sexta-feira, 1 de junho de 2018

Vou partilhar alguns comentários, publicados algures em parte incerta..., por Duarte Pereira



Gosto de ler...mas pouco.
Mas se são amigos costumo ler tudo até ao fim.
Não ando só por este grupo, há sempre mensagens privadas e outros meios.
Sem autorização, vou partilhar alguns comentários, publicados algures em parte incerta.
Não irei revelar quem usou a " pena ".


Os comentadores estiverem em Macomia 1972/74...
e em Sandim há poucos dias. .
???????? Respondendo às "nossas" Velhas, direi que ouvi atentamente peripécias e episódios que, embora andando por lá, não me apercebi.
Alguns dos amigos que compunham aquela mesa, foram gente que navegava noutros horizontes muito diferentes dos meus e em áreas que não dominava.
Por isso, gostei muito de os ouvir e cada vez estou mais convicto que, de facto, aquela situação era muito complexa e um manancial de emoções.
Paralelamente àquela guerra, muitas vezes dura e trágica, havia também outra dentro e fora do arame farpado.
Com muitos amores e paixões nos aldeamentos, solidariedade, segredos, ordens e planos de guerra quase diabólicos.
Pelo meio, a influência do poder civil implantado e polícia política - interpostos no seio dos militares e seus controladores- transformavam todo aquele cenário numa enorme complexidade, de conteúdos pouco perceptíveis ao comum dos mortais e que, ao fim e ao cabo, acabaram por ser as maiores vítimas de todo aquele sistema.
Abraço.
???????? Bom dia, amigo ?????, respondeste às Velhas mas eu apreciei, (como é habitual) a tua opinião, é sempre enriquecedora e dá-nos um certo conforto sentir que apesar da distância temporal ainda há muitos que conservam os episódios bem latentes e mais que isso conseguem "pensar". Também serve certamente para prevenir a alzhaimer...
Eu, no que me diz respeito andei uns bons anos que nem comentava nem queria ouvir comentar nada acerca daquela nossa experiência, mas a partir do primeiro encontro em que participei, (Marvão) senti que precisava de "soltar" determinados "pesos" que me atrofiavam em relação aquele período da minha vida.
E sinto-me bem assim.
Mas também sei ver que nem todos têm a mesma vivência da situação, mas aí é um assunto para psicólogos, sociólogos e até psiquiatras e como eu não sou nada disso, termino.
Um bom Domingo, um grande abraço e quando tiveres um tempinho "abota" mais umas coisas.
?????? Obrigado amigo ????.
Aprecio também muito as tuas sempre sinceras e sábias palavras.
Concordo plenamente que é mais do que hora de fazer passar alguma mensagem daquela época e daquilo que por lá aconteceu.
Suponho, que o nosso silêncio ao longo de tantos anos, evitando falar -até por motivos traumáticos- daquela guerra, terá levado a que, lentamente, se fossem esquecendo de nós.
Felizmente, já muita literatura vai aparecendo com a publicação de muitos livros, artigos, documentários, redes sociais, etc.
Contudo, parece-me que essa informação não passará muito ou não interessará já demasiado à sociedade civil e muito menos aos políticos.
Já somos demasiado idosos e de débil saúde e sem poder de exigir.
Não devemos esquecer que fomos a última geração de combatentes do Império.
Muitos já nos levam 10 anos.Essa informação circulará mais entre nós e não irá muito para além disso.
Tudo isto para dizer, que nada temos a perder.
E, pelo menos, vamos desabafando uns com os outros.
Grande abraço.

Duarte Pereira São "escritos" de dois ex-combatentes, em que a sua especialidade não era destruir.... não eram atiradores , mas " conservadores " , cada um à sua maneira ... e parece que eram bons .

Livre Pensador Duarte, os atiradores podiam eventualmente destruir, mas por outro lado, eram "construtores" da segurança de todos aqueles que apenas ouviam falar de guerra.

Duarte Pereira Livre Pensador - Ribeiro . Ainda não tinha analisado por esse prisma . Nós tentávamos afastar as " moscas " , para não caírem na " sopa " de Macomia.


Leonel Pereira Silva Bom dia amigo Duarte Pereira, então se queres bonecos, cá vai... com votos de boa quinta-feira...

Leonel Pereira Silva Mais...bonecos...

