terça-feira, 15 de setembro de 2015

O PRIMEIRO PELOTÃO DA 3509 TEVE UMA "VIDA" DIFERENTE DOS OUTROS TRÊS, por Duarte Pereira

Duarte Pereira
HÁ MUITO TEMPO QUE ANDO A PENSAR NISTO.
 
PARA MIM O PRIMEIRO PELOTÃO DA COMPANHIA 3509 TEVE UMA "VIDA" DIFERENTE DOS OUTROS TRÊS.
 
PENSO QUE O MAJOR DE OPERAÇÕES "APROVEITAVA" O ALFERES FERRAZ " OPERAÇÕES ESPECIAIS", PARA LHE DAR MISSÕES FORA DA ATRIBUÍDA À COMPANHIA (PROTEÇÃO A UMA ESTRADA) JÁ GRADUADO CAPITÃO, PELO POUCO QUE ME APERCEBI O PRIMEIRO PELOTÃO, COM ELE, CONTINUAVA A FAZER OPERAÇÕES DE RISCO., PARA OS LADOS DO QUITERAJO "ZONA TURÍSTICA" .
 
TIRANDO O FERRAZ QUE COSTUMA IR AOS ALMOÇOS, ESTE ANO NÃO PÔDE IR, NÃO CONSIGO ENCONTRAR OUTROS ELEMENTOS.
ACHO QUE ENCONTREI UM EM ARGANIL, FALEI COM ELE, (NEM SABIA EM QUE PELOTÃO TINHA ESTADO) CHAMA-SE NEVES E O ARQUIVO TEM PELO MENOS UMA FOTO DELE.
 
 
 
HÁ UMA HISTÓRIA QUE GOSTARIA DE VER EXPLICADA.
A DO PRIMEIRO PELOTÃO DA 3509.
 
O GUILHERME - DE CASCAIS- NÃO PODE OUVIR FALAR EM TROPA E RECUSOU SEMPRE OS CONVÍVIOS.
EX-FURRIEL MARQUES -  PARA OS LADOS DA AREIA BRANCA, DIZEM QUE ESTÁ "PASSADO".
SILVESTRE PIRES - VIANA DO ALENTEJO, NÃO COLABORA OU NÃO QUER RECORDAR.
 
TALVEZ O FERRAZ PARA O ANO EM ESTREMOZ, MAS EU NÃO FICO NA MESA DELE E NÃO É ASSUNTO PARA UM ALMOÇO CONVÍVIO.
 

 
 
PODERÁ TER ESCRITO ALGUM ARTIGO SOBRE ESSES DOIS ANOS.
ALGUÉM SABE O SEU ENDEREÇO DE E-MAIL E ME POSSA ENVIAR EM MENSAGEM PARTICULAR ??
OBG.
 
