíceis (no final da Recruta viemos a saber que era uma encenação orientada pela cunha que tinha).
Mais um cromo a juntar...

A Leonor, das onze semanas de Recruta, passou 8 ou 9 fins de semana enfiado no quartel.
O Pai não o aceitava como ele era, como tal não lhe dava dinheiro para poder ir a casa.
Todos nós sabemos que daríamos o "cú" e 5 tostões para ir de fim de semana.
A Leonor não era nem maricas, nem paneleiro, nem bicha, nem bichona, nem "bicharoca"...
 
A Leonor era um HOMOSSEXUAL com "eles" no sítio.
Tomara muitos machos serem HOMEM como a Leonor.
No dia em que fui ferido pelo tiro, a Leonor foi o primeiro a chegar junto de mim e desatou a correr para chamar os enfermeiros.
Contaram-me mais tarde que tinha andado a chorar toda a noite e a dizer "O Brandão ia tão mal!!!".
 
Se se derem ao trabalho de recuperar a imagem das assinaturas no verso da fotografia que publiquei há poucos dias, poderão verificar que está lá a assinatura do Artur Gomes com um desenho de uma boneca e o nome Leonor.
 
NOTÁVEL!!! No final da Recruta soube que foi para atirador.
Nunca mais o vi, nem sei qual foi o destino dele, nem sei se hoje ainda está vivo.
 
Nesta página parece-me ser o lugar ideal para deixar esta homenagem à Leonor (Artur Gomes)...
 
Rui Brandão (2013/08/02)
 

 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

A PONTE DE MUACAMULA, por Rui Brandão

 
A PONTE DE MUACAMULA

Como sabem, estava permanentemente um grupo de combate (em número reduzido) de proteção à Ponte.
Era rendido presumo que todas as semanas. A coluna que levava o pessoal "fresquinho", era a mesma que trazia o pessoal massacrado pelos mosquitos durante o "estágio" de uma semana.
Estágio esse passado em "confortáveis" valas e assistidos por lautas refeições gourmet daquelas caixas de cartão, cujo conteúdo constava de umas latinhas de "manjares" sortidos.
 




 

Certo dia, fui informado que a ficha do cabo de antena do rádio na Ponte estava com o cabo de antena solto (dessoldado).
Sorte a minha... Era coisa pouca. Lá fui convidado a participar no passeio Turístico até à ponte de Muacamula em classe executiva (vulgo Unimog). Nada mau. Podia ser de pincha...
Quando lá cheguei não perdi tempo.
Imaginem agora a cena...
Ponho o ferro de soldar a funcionar. A funcionar?... Claro a funcionar. Mas não havia energia elétrica na Ponte de Muacamula!!! Pois não.
O ferro de soldar que eu levava, não passava de um maçarico com um ferro de soldar na ponta. Ninguém precisa de ser técnico de eletrónica para perceber o exagero de temperatura que era aplicada num fio finíssimo que ligava à ficha de respetivo cabo.
 
Enfim, lá me safei e tudo ficou nos conformes. Comunicações já havia. Mal eu sabia que essas mesmas comunicações iriam ser vitais nas próximas duas horas...
Tirei umas fotos, esperei que o pessoal fizesse a "passagem" do testemunho (aqui uma falha minha, não me lembro dos nomes dos Furriéis que fizeram a troca) e regressámos na mesma coluna e eu optei pelo mesmo regime de conforto, exatamente, em executiva.

Cheguei a Macomia, já quase em cima da hora de jantar (o lusco fusco do costume).
Já estava eu na messe de sargentos...
Então não é que começamos a ouvir rebentamentos vindos dos lados da Ponte de Muacamula ou do Chai.
O nervosismo/preocupação instalou-se.
Como de costume alguém dá de imediato uma saltada ao posto de transmissões. Estava identificado!!!
A Ponte de Muacamula estava a ser atacada!!! Estremeci. Fiquei com a boca seca.
Eu tinha acabado de sair de lá havia pouco tempo.
Perguntei de imediato ao Furriel. Jorge (ele era das Operações) se ia sair alguma coluna para lá.
Ele não sabia ainda, mas perguntou-me de imediato, porquê?...
DISSE-LHE QUE IRIA NESSA COLUNA.
 
