quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Confissão... por Duarte Pereira...

O Comandante (Ten. Cor. Carvalho Simões), de que fala o Duarte Pereira

21 de Julho de 2013 17:06
 
HOJE ESTOU NA DISPOSIÇÃO DE QUEBRAR "TABUS", ATÉ MESMO COMIGO.
 
AQUELA MINHA FOTO AO LADO DO COMANDANTE (DEZEMBRO DE 1972 ), FOI QUANDO FUI GRADUADO EM ALFERES.
 
ACHO QUE FUI GANHAR 8 "MOCAS" MENSAIS.
 
NÃO CONSEGUIA GASTAR O DINHEIRO TODO.
 
NÃO TROQUEI POR ESCUDOS DO CONTINENTE A NÃO SEI QUANTOS POR CENTO.
 
SAÍ DE MOÇAMBIQUE SEM DINHEIRO DE LÁ.
 
TRANSFERIA PARA OS MEUS PAIS O QUE ESTAVA DETERMINADO.
 
QUE FIZ AO DE LÁ ???
 
O SOUSA DISSE QUE EU TINHA OFERECIDO AO PELOTÃO UMA GARRAFA DE UISQUE "SEBEL".
 
MANDEI CONSTRUIR DUAS "VIVENDAS" EM 1973, NO ALTO DA PEDREIRA E PAGUEI.
 
TINHA UMA CAÇADOR (A QUEM PAGAVA) PARA A MALTA TER MAIS "CARNINHA".
PEIXE NUNCA PAGUEI.
OU O FERNANDO LOURENÇO MANDAVA DO MUCOJO OU QUANDO ÍAMOS À "PESCA", METADE DO PESCADO ERA PARA O PESCADOR, QUE NOS FACULTAVA O BARCO E SOBRAVA, MUITO, MUITO....
 
NÃO SEI QUANTAS VZES ME DESENFIEI EM 1973, PARA IR À PESCA AO MUCOJO.
 
O FERNANDO LOURENÇO JÁ NÃO ESTAVA NO MEU PELOTÃO.
 
QUEM DEVIA FICAR NA BASE ERA O AMÉRICO COELHO.
 
O JOSÉ AUGUSTO MADEIRA DEVIA TER ACOMPANHADO.
 
É PENA NÃO ESTAR ENTRE NÓS PARA LER ESTES COMENTÁRIOS.
 
NUNCA CONVIVI MUITO COM O MADEIRA, ELE IA PARA AS PATUSCADAS DENTRO DO QUARTEL.
 
EU LEMBRO QUE ME ISOLAVA.
TINHA O QUARTO FORA DE QUARTEL, COM O ALFERES FORTES QUE VEIO A FALECER E APÓS O TRAGICO ACIDENTE FIQUEI COM O QUARTO SÓ PARA MIM.
 
MAS O MAIS ENGRAÇADO E É MESMO PARA ME "GABAR" O CAPITÃO ESTAVA DE BAIXA E EU ERA O SEGUNDO COMANDANTE DE COMPANHIA "UTERINO" QUANDO O AMÉRICO COELHO NÃO ESTAVA.
 
VER OS "VELHOS" SARGENTOS A BATEREM A "PALA" CÁ AO "JE" ATÉ ME "MIJAVA DE CONTENTAMENTO".
 
PODER CONDUZIR O JEEP DA COMPANHIA, INFELIZMENTE NÃO DEVE TER CHEGADO A UMA HORA ATÉ SER APANHADO PELO COMANDANTE, PAGAR ALMOÇOS OU JANTARES E DEPOIS VARIEDADES AOS CONDUTORES QUE IAM COMIGO, FOI DO MELHOR QUE PASSEI NAQUELA ANO DE JANEIRO DE 1973, ATÉ AO FIM DA COMISSÃO.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

E esta hem... para desanuviar..., por Duarte Pereira

Foto de ????????