  • Fernando José Alves Costa Boa tarde amigo Duarte Pereira, dirijo-me a ti mas qualquer um da página me poderá responder à seguinte pergunta: Alguém se lembra de um soldado africano que já tinha feito não sei quantas comissões chamado Silva?, penso que estava ligado à 3509
  • Livre Pensador Se é quem eu penso, o Silva fazia todas (ou quase) as colunas para o Chai. Ribeiro.
  • Julio Bernardo Lamento nada dar a este assunto, lembro muitos da 509, já que a base era Macomia. Há fotos da messe onde noto Furrieis juntos e como norma lá nos encontrava o pessoal CCS mais 509 completando o quadro os sargentos e ajudantes.Abraço. BERNARDO
  • Fernando José Alves Costa O soldado Silva, andava quase sempre na Berliet rebenta minas, conserteza que deve haver alguns episódios passados com ele.
  • Livre Pensador Tanto quanto me lembro o Silva não fazia parte da 3509, nem do batalhão. Penso que era considerado milícia e dava apoio ao batalhão nas colunas, nomeadamente para o Chai, efetuando as picagens nos locais mais necessários e mantendo sempre na cabeça o capacete de aço, apesar do calor intenso que se sentia na picada. Ribeiro.
    Armando Guterres Boas tardes. Nas colunas para o Chai, até à ponte Muacamula, sempre me concederei "visita". Para Porto Amélia fiz uma sem arma e tudo. E a da ida e a da vinda "TIPO CARNE PARA CANHÃO" tudo no molho (pois mólho .... não môlho ... porque de noite, o calor não abundava).
  • Fernando José Alves Costa Jose Ribeiro ,acredito que seja como dizes, pois nunca percebi bem aonde ele pertencia e ás vezes ouvia ele dizer que o cmdt ainda não lhe tinha pago e isso poderá confirmar que era milícia.
  • Duarte Pereira LI COM ATENÇÃO OS COMENTÁRIOS ANTERIORES. QUEM MELHOR PARA CONTAR A SUA HISTÓRIA QUE O PEL/RECONHECIMENTO E O ECAV 1. COMECEMOS PELO AMORIM MOTA E HELDER LOSNA.
  • Livre Pensador Penso que o José Guedes, como condutor que era, talvez possa adiantar mais qualquer coisa.
  • José Dias Nunes Boa Tarde o Soldado Silva Natural de Moçambique não pertencia ao BCAV 3878, era um elemento do ECAV 1 e já tinha um largo Currículo de louvores e porradas dai a sua mui longa permanência no Exercito.
  • José Dias Nunes Agora respondendo ao Duarte Pereira o Major ao dar ordens para se executar determinada operação nunca mencionava qual o pelotão isso era uma gerência do CMDT de companhia. A ordem para se fazer uma operação apenas mencionava o nº de homens expressa em pelotões ou companhia (entenda-se companhia 3 pelotões).
  • Armando Guterres O José Dias Nunes tem toda a razão no que diz ... mas se me explicar porque depois de uns tempos largos sem ir ao mato (e seria eu fur a comandar) eu ir de férias ou a Porto Amélia receber a massa e o fur a seguir a mim ir para o mato, 4 dias a comandar 2 pelotões. Ou chegar um alf checa e no dia seguinte irmos para 5 dias !!!! com reabastecimento de castigo ??? - ó Vicente explica tu.
  • Duarte Pereira DIAS NUNES. PELO MENOS O HORÁCIO CUNHA E JOÃO NOVO, DEVERIAM TER REUNIÕES DIÁRIAS COM O CAPITÃO TEIXEIRA ALVES. QUANTOS MESES O CAPITÃO ESTEVE DE BAIXA?? ERA O ALFERES FERRAZ QUE TOMAVA CONTA DA COMPANHIA ATÉ SER GRADUADO EM CAPITÃO E SEGUIDO PARA O QUITERAJO. ALGUMA VEZ O MAJOR CONFIAVA NO CAPITÃO PARA PREPARAR OPERAÇÕES. ???

terça-feira, 8 de setembro de 2015

O Elefante, por Fernando Lourenço

Duarte Pereira
 
COMO TENHO FEITO COM OUTROS MEMBROS, RESOLVI ISOLAR ESTE ARTIGO.
 
Fernando Lourenço comentou:
 
 
Recordo uma memoria que coloquei em abril de 2013.
 
Quando saía para o mato o meu maior inimigo era a sede.
Levava o que podia mas nunca era o suficiente.
 
Quando estava sediado no Mucojo saí muitas vezes em operações para uma zona, que se a memória não me falha, chamada Namarata.
Tinha sido em tempos uma zona de caça grossa e abundavam todo o tipo de animais.
 
Eu quando saía, marimbava-m...e um bocado para as coordenadas que o comando me dava e a minha maior preocupação era procurar sítios onde houvesse água.
 
Certa vez lá fui para mais uma missão com um elemento de transmissões, outro de morteiro e o resto milícias.
 
Ao fim do 2º dia já desesperava com sede e água nada.
Tinha que arranjar local para passar a noite que se aproximava e por sorte lá encontrei uma zona lamacenta.
 
Num buraco estreito feito por um elefante com a profundidade quase do meu braço foi de onde eu tirei água.
 
Saciado/s e sem muito tempo para nos deslocarmos por estar a ficar escuro, decidi ficar por ali perto numa elevação do terreno não mais de 50 metros talvez, contra a vontade dos milícias que não achavam boa ideia até porque segundo eles andava por ali um elefante... ali, ali, não vê...? mas eu na minha burrice, até porque era o comandante, molho o dedo na boca, ponho no ar e ... nããã... o vento está em sentido contrário... e toca a pôr a malta em circulo e os "branquélas" no meio.
 
Como vocês se lembram começava a escurecer por volta das 4/5 horas da tarde.
Pegar no sono estava difícil porque tinha ficado de consciência pouco tranquila com a certeza de estar a fazer uma asneirada e do barulho que pouco depois ouvia de animais em disputa também pela água.
 