Ficou branco a olhar para mim e não teve reação. As comunicações mantinham-se com a Ponte de Muacamula, os rebentamentos estava a cair longe e passado algum tempo a "coisa" parou.
Não houve saída de coluna para a Ponte de Muacamula.
A minha reação foi espontânea, eu tinha lá estado, os tipos também me viram e esperaram pelo tal lusco fusco.
Eu fazia parte daquela guarnição que ficara lá na Ponte de Muacamula.
Eu queria lá ir.
Fazer o quê?...
Talvez seja essa a pergunta que esteja em cima da mesa.
Nem sei se me deixariam ir nessa tal coluna...
Passei mal durante uns momentos. Senti que eu também deveria lá estar.

Coisas de um puto mandado para a Guerra...

Em homenagem aqueles que lá ficaram sem a minha companhia e aguentaram o ataque publico hoje algumas fotografias da Ponte de Muacamula tiradas no ano de 2012.
 
Sim, desta vez eu estive lá!!!...
Sem rebentamentos.
 
A guerra acabou.

 
Rui Brandão (2013)

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

MAFRA 1971...    Em janeiro de 1971 fui "empurrado" para o Convento de Mafra para conhecer umas freirinhas, pensava eu, mas tal não se verificou, pois quando lá cheguei, conheci sim muitas ratazanas que pareciam coelhos. Tanta malta na flor da idade como eu, prestes e enfrentar feras com garras de fora à nossa espera.  Eram só fulanos fardados e empertigados  a olharem-nos de alto a baixo com um olhar ameaçador ...todo encolhido, entrei e trataram-me de me dar uma roupa esquisita e, que remédio, lá fui eu enfiá-la antes que eles mo fizessem. Tive sorte, pois acertaram com o número  e de imediato  fui-me juntar aos  "virgens" nestas andanças. Enfiaram-me numa caserna enorme onde me esperava uma cama beliche ficando eu na parte inferior. Foi aí que conheci os nossos camaradas Ribeiro  e o Lea.,O primeiro ficaria por cima de mim, salvo seja, e na mesma também o Leal. 

   Passados os primeiros momentos em que convivi em amena cavaqueira, chamaram-nos e deram-nos uma G3 sem balas, que seria a minha companheira durante uns tempos. A partir daí começou a minha triste sina...calcorrear a mata de Mafra e a famosa aldeia dos macacos, onde fazíamos exercícios físicos e outros. Foi um período de seis meses divididos em dois. No primeiro, coincidente com o inverno, tive a felicidade de ter como instrutor um tenente miliciano que nos tratava como homens...chamava-se Silva... homem bom. No segundo já me apareceu um alferes da Academia  com ar prepotente e mal encarado que puxava e moía a tola a todos nós. No meio dos trabalhos em que me meti, melhor, em que me meteram, houve um episódio que me marcou para sempre. Era uma quinta-feira, vinha eu da instrução, já na especialidade, quando ao passar por uma lagoa, ouvi um alvoroço enorme. Que teria acontecido? Olhámos uns para os outros, mas a explicação não surgia...Eis senão quando ouvimos  um choro convulsivo...interrogámo-nos...o que aconteceu? Até que alguém nos comunicou que quatro cadetes tinham caído à lagoa. Pensámos logo no pior, o que infelizmente se veio a concretizar...morreram da maneira mais estúpida. Em poucas palavras vou procurar descrever o que se passou. De vez em quando tínhamos instrução nessas lagoas, cuja água era lodosa..o exercício consistia em  atravessar a dita com os pés a andarem em cima duma corda e as mão agarradas às outras duas...á medida que se avançava, as cordas baloiçavam e era sempre um "ai Jesus". Nesse dia aconteceu o pior, pois caiu um e atrás dele foram mais três...UMA TRAGÉDIA. Chegados ao quartel, um  clima de revolta pairava no ar, aliado a uma grande e profunda tristeza . Foi convocada uma "assembleia geral" na sala da psico. Aí ficaram estabelecidas certas reivindicações  afim de garantir a segurança de todos nós e também que ninguém almoçaria, isto é, um levantamento de rancho em linguagem militar. À hora do almoço, já com todo o pessoal reunido no refeitório e já em sentido, o oficial de serviço deu ordem para nos sentarmos, ordem essa à qual ninguém obedeceu...então, o oficial dirigiu-se a um de nós e mandou-o sentar e como resposta recebeu um choro intenso..O clima de hostilidade era enorme. Então, o Comandante para acalmar o ambiente, sendo uma quinta-feira, mandou-nos em fim de semana....
Rui Briote
      MAFRA 1971...   
Em janeiro de 1971 fui "empurrado" para o Convento de Mafra para conhecer umas freirinhas, pensava eu, mas tal não se verificou, pois quando lá cheguei, conheci sim muitas ratazanas que pareciam coelhos.
 