Leonel Pereira Silva E mais números...

os parabéns vai a "adoro".

Duarte Pereira Armando Guterres - Tenho utilizado o " boneco surpresa "para dizer que li. Continua a ser para mim " uma surpresa" quando alguém, publica, comenta ou clica em alguma coisa.

Duarte Pereira Manuel Martins Fonseca - Já leste o texto com comentários de dois ilustres ex-combatentes ?

Manuel Martins Fonseca Sim já li, muito interessante e muita realidade com tudo o que se passou na nossa guerra. Abraço

Duarte Pereira Manuel Martins Fonseca - São estes pequenos " grandes" relatos que eu gostaria de ler de vez em quando. Como diria ( em especial) o Fernando Silva e Horácio Cunha, aqueles dois anos em Moçambique, teriam mais histórias para contar e episódios para recordar. Enfim.... se tiver oportunidade de " captar" alguns, com a vossa autorização, transcreverei para a página deste Batalhão.

Luís Leote Não foi o meu caso, mas quem foi para África de avião, não se adaptou progressivamente. Devia ter sido um choque num curto espaço de tempo.
Quando cheguei, estava balofo, em baixo de forma física. Na primeira coluna de Mataca a Macomia a subir a Serra, com a cintura carregada com todos os artefatos, se tapasse a boca morria.

Duarte Pereira Nem um mini comentário do Paulo Lopes. Muito estranho mesmo.
Paulo Lopes Minis, só sagres!
Se não "abotasses" o meu nome, decerto que não leria o comentário anterior!
Passava sem o ver.
Eu fui um dos que viajou de avião e sozinho, sem camaradas que tivessem o mesmo destino que eu!
Aliás, um avião cheio de militares "gordos", acompanhados dos seus familiares, com destino a Luanda e Beira que deveriam regressar das suas "constantes" férias.
Depois, em Porto Amélia, tive a sorte de conhecer um dos pilotos que fazia os trajetos Porto Amélia/Quiterajo/Macomia/Chai/Mataca e que me transportou no seu Azteca até Mataca!
O que significa que também não fiz nem a picada Porto Amélia/Macomia nem a famigerada Macomia/Mataca.

Mas não ia balofo (também nunca fui, o meu peso normal e quase constante no andebol andava sempre pelos 64 kilos) porque a minha preparação física nunca parou nem mesmo nas duas recrutas que dei em Beja já que, a minha "missão" era dar ginástica, fazer os crosses e, principalmente, treinar futebol de 5 na equipa de sargentos que disputava o campeonato militar.
Depois, em Porto Amélia, ainda andei pelos treinos da equipa lá da terra (na tentativa de ficar por lá) e também por treinos de basket já que o treinador da equipa de Porto Amélia era meu familiar. Portanto a minha preparação não era problema!
Problema seria a preparação psicológica!!
A minha primeira saída foi para uma operação de 4 dias e aconteceu muito poucos dias de entrar na Mataca.
Tudo normal e nada de especial apesar do nervosismo de "checa"!
Escrevi no meu livro: ...
"Estavam decorridos poucos dias após a minha chegada a tão desesperante local quando fui chamado à primeira ação como guerrilheiro: chegara a minha primeira saída para o verdadeiro mato.
Apesar de estarmos estacionados bem dentro dele, tínhamos a sensação duma falsa proteção dada pelo arame farpado, valas e arsenal bélico, que sustentava uma segurança meramente psicológica. Levava comigo um punhado de conselhos dados por aqueles que já tinham feito umas quantas operações e que, pelo menos, conheciam muito melhor que eu todas as movimentações necessárias e cautelas que a ocasião exigia.
Não me sentia, de forma alguma e como seria natural, muito à vontade com esta nova, mais uma, experiência militar.
Na minha mente transbordava o pensamento:
— Faz o que os outros fizerem; observa as atitudes dos que te acompanham e tudo será mais simplificado'
Até a chegada da minha primeira picada, toma lá mais um pouco do livro:
"Ficámos alguns dias sossegados da azáfama constante do vai e vem das operações, o que nos admirou bastante mas não nos preocupou absolutamente nada.
Podíamos passar os dias a ler, a jogar xadrez, damas ou cartas, consoante os gostos de cada um e, pela tardinha, fazíamos —os mais desportistas— uma peladinha naquele estádio fabuloso onde, enquanto uns corriam atrás da bola fugindo ao tédio, outros viam, aplaudiam e apoiavam os do lado de que mais gostassem naquele momento, como se estivessem no estádio do seu clube eleito.
Quanto ao que me tocava, não dispensava esse momento de desporto e lá estava eu, sempre no meu posto de guarda-redes, defendendo o meu emblema que era, sem dúvida, o esgotar dos minutos, o passar do tempo numa atividade com acesso à descompressão do pensamento negativo.
Enquanto tentava que nenhuma bola passasse para além das canas de bambu, esquecia-me que, para lá do arame farpado, existia outro jogo, onde nenhum de nós, jogadores, ganharia.
A vitória ia apenas e sempre, para os abutres que dominam o mundo e as pessoas!...
Nessa primeira picada, como é lógico, tinha na minha mente que e pelo que me contaram já na Mataca, que foi numa dessas picadas que bateu à porta o infortúnio do furriel que eu fui substituir! Nada de agradável para o começo!!
Mas e em relação à adaptação, como sempre me aconteceu em quase tudo, foi-me fácil e sem problemas de substancial gravidade!
Fisicamente, nula!
Psicologicamente, mais fácil do que esperava!
Satisfeito Sr, Duarte Pereira! Como te estou farto de alertar, não me puxes pela caneta que ela tem corda para dias seguidos!!