Lá consegui adormecer.
 
Eram 11 horas da noite escura como breu, acordo com uma grande algazarra, os milícias todos a gritar, eu agarro na G3 e desato a correr não sei para aonde, bati com a testa num tronco, perdi momentaneamente os sentidos, tal não foi a porrada que dei com os "cornos" na árvore.
Bem feito.
 
O que é que tinha acontecido: pois bem, a gaita do elefante lembrou-se de caminhar na nossa direção e quando já estava muito perto os milícias começaram a gritar para o afugentar, o que fizeram.
Eu nem o cheguei a ver.

segunda-feira, 7 de setembro de 2015

Graduações e Promoções de Milicianos, por Rui Brandão

 
Graduações e Promoções de Milicianos

Não costumo meter-me em mesa de opiniões, mas desta vez vou dar uma pequena achega.

Começo por não perceber a aplicação (notável, refira-se) durante a recruta e segundo percebo, também na especialidade, por parte do Duarte.

Porquê?

Por que também fiz recruta em Santarém e também tive camaradas que tudo faziam para ir para os Rangers.

Eram viciados em patrulhas e ginástica de aplicação militar.
Sabia-se e comentava-se que o destino deles se...ria atiradores destinados à primeira linha.

Outros (a maioria) faziam os "mínimos para os Olímpicos" para tentarem a sorte de uma saída para vagmestre, transmissões, enfermeiro, etc, etc, etc,.

Pela minha parte, uma vez que já sabia que ia para Radiomontador, fiz todas as provas de 1ª no final da Recruta.

Estava à vontade.
Curiosamente fiquei à frente de muitos dos obstinados pela razão de ter boas notas nas provas escritas.

Uma vez já "selecionado" para atirador (o Duarte), não me incomoda antes pelo contrário, que alguém seja reconhecido e como tal promovido.
Pelos vistos as qualidades, conhecimentos e entrega estavam lá (no Duarte, claro...).
Qual a dúvida afinal? Se fossemos "inspecionar" todas estas graduações, teríamos que ir ver as graduações dos alferes em Capitães, Furriéis em Alferes e Cabos em Furriéis.

Não percam tempo.
Já temos maturidade e cultura suficientes para sabermos que aquela "Guerra" era feita por milicianos.

Os Oficiais de carreira passou a ser uma espécie em extinção.

Os Papás deixaram de mandar os meninos para a Academia Militar.
Porra, havia Guerra!!!
O meu filhinho é que não!!!

E assim marcharam os milicianos...
Já agora façamos um momento de reflexão...
Ainda se lembram qual foi a génese da Revolução do dia 25 de abril de 1974?
Exatamente, começou por um mal estar nos militares do quadro, por que para angariarem "gente" para a Academia Militar, o Governo dava o mesmo tipo de regalias e antiguidade a quem acabasse o Curso da Academia.
O caldo entornou.

A Guerra estava entregue aos Milicianos, os do Quadro sentiam-se ameaçados e a Revolução ganhou corpo.
Nós os Milicianos (os soldados incluídos, claro...) fomos a tal carne para canhão.
Não interessa agora se aquele foi graduado ou promovido.
Se o foi, era porque estava em boas "condições" para ser explorado.

Sabem o que vos digo, hoje somos livres.
Podemos analisar isto tudo com todo o discernimento.

Como nós dizíamos muitas vezes, VIVA A PELUDA!!!

domingo, 6 de setembro de 2015

Eu e a Berliet, por Fernando Bernardes

Fernando Bernardes

Lembro como se fosse hoje na manhã do dia 13 de Junho de 73 saímos de Pemba (Porto Amélia) com destino a Macomia.

Não sei quantas viaturas, apenas que ia um jipe no qual seguia o capelão (padre), uma Berliet, a qual transportava 4 arcas frigoríficas.

Eu seguia na Berliet sentado no taipal com as pernas para fora.
Só lembro o antes, olhei o relógio, acendi um cigarro e não ouvi nem senti nada, acordei uma semana depois no HMN.
A estrada estava a ser alcatroada.~
O Sousa me falou que a Berliet... ficou destruída no fundo de uma ravina, que terão morrido 4 colegas, eu e o transmissões que estava regressando de férias na metrópole, penso que era o Amaral ficamos feridos.
Quando recuperei do coma fui transferido para neurocirurgia.

