VOLTEI A ÁFRICA (2º. episódio)
A ilha de S. Tomé foi descoberta em 21 de Dezembro de 1470 pelos navegadores portugueses Pêro Escobar e João de Santarém.
Os seus 150.000 habitantes (aprox.) vivem, conforme eles definem, em regime "LEVE-LEVE", ou seja, "devagar, muito devagar que não tenho pressa"!
Outra coisa não seria de esperar debaixo dum sol inclemente próprio do equador!
Naquela terra a população só precisa de esticar a mão para colher bananas, fruta pão, papaias, matabala, jaca, cocos, etc.
Dos coqueiros ainda conseguem extrair a seiva que, depois de fermentada, funciona como vinho.
Naquela terra a população só precisa de "meter a mão" no oceano para apanhar o peixe que quer.
Naquela terra a população tem galinhas e porcos criados à porta de casa e em total liberdade.
É normal os carros terem de parar na estrada para dar "prioridade" às galinhas ou porcos que a atravessam.
Com toda esta fartura e riqueza, dizia o nosso guia local: qual a necessidade de trabalharmos?
E acrescentou em jeito de piada: há quem diga que somos desgraçados!
É mentira!
Desgraçados são vocês que precisam de trabalhar se quiserem comer!!!
Também dizia o guia, que a abundância de peixe e marisco pode ficar comprometida dentro de alguns anos dada a quantidade de barcos chineses que pescam nas águas territoriais de S. Tomé.
Porém é pena que S. Tomé tenha parado no tempo.
Da era colonial até aos dias de hoje nota-se que nada foi feito de novo, ou antes, muito tem sido destruído por falta de conservação e/ou manutenção após a independência em 12 de Julho de 1975.
O multibanco, por exemplo, apenas funciona para cartões de S. Tomé.
Quem é estrangeiro só consegue ter dinheiro levantando no banco e apenas com cartão de crédito.
Os bancos aproveitam e praticam o "tiro ao turista", aliás, utilizado em tudo na ilha.
Para levantar 33.000 dobras (moeda oficial) a que corresponde 1.300 euros, cobraram 102 euros de comissões, taxas e taxinhas!
Turisticamente falando a ilha proporciona aos seus visitantes magníficas praias de areia branca e limpa recheadas de palmeiras e com águas cristalinas e tépidas.
O acesso à maior parte delas tem de ser feito por autênticas picadas e de jeep.
Para além disso, são proporcionadas visitas às tão características roças da era colonial onde havia produção abundante de café e cacau.
Algumas roças estão completamente abandonadas, uma ou outra vão tentando subsistir em "serviços mínimos" no cultivo do cacau e café, e ainda uma ou outra foram convertidas para turismo com espaço de hotelaria e restauração.
Mas, como este relato já vai longo, vou deixar para o próximo "episódio" a descrição de como funcionava uma roça, para que se perceba a sua organização no contexto colonial.