Julio Santos Se o Leote se refere à coluna em que fomos levar a Macomia a comp. que fomos render na Matáca, para cima foi difícil tudo bem, mas para baixo tivemos o nosso baptismo de guerra e com grande fogo de artifício por cima e por baixo, era o nosso falecido Fortes o comand. da coluna a qual pernoitou na picada depois dos fiat's terem lá ido bombardear a mata e se irem embora devido à hora tardia para eles andarem por lá, sei que foi anoite toda a dar soro a um condutor já sem uma perna, testículos e mais qualquer coisa , acabou ali a guerra para esse condutor na manhã seguinte, não me recordo o seu nome, talvez devido ao pouco tempo que nos conhecemos e não me recordo se também acabou para mais algum camarada. sei que o nosso Cap. Marvão foi levado, segundo me informaram dentro de uma camisa de força para dentro de um helicóptero.
Luís Leote Não Julio Santos. Essa coluna que referes, foi a minha última.
Vim desde a Mataca até às machambas de Macomia a fazer fogo atrás dos picas.
A que me refiro foi a primeira, em janeiro de 71.
O meu camuflado ainda cheirava a naftalina.
Luís Leote Sei que vos avisámos para terem muito cuidado no regresso à Mataca, porque os frelos experimentavam sempre os checas logo na primeira coluna. Vim a saber a vossa má sorte, já em Quelimane.
Julio Santos Áh, ok. pois essa para nós foi a primeira coluna.. Um abraço.
Luís Leote Um abraço.
Julio Santos Igualmente

quarta-feira, 4 de abril de 2018

2014/08/29 - Despedida de meu pai, por Duarte Pereira


2014/08/29

O TEXTO QUE IRÃO VER MAIS ABAIXO, FOI ESCRITO PELO MEU FILHO A 27 DE AGOSTO.

O MEU PAI ESPEROU PELAS 12.05 H DO DIA 28, NA ALTURA DA MINHA VISITA E IA ACOMPANHADO PELA MINHA FILHA PARA SE DESPEDIR DE MIM.


DOIS DIAS ANTES ESTEVE NUMA AMENA CAVAQUEIRA NA HORA DE VISITA COM A MINHA MULHER E FILHA. ...


NESSA NOITE TEVE UM A.V.C. FORTE E PASSOU A ESTADO DE COMA.

NO MOMENTO QUE ESTOU A ESCREVER ACABARAM TODAS AS CERIMÓNIAS FÚNEBRES. 
AS MÉDICAS DISSERAM QUE ELE NUNCA MAIS TERIA UMA VIDA MINIMAMENTE NORMAL. 
SOU CATÓLICO E AGRADECI A DEUS POR O TER POUPADO A MAIS SOFRIMENTO. 
PENSEI TAMBÉM DE FORMA EGOÍSTA NA FAMÍLIA. 
A VIDA CONTINUA. 