19 de Julho de 2013 15:19
HOJE VOU PUBLICAR UM ARTIGO QUE NÃO TEM NADA A VER COM A PÁGINA.
CONFORME ESTAVA PROMETIDO AOS MEUS NETOS, HOJE ERA DIA DE PRAIA.
COMO TINHA DE IR A CASCAIS VER OS MEUS PAIS, OPTEI PELA PRAIA DA RIBEIRA TAMBÉM CONHECIDA PELA PRAIA DOS PESCADORES.
PESSOAL FOI DIFÍCIL, !!!!BALDES, PÁS, CARRINHOS, ANCINHOS etc..
LÁ CHEGÁMOS POR VOLTA DAS 10.15 Horas.
EU FUI O ÚNICO A NÃO LEVAR FATO DE BANHO.
MEIA HORA DDEPOIS JÁ HAVIA AREIA EM TUDO O QUE ERA SÍTIO. CARTEIRAS, TELEMÓVEIS , ROUPAS, etc..
COMECEI A FICAR NERVOSO.
QUANDO FICO NERVOSO TENHO DE FAZER CHI-CHI !!!
TIREI A CAMISA E OS SAPATOS E FUI AO BANHO.
AS PESSOAS, NACIONAIS E ESTRANGEIRAS OLHARAM PARA MIM COM ADMIRAÇÃO E DISSERAM:
ESTE TIPO ERA DO BATALHÃO 3878 MOÇAMBIQUE 72/74.
FIQUEI CHEIO DE ORGULHO :)

domingo, 8 de dezembro de 2013

Armando Guterres, por Paulo Lopes

Armando Guterres - foto de Duarte Pereira

por Paulo Lopes
 
Acompanhei este nosso amigo em aventuras e desventuras pelas matas dilacerantes de uma guerra que nunca, em nós (posso falar por ele neste aspeto) conseguiu alterar a forma de estar nela mantendo sempre em primeiro lugar o nosso real pensamento fazendo sempre por esquecer as ordens dos mandantes.
 
Perdi-lhe o rasto depois disso.
 
Soube mais tarde onde estava.
 
Fui visitá-lo.
 
Encontrei o mesmo rosto sorridente, a mesma forma de estar na vida, a mesma leitura do mundo, a mesma ausência de presunção.
 
Não poderei dizer que somos amigos do peito, assim como não o seremos a maior parte de nós mas, disso tenho a certeza, foi um elemento que sempre ficou guardado comigo por tudo o que ele representa na forma de sentir as pessoas e o mundo, nunca renegando as suas origens.
 
Muito mais gostaria de exprimir a minha amizade e admiração por este homem mas penso que seria desnecessário nem ele, muito provavelmente, gostaria.
 
Um abraço para ele.
 

quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

A emboscada na picada Mueda - Mocimboa da Praia vista do ar..., por Fernando Bento



16 de Julho de 2013 23:29
Mais um episódio para a historia do nosso Batalhão, que vem na sequência da ajuda dos pilotos civis.
Não se alguém conheceu a ilha do IBO, ela faz parte do arquipélago das Quirimbas.
Em Maio de 1973, fiz parte de uma equipa que foi fazer inspeções militares a ex-elementos da "Frelimo" que aí se encontravam presos.
Dessa equipa fazia parte o capitão da 3509, o médico que na altura estava em Macomia, não recordo o nome, talvez os enfermeiros saibam, o alferes Mota e eu claro, que como escriturário (eu sapador), ia para ajudar os mancebos da Frelimo a preencher a papelada.
Uns tempos antes eu e o Mota tínhamos-nos deslocado a Nampula, no sentido de recebermos instruções para essa "missão".
Acabadas as inspeções que demoraram dia e meio, seguimos para a pista para o regresso a Macomia.
O avião só tinha três lugares vagos e azar, eu como menos graduado fiquei em terra o que foi uma "chatice", tive de esperar para o dia seguinte.
Fui para casa do administrador, almocei com ele e nessa tarde foi só praia.
No dia seguinte lá apanhei o avião, que era um avião que fazia a volta pelo Norte, depois do Ibo, aterrou no Quiterajo, a seguir Mocimboa da Praia.
Quando sobrevoávamos a picada de Mocímboa da Praia para Mueda, descortinamos um coluna militar que para aí se dirigia, a ser emboscada, perto de Diaca, o piloto ouvia os pedidos de ajuda da coluna, parece que a coisa estava feia, tinha rebentado uma mina e segundo parece havia feridos com alguma gravidade, então o nosso amigo piloto reforçou os pedidos de ajuda para Mueda.
Quando aterramos em Mueda já varias viaturas com pessoal seguiam para reforçar a coluna emboscada.
Depois de largar os passageiros seguimos então para Macomia, já só vinha eu e o piloto, durante esse trajeto não falamos de outra coisa que não fosse o que tínhamos acabado de assistir.
Ele que fazia aquela volta, assistia quase sempre a emboscadas naquela estrada.
Quanto a mim vê-la lá do alto era bem melhor.
Não sei se alguma vez comentei isto com alguém, estou agora a partilhar convosco.
Um abraço.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