Ao tentar levantar da cama percebi que apesar de todo esforço, gemendo com dores atrozes, as dificuldades foram muitas.
Mas depois de tanto tentar consegui pôr-me de pé e então percebi que não conseguia mexer os braços, nem as pernas e só arrastando os pés fui conseguindo dar alguns passos.
Na manha do dia seguinte e porque não estava na minha cama, o medico deu-me alta.

Mas como eu falei dos sintomas que sentia, mandou-me convalescer na ilha.
Quando regressei da ilha, altas horas da noite, fiquei no hospital tendo falado com o médico na visita aos doentes do dia seguinte, mandou que fosse fazer raios-x.

As minhas chapas não apareciam, só na terceira vez tendo sido eu próprio a entregar nas mãos dele.
Assim que viu o resultado me disse para marcar consulta de ortopedia.

A minha guerra acabou logo nesse dia.
Ele propôs logo a minha evacuação para Lisboa, onde cheguei no 15 de Agosto de madrugada.

Fomos todos para o hospital da Estrela, na Infante Santo, para mais tarde, depois do médico ter olhado para cada um de nós mandou-nos para casa.

uns dias depois dei baixa ao Hospital de Campolide, Serviço de psiquiatria, depois neuropsiquiatria, até a junta medica me considerar incapaz para todo e qualquer serviço militar depois de 3 anos e meio de tropa.
 
Velhas DE Estremoz Alentejanas
FOMOS BUSCAR OS ÓCULOS PARA LER ESTE ARTIGO. VAMOS PASSAR AO SR DUARTE O COMENTÁRIO.

Duarte Pereira
PELO QUE LI, PARECE-ME UMA MINA SEGUIDO DE DESPISTE DA BERLIET.
HOUVE EMBOSCADA ???  
COM QUE ENTÃO NO TAIPAL DA BERLIET COM AS PERNAS DE FORA ?

José Guedes
DEPOIS DE LER O TEXTO DO FERNANDO BERNARDES E DEPOIS O QUE ESCREVEU O DUARTE FIQUEI UM POUCO CONFUSO,.. PORQUE NÃO ME LEMBRO DE DATAS MAS UM CONDUTOR DA C.C.S. NO REGRESSO A MACOMIA DE PORTO AMELIA TEVE UM ACIDENTE COM UMA BERLIET, EM QUE FOI POR UMA RAVINA ABAIXO E ERA ESSA BARLIET QUE TRAZIA ESSAS ARCAS E EM QUE NA ALTURA SE SOUBE QUE TINHAM TIDO FERIDOS MAS SÓ FALARAM NUM MORTO E ATE DIZIAM QUE ERA DE COR,.. DEPOIS DE LER VEI-O-ME ISSO Á MEMÓRIA, MAS NÃO SEI SE FOI ESSE MAS DO QUE FALA O DUARTE COM UMA MINA NÃO FAÇO IDEIA,.. DA C.C.S. E QUEM SE LEMBRAR O CONDUTOR FOI O DINIS,..

Rui Briote
Desconhecia tal episódio, pois nessa data estava em Alcoitão...vi que também sofreste muito.
Ficaste com sequelas?...

Primeiro artigo sério das Comadres, por Duarte Pereira

Duarte Pereira

PRIMEIRO ARTIGO SÉRIO DAS COMADRES.

MAS SERÁ MESMO MUITO SÉRIO ??

TEMOS ACESSO A ALGUNS PENSAMENTOS QUE O SR DUARTE ESCREVEU NA SUAS MEMÓRIAS.

ACHAMOS ESTE TEXTO CURIOSO ( NÃO DIVULGAR, SÃO COISAS DELE).

A COMPANHIA 3509 TINHA "FOLGAS" EM MACOMIA....
PASSANDO O TEMPO NO MATO E COM TANTOS HOMENS, NÃO SERIA LÓGICO CONVIVER EM MACOMIA COM MAIS HOMENS.


POUCO OU NADA CONHECEU DAS OUTRAS COMPANHIAS.


O SONHO DO SR DUARTE ERA SER COMANDANTE DE COMPANHIA E CHEGOU A SÊ-LO EM "PART-TIME", QUANDO LÁ ESTAVA E O SR CAPITÃO DE BAIXA.