O MEU PAI, PARA MIM CONTINUARÁ SEMPRE VIVO PELOS ENSINAMENTOS QUE ME DEU. 
A SUA CALMA, TUDO SE RESOLVE. 

SE EU SOU COMO SOU AGRADEÇO À MINHA MÃE QUE É MUITO NERVOSA E NÃO SE CALA A NADA.

PUBLICO ESTE PEQUENO TEXTO PORQUE ACHO QUE O DEVERIA FAZER.
JUNTOU-SE O FALECIMENTO DA MÃE DA CIDÁLIA PIRES E ACHO QUE FOI NO MESMO DIA. 
ESTAMOS AMBOS SENTIDOS. 
QUE OS QUE NOS DEIXARAM, FIQUEM BEM ONDE QUER QUE ESTEJAM.



Rui Pedro Pereira
O avô Armando está a lutar pela vida no hospital. 
A luta é dura. 
Como foi a vida dele. 
E dos meus avós. 
E dos nossos avós. 
O avô Armando e o "outro" avô, no sentido em que fui criado com o avô Heitor, capitão orgulhoso do Exército português, combatente nas antigas províncias ultramarinas. 
O avô Heitor ou melhor, capitão Heitor ensinou-me a ler, alguns princípios das Forcas Armadas, levou-me a conhecer quartéis, messes de oficiais, enfim a minha tropa até aos 14 anos foi com ele. 

O avô Armando e o "outro" avô no sentido em que, com ele, aprendi a ser mais terra a terra eu que, influenciado pelo avô Heitor, já sonhava com o brilho reluzente das medalhas por bravura (deixou-me duas e uma espada de Toledo). 
Com o avô Armando fui à pesca, na Baía de Cascais, ainda os meets eram de pescadores e a calçada estava cheia de redes e não de putos que merecem levar um par de estalos.
Com o avô Armando conheci a Cascais dos pescadores, da gente humilde, a Cascais longe dos tios e das tias, a Cascais do Pai do Vento, do jardim da Gandarinha, da barbearia em frente a Igreja, a Cascais onde me casei. 

O avô Armando, que trabalhava o vidro, também tomou conta do antigo cinema de Cascais. 
Abria e fechava as portas. 
Abria e fechava o bar. 
Deixava-me entrar pelo lado dos cisnes. 
De brincar junto ao Óscar gigante. 
No espaço que hoje e ocupado por uma Igreja de Culto, vi Os Salteadores da Arca Perdida, O Livro da Selva e Dick Tracy. 

E estranho escrever isto no Facebook, mas escrever faz-me bem. 
Faz me estar mais perto dele. 
Tenho saudades do meu avô Heitor e já tenho saudades do meu avô Armando. 
Porque, com eles, pude ver a Baía de Cascais de duas maneiras possíveis: da varanda da sumptuosa messe da Marinha e em cima do casco de um barco ao largo da Praia dos Pescadores.


Cidália Pires
Perdi uma das pessoas que muita falta me fica a fazer, a minha mãe.
Acabou o sofrimento esta noite ...

segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Querem peixe? Vão ao mercado..., por Paulo Lopes


Boa tarde!

Claro que nada do que vou contar terá interesse comum a não ser para os pescadores como o amigo João Novo (ou pecadores) mas, quer queiram quer não, vou contar o meu dia de ontem:
Agarrei nas minhas canas de pesca; mochila devidamente preparada com todos os apetrechos necessários e convenientes para o que tinha idealizado (incluindo o farnel) e tudo para dentro da minha velha carripana que serve exactamente para estas funções (e outras)! 
Desloquei-me ao local indicado para "apanhar" o comparsa que arquitectou esta saída (não fosse ele arquitecto) e prego a fundo que se faz tarde!

Estrada para Alfarim, desvio para os Fornos, direitos à Praia das Bicas!
- Não, o mar está muito luso, não dá! 
Dizia-me o arquitecto que também sabe pescar sem réguas nem espaldar!

Estrada com o "bicho"! 
Caminhamos para norte, direitos ao Cabo Espichel por caminhos sinuosos que o velho Tempra não se fez rogado (mas eu desconfiado que não tarda ficamos aqui num buraco).
Chegados ao local previsto, vai de mirar o mar lá em baixo no seu ondear constante fabricando uma branca espuma num vai e vem que só o mar sabe fazer!