Feijão Macaco..., por Duarte Pereira

Feijão Macaco - fotos Google

Publicado por Duarte Pereira
30 de Julho de 2013 21:08
Feijão macaco

Em todas as guerras, uma grande percentagem das baixas não são devidas ao combate. Devem-se a carências de toda a ordem, das quais se podem salientar as dificuldades de alojamento e alimentação, o afastamento da família, doenças, acidentes de viação e por aí fora.

Mas África, continente fascinante, misterioso e por vezes cruel, apresentava, durante a guerra colonial, alguns perigos específicos a considerar. E, ao contrário do que muitos poderão esperar, não eram os leões, os leopardos, os rinocerontes, as cobras e os crocodilos, o que mais afetavam os nossos soldados.
Raramente eram avistados.
Eram de outra natureza, menos impressionante, mas muito mais insidiosa e traiçoeira.
Refiro-me aos mosquitos, abelhas e formigas.

Os mosquitos, porque para lá das incómodas comichões que provocam, eram portadores da malária.
Os casos dessa doença, por vezes fatal, ocorriam com uma certa frequência, apesar de todos os militares serem obrigados a tomar os medicamentos preventivos.

As abelhas, quando “incomodadas” nos seus ninhos ,com a passagem dos soldados, atacavam sem piedade tudo o que se mexia nas proximidades.
Nas operações, um desses ataques provocava a maior das confusões e a consequente quebra do silêncio e disciplina, tão necessários em situações de perigo.
De tal forma, que os guerrilheiros costumavam colocar minas anticarro junto aos enxames.
Quando a mina era acionada por uma viatura, os resultados eram avassaladores.
Os soldados ficavam com toda a pele exposta literalmente alcatifada por uma camada desses perigosos insetos.
E no caso dos feridos, o espetáculo tornava-se verdadeiramente dantesco.

As formigas, enormes e agressivas, mordiam sem piedade todos os incautos que tivessem o azar de se meter no seu caminho.
Quantas vezes, à noite, quando no mato se procurava um local para descansar ou para montar uma emboscada, toda a operação ficava comprometida porque os soldados desatavam aos pulos com as mordidelas das inúmeras formigas, que entravam para dentro dos camuflados.
Quase sempre, a única solução era sair do local, despir a roupa toda e sacudi-la (o que, por sua vez, abria uma possibilidade de ouro para os mosquitos nos picarem nas zonas mais despropositadas…).


Porém, havia ainda outro fator, raramente mencionado, que, não sendo grave nem provocador de doenças, causava imensos incómodos durante as operações. Estou a falar de um feijão selvagem de cor preta que, especialmente no norte de Moçambique, crescia a bom crescer nas terras abandonadas pelas populações locais por causa da guerra.

Na época seca, as vagens retorcidas desse feijão, libertavam umas palhetas microscópicas que se espalhavam no ar que, ao atingirem a pele, provocavam uma comichão incontrolável.

Se lhes tocávamos com as mãos, as ditas palhetas ficavam espetadas com tal densidade que formavam uma espécie de veludo, dificílimo de tirar.

As próprias populações nativas, quando no final da época seca, limpavam o mato dos terrenos destinados à agricultura, trabalhavam quase despidos, e com a pele pintada com uma espécie de pomada feita à base de cinza embebida em água.

E o pior é que nem a lavagem dos camuflados eliminava de todo a praga. E assim, mal se vestia, começava logo a comichão.
E não será por acaso que esse feijão era conhecido em Angola por “feijão maluco” e em Moçambique por “feijão macaco".

Autor: FERNANDO VOUGA (2006)

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

Poema "Os Mais...", por Paulo Lopes

Paulo Lopes


OS MAIS

Generais brigadeiros coronéis
secretárias e papéis
mapas coordenadas
guerras e guerrilhas
discussão promessas conclusão:
soldados no mato
com caras de enfarto
cabeça exposta
à guerra lamentada
com lágrimas e suor
daqueles que dela
pouco sabem ou nada.