ASPIRAVA EM TER UMA COMPANHIA SÓ PARA ELE, POR QUE NÃO UM BATALHÃO?? 

COMANDANTE DE BATALHÃO??? 


O COMANDANTE DE BATALHÃO, QUASE NÃO CONHECIA AS INSTALAÇÕES E CONDIÇÕES DE VIDA DAS COMPANHIAS. 

ELE COMO COMANDANTE DE BATALHÃO ARRANJARIA UM "RIBAUÉ" QUE SERIA O MUCOJO, PARA OS VÁRIOS PELOTÕES, INCLUINDO C.C.S.


A BASE SERIA O ALTO DA PEDREIRA PARA UM MÊS DE "CASTIGO".

PARA RETEMPERAR FORÇAS E LIMPAR AS SUAS CABEÇAS.

AFINAL ESTE TEXTO ERA UM SONHO DO SR DUARTE.

SÓ O TEVE DEPOIS DE CONHECER A MALTA PORREIRA QUE ENCONTROU NO GRUPO DO BATALHÃO,

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

Resposta à Confissão, por Paulo Lopes

 
Paulo Lopes

Duarte Pereira
Continua amigo.
Estou a gostar que dês ao dedo, espremendo os neurónios adormecidos, ainda com a adição de estares a gostar.
Por mim, tens leitor e, como é de meu apanágio, resposta em estilo de comentário.

Começando de baixo para cima:
Também tenho guardados esses dois trapos verdes com três fachas douradas em bico (ainda de fundo dobrado para que ficassem mais pequenas) e o crachá de plástico "perguntai ao inimigo quem somos" (perguntei-lhes mas eles, como mal educados que eram, não me responderam).

Curiosamente está tudo guardado numa gaveta juntamente com as medalhas do andebol!

Quanto ao resto é a história profunda do fundo da nossa história dos primeiros seis meses de "guerrilheiros" de cá e de além mar.
Depois, talvez tenha sido diferente os contos e o destino de cada um.
No meu caso, tirando os "crosses" matinais, a ginástica e de vez enquanto uma ou outra instrução nocturna de combate (como se algum de nós percebesse alguma coisa do que aquilo era) ia-me baldando conforme podia a dar instrução valendo-me para tal os treinos de futebol de 5, desporto pelo qual era guarda-redes dos sargentos do quartel de Beja, onde estávamos inseridos no respectivo campeonato militar. (Cheguei até à final mas já não a disputei por ter sido mobilizado mas constou-me que foram campeões).

Durante miúdo (que sempre fui) tocava (???) viola nos vãos de escadas e em casa de amigos quando os pais não estavam; jogava à bola na rua, fugia à polícia (mais por receio de, à noite, se fosse apanhado pelo bófia, levar no focinho do meu pai), não ia à chinchada em Lisboa mas fazia-o em Castelo Branco, terra onde ia passar as minhas férias escolares (3 meses).

Fazia tudo isso e mais um par de botas, menos o que deveria fazer: estudar!
Mas, aos 14 anos, acabou-se a brincadeira e começou o trabalho diário e a escola noturna!

Tropa!!! No ultramar??? Fugi ao que pude e comandei o menos possível (só não consegui bater aos pontos o nosso querido Guterres).

Mas todo esse tempo do antes e depois, já tu leste em algumas passagens do que escrevi.
E agora diz lá tu que o que escreveste já ia longo!

Escreve amigo. Escreve muito e muito, porque o muito será sempre pouco.
Um abraço e espero mais.


domingo, 23 de agosto de 2015

O Machado, por Bernardino Cassiano

 
 
Aqui vos deixo o relato do Bernardino Cassiano sobre o Machado, vagomestre, no "PICADAS DE CABO DELGADO":
 
"Furriel vagomestre Manuel Fernando Monteiro Machado, NM 07179871, apresentou-se na CCaç 4243/72, em 9-mai-73 em diligência, passando posteriormente para o seu Q.O. 

Aquela data a CCaç 4243/72, estava sitiada em Muidine, dependendo operacionalmente do BArt 3876, com comando em Nangade, e tendo como missão principal manter a picada entre a Namioca e Nangade, transitável para a coluna da Operação Fronteira Palma - Nangade.

Em set1973, a CCaç 4243/72, foi transferida para o sector de Porto Amélia, como companhia operacional do BCaç 14.