Vamos experimentar - disse o meu comparsa (porque ele é que entende destas coisas de mar e mar há ir e voltar, com ou sem peixe)!
E descemos, ziguezagueando os trilhos já batidos (tal serra de Mapé), em direcção aos peixes!

O tempo que demorámos não contabilizei! 
Sei que nem pousámos as canas nem tirámos as mochilas que já começavam a fustigar as costas: 
É pá!!! 
Isto está muito bravo!!! 
Não dá para pescar! 

Eu sempre disse que o homem percebe da poda e realmente, pescar ali, era passaporte para ficarmos sem material, bem molhados e quiçá, coisa pior!

Volta a subir em direcção a Norte do cabo e direitos a outro pesqueiro!
Mais um sobe e desce, desce e sobe! 
Caminha, caminha pescador que o peixe está mesmo ali ao virar da rocha! (Caminha era onde eu estava bem há umas horas a trás).

E lá chegámos a outro pesqueiro: um abismo a não sei quantos metros do mar (e o peixe lá em baixo à espera dos nossos anzóis carregadinhos de camarão que ainda não tinham saído da mochila)!
Finalmente as costas aliviaram do peso e, antes de mais nada, ataque ao farnel que já eram horas!

A maré é só à 15:30! 
Se começarmos a pescar duas horas antes já é bom! 
Claro que isto dizia-me o comparsa porque, para mim, a altura de pescar é quando chego ao local!
Farnel meio desgastado e sorvido; canas a postos com boias pesadas para se conseguir atingir o mar, lá em baixo, muito em baixo!

Primeiros lançamentos, menos mal: atingiu o objectivo: água!
- Estão a picar! Falou o arquitecto! ( a mim não, pensei eu). 
Mas se picavam, não ficavam!
Segundo lançamento de minha parte: boia nas rochas! 
Boia perdida agarradinha ao anzol cheio de camarão!

O vento levantou-se do seu adormecer e soprava!
Soprava cada vez mais forte e nós em cima do precipício a olhar o mar cheio de peixe que não apanhávamos!
Canas arrumadas! 
Mais umas trincadelas em qualquer coisa comestível! 
Uma boa dose de água porque o caminho era longo e sinuoso num sobe e desce, desce e sobe pelos trilhos já recalcados (já disse que são idênticos aos da serra de Mapé, não disse??).

Ao fim de "muito" tempo de longo caminho (tão longo como este texto), lá estava, sossegadinho, o "burro" para transportar dois burros que tiveram a esperteza de não apanhar peixe só para não terem ainda mais peso nas costas já cansadas.
Querem peixe??? 
Vão ao mercado!

domingo, 28 de janeiro de 2018

O ex-furriel..., por Duarte Pereira


O ex-furriel.
Fui para onde fui com a preparação "condensada".
Lá cheguei, analisei e pensei que seria uma "guerra" defensiva.


Só me deram um ano como "defensivo".
Em 1973 graduaram-me em "ofensivo".
O "macaco" já tinha um ano de experiência.



Em 1973 deixei de frequentar a "messe respetiva". (Macomia). 
Deixei de conviver no quartel (Macomia).
Quem da minha patente, ex-furriéis, se poderia lembrar de mim?
A "malta" da C.C.S. se eu estava ausente?




Tinha um quarto fora do quartel que chegou a ser só meu depois da fatalidade do Alferes Fortes.
Se soubesse o que sei hoje, estaria mais presente no quartel e acompanhar mais com a "malta" que lá dormia. 

Pelas fotos que tenho visto, houve farras, confraternizações e não há nenhuma foto minha.



Neste momento o Paulo Lopes estará mais orgulhoso por me conhecer.
Não convivia com o Encarnação, que hoje entrou no grupo. 
Pelo pouco contacto sabia que não era burro, pelo menos muito burro.

As viaturas não tinham problemas. 
Um condutor do "Pincha" ensinou-me a andar com aquilo. 
Depois passei para o unimog e ia-me espetando. 
Cheguei a andar uns 50 m de Berliet. 

Em Macomia guiei o Jeep do Capitão que era mais do Encarnação, porque andava sempre em "afinação".
Aquele Jeep se falasse e ainda se lembrasse, gostaria de ouvir algumas histórias.

Resumindo. 
Passei despercebido naquela "guerra". 
Haverá poucos graduados nesta página. 
Para mim, os poucos soldados que procurei comandar ou que me ajudaram a comandar é que contam. Infelizmente há poucos ou nenhuns.