Mas quando vem o dia
de saudarem os mortos
vivem os expostos
(às secretárias)
guardam os mapas
e vão receber medalhas.

paulo lopes (1973)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

Pontão abaixo e a granada abandonada..., por Fernando Bento

Foto do Fernando Bento

22 de Julho de 2013 21:48
Mais um pequeno artigo para a história do nosso Batalhão, acompanhado de duas fotos elucidativas.
No dia 20/11/1972, perto da hora do almoço, ouve-se em Macomia um rebentamento, que logo se deduziu vir das bandas da picada para a Mataca.
De imediato o pelotão de sapadores, foi incumbido pelo major de seguir para o local, no sentido averiguar a origem de tão grande estrondo.
Patrulhamos toda a picada com atenção redobrada até que chegamos à zona em que a picada desce quase a pique culminando num pequeno pontão para depois subir novamente até ao Alto do Delepa (não sei se é assim que se chama).
Quando chegamos ao pontão, (estava ali a origem do rebentamento), deparamos com o mesmo parcialmente destruído, que impossibilitava a passagem e que a partir daquele dia teve de se fazer por um dos lados, o que constituía uma tarefa bastante difícil, pois as margens eram bastante inclinadas.
Estávamos a inspecionar o local no sentido de tentar descobrir se o mesmo não estaria armadilhado (era normal nestas circunstâncias), quando alguém gritou: atenção está ali uma granada.
Deparamos com uma granada desencavilhada colocada atrás de uma pedra, propositadamente abandonada.
Essa granada ainda nos fez recuar como primeira reação.
Certificaáo-nos que não haveria mais alguma armadilha, estava tudo limpo, então o António pegou nela com todo o cuidado, colocou-lhe uma cavilha, das nossas granadas e pendurou-a no cinto.
Tirei umas fotos para o relatório, e algum tempo depois abandonamos o local.

domingo, 1 de dezembro de 2013

Refeitório - Foto José Capitão Pardal

Texto do Livre Pensador (Ribeiro) para o Duarte Pereira

.....///.....

Também penso que sim, Duarte Pereira.

A nossa sorte foi que quase todas as munições de foguetão 122 caíram a menos de 50 metros do quartel.

Dentro deste, apenas caiu uma que destruiu grande parte do refeitório e inutilizou um dos obuses com que estávamos a responder ao ataque.

Quase ao fim duma hora de combate fomos obrigados a pedir apoio aéreo dos Fiats, porque também estávamos a ficar sem munições.

Acrescente-se, que ao mesmo tempo que decorria este ataque, a ponte do Messalo foi também atacada e um grupo de combate que saiu do quartel para ajudar o pessoal da ponte foi emboscado logo à saída do Chai.

Aquilo que hoje em dia se poderia chamar de 3 em 1.
Abraço.
Ribeiro

sábado, 30 de novembro de 2013

Uma notícia triste... Faleceu o David Carvalho... Paz para ele..., por Leonel Pereira da Silva

Leonel Pereira Silva

David Carvalho

No seguimento da má notícia que vos dei ontem (falecimento do camarada David Carvalho) e no enquadramento do que o Horácio Cunha bem descreve das muitas qualidades do DAVID, vem a propósito nesta altura partilhar convosco o seguinte.
 
No mês de Julho dia 14 era o aniversário dele, eu estava de férias no algarve e telefonei-lhe a dar os parabéns, foi quando fiquei a saber que ele tinha ido a uma consulta porque a Graça a esposa tinha insistido c/ ele pois notava que ele estava a perder força (ele ia a pé diariamente almoçar a casa e chegava muito cansado, o que nele que parecia vender saúde, era estranho), entretanto regressei e ele estava a aguardar resultados de alguns exames, mas a esposa estava muito pessimista, ele, se estava disfarçava bem.
 
Fomos, eu e a minha esposa, acompanhando a situação sobretudo com visitas a casa deles e ele muito confiante que tudo se ia ultrapassar quando os exames "disseram" que já não suportava a quimioterapia ou radioterapia foi-se muito abaixo, continuou medicado na esperança de poder fazê-lo mas infelizmente não foi possível.
 