O furriel Machado integrou-se perfeitamente na CCaç 4243 e em Muidine também não podia na "hora maconde" estar sempre com as cervejolas, pois este precioso líquido rareava em Muidine.
 
Quando rodamos para Porto Amélia, poderia o furriel Machado, ter ficado nesta cidade, mas praticamente esteve sediado em Ancuabe e Megama (na estrada de Montepuez).
 
Também não tenho conhecimento que tenha "enriquecido".
 
Regressou à metrópole em 12outubro74 integrando a CCaç 4243/72.
 
Nunca falamos do seu passado em Macomia e tenho algumas fotos com o Machado.
 
Presentemente tem aparecido nos encontros anuais da CCaç 4243/72.
 
Aqui vai o seu endereço eletrónico : mfmachado1750@gmail.com.
 
Na foto, tirada em Muidine, pode-se verificar que o furriel Machado(o primeiro à esquerda) se encontrava integrado e já um "operacional" com a sua G3".

Foto de Bernardino Cassiano.



Foto de Jose Capitao Pardal.


 
 

domingo, 16 de agosto de 2015

O VAGOMESTRE MACHADO, por Gilberto Pereira


ESTE MILITAR QUE JÁ TODOS CONHECEM.
FOI O ÚNICO QUE EU CONHEÇA QUE TEVE A CORAGEM DE AFRONTAR E DISCURDAR DAS ORDENS DO COMANDANTE SIMÕES.
 
EPISÓDIO...
COLUNA DE REABASTECIMENTO PARA PORTO AMÉLIA.
O VAGOMESTRE MACHADO NÃO QUER IR E MANDA OS CABOS.
O COMANDANTE SIMOES DÁ ORDEM PARA ELE IR PORQUE A COLUNA NÃO PODIA ESPERAR MAIS.
O VAGOMESTRE MANDA DIZER AO COMANDANTE PELO CABO QUE NÃO VAI.
O VAGOMESTRE ESTÁ NO QUARTO A BEBER UMAS CERVEJOLAS.
O COMANDANTE MANDA O CABO DIZER SE ELE NÃO VEM JÁ MANDA-O AMARRADO Á VIATURA.
PERANTE ESTE INSÓLITO FOI ACONSELHADO POR MIM E OUTROS QUE ERA MELHOR IR.
ESTAVA DE FARDA 3 E DE ALPERCATAS, COLOCOU A BOINA NA CABEÇA, CALÇOU UNS SAPATOS PRETOS DE VERNIZ COM ATACADORES AMARELOS E APRESENTOU-SE NA PARADA E A COLUNA FINALMENTE SAÍU.

CHEGOU A PORTO AMÉLIA DEIXOU OS CABOS A TOMAR CONTA DO REABASTECIMENTO E PEGOU AVIÃO PARA NAMPULA.
SEGUNDO SUA VERSÃO FOI AO SECTOR FALAR COM UM SUPERIOR AMIGO ALTA PATENTE E VOLTOU A PORTO AMÉLIA A TEMPO DE REGRESSAR COM A COLUNA.

QUANDO CHEGOU O COMANDANTE SIMÕES JÁ TINHA ORDEM DO SECTOR PARA NÃO PODER DAR PORRADA NELE.

ESTE CARA PERTENCIA Á "ANP" E O COMANDANTE APENAS O PODE CASTIGAR PELAS DESOBEDIÊNCIAS MANDANDO-O PARA SALVO ERRO ROVUMA.

TODOS OS DIAS NO ROVUMA CHOVIA MORTEIRADA E ESTE CAMARADA PASSAVA OS DIAS EM CIMA DO ABRIGO COM UMA CAIXA DE CERVEJA POR COMPANHIA.

MAIS TARDE VEIO PARA A ZONA DE PORTO AMÉLIA E ONDE SE DIZ QUE VEIO A ENCHER-SE DE MASSA.

PROMETEU QUE NUNCA VIRIA PARA A METRÓPOLE NO AVIÃO QUE VIESSE O COMANDANTE, NEM QUE PARA ISSO TIVESSE QUE ALUGAR UM AVIÃO SÓ PARA ELE.

NÃO ME LEMBRO DE ELE TER VINDO CONNOSCO.

QUEM O CONHECCEU SABE QUE ERA UM BACANO.

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Algum coisa vai mal, não , muita coisa vai mal... neste reino de Portugal, por Leonel Pereira da Silva


O LEONEL PEREIRA SILVA NA SUA PRIMEIRA LONGA METRAGEM.