Retirado das memórias não escritas do nosso "menino" Sr. Duarte Pereira. 
Desconhecido em Macomia.

domingo, 14 de janeiro de 2018

Hoje é o dia do Sr. Marcelino, por Duarte Pereira



Hoje é o dia do Sr. Marcelino.
Vamos escrever qualquer coisa.
Só o seu nome é um hino...
Nosso amado Marcelino.
Devia tocar violino.
É um cordas interino.

Quando escreve, atenção.
Quase sempre com razão.
Ai de nós que diga não.
Uma faísca, explosão.
Tudo em "ino" tudo em "ão"
A vida é uma brincadeira
Os que por aqui estão
Têm o cu na cadeira.
Que recorde este dia
por uns dias.
Um aperto de mão das comadres.

Este poema do nosso amigo Duarte Pereira estava guardado há uns anos e vê agora a luz do dia...

terça-feira, 28 de novembro de 2017

O nascer do dia no Alto da Pedreira..., por Duarte Pereira

Duarte Pereira 
O NASCER DO DIA.
Mais um dia iria nascer.

Muitos soldados ficaram de vigia ao relento, tentando não adormecer.
Frio, chuva, humidade, nevoeiro e uma ansiedade constante....

O que nos calhará hoje na "rifa". ?

A nossa agenda chegaria no posto de rádio.

Coluna que viria?, até onde iria.?
Quem ficaria ou quem seguia. ?
Altura de alguns regressarem a Macomia.

Organizar a protecção às obras da construção da estrada.

Entretanto a base já fervilhava com as "canecas de metal", para se tratar do "mata bicho". 

Quando chovia, corridas curtas de um lado para o outro, para procurar abrigo.

Chegava a coluna, que era saudada pelos que estavam a proteger os trabalhos na estrada.

Nova saudação quando entravam na base.
Confesso que eram dos momentos mais alegres e que esquecíamos por momentos aquela "prisão" onde vivíamos.

Se a coluna continuaria para o Mucojo, muitos "voluntários", se ofereceriam para a reforçar. 
Não me lembro de ter comido uma refeição quente no Mucojo.
Só me preocupava com a pesca e andar dentro de água.

Parece que haveria um bar com cervejas frescas.

Altura de formar a coluna para o regresso, paragem no Alto da Pedreira e os "sortudos" seguiriam para Macomia.

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Clima de Moçambique

Clima tropical. 
A estação seca prolonga-se desde abril até outubro, com temperaturas mais baixas (de 15°C a 20°C).

O clima se torna cálido e húmido durante a estação chuvosa de novembro a março. 
As temperaturas, então, oscilam entre 26°C e 31°C, aumentando para o norte de Moçambique. 
As chuvas também são frequentes no norte e no centro (planalto, interior do país) mais que no sul de Moçambique.

Geralmente, os dias costumam ser ensolarados.



Pegas - Este texto traz algumas recordações ?

Leonel Pereira Silva Bom dia Duarte Pereira que abriste a porta mais uma vez e me transportaste mais uma vez para aqueles locais no norte de Moçambique, o alto da pedreira não fez parte das minhas colunas. 
Um abraço e bom dia.

Duarte Pereira Leonel Pereira Silva - Se te tivesses "portado mal", podia ser que o Major te mandasse para lá de "castigo", como aconteceu ao Américo Condeço, que não era da minha companhia.

Leonel Pereira Silva Portei-me sempre bem, mas a caderneta tem lá umas "escritas" a vermelho porque os "chicos ladrões" andavam a abusar no que dizia respeito ao "rancho" e eu fui dos que ateei a fogueira para fazer-mos levantamento de rancho. Mas para compensar depois deram - me um louvor.

F.D.P.

Pegas Albino Sêm dúvidas Duarte isso existe por todo o lado ,,

Duarte Pereira Pegas Albino - Há mais "malta" da 3509 no Grupo, mas não sei se irão ler.

José Guedes Boa tarde Duarte e todos os outros que vão aparecendo ou espreitando pela página,. mais uma vês gostei do teu entretimento na escrita, ainda tens boas lembranças e boas iniciativas,. eu sem castigo tive que ir muitas vezes ao Mucojo e tenho memória daquela picada mas não me recordo nada do alto da pedreira,.. essa parte ficou esquecida na minha memoria,...