Nas nossas conversas, quase sempre falávamos da guerra, até porque às vezes era uma maneira de eu o distrair, e esse tema e o futebol eram-lhe muito aliciantes.
 
Perguntei-lhe um dia se ele tinha ido à página do Batalhão, ele disse-me que não, e percebi que isso era uma coisa que o fazia sofrer, perguntei-lhe se ele queria que eu divulgasse ou informasse alguém da doença dele e ele disse-me que não.
 
A mim cabia-me respeitar e assim fiz.
 
Sempre que eu visitava ou comentava aqui na página, o tinha presente.
 
Este relato serve para vos informar mais acerca da doença dele (que teve origem nos intestinos), mas também serve para eu desabafar convosco destes meses que o acompanhei mais à Graça, os filhos Pedro e Ana e a neta Camila, que deu os primeiros passos durante a doença dele.
 
Ele esteve sempre muito consciente e lúcido até ao último momento, com nos deu conta a Graça hoje pela manhã.
 
Que Deus o tenha em descanso.

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Uma história do Fernando Lourenço, por Duarte Pereira

Diz o Duarte Pereira:
 
O FERNANDO LOURENÇO COMENTOU
SEI QUE TEM ANDADO MUITO OCUPADO, MAS DE VEZ EM QUANDO COLABORA MAIS. (SÃO OUTRAS HISTÓRAS )

Fernando Lourenço, comentou:
 
Muitos dos que passaram estes tempos menos bons das nossas vidas só agora passado muito tempo começam a falar do que passaram.
Outros começaram a falar bem cedo contando historias que a imaginação lhes ditavam.
Não creio que nós, apesar de maus, não foram dos piores.
Houve quem passasse muito pior.
O que o Horácio Cunha aqui relata posso corroborar.
 
Tem algumas lacunas menores que a memória o atraiçoou: Aates de Nambine é correto que montamos não um mas dois acampamentos e não era em nenhum aldeamento.
Foram de poucas semanas, dormíamos no chão e os alojamentos eram em tendas militares.
Em Nambine ficámos alguns meses e só depois é que nos fixamos no Alto da Pedreira.
 
Em relação á bebedeira comatosa tenho bem presente como foi e em que dia.
Passo a contar a história apresentando desde já as desc...ulpas por este texto ficar longo mas vale a pena.
 
Era dia de aniversário do Américo Coelho.
O sargento Silva fez uma belíssima caldeirada de cabrito.
No final da refeição, já bem comidos e otimamente bem bebidos, entra na nossa cubata (sala de refeições) um elemento, não milícia, mas sim um dos trabalhadores da estrada, já com os copos, a pedir vinho.
Agora reparem... numa daquelas latas de ananás, já vazia, tinha sido a sobremesa, houve quem abrisse uma garrafa de whisky (Bells, era assim o nome?) e outro elemento (não vou dizer os nomes ) abriu uma garrafa de cerveja Laurentina e despejámos na dita lata.
Ele bebeu tudo de uma assentada. Arrotou...
 
Queres mais? HUUMM HUMM...
Voltámos a despejar e a cena repetiu-se.
Deu três latas e meia se não estou em erro.
Agora não há mais, podes ir embora.
Passado algum tempo eu saí para satisfazer necessidades que o muito liquido tinha causado, noite muito escura e quando regresso reparo que o dito elemento estava encostado á parede mesmo ao lado da entrada.
 
Mal lhe toco ele caiu redondo.
Apesar dos esforços do Cunha ele não deu mais cor de si.
 
Quanto ao Natal e Ano Novo (73/74) tivemos a companhia do Cunha.
Como já aqui disse tenho um filme em que mostra o Cunha em tronco nu no Alto da Pedreira, a farda habitual de quem lá estava estacionado.
 
Também já aqui coloquei fotos dos vários locais dos estacionamentos com os panos verdes a fazer de tendas e que coloco outra vez.
Mais acrescento que a minha memória é muito ajudada pelos documentos fotográficos e fílmicos que aqui foram colocados tanto por mim como por outros camaradas.

domingo, 17 de novembro de 2013

Amor, segundo Paulo Lopes...