Tanta malta na flor da idade como eu, prestes e enfrentar feras com garras de fora à nossa espera. Eram só fulanos fardados e empertigados a olharem-nos de alto a baixo com um olhar ameaçador ...
Todo encolhido, entrei e trataram de me dar uma roupa esquisita e, que remédio, lá fui eu enfiá-la antes que eles mo fizessem.
 
Tive sorte, pois acertaram com o número e de imediato fui-me juntar aos "virgens" nestas andanças. Enfiaram-me numa caserna enorme onde me esperava uma cama beliche ficando eu na parte inferior. Foi aí que conheci os nossos camaradas Ribeiro e o Leal.
O primeiro ficaria por cima de mim, salvo seja, e na mesma também o Leal.

Passados os primeiros momentos em que convivi em amena cavaqueira, chamaram-nos e deram-nos uma G3 sem balas, que seria a minha companheira durante uns tempos.
A partir daí começou a minha triste sina...calcorrear a mata de Mafra e a famosa aldeia dos macacos, onde fazíamos exercícios físicos e outros.
Foi um período de seis meses divididos em dois.
No primeiro, coincidente com o inverno, tive a felicidade de ter como instrutor um tenente miliciano que nos tratava como homens...chamava-se Silva... homem bom.
No segundo já me apareceu um alferes da Academia com ar prepotente e mal encarado que puxava e moía a tola a todos nós.
No meio dos trabalhos em que me meti, melhor, em que me meteram, houve um episódio que me marcou para sempre.
 
Era uma quinta-feira, vinha eu da instrução, já na especialidade, quando ao passar por uma lagoa, ouvi um alvoroço enorme.
Que teria acontecido? Olhámos uns para os outros, mas a explicação não surgia...
Eis senão quando ouvimos um choro convulsivo...interrogámo-nos...o que aconteceu?...
Até que alguém nos comunicou que quatro cadetes tinham caído à lagoa.
Pensámos logo no pior, o que infelizmente se veio a concretizar...morreram da maneira mais estúpida.
 
Em poucas palavras vou procurar descrever o que se passou.
De vez em quando tínhamos instrução nessas lagoas, cuja água era lodosa...
O exercício consistia em atravessar a dita com os pés a andarem em cima duma corda e as mão agarradas às outras duas...
Á medida que se avançava, as cordas baloiçavam e era sempre um "ai Jesus".
 
Nesse dia aconteceu o pior, pois caiu um e atrás dele foram mais três...UMA TRAGÉDIA.
 
Chegados ao quartel, um clima de revolta pairava no ar, aliado a uma grande e profunda tristeza .
Foi convocada uma "assembleia geral" na sala da "psico".
Aí ficaram estabelecidas certas reivindicações afim de garantir a segurança de todos nós e também que ninguém almoçaria, isto é, um levantamento de rancho em linguagem militar.
 
À hora do almoço, já com todo o pessoal reunido no refeitório e já em sentido, o oficial de serviço deu ordem para nos sentarmos, ordem essa à qual ninguém obedeceu...
Então, o oficial dirigiu-se a um de nós e mandou-o sentar e como resposta recebeu um choro intenso...
O clima de hostilidade era enorme.
 