Armando Guterres apanhei chuva do Mucojo até ao Alto da Pedreira ... ia enxuto na berliet, suponho que de pé agarrado à grade da frente. 
Quando virámos à direita, a nuvem apanhou-nos e tão molhado como os outros ...

Não entrei nessa de escalas, e ainda menos, de protecções que não houve. Só na preparação da op machamba, no gabinete do sargento, entrei na feitura da lista que "ME ACOMPANHARIA" ao Quiterajo.

Manuel Martins Fonseca Boa tarde Duarte Pereira e a todos que por esta página vão aparecendo, como sempre um texto bem escrito, e a recordar algumas peripécias, passadas numa guerra que nada tinha a ver connosco, para mim foram roubados alguns anos da minha mocidade, acho que também para todos os jovens que estiveram nessa guerra de interesses governamentais e acção psicológica e não só, também para encher os bolsos aos chamados Chicos, pena foi os que por lá ficaram, mas felizmente estamos cá nós, e vamos vivendo o dia a dia com comentários e algum humor, porque este brinquedo (facebook) assim nos permite, por vezes até dá a impressão que alguns camaradas se conhecem uns aos outros o que é algo de muito bom, eu pelo menos com a excecção da CCS poucos conheço das companhias operacionais, mas temos tempo pessoalmente, para pormos algumas conversas em dia nos próximos convívios, isto se aparecerem os mais ausentes, caso do Duarte PereiraGilberto Pereira e mais alguns. 
Por hoje finalizo este meu texto, não sei se bem ou mal mas é isto que tenho na ideia, tenho apenas o 2º grau ou 4ª classe como preferirem. 
Meus amigos desfrutem desta terça-feira o melhor que puderem. Um grande abraço de amizade para todos

Gilberto Pereira Queres é apanhar-me por aí para ajustares contas Manuel Martins Fonseca 

Américo Condeço BEM ESGALHADO este texto .


Duarte Pereira Uma acção pode desencadear uma reacção. 
Neste caso foi bom que, depois da minha publicação , alguns se preocupassem em escrever mais de uma palavra. Manuel Martins Fonseca, uma quarta classe (antiga) "bem tirada", corresponde agora a um 12º ano. 
Quem tiver dúvidas , leia o teu texto. 
Abraço. 
Nota - Eu, o Gilberto Pereira , o Fernando Silva e Horácio Cunha, sentados na mesma mesa nos anos ? : 
Organização do João Novo e do Fernando Bento

Não foi assim há tanto tempo.


Duarte Pereira Seria a tenda de transmissões?
Latas de cerveja vazias junto à minha bota esquerda -  . 

Atrás a tenda dos géneros, um alguidar a sair para a rua?. 
Uma cobra a querer entrar na tenda ? 

quarta-feira, 15 de novembro de 2017

A nossa visita de hoje ao Alqueva, por Duarte Pereira




Vamos dedicar este texto ao Sr Marcelino, que amanhã há muitos anos, começou a estar cá.
GRANDE AVENTURA
...
Quando chegamos ao Alqueva estava todo molhado.


As paredes da frente estavam húmidas de suster a água que levava atrás.
Todo o ano a bater na parte de baixo das costas deve dar um certo desconforto.
Quando pode largar o repuxo à frente será uma sensação indescritível quase sexual.


Queríamos dar € 5,00 ao Sr que tomava conta daquilo para abrir as torneiras.
Ele disse que não, por causa das turbinas, no nível da barragem mais não sei o quê.

Gostámos do dia.
Na volta até viemos devagar.

A palhinha do garrafão estava tão dura que até parecia de plástico.
Foi com vinho e regressou com água do Alqueva, para vender aos turistas.

Ao fim de um tempo o Toino viu uma brigada da G.N.R. e resolveu parar para lhes dar os parabéns.
Sim senhores, bela auto-estrada, nem passei os 120 Km/h.

Resposta do agente - O senhor acaba de sair de uma estrada municipal. Venha mas é soprar o balão. 
O Toino rebentou com três e não foi multado.

Ainda ouviu um recado via rádio para as outras patrulhas, para não nos mandarem parar. 
O material está caro.