Leonel Pereira Silva Comentou hoje:

Alguma coisa vai mal, não, muita coisa vai mal, Gilberto Pereira.
Mas esta do abandono a que "todos" os politicos nos deixaram soa até a vingança, como se nós os ex-combatentes não "chicos" tivéssemos tido vontade própria de ser mobilizados.

Deixa-me desabafar o que senti logo no pós 25/4/74, uma vez regressado da guerra a casa dos meus pais, quando percebi que os principiantes de po...líticos que emergiam como moscas perante um monte de excrementos.

Cheguei a temer que esses oportunistas nos perseguissem, ou mandassem, claro.
Poderia, como talvez tu também, relatar aqui casos concretos de ex-combatentes que conheço que vivem situações complicadas assim com os seus famíliares, mas não vou alongar muito este desbafo, no entanto o último que tive conhecimento foi na passada semana dia 12/6, e, como está fresco e também porque me tem inquietado bastante vou partilhá-lo aqui na página.

Estava eu, depois do almoço a tomar o meu cafézinho e a dar uma olhada no jornal numa pastelaria onde vou quase diáriamente, quando na mesa ao lado, 3 pessoas que me pareceram ser um casal mais uma senhora, pessoas que não conheço, nem de vista, de idade ligeiramente superior à nossa e o tema da conversa era precisamente o "stress pós-traumático de guerra", a senhora que não tinha ali o marido, dizia para o casal entre muitas outras coisas que - há muito anos, mas agora duma maneira quase diária e com tanta intensidade e até violência o meu marido não descansa de noite nem me deixa descansar, que além de sonhar e ter pesadelos, que tem noites em que se levanta assustado mais que uma vez, estamos a passar muito mal com a situação - , quando questionada se ele não estava a ser acompanhado pelo médico, ela respondeu que sim mas que ultimamente ele tinha dias que se recusava a tomar qualquer medicamento.


Deu perfeitamente para perceber que é mais um caso entre tantos, e que já está a chegar ao limite do admissível.

Pedi licença para entrar na conversa e sugeri que fossem à liga dos combatentes a Leiria onde ele podia ser atendido e acompanhado por um médico da especialidade, pois sei que outros o têem feito com sucesso.

Desculpem o discurso e mal "amanhado" mas é na senda dos políticos que temos tido até aos dias de hoje.


Um abraço ao Gilberto Pereira e demais amigos aqui da folha.
  • Rui Briote Já comentei este muito bom texto...é para continuar...abraço

  • Velhas DE Estremoz Alentejanas É PRECISO APOIAR OS JOVENS COM TALENTO. CONTINUAMOS À ESPERA DO SR RIBEIRO DO CHAI., LIVRE PENSADOR??? SÓ PENSA PARA ELE !!!
     
  • Gilberto Pereira JÁ LI E COMPREENDO ESSES CASOS, REALMENTE HOUVE CASOS QUE DEIXARAM MAZELAS PARA TODO O SEMPRE E SEM ACOMPANHAMENTO PIOR, MAS NESTE PAIS É ASSIM NINGUÉM QUER SABER DE NINGUÉM, É UMA PORCARIA
     
  • Velhas DE Estremoz Alentejanas AINDA PODERÁ HAVER A REVOLUÇÃO DOS INCONFORMADOS JÁ COM UMA CERTA IDADE.
  • O SR JOÃO NOVO ANDAVA NESSAS LUTAS, AGORA PARECE QUE ANDA A APRENDER A DANÇAR E A TOCAR VIOLA, ENTRE OUTRAS COISAS "MAGANO" !!!
     
  • Rui Briote Estes casos de certeza que aumentarão, pois com o avançar da idade a falta de apoio, aliado à não existência de políticas humanas os desprotegidos vaguearão ao acaso..

Encontro, Almoço e Convívio do Batalhão de Cavalaria 3878


Aqui vos deixo a carta-convite para o Encontro, Almoço e Convívio do Batalhão de Cavalaria 3878, remetida a todos os ex-combatentes daquela unidade, que estiveram em Cabo Delgado (Moçambique), entre 1972 e 1974, nos aquartelamentos de Macomia, Chai e Mataca, cuja realização está a meu cargo, no próximo dia 20/6/2015, na cidade de Estremoz.