Então, o Comandante para acalmar o ambiente, sendo uma quinta-feira, mandou-nos em fim de semana....
 
Rui Briote (2013)

terça-feira, 6 de agosto de 2013

ESTÁS MOBILIZADO - Beja RI 3, por Paulo Lopes

 
 
                                                                      Paulo Lopes

Mais um quartel a acrescentar a um currículo militar caracterizado pelo conformismo, adaptado às circunstancias de um destino paralelo ao indesejado.
Estava agora encartado para ficar do outro lado da parada. Numa fila um pouco mais à frente mas, pouco mais. Apenas as ordens eram dadas doutra forma e as exigências um pouco mais brandas. Desde que cumprisse!
Então, já com alguns meses de serviço militar cumpridos, passados entre o péssimo e o mau, com alguns rasgos de aceitável e poucos, muito poucos, momentos de lazer, recruta tirada nas Caldas da Rainha e “doutorado” em atirador com distinção de atirador especial da HK21 no quartel de Tavira, estava agora em Beja no R.I. 3, com uma situação muito diferente da que vivi anteriormente na recruta e na especialidade.
Passando o tempo de “encarceramento” obrigatório dentro do quartel, refugiando-me ora no desporto, ora na leitura, esperando pela minha hora de entrar em cena, tentando passar o que tinha aprendido, a um punhado de aprendizes a soldados que possivelmente, na maioria deles, estavam como eu, resignados com a sina de serem militares a força.
Tinha como missão, auxiliar na formação de mais um batalhão de recrutas.
Missão essa que se resumia, dado o elevado numero de formadores, a dar uma aula de ginástica das oito horas ate as nove horas da manhã e mais tarde, uma aula sem tempo, nem horário determinado, a qual tinha o pomposo nome bélico de “Instrução de Combate Noturno”, intervalados nalguns dias, com uma pequena maratona, de G3 e mochilas às costas pelas longas planícies alentejanas dos arredores de Beja.
Encontrava-me, portanto, virado para a multidão de mancebos que, prostrados em sentido, formados na parada, olhando e obedecendo sem a mínima vontade de satisfazer essas ordens mas que, pela força das circunstâncias a isso eram obrigados.
Mancebos que, tal como eu me tinha sentido, olhavam para mim duma forma não respeitadora mas de sentimentos receosos. Estava nas minhas mãos provar que ordenar, criar disciplina, não é necessariamente impor ordens apenas com o intuito de mostrar um pseudo poder, transportando para nós, instrutores, um protagonismo estúpido e rancoroso.
Uma vez por outra estava de serviço como “Sargento de Dia” não podendo, por isso, ausentar-me da porta de armas ou, outras vezes, fazendo de Policia Militar, passeando pelas ruas de Beja, mostrando cara de poucos amigos, mascarando-me, principalmente quando avistava um oficial de raiz, tal e qual um polícia, o que me dava uma certa vontade de rir e um gozo sarcástico.
Estar de serviço como Policia Militar até não era mau, porque sempre se ia dando uma visitinha ao cinema ou ver um jogo de futebol e... tudo à borla!
Na verdade, sempre tinham razão, e não nos estavam a incutir mais uma patranha, aqueles que nos informaram que os primeiros classificados do curso de sargentos milicianos não seriam de imediato escolhidos para irem formar Batalhão com o intuito de seguirem para o Ultramar.
Só iam chamando estes consoante as necessidades prementes.
Ou então tive sorte por não haver cunhas para os que tinham ficado numa classificação inferior a minha e que foram formar esses tais Batalhões com destino a África.
Apesar de não estar tão oprimido como nos últimos tempos, não deixava de me sentir privado da minha liberdade de civil.
Falsa liberdade mas, civil.
E como diria um bom português: do mal, o menos e se parti uma perna, tive sorte, pois poderia ter partido as duas..
Passaram-se, com a lentidão de quem tem pressa que o tempo se escoe rapidamente, os três meses normais da formação de recrutas.
Todos eles partiram para outros quartéis a fim de tirarem as diversas especialidades mas, fossem quais fossem essas especialidades, poucos seriam os que não rumassem as Províncias Ultramarinas.
Eu também parti até Lisboa, mas apenas por poucos dias, regressando rapidamente a Beja onde me esperava mais um ciclo de três meses.
Mais uma formação a outros tantos recrutas que, apalermados e assustados, chegavam de todas as coordenadas do País, vindos de lugarejos, aldeolas, aldeias, vilas, cidades pequenas ou grandes.
Uns mais espevitados. Outros mais cautelosos. Outros ainda, completamente fora do contexto, sendo estes, sempre os mais apedrejados pela malvadez de apanágio juvenil dos seus camaradas de caserna.
Nunca tive quaisquer problemas de registo que obrigasse a uma intervenção dalguma patente mais acima.