Lá chegamos a casa. 
Vamos descansar duas horas e depois logo se vê.

terça-feira, 14 de novembro de 2017

E Ribaué!!!, por Rui Brandão

E Ribaué? 

Alguém ainda se lembra do que se trata? 

Presumo que a malta das Companhias operacionais esteja completamente a leste acerca deste nome.

Pois é... este foi o local para onde a C.C.S. foi "estagiar" já com 25 meses de comissão. Filhos da p....
...
Em Ribaué foi dos sítios onde mais veio ao de cima a operacionalidade da C.C.S. 
Aí sim, exaustivamente fazíamos NÉPIA!!!

Para vos dar um exemplo, eu como 2º Sargento miliciano (entretanto já tinha sido promovido) Radiomontador, não tinha oficina e nem sequer ferramenta (ao menos um alicate ou uma chave de fendas...).

Hoje publico uma foto tirada a um Domingo numa povoação (Iapala) a 30 Kms de Ribaué, onde fomos a um bailarico. 

A minha homenagem ao Bernardo que estava de serviço nesse dia. 

Fazem parte do conjunto, o Jorge Costa, o Mota e o vadio Rui Brandão. 

Já podíamos andar vestidos à civil. 

Que maravilha, que grande compensação!!! Filhos da p....



domingo, 12 de novembro de 2017

Ó Manel! cómer é tan bom e drumir???, por Armando Guterres

Armando Guterres 
para BATALHÃO DE CAVALARIA 3878
Ó Manel! cómer é tan bom e drumir???

Em 25 meses, vivi no aquartelamento da Mataca, no quartel de Macomia.

Dormi antes e depois de uma operação no Quiterajo.

Dormi muita vez na ponte Muagamula e poucas no Alto da Pedreira.

No mato da Mataca foram muitas noites, quase todas, bem sossegado.

E à cidade da Baía de Pemba fui cinco vezes levantar os dinheiros da companhia.

Abancávamos os quatro (um por companhia) na pensão Rosas.

Nas férias, sempre em casas particulares, de familiares e amigos.

Restou a primeira noite, no fundo de um corredor, em cima de um monte de colchões no quartel de Porto Amélia.


sábado, 2 de setembro de 2017

O ataque com mísseis "122" e o Refeitório do Aquartelamento do Chai, por José Seabra

José Seabra
2017/07/24
O "122" ao danificar o refeitório do Chai, a sua onda explosiva apanhou-me entre a tenda onde dormia (luxo reservado aos senhores dos obuses) e a entrada do espaldão do obus para onde me dirigia, pois o ataque começou muito cedo (6/7 da manhã com nevoeiro intenso), no dia 14-10-1973.

Tal um tornado, andei pelos ares, sem consequências e com muita sorte. 
Isto é apenas um esclarecimento ao meu amigo Ribeiro, sem qualquer conotaçao provocatória a ninguém.

Obrigado pela pachorra despendida.

Abraço a todos.





Comentários
Jose Capitao Pardal E eu estava num abrigo em fim de vida, junto à oficina mecânica, que se caísse lá um "brinquedo" 122 mm, nem precisavam de me fazer o funeral, pois ficava logo enterrado... 
O pior é que eu tinha consciência disso, José Seabra...

terça-feira, 1 de agosto de 2017

Quiterajo 1972 - Operação de dois dias..., por Duarte Pereira

Duarte Pereira partilhou uma memória no grupo: BATALHÃO DE CAVALARIA 3878.
23/04/2017
Quiterajo 1972 - Operação de dois dias.
4. Pelotão da 3509 sob o comando do capitão António Ferraz. 
Ataque a um aldeamento que daria abrigo ao I.N.

Não houve tiros, só na perseguição que nos moveram.
Houve resposta nossa com morteiro 60.

Na véspera do ataque toda a noite a chover e bem.
Recordo que tentei dormir , sentado e encostado a uma árvore.
Ao alvorecer, com a subida do leito de um riacho, a água quase me chegava ao umbigo (estava morninha).
Peço desculpa por ter recordado este episódio, mas no regresso (ao Mucojo), foram não sei quantas horas com o passo acelerado.
Não deu para esquecer.
Foto de Fernando Lourenço.
Nota : Aquele cantil pendurado, envolto num saco em pano, muito velho, acompanhou-me em algumas operações. 

Deveria ter capacidade para uns dois litros de água e ainda levava o normal .