Exmo. Sr.
                                                               

Assunto: ESTREMOZ - Almoço Convívio – Batalhão de Cavalaria 3878

Venho convidar-te para que “te apresentes ao serviço” no próximo dia 20 de Junho de 2015 (Sábado), em Estremoz.
- A concentração será às 10,30 horas, junto à Adega Tiago Cabaço Wines na Estrada Nacional 4, em frente a Estremoz (coordenadas 38.832732411972735 / -7.584214210510254), seguida de uma “visita” à Adega.

- Às 12,00 Horas - no Cemitério de Estremoz (saída para Elvas), teremos a Homenagem aos camaradas de armas falecidos (no Talhão dos Combatentes).

- Às 13 horas - Almoço e Convívio no Manjar de Estremoz, Zona Industrial Lote 34, (coordenadas 38.84741811576974 / -7.577905654907227).

- Seguido de FADOS com Manuel Fria, Francisco Azevedo, João Marcelino e Cláudia Pires, acompanhados à Guitarra por Jorge Silva e à Viola por Miguel Monteiro.

- Às 17,30 horas - Lanche de “ração de combate” alentejana.
 


Atualiza os dados pessoais (incluindo email), formaliza a inscrição no destacável abaixo e remete o cheque ou o vale de correio, até ao dia 12 de Junho, para a morada acima.

Nota que as inscrições para o almoço só serão consideradas válidas após pagamento, dada a necessidade de assegurar com o Restaurante, o número correto de refeições.

Se necessitares de pernoitar, a oferta hoteleira em Estremoz é diversificada: Pousada Rainha Santa Isabel, Hotel Páteo dos Solares, Hotel Gadanha, Hotel Imperador, Hotel Alentejano, Pensão Mateus, Residencial Carvalho, Residencial Miguel José e uma variada gama de Turismo Rural e de Habitação, em Estremoz, Borba e Vila Viçosa.



O preço do almoço e lanche é de 30,00 €.

Para quem ficar em Estremoz ou arredores, de 20 para 21 de Junho, proponho excursão a ALQUEVA, com Cruzeiro na Barragem e visita à Vila Típica de MONSARAZ, organizada pelas Rainha Santa Isabel Viagens, onde devem solicitar informações, inscrever e pagar antecipadamente (email: info.estremoz@rsi-viagens.com e telefone: 00351 268 333 228).
Para que a excursão se realize deverá haver, pelo menos, um mínimo de 30 inscrições e o preço por pessoa é de 55,00 € (com cruzeiro e almoço típico incluídos).

Um abraço, boa viagem e cá vos espero, neste lindo Alentejo.


José Capitão Pardal

quarta-feira, 13 de maio de 2015

12 DE MAIO DE 1972 - "OMO 1", por João Novo


Boa noite a todos.
 
 
Eram cerca das 22,30H, do dia em cima indicado, estávamos deitados a passar mais uma noite no mato, quando de repente se ouviu uma rajada sobre as nossas cabeças, e uma delas (balas) raspou no caldeirão onde se fazia a sopa com os elementos liofilizados, quando havia água....
 

Estávamos em plena selva, o reabastecimento dos hélios tinha-se atrasado, devido á queda de um deles, perto de Macomia.
 
 
Encontravam-se naquela local a pernoitar cerca de 600 pessoas, julgo que não estou a exagerar, a tropa fez um circulo, e os cerca de 300 civis que nos acompanhavam, ficaram no interior do mesmo.
 
  
Eu estava junto do Teixeira Alves, do Horácio Cunha, dois homens de transmissões, e dois enfermeiros, era o "pooosssttto ddeeee cccommmannnddddo", como dizia o Teixeira Alves, estava deitado num daqueles colchões de ar, ao lado do Teixeira Alves, e cerca de 1 minuto depois da rajada, começou a morteirada, foi só ouvir e calar, rebentavam muito perto de nós, eram visíveis, tivemos muita sorte nessa noite, durante a morteirada algo de estranho se passava ao meu lado, entretanto tinha despejado o colchão, para não ficar muito alto, em relação ao chão, algo se mexia entre mim e o Teixeira Alves, ainda pensei ser alguma cobra, mas felizmente não era, era o Horácio Cunha a colocar-se entre mim e o T. Alves.
 
 
Passados uns minutos as morteiradas terminaram, e não houve mais nada nessa noite.
 
Faz hoje 43 anos, e está quase na hora.

Um abraço para todos