Tudo rapaziada bem comportada com os seus quês e senãos, mas não conflituosos nem complicativos.
Apenas uma vez fui obrigado a impor um pouco a minha ideia ao pensamento de outro. Mostrar as minhas parcas divisas indo contra os meus valores e princípios e fazendo-o apenas a pensar no grupo que tinha em mãos para instruir.
Aconteceu com um mariola, numa saída para um crosse, sem a componente de obter um vencedor: o rapaz achava que era mais forte que todos os outros e então desatou a correr pelos caminhos arenosos envolventes ao quartel que utilizávamos para esse exercício físico no exterior da prisão.
Saindo da formação, tentando mostrar a sua superioridade perante a fragilidade de alguns.
Determinei, mal ou bem, que não deveria permitir essa sua demonstração atlética, que sem duvida tinha, mas que não estava nem na hora nem no local exato para fazer prevalecer essa sua melhor preparação física.
Não querendo retirar-lhe as suas razões protagonistas através de castigos humilhantes, enveredei por outros caminhos para amansar o seu ímpeto carregando-o com umas pedras dentro da mochila que transportava às costas.
O moço foi suficientemente inteligente e percebeu a mensagem... ou sentiu o peso dela!
Para lá desta minha ocupação profissional obrigatória, estava inserido na equipa de Futebol de 5 de sargentos do RI3, a qual disputava o campeonato militar da referida modalidade o que dava para me desviar de certos e alguns serviços.
Só não resultou na “Semana de Campo”: no dia de saída para essa maldita semana (para os recrutas), tinha jogo contra a equipa do quartel de Évora e por isso estava autorizado a deslocar-me aquela cidade apresentando-me no entanto, no dia seguinte, no local onde decorria a “Semana de Campo”. Fomos jogar e ganhámos.
Lampeiro, “Chico esperto”, achei que tinha direito a prémio e não segui nesse dia para o local onde me deveria apresentar. Esqueci-me duma regra básica instalada no exército: Nunca te armes em esperto!
A minha escala de fatores positivos que tinha a tropa era péssima.
Pouco sumo ou mesmo nenhum havia a extrair as condutas militares mas, esta regra que me deu a entender existir, marcava pontos: na tropa raramente a esperteza se conseguia sobrepor à inteligência...
O capitão não achou graça a minha esperteza...
O episódio ficou-se por um corte de cabelo mais aprumado.
Não fosse o capitão, um fervoroso adepto do futebol e apoiante da nossa equipa e mais longe teria ido o dedo apontador do meu comandante.
Talvez tivesse ficado algum tempo de serviço permanente a qualquer coisa, ou ainda pior.
Mas: "Quando terminar a “Semana de Campo” quero ver-te de cabelo como deve ser. Desta vez safas-te assim", palavras do comandante de Companhia.
O como deve ser, era máquina zero ou parecido.
E assim ia levando a água ao meu moinho. Uns dias melhores, outros nem por isso, mas sempre com o tempo seguindo em frente, passando o dia-a-dia na minha obrigação de bem servir a Pátria pensando sempre que um dia voltaria a ser civil.
Cada dia que passava, tentava não auto criar uma demasiada esperança de que o tempo corria a meu favor e que, por isso, cada vez mais, ia ficando de fora a hipótese de ir para o Ultramar.
Andava, auxiliado por idênticas situações passadas com alguns camaradas que iam já na terceira instrução a recrutas, um pouco anestesiado esquecendo que era militar e que nada certificava a minha não mobilização.
Formar Batalhão já não ia. Era uma quase certeza absoluta. Essa tinha sido a hipótese primeira que ficara afastada ao vir para Beja dar instrução.
Mas eu era atirador. Formaram-me para a guerra. Não tinha cunhas. Apenas tinha ficado bem classificado no meu curso em Tavira. Estas razões que ultrapassam o suficiente colocavam, em noites de insónia, sempre no meu pensamento o espectro da partida, mas que logo no dia seguinte, me ia esquecendo e deixando-me levar pelo sonho de que mais um dia estava a contar para o fim do interminável tempo que me obrigavam a suportar.
Continuei a minha caminhada militar entre o dever e o lazer. Procurando sempre cumprir com a minha parte, evitando confrontos ideológicos, não dando no entanto demasiadamente o meu braço a torcer.
Fingindo muitas vezes. Dizendo sim quando apetecia dizer não. Calar-me quando a vontade era de gritar.
E tudo isto porque, se um simples ser humano mas de ombros enfeitados de divisas, sentisse apenas uma ligeira tentativa de desobediência ou contrariedade às suas ordens, mesmo erradas que estivessem, ou pressentisse um esboço de protesto, rapidamente me colocaria no rol dos possíveis candidatos a uma viagem até ao outro lado do mar!...