Amor, não
são beijos abraçados
não
são palavras esvoaçando
com musica de sons
de eternidade,
ditas na ilusão de nuvens
de verão.
Amor, não
é dizer mentiras escondidas
na cortina do inesquecível
de suaves carícias
dos momentos incontroláveis
de destino sem caminho.

Amor é
tão só
a frescura da manhã,
limpa de sonhos irreais
agarrando a plenitude
da presença, na ausência,
na dor e no sentir,
enxugar uma lágrima
recheada de sorrisos
com o silêncio da ternura
de ações despercebidas.

paulo lopes (2012)

quinta-feira, 14 de novembro de 2013

Reencontro II, por João Novo e Paulo Lopes

Por João Novo
 
Uma viagem a Borba.


Primeira visita, a este santuário, com a promessa de passar-mos, só a beber tinto, nada de água.
 
Trouxe uma garrafa de aguardente velhíssima, que deve ser um espetáculo, se quiserem é só dizerem...

 


Paulo Lopes

Parece-me que o dia 14 de Novembro foi dia de reencontro.

Um dia para além do dia, um almoço muito para além do petisco.

Um dia de hoje acompanhado da presença do calor humano da amizade, regado por conversas e histórias do passado que se tornaram presente, pensando já no futuro.

O meu agradecimento ao Jose Capitao Pardal e ao João Novo pela mais que agradável companhia e pelas horas que, num ápice se passaram em tão amável e saudável companhia.

Como diria a minha avozinha albicastrense:

Bem hajam!...



 
 
 




Reencontro I, por Américo Condeço

Hoje dia 14 de Novembro de 2013 encontrei pela primeira vez após mais de 40 anos, um COMPANHEIRO das lides militares em terras de Moçambique nos anos de 1972 a 1974, de seu nome João Marcelino e foi assim:
De manhã bem cedo estava eu a planear o meu dia tocou o telemóvel e eis senão quando do outro lado ouvi o convite, queres ir almoçar comigo hoje?...

A agenda estava limpa livre de marcações e disse logo que sim, bem havia umas quantas coisas a tratar da parte dele e por mim, e então combinamos encontrar-nos numa grande superfície aqui da zona.
Á hora, mais minuto menos minuto, lá nos encontrámos, ainda no parque de estacionamento subterrâneo (chegamos ao mesmo tempo).
Uma buzinadela e um leve acenar e ai estávamos nós a tagarelar um com o outro depois dos abraços (fortes e sinceros) lá seguimos para a função a que nos propusemos para selar este nosso reencontro.
 
O local não era muito do agrado do meu amigo Marcelino, ainda me disse é pá e se fossemos para outro sitio, onde possamos estar mais à vontade para conversar, ao que respondi, está bom aqui, pedimos e sentamos à mesa diante de uma grelhada mista, que muito me agradou pois soube-me muito bem, mas não foi isso que nos levou ali mas sim o vermos-nos um ao outro e conversar um pouco sobre nós.

Só vos digo que ao fim de 3 horas, ainda estávamos com assunto para continuar a conversar, mas os afazeres de um e de outro ditaram a despedida com mais uns quantos abraços e a promessa de voltarmos a encontrar para mais um repasto como motivo para a tagarelice.
 
FOI BOM, MUITO BOM mesmo, mas ficou no ar e porque não com mais alguns amigos companheiros daquelas andanças por terras de África .
OK porque não um dia destes temos que pensar nisso, danadinhos para isso andam uns quantos, fica a promessa temos que ir e vamos por certo beber umas MANICAS e umas LAURENTINAS ao restaurante do chinês de Moçambique.

Desde já quero dizer que se aceitam sugestões para uma possível data, acho que estão encerrados á segunda feira (vou ver depois digo).


sábado, 2 de novembro de 2013

QUANTO MAIS TÊM..., por Paulo Lopes

Mais um poema do Paulo Lopes...

....................///.........................

Sentei-me na mesa
de um soldado...
logo tive tudo pago.
Sentei-me na mesa
de um brigadeiro...
tive de deixar meu dinheiro.

paulo lopes (1974)

"INDISTRIBUIÇÃO", por Paulo Lopes

E a este poema do Paulo Lopes, o que dizem?!...

...................///.........................

 Há a insuficiência suficiente...
para morrer enfartado
e a suficiente insuficiência
para viver remediado.

paulo lopes (1970)