De nada me valeu essa minha conduta de bom rapazinho!...

ESTÁS MOBILIZADO ...

Foi num dos momentos de lazer, quando esperávamos quórum suficiente para mais uma tarde de jogo de futebol de 5, que o Comandante da Companhia, também ele apreciador de um bom jogo de futebol ou de qualquer outra atividade desportiva, que metesse bola, chegou para aumentar o número que fosse o ideal para iniciar a partida e me informou, com simples palavras calmas e duma frieza extrema sem transparecer quaisquer hesitação no discurso de parcas palavras e sem nenhuns rodeios, colocando o braço sobre o meu ombro, num semi-abraço:

— Estás mobilizado.

In "Memórias dos Anos Perdidos ou a Verdade dos Heróis"
Paulo Lopes

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

DESENRASCANÇO DE MAGALA - FEIRA da LADRA -Coronha de G3, por Américo Condeço


FEIRA da LADRA -Coronha de G3

Como no grupo "BATALHÃO DE CAVALARIA 3878" foi dado destaque a este EX LIBRIS de Lisboa (Feira da Ladra) vou contar o meu contacto com a mesma.
No IAO (Instrução Aperfeiçoamento Operações) ao saltar de uma "Berliet", em movimento, para o chão, apoiei mal a coronha da minha G3 e "pimba" lá foi ela para o "maneta" (a coronha).

No fim de semana seguinte, lá fui eu entrar com uns tostões para uma nova como mandava a lei do desenrascanço.
Quando cheguei a Santa Margarida no Domingo á noite fui montar a dita cuja e qual foi o meu espanto quando verifiquei que a mesma não dava, havia ali qualquer coisa que não estava bem.
Resultado, toda a semana a esconder a coronha partida colada com fita cola para que no fim de semana seguinte a pudesse trocar.
Quando cheguei novamente á Feira da Ladra o vendedor não estava lá.
Lembrei-me e fui a outro vendedor de material daquele e disse lhe: Senhor, olhe lá, você vendeu-me isto (coronha da G3) mas ela não serve na minha arma.
O homem com ar desconfiado lá ma trocou e eu fiquei assim com a coronha em perfeitas condições.
 
Desenrascanço de Magala
 
Autor: Américo Condeço

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Encontro de Rio Maior 2011, por José Capitão Pardal

Caros Camaradas

Para recordar, junto novas fotos, neste caso, relativas ao almoço convívio de Rio Maior



























































Bom Encontro e Melhor Almoço, no próximo dia 26.

Divirtam-se


José Capitão Pardal